20 fevereiro, 2008

 

Da Guerra


e seus relatos


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TUDO E JÁ É UMA RECEITA SEM GRAÇA

Ferreira Fernandes

Na pág. 36, o DN conta- -lhe a história do blogue do neto que publica as cartas do seu avô, escritas durante a I Guerra Mundial. A última carta, de 30/12/1917, foi publicada a 30/12/2007. E assim tem sido com todas, com o exacto atraso de 90 anos. O soldado Lamin sobreviverá à Grande Guerra? Lá chegaremos, quando chegarmos. Lembro-me de um conto de Somerset Maugham sobre um administrador colonial britânico no Bornéu, nos confins do Império, há cem anos. Todos os três meses, vindo de Londres, o veleiro chegava com um tesouro: três meses do diário londrino The Times. Todos os dias, ao pequeno almoço, o administrador abria um jornal. Um. E, o do dia seguinte, só no dia seguinte. A Guerra dos Boers podia ferver e o que acontecera ele já tinha à mão. Mas não se deixava tentar: The Times era consumido à medida certa, um por dia. O blogue de William Lamin e as cartas de Harry Lamin - tal como o conto de Maugham - reconhecem um dos sais da vida: o suspense.

DN, 11-1-2008
 
Cartas da I Guerra Mundial criam 'suspense' em blogue do séc. XXI

HELENA TECEDEIRO

"Tivemos outro momento terrível esta semana. Perdemos muitos homens, mas conseguimos conquistar o lugar para onde nos mandaram. Foi terrível", pode ler-se no blogue de William Henry Bonser Lamin. Nada de estranho se se tratasse de um soldado destacado, por exemplo, para o Iraque. Mas Harry, como assina as cartas enviadas da frente e colocadas em wwar1.blogspot.com, não está no Iraque. O britânico que, se fosse vivo, teria 120 anos, foi um dos combatentes da I Guerra Mundial.

As missivas que Harry enviou à família, são colocadas em linha exactamente 90 anos depois da data em que foram escritas. O autor de blogue é o neto de Harry, Bill Lamin. Este professor de Matemática e Informática de 59 anos encontrou as cartas do avô dentro de uma gaveta em casa dos pais, quando era ainda criança. Agora decidiu divulgá-las na Internet. "São muitas as pessoas que me confessaram gostar de seguir o dia-a-dia de Harry e estar a torcer por ele", explicou o professor à Reuters.

E para manter o suspense, Bill coloca as carta no dia exacto em que foram escritas há 90 anos. Depois da exposição mediática do blogue, da BBC ao USAToday, são 20 mil os visitantes que seguem com atenção o percurso de Harry. Irá sobreviver? Como será a sua última carta? A família irá receber um telegrama com a notícia da sua morte? Uma novela que está a emocionar os internautas.

Na sua última carta, datada de 30 de Dezembro de 1917, Harry, cujo perfil nos revela ter nascido em 1887 na cidade de Awsworth Notts, agradece ao irmão Jack a caixa de bolos que lhe enviou e deseja um bom Natal e Feliz Ano Novo à irmã Kate.

O tom intimista repete-se na maioria das missivas enviadas por Harry a Kate e Jack, com referências frequentes à mulher, Ethel, e ao filho bebé, Willie.

As raras vezes em que Harry fazia referências directas à guerra, estas eram cortadas pela censura. Mesmo assim, em Junho de 1917, escrevia: "Os homens dizem que isto é pior que a batalha do Somme. O nosso capitão morreu e nem conseguimos perceber como escapámos". Numa missiva de Outubro, o número de mortos e feridos de uma das batalhas foram apagados para não afectar a moral das tropas no Reino Unido. Entre 1914 e 1918, mais de cinco milhões de britânicos combateram naquele conflito.

Harry pertenceu ao 9.º Batalhão de Yorkshire e Lancashire. Foi com base nos diários desse batalhão, que Bill muitas vezes conseguiu reconstituir o percurso do avô, nem sempre claro nas cartas.

Na última entrada do blogue, Bill informa que Harry voltou para a frente de batalha em Itália. Mas as missivas permitem acompanhar o seu percurso desde o desembarque em França, depois da travessia do Canal da Mancha, até Itália. Quanto ao destino de Harry, Bill pede paciência: "As pessoas seguem a história como se estivesse a acontecer agora".

DN, 11-2-2008
 
ÚLTIMAS MEMÓRIAS DA GRANDE GUERRA

HELENA TECEDEIRO

Os britânicos, com cinco ex-combatentes da I Guerra Mundial ainda vivos, dominam um grupo que está a diminuir rapidamente. Quando estas 11 pessoas (entre elas a última mulher, uma canadiana) desaparecerem, este conflito deixará de ter uma voz para passar a fazer parte apenas dos livros de História

Noventa anos depois do fim do conflito, apenas restam 11 ex-combatentes

"Henry Diz que não sabe porque ainda está vivo. Mas pensa que talvez seja para lembrar o que aconteceu na guerra", disse David Gray no 112.º aniversário do seu avô. De facto, o britânico Henry Allingham é um dos últimos 11 veteranos da I Guerra Mundial. Um grupo cada vez mais reduzido. Quando se assinalam os 90 anos do fim do conflito e com os mais jovens ex--combatentes a terem já ultrapassado os 107 anos, em breve, o mundo deixará de ter uma memória viva da guerra que mudou o mapa da Europa e que passará então a existir apenas nos livros de História.

O assassínio do Arquiduque austríaco Francisco Fernando a 28 de Junho de 1914 foi o acontecimento na origem da guerra. Aliado da Alemanha , o Império Austro-Húngaro declarou guerra à Sérvia que por sua vez contava com o apoio da Rússia. Entraram então em acção velhas alianças e rapidamente se criaram dois blocos em confronto: a Tríplice Entente, que incluía a França, Reino Unido e Rússia, contra a Tríplice Aliança, constituída pela Alemanha, Império Austro-Húngaro e Império Otomano. Com o desfecho incerto até ao fim, a I Guerra Mundial acabou por se saldar com a derrota da Alemanha, obrigada pelo Tratado de Versalhes a pagar reparações aos vencedores. Uma humilhação que não esqueceu e que terá estado em parte na origem do novo conflito mundial que começaria em 1939.

Nas várias frentes de batalha combateram mais de 60 milhões de soldados. Quase dez milhões não sobreviveram. Os que escaparam ao inferno das trincheiras e aos bombardeamentos da primeira guerra na qual a aviação teve uma palavra a dizer puderam considerar-se sortudos. Noventa anos depois, são apenas 11 os ex-combatentes ainda vivos. Todos do lado dos Aliados. O último veterano alemão perdeu a vida já este ano, tal como o último a ter combatido pelo Império Otomano e o último austro-húngaro.

Dos que sobrevivem, Allingham é o mais velho, com 112 anos. Mas não é o único britânico. Estes dominam o grupo com cinco ex-combatentes vivos. Itália e Canadá têm dois veteranos cada. Nos Estados Unidos e Austrália só sobrevivem um ex- -combatente. Resta saber se todos partilham o segredo de Allingham para a longevidade: "Cigarros, whisky e mulheres selvagens", como disse há alguns anos numa entrevista à BBC.

DN, 21-6-2008
 
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