24 janeiro, 2008

 

Enxaqueca

O doloroso dilema

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O doloroso dilema das enxaquecas

LUÍS NAVES

Cérebro destes doentes é diferente
Para as pessoas que sofrem de enxaquecas é incompreensível a forma como os que não padecem desta terrível dor de cabeça parecem não compreender a intensidade do seu tormento. Um estudo de uma equipa do Hospital de Massachussets, em Boston, vem agora explicar porquê: as áreas sensoriais dos cérebros dos que são vulneráveis às enxaquecas são diferentes dos outros.

O estudo, da autoria de uma equipa norte-americana liderada por Nouchine Hadjikhani, lança novas perguntas, introduzindo um dilema do "ovo e da galinha". A investigação demonstra que as pessoas que sofrem de enxaqueca têm uma zona do cérebro mais espessa (21%, em média) do que os não sofredores. Esta do cérebro área é conhecida por córtex somatossensorial (CSS).

Não é claro se são as enxaquecas a provocar as alterações estruturais no CSS ou se, pelo contrário, as mudanças no córtex provocam o mal. A líder da equipa explica que "uma pessoa pode nascer com as diferenças corticais, ficando mais susceptíveis a enxaquecas em momentos posteriores da vida".

Segundo Hadjikhani, "a maior parte destas pessoas [integradas no estudo] sofriam de enxaquecas desde a infância, por isso a estimulação excessiva daquelas áreas sensoriais poderia explicar as alterações.

Também é possível que as pessoas com enxaquecas sejam mais sensíveis aos estímulos". Isto poderia esclarecer a razão dos doentes sentirem fortes dores em várias partes do corpo (nas costas, por exemplo) ou as náuseas e a hipersensibilidade a luz, cheiros e som.

O estudo baseou-se em imagens de ressonância magnética, tendo sido comparados os cérebros de 24 pessoas com enxaquecas e os de 12 que não sofriam do problema. A detecção de espessura adicional no cortex somatossensorial surgia na área ligada a detecção de sensações da cara e cabeça.

A sequência da investigação poderá envolver crianças cujos pais tenham frequentes enxaquecas. No caso de terem a mesma alteração estrutural, será provável que venham a desenvolver tendência para sofrer do mesmo problema. "Os novos dados revelam que a enxaqueca é origina por distúrbios cerebrais", explicam os cientistas.

Estudos holandeses não relacionados com este detectaram também lesões cerebrais em pessoas com dores intensas, o que destrói a ideia de que as enxaquecas são um problema trivial, com sintomas transitórios. Estes são indícios que apontam para eventuais tratamentos, dirigidos à contenção da hipersensibilidade à dor, o que evitaria as alterações estruturais sempre crescentes.

DN, 22-11-2007
 
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