01 janeiro, 2008

 

2008


Ano Internacional do Planeta Terra



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Comments:
Estamos no Ano Internacional do Planeta Terra e portanto 2008 pode e deve ser um ano de referência para a temática ambiental.

Hélder Spínola*


Não apenas por ser o Ano da Terra mas porque estamos num momento em que as preocupações ambientais atingiram novamente um ponto alto que coincide com o início do período de cumprimento do protocolo de Quioto e com vários alertas internacionais para a gravidade do problema das alterações climáticas.
No entanto, é importante que este ano e os que vêm a seguir deixem de ser tempos de mais teoria, discussões e debates e sejam, isso sim, tempos de concretizar, de aplicar soluções, de generalizar na vida do dia a dia da sociedade e das empresas as novas atitudes em relação à manutenção dos equilíbrios ecológicos.
É fundamental que este seja um período mais concreto, mais prático, do que a década de noventa do século passado em que se falou muito de ambiente mas fez-se muito pouco.

*Presidente da Direcção Nacional da Quercus

Boletim Electrónico da Quercus,
11-01-2008
 
Previsões para o 2008 português

Manoel de Oliveira grava sequela de Aniki Bóbó utilizando apenas câmaras de vídeo vigilância da zona da Ribeira no Porto.

Sócrates nomeia Armando Vara para presidente do Benfica.

Francisco Louçã usa uma gravata durante uma sessão da AR.

Sempre inspirado por Sarkozy, mas à sua escala, Luis Filipe Menezes começa a namorar com Mafalda Veiga.

Carlos Cruz é nomeado director de programas da RTP.

BCP lança campanha de spread 0 para militantes do PS com as quotas em dia.

Joe Berardo inscreve-se em curso de terapia da fala e já consegue cantar as canções mais complicadas de Sérgio Godinho.

ASAE lança franchising de restaurantes de fast-food .

Vanessa Fernandes será a nova namorada de Cristiano Ronaldo.

Galp descobre petróleo debaixo do capachinho de Fernando Gomes.

Julgamento Casa Pia é anulado porque vitimas, que entretanto envelheceram e sofrem de alzheimer , não conseguem depor a mesma história que descreveram no início do processo.

Mourinho é vencedor da Liga do Jornal Record.

Pedro Santana Lopes assume paternidade de Ribau Esteves.

Selecção Nacional de Rugby ganha finalmente um jogo.

Marques Mendes só é visto no último trimestre de 2008 numa câmara de vigilância da Zara Kids.

Tratado de Lisboa fica sem efeito pois Sócrates rubricou "Sócrates O Magnifico" em todas as páginas.

Scolari consegue feito inédito ao ser campeão da Europa só com empates.

Isaltino Morais é o primeiro presidente de câmara a usar pulseira electrónica.

Ministro da saúde Correia de Campos encerra-se no seu próprio gabinete e engole a chave.

Governo escolhe a barragem do Alqueva para localização do novo Aeroporto de Lisboa. A grande obra de engenharia obriga à drenagem e terraplanagem da barragem, só o orçamento da obra demorará 2 anos a ser feito.
 
E se a Terra fosse um imenso condomínio?

PATRÍCIA JESUS

Condóminos obrigados a reduzir e compensar impacte no ambiente
E se pensássemos a Terra como um imenso condomínio? A proposta é da Quercus, que quer transformar os portugueses em habitantes conscientes da responsabilidade de cuidar das áreas comuns do planeta. O "contrato" do Condomínio Terra, a Convenção de Gaia, será assinado em Outubro. Até lá, a Quercus está à procura de condóminos.

O conceito surgiu na cabeça de Paulo Magalhães em 2002, quando o Prestige se afundou ao largo da costa da Galiza. "Aquela situação surrealista de os espanhóis mandarem o navio para as águas portuguesas, para lá de uma linha que não existe, uma linha que é uma abstracção jurídica, aparentemente sem se lembrarem que o petróleo ia para os dois lados, fez-me pensar que temos de construir um modelo jurídico que se adapte ao planeta que temos", conta Paulo Magalhães, jurista e ambientalista.

"Cheguei a casa e tinha uma conta de condomínio para pagar, uma conta enorme por causa de umas obras numa parte comum do prédio, mas das quais eu não ia beneficiar directamente." Então, o advogado resolveu estudar a figura de condomínio e percebeu que este é o único modelo jurídico que mantém a propriedade e a co-propriedade. "Também é uma abstracção, mas é uma que se adapta à realidade." Foi assim que nasceu o conceito "Condomínio da Terra".

"Não podemos confundir espaço aéreo com atmosfera, não podemos confundir zona económica exclusiva com oceano", explica, defendendo a criação de um modelo que olhe para atmosfera, a hidrosfera e a biodiversidade como bens comuns.

A ideia pode parecer utópica num mundo construído sobre a soberania dos Estados e a separação "do que é meu e do que é teu" mas, para o jurista, não se pode tentar resolver um problema - as alterações climáticas - com a mesma lógica que levou ao seu aparecimento. "A única alternativa dos homens é entenderem-se", conclui. E tal como num condomínio, em que os vizinhos não são todos amigos, mas têm interesse em manter as escadas limpas e o elevador a funcionar, reconhecer que há partes comuns.

Apesar de ter reacções positivas à ideia - "como é que não me lembrei disso antes" é uma das mais comuns -, também há muito cepticismo e, mesmo os que a achavam gira, não entendiam como é que o conceito podia ser aplicado.

A solução é "pensar global, agir local", explica Paulo Magalhães, e ser a sociedade civil a dar o exemplo aos Estados. Ou seja, enquanto não existe um administrador do grande condomínio Terra, a Quercus quer assumir a responsabilidade por pequenas fracções e incentivar cidadãos e empresas a fazerem o mesmo.

Em Outubro, em Vila Nova de Gaia, será assinada a Convenção de Gaia, que pretende ser o texto fundador do Condomínio Terra. Os condóminos têm de comprometer-se a reduzir e compensar o seu impacto no planeta: compensar cuidando das partes comuns num local, ou através de um projecto, onde pelo menos um dos bens partilhados é afectado de forma positiva.

DN, 13-4-2008
 
RESPEITAR A LEI CONTRA O DOMÍNIO DO BETÃO

FILIPE FEIO e PEDRO VILELA MARQUES

Ordenamento do território depende da especulação

Fazer respeitar as leis do ambiente que visam ordenar o território, de forma a travar a especulação imobiliária, e alterar a mentalidade urbanística do País, onde o betão se sobrepõe à ecologia. Estas foram as principais conclusões do debate que juntou ontem, no auditório do DN, o arquitecto Gonçalo Ribeiro Teles e o presidente da Liga de Conservação da Natureza (LCN), Eugénio Sequeira, duas das mais destacadas figuras nacionais na defesa do ambiente.

Coube ao presidente da LPN abrir a sessão dedicada à Biodiversidade e Ordenamento do Território, naquela que o próprio avisou de antemão ser uma intervenção polémica. Depois de realçar que Portugal tem uma lei do ambiente bem feita, Eugénio Sequeira lançou-se na crítica dos regulamentos que lhe sucederam, e que não conseguem regular a especulação imobiliária selvagem. "De que serve ter vários planos regulamentares se a especulação continua à solta", questionou-se amargamente o dirigente da LPN.

Eugénio Sequeira traçou um quadro negro da "competição entre as questões do ambiente e a construção", em que o betão parece destinado a sair sempre vencedor. As razões da conclusão são simples: "Não há um negócio que apresente tão poucos riscos e que seja, ao mesmo tempo, tão rentável. O especulador, sem correr riscos, tem lucros fabulosos", argumentou Eugénio Sequeira, defendendo, como solução, a distribuição das mais-valias dos negócios para assegurar a preservação das chamadas menos-valias, no caso as zonas ou espécies protegidas.

No meio do processo, afirmou o presidente da LCN, encontramos "técnicos sem uma visão global, que decidem quais os terrenos que devem valer milhões".

Gonçalo Ribeiro Teles pegou nas palavras do seu interlocutor para criticar duramente os políticos por "não conhecerem a terra e por não saberem ler os planos". O arquitecto paisagista citou a notícia do DN de ontem, que dava conta da colocação dos planos verdes das autarquias na gaveta, como exemplo do desrespeito a que os dirigentes políticos votam os estudos ambientais. E tal como Manuela de Magalhães já tinha dito ao DN, Ribeiro Teles acusou os técnicos portugueses de "se centrarem apenas nas suas áreas, onde cada sector universitário acha que é mais importante do que o outro".

Foi mesmo de uma forma apaixonada que o arquitecto reforçou a ideia de que "é necessário acabar com a fantasia de que Portugal é um País florestal". Na opinião de Ribeiro Teles, a indústria da celulose é mesmo uma das principais responsáveis pelo "asfixiamento das aldeias", condenadas a desaparecer se não for recuperada a agricultura tradicional, indispensável na preservação da biodiversidade. "O que interessa não é subsidiar, mas capitalizar, se pretendemos recuperar aquilo que está em permanente degradação", afirmou.

Mas como se explica que não existam movimentos políticos que defendam uma distribuição equitativa da riqueza, e que combatam essa expropriação excessiva e abusiva das terras? "É muito simples", disse Eugénio Sequeira, preparando a resposta à questão colocada pelo moderador do debate, António Peres Metello.

"O problema está no paradigma de crescimento" vigente, medido através da taxa de urbanização. Simplificando, mais betão significa mais desenvolvimento, e isso traduz-se num consecutivo investimento em "mais rotundas, mais pontes, mais aeroportos e TGV", explicou o presidente da LPN. "Sabem quantos postos de trabalho estão relacionados, directa e indirectamente, com a construção civil? Trinta por cento", argumentou Eugénio Sequeira, que acusou os governos de "fugir para a frente" nesta questão.

DN, 22-4-2008
 
ESTA BOLA COLORIDA

A. M. Galopim de Carvalho
geólogo

A. M. Galopim de Carvalho, professor catedrático jubilado, foi director do Museu Nacional de História Natural e passa a escrever regularmente neste espaço

À semelhança do Sol, dos restantes planetas do Sistema Solar e dos asteróides mais volumosos, como Ceres e Pallas, a Terra assumiu a forma esferoidal por efeito da gravidade, ao contrário do que aconteceu com os pequenos corpos de que são exemplo os pequenos asteróides ou os minúsculos satélites, todos eles de formas muito irregulares.

Devido ao movimento de rotação, a Terra não é perfeitamente esférica. Entre os seus diâmetros polar (12 714 km) e equatorial (12 756 km) há uma diferença de cerca de 42 km, o que permite aproximá-la de um esferóide de revolução de muito pequeno achatamento. A interacção da gravidade terrestre com o efeito centrífugo da sua rotação define uma superfície imaginária, designada por geóide. Se não houvesse outras acções que a deformassem, poderíamos fazê-la corresponder à superfície média das águas do mar, ou seja, à superfície de nível zero, utilizada como referência na determinação de altitudes e de profundidades. Sabemos hoje que há deformações desta superfície (empolamentos e depressões) relacionadas com o fluxo de calor oriundo das profundezas do planeta, criando desníveis superiores à centena de metros.

Embora as grandes montanhas nos impressionem pela sua altitude (8848 m, no Everest) e as fossas abissais desçam a grandes profundidades (cerca de 11 000 m, ao largo das ilhas Marianas), os cerca de 20 km de desnível que produzem correspondem a apenas 0,003% do raio da Terra, o que nada afecta a visão que oferece aqueles poucos que têm a possibilidade e o privilégio de a olhar a partir do espaço exterior e a todos nós que a temos através de bem elucidativas fotografias. Essa visão é a de um disco parcialmente encoberto pelos "farrapos brancos das nuvens", no qual se divisam os oceanos, a azul-escuro, e os continentes, a castanho e verde. Mostra, ainda, um delgado aro envolvente, num belo tom de azul mais claro e luminoso, correspondente à cobertura atmosférica. Expressões como "planeta azul", como se lhe referiu Carl Sagan, ou "bola colorida", como escreveu António Gedeão e Manuel Freire cantou, põem em destaque esta característica da Terra, única entre os seus pares no Sistema Solar. Para além destas cores, visíveis de muito longe, há todas aquelas só observáveis à superfície do planeta. Basta que nos lembremos dos jacarandás que, em Maio, tingem de lilás as ruas e parques de Lisboa, das amendoeiras e das giestas em flor, do verde passando ao amarelo-dourado das searas maduras, pintalgadas pelo rubro das papoilas. O Deserto Pintado, no Arizona (EUA), deve o seu nome à explosão de cor que o alegra sempre que alguma chuva esporádica lhe mata a sede. Também no mundo animal e, em particular, no das aves, dos répteis e dos peixes, as cores são uma constante na nossa biodiversidade. Igualmente, entre os minerais, a cor é uma realidade, de tal modo importante que é utilizada como elemento de identificação de muitas espécies e variedades.

DN, 17-5-2008
 
ÚLTIMA CHAMADA PARA O PARAÍSO

HUGO COELHO

Serão engolidos pelos mares e oceanos, enterrados pelas finas areias do deserto ou destruídos pelas mãos dos homens. O planeta azul está em transformação e muitos dos seus paraísos estão condenados a desaparecer nos próximos 20 anos. Das mesquitas esquecidas no deserto africano aos recifes de coral da Austrália, visitamos seis desses paraísos com o destino selado

É velho o lamento que a vida são dois dias, e estes não chegam para conhecer o mundo. Novidade é que o mundo não tem tempo para se deixar conhecer.

Engolidos pelas ondas do mar, enterrados pelas areias finas dos desertos ou destruídos pela mão dos homens, vários paraísos da Terra têm os dias contados.

O planeta azul está em transformação acelerada e não há quem a pare. "É como se estivéssemos a viajar num comboio sem travões", explicou ao DN o investigador da Faculdade de Ciências de Lisboa Filipe Duarte Santos. "Ele começa devagarinho, mas está a acelerar e nós não o conseguimos parar."

O oceano Árctico é a região mais afectada. Com a subida da temperatura do planeta, as camadas de gelo do Alasca à Gronelândia estão a desaparecer nas águas do oceano. São 10% do gelo que derretem por década, uma camada de quase cem mil quilómetros quadrados, e no final as águas sobem sem parar.

Se a tendência se mantiver, os mares subirão um metro no próximo século, deixando submersas dezenas de ilhas e milhares de quilómetros nas áreas costeiras. O mito da Atlântida submersa e nunca encontrada pode tornar-se bem real.

No Pacífico, em 1999, começaram a desaparecer algumas ilhas de Quiribati, na Micronésia e Polinésia. Tebua Tarawa e Abanuea, do atol Tarawa, foram as primeiras. A população tem dez anos para abandonar o arquipélago.

Na costa noroeste da Austrália, ali ao lado, o aquecimento está a destruir o maior recife coral do mundo. O coral de Queensland já tem prazo de validade marcado: 2020.

Enquanto nalgumas regiões a água abunda, noutras é cada vez mais escassa. As aldeias do interior da Mauritânia que traçam as fronteiras do deserto estão ameaçadas pelas areias finas do Sara. A vila de Chinguetti, que foi salva em 2003 pela UNESCO, já está outra vez em risco. Se não for feito nada, a mesquita aí construída no século VIII, a mais antiga de toda a África e um dos sete lugares santos do islão, será sepultada no deserto.

Segundo Filipe Duarte dos Santos, muitas das mudanças em curso são praticamente irreversíveis. "Se estas transformações se consumarem, só se poderão reverter num espaço de cem ou mil anos."

Mas o investigador português avisa que previsões a muito longo prazo ainda têm muito de futurologia. "Tudo depende do que o homem fizer durante este século." A única certeza é que a Terra no futuro será bem diferente daquela que conhecemos hoje. Da selva amazónica ao gelo do Alasca, do coral australiano ao deserto da Mauritânia, das ilhas do Pacífico aos rios da China, apresentamos seis destinos que vão desaparecer nos próximos 20 anos.


DN, 27-7-2008
 
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