30 janeiro, 2008

 

30 de Janeiro


Dia mundial da não violência



http://www.violencia.online.pt/scripts/cv.dll?

http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=911979&sec=3

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UNICEF diz que violência sexual
constitui uma “epidemia”

As violações e os actos de violência sexual praticados
contra crianças e mulheres estão a generalizar-se pelas zonas
de conflito de África como uma epidemia.
A vice-directora-executiva da Fundo das Nações Unidas para
a Infância (UNICEF)) diz que estes casos acontecem cada vez
mais em países que enfrentam conflitos armados ou que
sofrem desastres naturais, afirmou. Entre as vítimas encontradas
na República Democrática do Congo há desde crianças
pequenas a mulheres idosas, exemplificou Hilde Johnson.
Esta responsável falava na sessão de lançamento de uma
campanha da UNICEF que visa angariar 856 milhões de dólares
para ajudar este ano, em 39 países, crianças em situação
de emergência. “Percebemos que o número de casos de violação
e violência sexual duplicou nos dias seguintes ao início
do conflito no Quénia”, afirmou Johnssson.
A Libéria e a região de Darfur, no Sudão, são as outras áreas
onde aquele tipo de crime tem sido usado, de maneira cada
vez mais frequente, como uma arma.
“Em alguns países, aqueles actos atingiram níveis epidémicos”,
disse Johnson. A agência descreveu o problema como
uma epidemia porque o uso da violação como arma deixou de
ser uma prática adoptada apenas por soldados e milícias,
para ser adoptada também por civis em situações de conflito
e guerra interna.
“Quando uma sociedade entra em colapso, parece que há,
em alguns desses países, uma licença para violar. É por isso
que vemos neste facto algo de proporções epidémicas, esse
fenómeno tem vida própria”, afirmou aresponsável.
De acordo com a UNICEF, muitas das vítimas sofreram, além
da agressão sexual, sofrem mutilação genital.

RRP1, 13-2-2008
 
"Basta de pensar que quem é pobre tem de ser violento"

MARCOS CRUZ *

Uma navalha. Desde o início do ano lectivo, foi a única arma detectada na Escola EB 2,3 do Cerco do Porto, tida como problemática pela proximidade com o Bairro do Cerco, um dos focos do tráfico de droga na cidade. "O bairro é o bairro, a escola é a escola", dizia ontem Luís, aluno, ao DN. "Há aqui gente de Rio Tinto, da Areosa..."

Mário, que já lá não anda, recorda apenas ter visto uma vez "um assalto a uma professora". Telma aproxima-se e diz que "isso das armas é conversa de jornal". Em sintonia, o porteiro do estabelecimento de ensino pergunta: "Há alguma escola que não tenha problemas?". E testemunha: "Eu aqui nunca vi nada de anormal."

Entre as mães de alunos, não se sente o medo. "A minha filha e a minha sobrinha não se queixam. Para o bairro que é, não tenho que dizer", confessa Lília, apoiada por Céu, nada temente quanto ao futuro escolar do filho, ainda pequeno. Mais curiosa é a concordância literal entre a opinião de Malagueta, do 7.º ano, 14 anos, andar gingão e prosa solta, e a de Ludovina Costa, presidente do Conselho Executivo: "Há de tudo. Mesmo no bairro há muito boa gente."

Para a responsável máxima pela instituição, "trabalhar a indisciplina e a violência, que existem em qualquer escola, exige um investimento a médio prazo". O DN assistiu a um exemplo de conduta: à saída, alguns alunos rodearam Ludovina Costa e interpelaram-na de forma livre, humorada, sem reverência mas com respeito. "Por vezes temos de deixar a parte teórica e perceber a importância da sensibilidade", afirmou depois.

O realojamento no Cerco de ex-habitantes do Bairro S. João de Deus, outrora o mercado-rei da droga no Porto, suscita em Luís algum receio: "Espero que isto não volte a ser o que era." Mas as estratégias de inserção social, pelo menos na escola, estão em marcha, como revela Ludovina Costa: "Aceitamos todos os alunos. Basta de pensar que quem é pobre tem de ser violento! Tenho óptimos alunos pobres e outros fracos que vivem bem. E agora, por exemplo, vamos abrir um curso de alfabetização para adultos, em que dois terços são ciganos. Foque-se o lado positivo!"

Noutra EB 2,3 do Porto, a Pêro Vaz de Caminha, um dos estabelecimentos de ensino incluídos no Plano de Intervenção Prioritária do Ministério da Educação, a indisciplina faz parte do quotidiano. A mãe de um aluno, contactada pelo DN, recorda as vezes em que foi chamada a participar em reuniões devido a problemas dentro da sala de aula. "Na turma do meu filho é apenas um aluno, mas perturba imenso." Por causa desse menor, a frequentar o 8.º ano, foi solicitada a intervenção da Direcção Regional de Educação do Norte pelo conselho executivo. Para orientar o aluno, que chegou a entrar na sala dos professores com a intenção de bater numa professora, foi nomeado um tutor, de entre os docentes da escola.

A escola da Apelação, concelho de Loures, é para uma aluna "perigosa, mas fixe". Aqui as lutas entre os alunos são uma constante, lutam por brincadeira, mas também para se defenderem e marcarem posição. Os alunos dizem não saber de casos de uso/porte de armas, mas as funcionárias garantem que aparecem regularmente facas na escola. Num desabafo, revelam que "já ultrapassámos o nosso limite, continuamos a dar o nosso melhor e não temos qualquer reconhecimento". "Agora somos desautorizadas pelos nossos chefes, em frente aos alunos, que nos ameaçam" queixa-se uma funcionária ao DN.

Nos corredores, as palavras que alunos e funcionárias trocam estão carregadas de tensão. Os primeiros acusam as segundas de serem "mal- -educadas". As auxiliares falam de ameaças a si e aos seus filhos.

Aproxima-se uma funcionária com olhar cabisbaixo. Roubaram-lhe o fio de ouro. Outra conforta-a. "Deixa lá, eu já não trago nada disso para a escola."

com A.B.F.

DN, 5-4-2008
 
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