06 fevereiro, 2008

 

O custo

de ser pai

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Os custos da paternidade

Uma equipa de psicólogos de Coimbra fez as contas aos custos da paternidade e conclui que dar as condições mínimas a um filho pode custar cerca de 236 euros por mês, durante os primeiros 25 anos
de vida.
Tendo por base números apresentados pelo economista Barbosa de Melo, a equipa de psicólogos de Coimbra imaginou a
vida de duas famílias, de rendimentos diferentes: uma de
classe média baixa, que tem para gastar 1800 euros e outra de classe média alta com um rendimento mensal de 4250 euros. Fez as contas, somou as despesas de ter um filho e subtraiu-as aos ordenados dos dois agregados familiares.
O objectivo era perceber quanto custa ser um bom pai, ou seja, dar as condições básicas a uma criança. Conclusão: a família de classe média baixa gasta, nos primeiros 25 anos de vida de cada filho, cerca de 236 euros todos os meses. Na família de classe média alta, o valor ultrapassa os 678 euros mensais. Na factura, a equipa incluiu os gastos com fraldas, médicos, comida, roupa, desporto, livros, propinas e mensalidades escolares.
Durante 36 anos de trabalho (considerado o tempo médio de
vida laboral de uma família), a família mais "pobre" terá gasto
cerca de 26% do orçamento familiar com um filho.
No mesmo período de tempo, a família com maiores rendimentos
terá gasto 31% do orçamento.
Os psicólogos responsáveis pelo estudo tiveram ainda em conta os rendimentos perdidos: as horas que os pais passam com os filhos e que poderiam utilizar para valorizar o currículo e assim subir na carreira profissional. Uma questão difícil de contabilizar, quando está em causa tudo aquilo de que
os pais têm de abdicar ao assumir a paternidade.
"As coisas que não têm preço, como brincar com os filhos, são desvalorizadas e compensadas com roupas e brinquedos", concluiu a equipa coordenada por Eduardo Sá.
Os números foram apresentados no 1.º Congresso Internacional
em Estudos da Criança (IEC), na Universidade do Minho, em Braga.

RRP1, 6-2-2008
 
Testes de paternidade à venda nas farmácias

Os testes de paternidade são vendidos livremente desde ontem nos Estados Unidos.
A compra do produto não carece de prescrição médica e sai por apenas algumas dezenas de dólares.
O laboratório norte-americano Identigene, com sede no Estado
do Utah, colocou à venda em 4363 drograrias-farmácia os testes "Rite Aid", que permitem conhecer a paternidade recorrendo ao ADN.
Os testes, que recorrem a uma pequena amostra de saliva,
podem ser adquiridos por 30 dólares (20 euros), sendo depois
enviados para análise por um custo suplementar de 119 dólares
(cerca de 79 euros) mas especialistas alertam que os utilizadores devem ter um psicólogo por perto pois o resultado pode ser uma amarga surpresa.
Os resultados - que o laboratório afirma terem uma fiabilidade
de 99% - são enviados depois por carta ou e-mail ou ficam
disponíveis num sítio na Internet mas sob confidencialidade
(cada utilizador só poderá aceder ao resultado do seu teste).
A empresa já tinha disponibilizado os testes na costa Ocidental
dos EUA durante os três meses de Inverno, vendendo 10 mil unidades e concluindo que 60% dos compradores são mulheres que querem assegurar-se da paternidade de uma criança, havendo também muitas pessoas que se interrogam
sobre a própria ascendência.
Os testes vendidos sem prescrição não são, contudo, aceites nos tribunais quando de acções na Justiça, pois - embora a técnica de análise genética seja a mesma - existe uma diferença no método de recolha da amostra num teste feito em casa e num legal.
Os testes ordenados por um médico ou pedidos no âmbito de uma acção judicial (para reclamar uma pensão de alimentos, por exemplo) custam cerca de 200 dólares e a obtenção de resultados é mais demorada.

RRP1, 27-3-2008
 
A importância de partilhar a luta para ter um filho

PATRÍCIA JESUS

Maria Pereira casou aos 26 anos e começou a tentar engravidar pouco tempo depois. "Eu e o meu marido somos filhos únicos e queríamos uma família grande. Passei mais de um ano sem conseguir até ir à minha médica de família e, só ao fim de quatro anos, fui encaminhada para a consulta da Maternidade Alfredo da Costa", em Lisboa. Hoje, reconhece que, no início, andou "perdida". O percurso durou nove longos anos até ao nascimento do João Diniz, em 2005. Essa falta de acompanhamento fez com que se juntasse à Associação Portuguesa de Infertilidade, criada em Maio de 2006, para ajudar os casais inférteis.

"Costumava falar com outras pessoas com o mesmo problema num fórum da internet e percebemos que não existia uma associação de doentes quando problema afecta cerca de 500 mil casais." A doença afecta um milhão de portugueses mas é quase invisível. Para mudar esta situação, a Associação criou um site onde tenta juntar toda a informação útil, e um fórum, que já tem mais de 3500 utilizadores e 170 mil mensagens. Através do fórum, é fácil chegar a vários blogues que têm como tema o desejo de ter um filho.

"Sonho ter um filho"

Susana Pina criou o blogue "Sonho ter um filho" há dois anos, depois de 16 a lutar contra a infertilidade. "Vivi mais de uma década sem falar praticamente com ninguém sobre este problema. Mesmo na sala de espera das consultas, e fui a muitas, as pessoas não falavam umas com as outras", conta. "Nem sequer tinha acesso a informação. Nesse aspecto a internet foi uma benção. Depois de ter engravidado e perdido as bebés senti necessidade de falar e foi por isso que criei o blogue."

Anna Pires, outra das fundadoras da Associação, conta que os blogues sobre a infertilidade são um fenómeno a nível internacional. Alguns, já se transformaram em livros. "Acaba por ser uma espécie de diário. Além de ser um escape fantástico, é a forma das pessoas seguirem o tratamento uma das outras." Para Susana, foi a melhor coisa que lhe "podia ter acontecido". "A resposta tem sido extraordinária. Mesmo que nunca consiga ter um bebé, sinto que ajudei muita gente."

Dar a cara

Há cerca de um ano, as fundadoras da Associação sentiram que havia a necessidade de saltar do mundo virtual para o real e dar a cara, uma coisa que nem sempre é fácil porque a infertilidade ainda é uma doença "muito escondida", explica Anna. Foi assim que nasceram os grupos de apoio. A primeira experiência foi em Braga e os resultados foram encorajadores. Anna Pires, que agora é a coordenada nacional dos Grupos, juntou-se com a psicóloga Matilde Catalão para elaborar um manual de princípios, fizeram um workshop para as interessadas e agora já existem cinco a funcionar. Os grupos são coordenados por pessoas que tenham um historial de infertilidade, ou seja, não são grupos terapêuticos, são para trocar informação e partilhar experiências. "Tem sido absolutamente fantástico. Os grupos tornaram-se um oásis no deserto da infertilidade," diz Anna.

Maria Pereira é uma das coordenadoras do grupo de Lisboa. "Às vezes as pessoas choram, outras vezes rimos." Apesar das mulheres estarem em maioria, algumas trazem os maridos. "Há ideia que a infertilidade afasta o casal, mas às vezes aproxima, porque há um objectivo comum. Mas os homens falam menos, isso não há dúvida." Quando o grupo começou a funcionar, o filho de Maria, João já tinha quase três anos. Nasceu em 2005, depois de nove anos de tentativas, tratamentos no privado e no público. Agora, Maria tem 38 anos e corre contra o tempo para dar um irmão ao João Diniz.

DN, 1-6-2008
 
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