15 fevereiro, 2008

 

Emprego


Desemprego

http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=277993&idselect=11&idCanal=11&p=200

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Análise

Graça Franco

A taxa de desemprego homóloga (um importante indicador da
tendência de evolução) reduziu-se quatro décimas no último
trimestre de 2007, descendo de 8,2 para 7,8. Este dado permite
esperar uma inversão da tendência de aumento do indicador que vinha a marcar os últimos dois anos.
Dito isto, embora em 2007 se tenha registado uma taxa global de desemprego de 8 por cento contra os 7,7 registados em 2006, o que se traduz no pior resultado dos últimos dez anos, é ainda possível fazer uma segunda leitura positiva do indicador: para um aumento de 31 mil nos números da população
activa o resultado final obtido acabou por se traduzir num crescimento de quase 20 mil no número de desempregados acompanhado, apesar de tudo, de um aumento de dez mil no número de empregados.
Em termos homólogos o resultado é até mais expressivo:
menos 19 mil desempregados e mais 45 mil empregados.
A dinâmica detectada torna-se porém menos positivas se
concentrarmos o olhar nos dois últimos trimestres. Aí encontramos
mesmo alguns factores de preocupação.
Começam na redução da população activa (com 17 mil a abandonar o mercado de trabalho passando à inactividade).
Este é o indicador de “desistência” a que geralmente as mulheres (a braços com uma taxa de desemprego de 9,5 por cento) são particularmente vulneráveis em tempos de crise.
Deixar de procurar activamente emprego não ocorre apenas quando se opta pela inactividade ocorre também quando os agentes interiorizam que “não vale a pena procurar emprego” porque ele não vai aparecer tão cedo.
Por isso o aumento da população activa, embora dificulte o
combate ao desemprego é genericamente visto como um
indicador positivo de saída da crise enquanto a sua redução
tem a leitura inversa.
Daí que uma redução de 5 mil no número de desempregados
(para os 439 mil) acompanhada de uma redução de doze mil no número da população empregada (que passou de 5200 mil para 5188 mil) suscite alguma preocupação.
Somam-se-lhes os sinais evidentes da crescente precariedade e desqualificação do emprego. Não só a taxa entre licenciados
aumentou para 16 por cento (com o número de licenciados no desemprego a aumentar em mais de 9 mil entre trimestres homólogos) como se registou uma evolução negativa do ponto de vista da solidez dos vínculos laborais. Traduzida na forte quebra dos contratos sem termo dos trabalhadores por conta de outrem acompanhado do aumento substancial
dos contratos a prazo.
O fenómeno dos “recibos verdes” surge também evidente quando se detecta o anormal crescimento do número dos trabalhadores por conta própria.

RRP1, 15-2-2008
 
Optimismo do Governo
e críticas da oposição

O Primeiro-ministro sublinhou hoje a descida dos números do desemprego em relação ao período homólogo.
José Sócrates diz estar optimista em relação à capacidade da
economia portuguesa gerar emprego.
“É a primeira vez que temos uma diferença tão grande de um ano para o outro e isto é um sinal positivo para a nossa economia,
um sinal positivo de resolução e de controlo do desemprego”, reagiu o chefe do Governo.
O ministro do Trabalho e Solidariedade, Vieira da Silva, mantém o discurso optimista e dez acreditar que a taxa de
desemprego irá “continuar a descer no primeiro trimestre de 2008”.
Outro ministro, o da Economia, Manuel pinho, destaca a criação
de emprego nos últimos três anos.
Alinhando com o Governo, Vitalino Canas, porta-voz do PS, sublinha a descida dos números do terceiro para o quarto trimestre.
Na oposição, Hugo Veloso, do PSD, contesta o discurso optimista
do PS e lembra que os dados, comparados do último ano, revelam uma subida da taxa anual.
“A taxa de desemprego em 2007 foi de 8% e isto corresponde a um aumento em relação a 2006 de 0,3%”, explicou Velosa.
De acordo com os números do Instituto Nacional de Estatística
(INE), a taxa de desemprego no quarto trimestre de 2007 foi de 7,8%, o que representa uma descida de quatro décimas em relação ao valor observado no príodo homólogo de 2006 e de uma décima relativamente ao trimestre anterior.
A descida não foi suficiente para impedir o agravamento da taxa de desemprego no total do ano, colocando-a em 8%, em 2007, três décimas acima do total de 2006.

RRP1, 15-2-2008
 
Subsídio social duplica pedidos em 2007

MANUEL ESTEVES

Subsídio "normal" de desemprego é cada vez menos atribuído
O número de subsídios sociais de desemprego atribuídos pela Segurança Social em 2007 duplicou face ao ano anterior. Esta prestação social tem um cariz de emergência social (e não de seguro social), destinando-se aos desempregados que contribuíram durante mais de 180 dias para a Segurança Social, mas que não cumpriram o período mínimo de descontos - 450 dias nos dois anos anteriores ao desemprego - necessário para aceder ao subsídio de desemprego "normal".

Por outro lado, este subsídio só pode ser requerido por membros de famílias pobres e o seu valor é muito reduzido e independente do salário declarado anteriormente. À primeira vista, este aumento do recurso aos subsídios sociais sugere uma maior instabilidade e precariedade dos empregos, designadamente por via dos contratos a termo.

Segundo dados do Instituto de Informática (II) do Ministério do Trabalho, em 2007 foram deferidos 56,4 mil requerimentos de subsídio social de desemprego inicial, mais 104% do que no ano anterior. Embora os dados do II disponíveis só abranjam o período entre 2004 e 2007, este é provavelmente o nível mais elevado de sempre.

O aumento do número de subsídios sociais atribuídos contrasta com uma redução significa dos subsídios de desemprego ditos "normais" pagos no ano passado: no total, a Segurança Social deu luz verde a 123,7 mil requerimentos, menos 17,7% do que no ano anterior.

O recurso, de tal forma inusitado, aos subsídios sociais permitiu compensar esta redução dos novos subsídios de desemprego "normais", com um aumento global de 1,3% face a 2006. Este crescimento residual foi, contudo, insuficiente para conter a redução do universo de beneficiários ditada pela cessação da prestação, seja pelo esgotamento do seu período de atribuição, seja pelo regresso dos desempregados ao trabalho. Com efeito, o número de beneficiários no final do ano rondava os 250 mil, menos 14% do que em 2006.

À semelhança do que acontece com os subsídios "normais", a maioria dos beneficiários do subsídio social de desemprego inicial reside nas regiões Norte e de Lisboa e Vale do Tejo. Porém, é nas restantes regiões, designadamente no Alentejo e no Algarve, que esta prestação se destaca mais.

DN, 18-1-2008
 
Número de desempregados baixa 50 mil em um ano

CÁTIA ALMEIDA

Desemprego caiu 11,4% em Março face a 2007

O número de desempregados inscritos nos centros de emprego continua a descer. Em Março, havia menos 50,3 mil pessoas à procura de trabalho, face ao mesmo mês de 2007. Isto representa uma quebra de 11,4%, para um total de 391 mil candidatos a um posto de trabalho, revelou ontem o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).

João Proença, secretário-geral da UGT, afirmou ao DN que o desemprego pode estar num ponto de viragem, depois de muitos anos a subir. "É preciso ver se esta tendência é sustentada e se corresponde aos números do INE [Instituto Nacional de Estatística], que não têm descido". De qualquer forma, João Proença considera que os dados do IEFP são "positivos", embora enquadrados num crescimento económico do País "relativamente baixo".

Uma análise mais detalhada aos números do IEFP permitem constatar que são as mulheres as mais penalizadas e, pior ainda, é no sexo feminino que o desemprego menos diminuiu (-9,3% face a uma quebra de 14,4% nos homens). Todos os níveis de habilitação escolar registavam menos desempregados do que em Março de 2007 e Fevereiro deste ano. Os decréscimos anuais mais significativos verificaram-se no 2º e 1º ciclos do ensino básico (-16,5% e -14,6%, respectivamente).

Em relação às profissões, há cinco grupos que representam mais de metade nos inscritos dos centros de emprego. São eles os "trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio", "pessoal dos serviços de protecção e segurança", dos "empregados de escritório", "trabalhadores não qualificados das minas, construção civil e indústrias transformadoras" e "manequins, vendedores e demonstradores".

João Proença destacou, pela positiva, o sector da construção, que "durante muitos anos perdeu emprego e agora surge alguma reanimação". Também o sector têxtil, acrescentou, "foi muito afectado no passado, havendo agora sinais de estabilização".

Tal como se verificou em Fevereiro, a nível percentual, as maiores subidas do desemprego estão entre os profissionais das ciências da vida e da saúde. Aliás, estas foram as únicas profissões que aumentaram o desemprego, todas as outras diminuíram.

O desemprego de longa duração, (um ano ou mais de inscrição), representava, 40,8% do total do desemprego registado e, em termos de evolução, sofreu uma redução anual de 8,9%. O desemprego de curta duração (menos de um ano de permanência em ficheiro), diminuiu ainda mais (-13,%), em termos homólogos.

DN, 24-4-2008
 
Estrangeiros só dão emprego a 12% dos portugueses

MANUEL ESTEVES

Portugal é, a par da Itália, o país da União Europeia onde as empresas de capital estrangeiro têm menos peso no emprego, apesar de nas duas últimas décadas o número de companhias estrangeiras de grande e média dimensão ter quase duplicado

Na União Europeia, só a Itália tem percentagens tão baixas. Distância é factor decisivo

Portugal é o país da União Europeia onde o emprego menos depende da presença de empresas estrangeiras. Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), citados por um relatório da fundação europeia Eurofound, só cerca de 12% dos trabalhadores da indústria e dos serviços (excluindo funcionários públicos) estão empregados em companhias estrangeiras.

Entre os 18 países da União Europeia que têm dados disponíveis, só a Itália apresenta níveis semelhantes. Nos restantes países, o emprego gerado por empresas de capital estrangeiro é muito mais significativo. A começar pela Irlanda, onde quase 50% dos trabalhadores estão empregados em companhias estrangeiras. Esta percentagem é de 15% em Espanha, 27% em França e 28% no Reino Unido. No universo da OCDE, apenas a Turquia e os Estados Unidos têm taxas de emprego em companhias estrangeiras inferiores à portuguesa.

Segundo o relatório divulgado recentemente por esta fundação sediada em Dublin, "entre 1999 e 2005, o emprego em filiais de empresas estrangeiras cresceu em todos os países [designadamente Portugal], para os quais existem dados disponíveis, com excepção da Espanha e da Irlanda, onde as taxas caíram ligeiramente, e na Bélgica, Luxemburgo e Estados Unidos, onde as proporções se mantiveram estáveis". Os crescimentos foram particularmente assinaláveis na República Checa, Noruega, Polónia, Suécia e Reino Unido.

A fraca presença de empresas de capital estrangeiro em Portugal, medida pelo emprego gerado, não parece estar relacionada com os custos laborais. Com efeito, Portugal é não só o país da União Europeia com custos salariais (por hora) mais baixos da UE a Quinze, como apresentou o crescimento mais baixo entre 2000 e 2006. Esta fundação salienta que "não existe um factor único que explique os fluxos de investimento directo estrangeiro".

O relatório da OCDE, que serviu de ponto de partida para uma conferência realizada no início de Junho na Polónia sobre a concorrência global e as decisões de localização das empresas europeias, aponta três domínios fundamentais para a escolha de localização das companhias: "O acesso ao mercado, os custos de produção (que vão além dos custos de trabalho) e o trade-off entre a distância e proximidade."

Relativamente a este último aspecto, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico chama a atenção para um erro frequente que consiste em subestimar a importância do factor distância. "Por exemplo, estimativas econométricas concluíram que uma distância de oito mil quilómetros reduz em 90% o comércio que teria ocorrido numa distância de apenas mil quilómetros". Outros estudos revelam que "o efeito da distância no comércio não decaiu desde meados do último século."

DN, 13-6-2008
 
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