06 fevereiro, 2008

 

Entrudo


Carnaval




http://pt.wikipedia.org/wiki/Entrudo




http://pt.wikipedia.org/wiki/Carnaval


http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=276645&idselect=9&idCanal=9&p=200

Comments:
CARNAVAL TEM DE TER POLÉMICA

SÉRGIO BARRETO MOTTA, Rio de Janeiro

Controvérsias várias marcam a festa de 2008

Festa popular de dimensão internacional, o Carnaval do Rio é sempre sujeito a polémicas - que na verdade o engrandecem. Várias vezes, a Igreja Católica pediu - ou exigiu, judicialmente - a retirada de imagens de Cristo ou de santos. Em 2004, o carnavalesco Joãozinho Trinta inovou na Viradouros, ao não retirar um carro proibido com posições sexuais do Kamasutra, mas tapando-o com plástico preto acrescido da faixa: "Censurado". O carro foi mais fotografado e comentado do que qualquer bela mulher ou bom sambista.

Trinta é o inventor da frase: "O povo gosta de luxo; quem gosta de miséria, é intelectual". Ele parece ter mudado de opinião, e, em 1989, na Beija-Flor, encheu o desfile de mendigos, com o enredo " Ratos e Urubus, Larguem a Minha Fantasia" - o que gerou nova e grande discussão. Pela primeira vez, o desfile mostrou trajes velhos e pessoas sujas e com aparência faminta.

Este ano, a maior polémica ficou por conta da escola Viradouro, com o enredo " É de arrepiar". Entre as tragédias da humanidade, a escola anunciou que iria mostrar o Holocausto. A comunidade judaica teve acesso às oficinas e mostrou temor de que a visão do holocausto fosse mais espectacular do que triste e pediu a interdição do carro. Descobriu-se ainda que, além do holocausto, desfilariam figurantes com máscaras de Adolf Hitler.

Após momentos de tensão, com a participação da Fundação Simon Wiesenthal, a Federação Israelita obteve decisão judicial para que o carro não fosse mostrado, muito menos com a imagem de Hitler. E quem deu a ordem foi a juíza Juliana Kalichszteim. Caso não cumpra a decisão, a escola terá de pagar 70 mil euros no caso de o carro alegórico sair exibindo a parte proibida e 20 mil euros por cada integrante que desfile vestido de Hitler. Para a juíza, a análise dos fatos e a documentação apresentada constando fotografia do referido carro justificam a medida: "Um evento de tal magnitude não deve ser utilizado como ferramenta de culto ao ódio, de qualquer forma de racismo, além da clara banalização dos eventos bárbaros e injustificados praticados contra as minorias, especialmente cerca de seis milhões de judeus (diga-se, muitos ainda vivos) liderados por figura execrável chamada Adolf Hitler", afirmou a magistrada na decisão. A escola decidiu colocar, em substituição, um carro sobre a liberdade de expressão...

Outros sério problema do Carnaval é a crise na polícia da região. O comandante da Polícia Militar, Ubiratan Ângelo, foi demitido e, com ele, solidarizaram-se 45 oficiais. O novo comandante é Gilson Pitta. O sindicato da Polícia Militar pediu a saída do secretário de Segurança, José Beltrame, o que irritou o governador do Rio, Sérgio Cabral. As autoridades garantem que a ordem será mantida, esperando-se não ser necessário ter-se de colocar um oficial do Exército nessas funções, o que desagradaria à Polícia Militar. A Secretaria de Segurança está acima das polícias civil e militar.

Uma terceira polémica marca o Carnaval brasileiro. No Recife, a prefeitura, com apoio do Ministério da Saúde quer distribuir pílulas anticonceptivas, chamadas de " pílulas do dia seguinte", durante os festejos, mas a Igreja condena a decisão, considerando-a uma medida abortiva.

De volta às matérias políticas, em Salvador da Baía uma denúncia de racismo está a colocar a comunidade negra e prefeitura em campos opostos. O prefeito proibiu a divulgação de um relatório do Observatório Racial em que se denuncia actos de racismo contra negros na grande festa. O prefeito, Gilmar Santiago, diz que não é assim e que os resultados foram tornados públicos.

O Observatório está particularmente activo no período do Carnaval para ajudar mulheres alvo de violências e outras pessoas que possam agredidas ou discriminadas.

A comunidade negra do Salvador critica ainda o alinhamento dos desfiles, dizendo que os seus grupos só desfilam nas piores horas dos festejos.

DN, 2-2-2008
 
CARNAVAL ASSUME DIVERSIDADE NA FESTA

LUÍSA BOTINAS

Terras atraem forasteiros com estilos diferentes

Durante anos, o Carnaval português abrasileirou-se e tanto as brincadeiras como as partidas de sabor brejeiro e malicioso ganharam sotaque. Mulheres de biquíni tiraram o lugar às marafonas (homens travestidos) e até personagens como o Rei Momo passaram a ser cabeças de cartaz nos roteiros desta quadra. Porém, o modismo de importar do Brasil a receita para a festa da transgressão e da farsa parece estar a perder força, uma vez que já são muitos os municípios portugueses que usam o retorno ao genuíno como chamariz para conquistar visitantes.

Em Tomar, por exemplo, o Carnaval, segundo a organização, não terá "reis importados" nem sambistas, mas bailes e concursos de mascarados. Em Barcelos, a folia carnavalesca dura três dias, começando hoje com o desfile de gigantones e cabeçudos para terminar terça-feira com o corso. Lazarim (Lamego) com os compadres e Podence (Bragança) com os caretos são dois expoentes do Entrudo rural e tradicional que se mantêm e que cada vez mais atraem turistas. Do lado dos carnavais luso-brasileiros, está a Mealhada, que se orgulha de completar 30 anos de festividades temperadas com o sotaque do outro lado do Atlântico. Seis escolas de samba e vários grupos e carros alegóricos desfilam hoje e terça-feira, a partir no sambódromo Luís Marques, numa edição que tem como rei o actor brasileiro Alexandre Borges - o "Dr. Escobar" da novela Desejo Proibido, em exibição na SIC - e como rainha a Miss Bairrada 2007, Stephanie Ribeiro.

Moisés Espírito Santo, sociólogo das religiões, explicou ao DN que o fenómeno da influência brasileira nos carnavais portugueses teve a sua porta de entrada "nos anos 40 e 50, sobretudo, nas cidades com as escolas de samba e as danças de salão". E explica: "Nas cidades, porque são meios mais permeáveis e onde não há uma cultura homogénea." O professor da Universidade Nova sublinha que o Carnaval abrasileirado "é muito comercial e perdeu o conteúdo simbólico, da transgressão e dos mascarados".

A máscara ou o disfarce são, aliás, elementos fundamentais no Carnaval, pois, de acordo com a psicóloga Mariana Carvalho, "assumindo um disfarce, o indivíduo tem comportamentos que não teria sem uma máscara". E na opinião daquela especialista, "isto pode acontecer com pessoas que têm pro-blemas relacionais. Desta forma sentem-se mais confiantes. Contudo, isto não significa que se tornem diferen-tes". Para Mariana Carvalho, o Carnaval é sobretudo "diversão para crian-ças e adultos. Assume-se uma identidade diferente por uns dias ou umas horas".

Moisés Espírito Santo destaca o carácter efémero destas festividades. "Acaba na quarta-feira, mas até lá tudo é susceptível de ser satirizado. Nos meios rurais o objecto das críticas e das sátiras era normalmente quem simbolizava o poder. Durante três dias brincava-se com os poderosos, personificados em bonecos, depois enterrados. Os enterros - do Judas, do bacalhau - eram os momentos altos. No dia seguinte, a vida voltava ao normal."

DN, 3-2-2008
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?