19 fevereiro, 2008

 

Euro


ou dólar




http://pt.wikipedia.org/wiki/Euro

http://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%B3lar_americano

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AOS SEIS ANOS, EURO FAZ FRENTE AO DÓLAR

MÁRCIO ALVES CANDOSO

Os cépticos estão a ficar menos ruidosos. É que, aos seis anos de idade, a "inviável" moeda única europeia não pára de fazer aquilo que a qualquer criança se exige: crescer. Crescer em adesões, em importância política e em percentagem de participação no bolo mundial do comércio de bens e serviços. Os dados mais actualizados espelham esta realidade: segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), no final de Setembro de 2005 as reservas mundiais de divisas que estavam denominadas em euros não ultrapassavam 24,3% do total. Um ano depois, a diferença não era muito evidente, passando para 24,4%. Mas desde então o raquitismo do euro está cada vez mais debelado. No segundo trimestre de 2007 a moeda europeia já contava em 25,5% para o bolo mundial e no final de Setembro subia para 26,4%.

No mesmo período, o gigante do século atrofiava quase três pontos percentuais. Aquela que é de longe a moeda de referência global dos últimos 60 anos - o seu reinado incontestável foi iniciado depois do final da II Guerra Mundial - representava 63,8% das reservas mundiais no final do terceiro trimestre de 2007. Três meses antes ainda chegava aos 65% e um ano atrás aos 66,5%. Falamos do dólar dos Estados Unidos, como é óbvio.

A tendência, que é recente, tem várias razões associadas. Segundo especialistas ouvidos pelo DN, a aposta na diversificação das reservas de moeda assenta quer na quebra de valor do dólar quer na crescente credibilidade do euro. Muitos países, entre os quais as economias emergentes asiáticas e do golfo Pérsico, vêem as suas exportações de matérias-primas e bens manufacturados diminuir de valor, devido a serem efectuadas em dólares. Países como a China ou a Índia sofreram injecções significativas de divisas nos últimos tempos, por via das suas flamejantes capacidades exportadoras. Por isso, ter mais euros é uma garantia para minorar as perdas, no que diz respeito à balança de pagamentos.

O aperto do gap percentual entre o euro e o dólar nas transacções mundiais deve-se, em partes dificilmente mensuráveis, quer a uma maior circulação (maior volume de transacções, de maior valor efectuadas em euros) quer ao facto de a moeda única se ter valorizado, nos últimos tempos, em relação à sua mais potente rival.

O que diz quem sabe

Nesta história recente da "guerra" do euro versus dólar, Gonçalo Pascal, economista-chefe do Millennium bcp, distingue factores estruturais de outros mais conjunturais. "As pessoas estão a perceber que a União Económica e Monetária europeia não só não foi um falhanço como está a aumentar de relevância e a incorporar novos países", reflecte. "Hoje o euro tem importância a nível mundial e é natural que as reservas de divisas e o número de transacções tituladas em euros seja cada vez mais relevante", afirma. "Ao tornar-se numa moeda internacionalmente aceite, o euro está a beneficiar a imagem da Europa, a transmitir um aumento de confiança interna e externa", sustenta o mesmo responsável.

Mas existem também razões conjunturais para o crescimento da importância do euro nas reservas mundiais. "A aversão ao risco que perpassa um pouco por todo o mundo ditou recentemente uma diversificação de carteiras", refere o responsável do BCP.

"A necessidade de os Estados Unidos corrigirem o seu enorme défice externo leva-os a baixarem a cotação do dólar, de forma a serem mais competitivos". Aliás, lembra, "não é só contra o euro que o dólar se deprecia".

Cristina Casalinho, economista-chefe do BPI, saúda a saúde do euro, mas recorda que o dólar "ainda é, ao mesmo tempo, uma moeda usada em transacções internacionais, uma unidade de conta e uma reserva de valor", uma trilogia que lhe dá a força reconhecida mundialmente. Explica que o facto de a China ter tido uma relação comercial "muito forte com os EUA" lhe ditou, após a abertura do país ao comércio mundial, "uma ligação preferencial ao dólar".

O que se passa é que a China "diversificou muito o seu porta-fólio comercial, numa altura em que o dólar perde valor". Para não registar prejuízos, compra euros. O mesmo se passa com os países do Golfo, cujas economias dependem em grande parte da venda do petróleo, que está denominado em dólares. Devem os Estados Unidos estar preocupados com a desvalorização do dólar? "Não necessariamente", afirma Cristina Casalinho. "Esse facto está a facilitar-lhes os reajustamentos internos necessários e as exportações", explica.

Não é só pelo efeito fuga do dólar que as reservas cambiais a nível global estão a mudar. A percentagem de euros sobe também em matéria de valor, por via da valorização da moeda única. No futuro, a economista-chefe do BPI diz que os cabazes de divisas "vão ser mais variados". E dá um exemplo: "Quando a moeda chinesa passar a ser convertível muita coisa vai mudar."

Cristina Casalinho não acha, contudo, que o euro possa substituir o dólar como principal moeda de referência mundial nos tempos mais próximos. "Historicamente a moeda dominante pertence ao país que consegue hegemonia económica, política e militar, o que não acontece com a Europa", frisa. "No futuro o poder político e militar vai ser mais partilhado e a hegemonia cambial sofrerá o mesmo caminho", estima.

DN, 8-14-2008
 
Café a 35 cêntimos

Um café de Ponte de Lima cobra 35 cêntimos por uma "bica", exactamente o mesmo valor que praticava há seis anos, quando o escudo deu lugar ao euro.
"Antes de aparecer o euro, servíamos o café a 70 escudos. Na
altura da transição, limitámo-nos a fazer a conversão. Fixámos o preço em 35 cêntimos e desde aí nunca mais o aumentámos", disse, à Lusa, o proprietário do estabelecimento.
Alberto Amorim Martins, dono de um café em Calheiros, acrescentou que, mesmo assim, as bicas ainda lhe proporcionam uma margem de lucro superior a 40%: "Se eu compro um quilo de café por 15 ou 16 euros, e se um quilo de café me
dá para umas 120 bicas, é só fazer as contas", referiu Alberto
Martins, localmente mais conhecido por "Bertinho".
No país, uma bica custa actualmente, em média, 55 cêntimos,
um preço que, segundo disse hoje à Lusa o secretáriogeral da Associação da Restauração e Similares de Portugal (ARESP), irá aumentar, muito em breve.

RRP1, 7-3-2008
 
SUPEREURO COMPROMETE EXPORTAÇÕES

RUDOLFO REBÊLO

As exportações portuguesas perdem gás

A factura da tentativa de travar a crise que vive a economia dos EUA já está a ser paga pelos europeus. Os americanos preparam-se para baixar de novo as taxas de juro e os investidores, em busca de melhores remunerações, fogem do dólar e compram euros. Resultado: ontem, o euro já custava 1,51 dólares e, com isto, Portugal e os restantes países da Zona Euro estão a ser penalizados. É que, com o euro tão caro, as empresas são obrigadas a comprimirem as margens comerciais, baixando os preços para exportação.

A actividade ressente-se. Menos vendas, menos lucros, menos rendimentos, o que pode levar o Governo a rever em baixa as estimavas de crescimento da economia para 2008 (2,2%).

Os sinais de alarme já estão a aparecer. Em Dezembro último, as exportações nacionais de mercadorias caíram 1,4% em comparação com o mesmo mês de 2006. Para os EUA, o cenário é pior: as vendas estão em queda livre. No ano passado, até Novembro, o país vendeu menos 321 milhões de euros, uma quebra de 15,2%.

Os efeitos indirectos sobre a economia portuguesa, chegam via Europa. A recessão americana - o banco central americano estima uma expansão entre 1,3% e 2% em 2008, contra os 2,1% em 2007 - está a levar a uma desaceleração na actividade económica, uma vez que a baixa no consumo das famílias americanas diminui as importações com origem na Europa. Depois, com o euro mais caro, os exportadores europeus estão com mais dificuldades em colocar os seus produtos. O apertar do cinto na Europa conduz à retracção nas exportações portuguesas.

Os economistas recusam tocar nas campainhas de alarme. Há muitas incertezas, mas esta valorização do euro "não será suficiente para provocar uma forte desaceleração na economia europeia", afirma a economista-chefe do BPI, Cristina Casalinho. "Tem existido um movimento regular no mercado cambial", justifica a economistas que sublinha que "está a suavizar o impacte sobre a economia".

Há empresários que temem o pior. "Isto é insustentável para a Europa", diz Henrique Neto, empresário na indústria dos moldes. "É de loucos e pelos vistos o Banco Central Europeu (BCE), não compreende", diz, a propósito de o banco manter os juro nos 4%. Henrique Neto tem particulares razões de queixa. O mercado tradicional dos moldes era os EUA e "agora desapareceu. Perdemos clientes com 20 e 30 anos de carteira, porque não há quem aguente desvalorizações de 30%".

Há três dias a Reserva Federal (Fed) tinha um dilema: baixar ou não o preço do dinheiro? Os custos na produção aumentaram, ameaçando a inflação nos EUA. Para travar a subida de preços, alguns economistas receavam baixar as taxas de juro. Mas na terça feira, a Fed de Nova Iorque deu o sinal e ontem Ben Bernanke, presidente da Fed, no senado americano, desfez dúvidas e declarou-se disposto a baixar os juros. Na Europa, a prioridade do BCE está no combate à inflação, situada em 3,2%, em Janeiro último. E por isso, a breve prazo o banco deverá manter as taxas nos 4%, tornando o euro cada vez mais atractivo.

DN, 28-2-2008
 
Euro a caminho de 1,55 dólares com cenário de recessão nos EUA

PEDRO FERREIRA ESTEVES

Nova descida dos juros nos EUA justifica fuga acentuada do dólar

O euro subiu ontem mais um degrau na sua escalada histórica face ao dólar. A moeda europeia atingiu, pela primeira vez na sua história, o patamar dos 1,52 dólares. E, segundo os analistas, a valorização não deverá ficar por aqui.

No actual cenário macroeconómico, o euro pode estar, em breve, a movimentar-se na fasquia dos 1,55 dólares. Basta que se clarifiquem um pouco mais as diferenças económicas entre os Estados Unidos da América e a Zona Euro.

"Os factores da nova subida do euro - ou da queda do dólar - não são novos. O que mudou, nos últimos dias, foi que se assistiu a uma clarificação do cenário: há um risco acrescido de recessão nos Estados Unidos", explicou ao DN Agostinho Alves, analista cambial do BPI. "A Reserva Federal norte-americana (Fed) está extremamente preocupada com a actividade económica e, segundo o mercado, não terá outra hipótese que não seja descer novamente as taxas de juro em Março", acrescentou o mesmo perito. A confirmar-se essa descida nos Estados Unidos da América - todas as expectativas indicam um corte de 50 pontos-base para 2,50% -, o diferencial dos juros entre as duas regiões económicas acentua-se em favor do euro, já que as taxas da Zona Euro encontram-se relativamente estabilizadas nos 4%.

"Nos últimos dias, os responsáveis do Banco Central Europeu (BCE) têm tentado desmistificar algumas questões, nomeadamente o impacto do euro forte na actividade das empresas. A realidade é que a economia europeia está bem mais sólida que a norte-americana e, com a inflação a ser revista em alta, dificilmente haverá alteração dos juros antes do final deste ano", adiantou o mesmo perito do BPI.

Assim, neste contexto, o euro tem mais caminho para percorrer no sentido ascendente. Ontem, negociou nos 1,52 dólares e os analistas sublinham que a próxima resistência são os 1,53 dólares. Uma vez ultrapassada essa fasquia - bastando para tal que se mantenham os actuais sinais de depressão económica nos EUA -, o euro terá caminho livre até aos 1,55 dólares.

A médio prazo, Agostinho Alves prefere não fazer previsões. "Tenho dúvidas de que se chegue a 1,60 dólares. A recessão nos EUA teria de ser muito pior do que o esperado", frisou.

DN, 29-2-2008
 
BCE está preocupado com recordes do euro

PEDRO FERREIRA ESTEVES
ESTELA SILVA-LUSA

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean Claude Trichet, surpreendeu, ontem, os jornalistas que o esperavam, em Bruxelas, à entrada do encontro de ministros das Finanças da Zona Euro (Ecofin). Ao contrário do que é habitual, Trichet parou e fez declarações, no sentido de partilhar a sua preocupação com o valor do euro. "Nas actuais circunstâncias, considero muito importante o que foi afirmado e reafirmado (...) pelo secretário do Tesouro e pelo presidente dos EUA, para quem uma política de dólar forte é do interesse dos Estados Unidos", disse, revelando a sua preocupação com os efeitos de uma moeda europeia tão forte.

O euro havia, momentos antes, renovado o seu recorde nos 1,5275 dólares, tendo corrigido posteriormente na sequência dos comentários de Trichet.

Entretanto, o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, frisou que estar "a ficar mais preocupado e vigilante", numa referência à escalada do euro e às suas implicações na actividade das empresas exportadores da Zona Euro.

No entanto, apesar destas manifestações de preocupação, os analistas consideram que uma das razões do euro forte - taxas de juro do BCE mais altas que nos EUA - não deverá sofrer alterações esta semana. O BCE reúne na próxima quinta-feira, mas ninguém nos mercados aposta numa descida do preço do dinheiro dos actuais 4%. As atenções estarão centradas na previsível revisão em baixa das previsões para o crescimento económico em 2008 e 2009 e para os níveis de inflação.

A propósito desta questão, o presidente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, defendeu, numa entrevista ao francês Le Monde, que "o BCE - que está a fazer um bom trabalho de controlo da inflação - é ultra poderoso". Este responsável sugere que haja um "contrapoder político", através da criação de um "verdadeiro ministro das Finanças europeu, responsável pelo crescimento".

DN, 4-3-2008
 
EURO EM ALTA LEVA 30 MIL PORTUGUESES A NOVA IORQUE

MÁRCIO ALVES CANDOSO

O ano passado igualou o recorde registado em 2000

Os portugueses - e os europeus em geral - estão a redescobrir Nova Iorque. Depois do pânico que se seguiu ao 11 de Setembro de 2001, o ano passado foi de recuperação completa. Os nacionais que pernoitaram ao menos uma noite na Big Apple atingiram os 31 mil, um número idêntico ao de 2000, o ano auge do crescimento sustentado de viajantes portugueses registado na segunda metade da década de 90 rumo à cidade que nunca dorme. Para já, o recorde de 2000, ano durante o qual viajaram para os EUA 85 mil portugueses, ainda não foi batido, já que em 2007 não atingiu os 81 mil. Mas o ano em curso promete mais.

A atractividade da América do Norte - Canadá incluído - deve-se em grande parte à desvalorização do dólar. Apesar da inflação, que se nota mais na alimentação e na factura energética, os Estados Unidos estão altamente competitivos em termos de destino internacional de férias e lazer. Na Internet é possível encontrar preços em resorts de 1.ª classe em Miami ou Orlando (Florida) perfeitamente impossíveis há alguns anos atrás. Com o euro a valer 1,56 dólares, contra os 0,90 de média no ano 2000 ou os 0,75 de meados da década de 90, percebe-se porquê.

"A vida lá está mais barata", assume João Passos, presidente da APAVT, a associação que reúne os profissionais do sector de viagens e turismo. Este responsável diz que a recuperação do mercado norte-americano "começou há dois anos mas fez-se sentir mais no ano passado". "Os operadores turísticos estão a olhar para os EUA como um destino turístico final e não só como ponto de partida para cruzeiros nas Caraíbas", aponta.

E este regresso dos portugueses ao outro lado do Atlântico - Nova Iorque fica exactamente à mesma latitude que a zona sul do distrito do Porto e norte de Aveiro - faz-se mesmo sem descontos nas passagens aéreas. "O preço dos bilhetes de avião tem-se mantido ou mesmo incrementado um pouco, por causa do aumento dos combustíveis", assume José Carlos Ferreira, da companhia de aviação estado-unidense Continental, uma das que voam regularmente entre Lisboa e Nova Iorque. "Mas praticamente tudo o resto compensa", assume.

O crescimento do mercado dos EUA faz-se, segundo o mesmo responsável, à custa de outros destinos. "Não notamos que haja mais gente a viajar, o que se passa é que há um desvio para os Estados Unidos nos últimos anos", refere o responsável da Continental.

Sentimento algo diferente têm os responsáveis da TAP. Fonte oficial da companhia revelou ao DN que as suas rotas para Nova Iorque "são ali- mentadas principalmente pelas vendas originadas nos EUA, nomeadamente pelo tráfego da comunidade portuguesa radicada neste país", pelo que "a desvalorização do dólar e a crise do subprime começou a fazer-se sentir nas vendas". A TAP experimentou, desde Agosto do ano passado, uma quebra de 8% que, no entanto, "tem sido mais que compensada pelo aumento da procura do lado do mercado português".

DN, 6-5-2008
 
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