19 março, 2008

 

19 de Março


Iraque...5 anos depois.




http://pt.wikipedia.org/wiki/Iraque

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Iraque


http://diario.iol.pt/noticia.html?id=929906&div_id=4071

Comments:
Bush critica defensores da retirada do Iraque

O Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, deixou hoje críticas aos defensores da retirada do Iraque e reafirmou que a vitória é o único desfecho possível para o conflito.
Bush assinalou o quinto aniversário da invasão norteamericana do Iraque com um discurso de quase meia hora, no
Pentágono, no qual admitiu ainda que os custos do conflito têm sido elevados, tanto em vidas como financeiramente.
Para o presidente norte-americano, esses custos foram, contudo
os necessários para garantir uma importante vitória estratégica contra o terrorismo
Bush sustentou que não podia ceder face ao terrorismo e que, se não actuasse, a violência aumentaria no Iraque e chegaria a um genocídio.
“Mais de 4400 homens deram a vida pela guerra contra o terrorismo. A melhor forma de os honrar é garantir que o seu sacrifício não foi em vão. (…) A batalha do Iraque é nobre, necessária e justa”, afirmou o chefe de Estado norteamericano.
George W. Bush criticou ainda alguns sectores da política
norte-americana que defendem a retirada dos soldados do
Iraque, como a oposição democrata e os detractores de guerra,
salientando que os sucessos naquele país “são inegáveis”.
“Os críticos já não podem argumentar com credibilidade que
estamos a perder no Iraque. Nos últimos meses ouvimos
comentários exagerados sobre os custos desta guerra. Ninguém
pode argumentar que esta guerra não teve custos elevados,
em vidas e valores, mas foram necessários, se pensarmos
nos custos de uma vitória estratégica dos nossos inimigos
no Iraque”, argumentou.
Desde que a guerra no Iraque se iniciou, há cinco anos, perderam
a vida quatro mil soldados norte-americanos e um número não determinado de civis iraquianos.
O custo do conflito para o erário público dos Estados Unidos foi de 500 mil milhões de dólares.
Washington mantém 160 mil soldados estacionados no Iraque.

RRP1, 19-3-2008
 
O DINHEIRO DA INFÂMIA

Baptista-Bastos
escritor e jornalista
b.bastos@netcabo.pt

São imagens deprimentes, recordadas pelas televisões. Bush sai do avião nas Lajes, acena, ignora-se para quem, gesto maquinal, sorriso levemente tolo. Aparece, face escancarada, comovida de efusão, o inevitável Durão Barroso. Bush, paternalmente, coloca-lhe a mão no ombro e estugam os passos. Depois, os abraços entre Blair, magnífico socialista; Aznar, piedoso membro da Direitona espanhola; e o Imperador impante. Durão indica o caminho para lá, e fica à porta de cá. Enquanto os outros conversam amenamente sobre mortos e feridos, danos colaterais e outras trivialidades, Durão Barroso, numa esplanada, toma uma bica.

Fez cinco anos que, em território português, três cavalheiros premeditaram a invasão do Iraque, cujas trágicas consequências adquiriram inaudita extensão. Para nosso escarmento, o então primeiro-ministro de Portugal desempenhou o papel de porteiro. O cortejo de misérias, ainda hoje ininterrupto, não recusou a tortura e a condenação à morte, justificadas como resposta ao terrorismo pela consciência doente de articulistas estipendiados e de políticos abjectos.

A concentração ética do que havia de mais fecundo na civilização ocidental foi depredada em pouco mais de uma hora. As vozes que se ergueram, condenando o previsível genocídio, foram abafadas pelo coro proclamador de uma falaciosa cruzada da liberdade contra o tirano. E, apesar de relatórios volumosos e de investigações prolongadas terem provado a inexistência de armas de destruição maciça, e de não haver nenhuma ligação entre o Iraque e a Al-Qaeda, a sentença estava ditada. Bush, reeleito através de uma fraude, desencadeava uma guerra com base em uma mentira. Depor Saddam foi o pretexto seguinte. Também adulterado. Os Estados Unidos detêm um rol numeroso de ditadores por eles sustentados e caucionados. E igual quantidade de sangrentos golpes contra democracias instituídas, e assassínios de dirigentes políticos que lhes são desafectos. Testemunhei alguns, em países da América Latina, e assisti à admiração funesta de quem havia traído os testamentos morais e aceitado os 30 dinheiros da infâmia. Não há transcendência no mal, assim como devemos condenar a sua banalização mediatizada. A sequência filmada do enforcamento de Saddam Hussein eleva a circunstância do horror à desumanização total dos sentimentos.

Qual o grau de sofrimento infligido a um povo que nos faz reavaliar a noção de vítima e de mártir, a fim de podermos julgar a dimensão infernal do algoz? Tudo é relativo; porém, nem tudo resulta de um mal-entendido. O carácter da invasão do Iraque resulta da premeditação de uma violência que, um pouco por todo o lado, vai alimentando a sede de domínio do Império.

DN, 19-3-2008
 
Mais de cem mil iraquianos mortos, quatro mil militares americanos devolvidos em caixões ao seu país. Cinco anos depois da intervenção militar, que levou ao derrube do ditador Saddam Hussein, o Iraque está mergulhado no caos e na violência. São evidências que poucos ousam negar, mesmo aqueles que em 2003 defenderam a guerra com o argumento de impedir Saddam de usar armas de destruição maciça que afinal não possuía. José Maria Aznar, um dos quatro da cimeira dos Açores, é dos poucos que se mantém firme. Ainda anteontem afirmou que a situação no Iraque "não é idílica, mas é muito boa", apesar de mais uma bomba em Kerbala ter morto 52 pessoas.

George W. Bush continua também a dizer que "foi uma boa decisão" invadir o país", apesar de falhar os quatro objectivos delineados: destruir o potencial bélico de Saddam (imaginário), levar a democracia e prosperidade ao Iraque (há eleições, mas também violência), estabilizar o Médio Oriente (a situação na Palestina e no Líbano continua grave) e garantir os fornecimentos de petróleo (o barril está acima dos 100 dólares). Mas o discurso conteve também dois argumentos sobre os quais é preciso reflectir: uma retirada precipitada seria um convite à Al-Qaeda e abriria também portas à influência do Irão. O sucessor de Bush terá que ser muito criativo para sair do Iraque com dignidade.

DN, 20-3-2008
 
Um combate que a América "pode e deve vencer"

CADI FERNANDES

Um George W. Bush animado e um Jalal Talabani agradecido. Os Presidentes dos EUA e do Iraque comentaram, ontem, esta meia década da guerra. "Tirar Saddam Hussein do poder foi uma boa decisão. Este é um combate que a América pode e deve ganhar", declarou Bush, em Washington. "A libertação do Iraque pelas forças da coligação representou o início de uma nova era de esperança e de direitos democráticos para o povo", afirmou Talabani, em Bagdad.

À escuta, no seu "covil", mais de cem mil mortos depois, o líder da Al-Qaeda, Ussama ben Laden, deverá, um dia destes, segundo um site especializado americano, dizer de sua (in)justiça.

"Caixa de Pandora"

O que fica do que passa, cinco anos depois do início da guerra? O DN pediu a cinco analistas americanos uma opinião sobre o tema. Todos aceitaram o repto, eventualmente como forma de catarse: Frank Francona Harvey Sapolsky, Malou Innocent, Jeanette Winter e Barbara Slavin.

"Esta guerra abriu a caixa de Pandora, como, aliás, prediziam muitos analistas do Médio Oriente. O resultado é esta intensa carnificina e um verdadeiro terramoto na política regional, cujas repercussões ainda se farão sentir durante décadas", resume Slavin (autora de Bitter Friends, Bosom Enemies, sobre as relações entre a América e o Irão).

E o que estava preso dentro da caixa de Pandora e, nefastamente, se libertou? "O reforço da influência do Irão na região e nova confiança e assertividade dos árabes xiitas", resume a analista do USIP (Instituto da Paz dos Estados Unidos). Não sem um remoque: "Ironicamente, o despertar do Irão poderá, em última instância, levar a uma reconciliação entre os EUA e o Irão, que será chamado a estabilizar aquela tumultuosa parte do mundo", explica a ex-correspondente diplomática do jornal USA Today.

Jeanette Winter, autora de vários livros, como O Bibliotecário de Baçorá, não esconde o desconforto, ao dizer que não escrutina nada de bom nesta guerra, quanto mais de "melhor", considerando que nada justifica o que aconteceu, nem o petróleo. E que não lhe venham dizer que a caixa de Pandora foi aberta a 20 de Março de 2003: "Se a abrimos, abrimo-la já há muitos anos." O que não impede que este conflito seja uma tragédia que "nos envergonha a todos".

Harvey Sapolsky, professor no MIT (Massachusetts Instituto of Technology), especialista em Defesa, é peremptório. "Não abrimos a caixa de Pandora. No Islão, há uma guerra civil entre a modernidade e o século VIII. Esta luta já existia antes de invadirmos o Iraque e vai continuar depois de sairmos do Iraque. A modernização vai ganhar, tal como aconteceu na Europa de Leste, Portugal, Espanha e Ásia." E uma farpa sobre a "vergonha" dos EUA: "A América é um país muito seguro. Não precisa de recompensas para tentar fazer mais pela protecção da sua própria população e não precisa de ter vergonha em deixar a segurança europeia e asiática aos europeus e asiáticos."

Malou Innocent, analista de Política Externa no Instituto Cato, garante que o "atoleiro" iraquiano se ficou a dever, em muito, a um "profundo erro de cálculo estratégico": "Os EUA perderam a oportunidade de ir atrás da Al-Qaeda porque, na Primavera de 2002, retirou a maioria dos operacionais paramilitares da CIA da fronteira paquistanesa-afegã, o que lhes permitiu reconstituir a guerra no Iraque." Iraque que, lembra, "nunca esteve associado ao 11 de Setembro", ao contrário do Afeganistão.

DN, 20-3-2008
 
"O melhor da guerra foi o derrube de Saddam"

CADI FERNANDES

Entrevista. Frank Francona, analista militar

O melhor e o pior desta guerra?

O melhor, claro, foi o derrube de Saddam Hussein e do seu regime. Para além do sofrimento que impôs ao seu próprio povo, representava uma ameaça para outras nações da região. O pior foi a deficiente condução da guerra depois da queda de Bagdad até ao reforço das tropas, que começou no Verão passado. Os militares americanos deviam ter estado lá em força para poderem ser depressa, entregando a segurança do país ao exército iraquiano, que tinha garantido não lutar. Mas quando o embaixador Bremer decidiu desmantelar o exército, tal forçou a coligação a tornar-se em força de ocupação, algo para que não estava preparada.

O petróleo justifica isto?

O envolvimento americano na região baseia-se largamente no petróleo, e tem sido assim desde, pelo menos, 1973 e o embargo árabe ao petróleo. Nessa altura, tínhamos o Irão como aliado. Quando isso mudou, em 1979, com o derrube do Xá, os EUA tiveram de rever a sua política na região. O que emergiu foi a chamada Doutrina Carter - o uso da força militar para garantir o acesso internacional ao petróleo do Golfo Pérsico. Foi essa doutrina que levou a América a apoiar os iraquianos contra os iranianos nos últimos anos da guerra Irão-Iraque. Também foi esta doutrina que motivou o apoio americano ao Koweit e à Arábia Saudita após a invasão do Koweit, em 1990.

Retirar agora ou daqui a cem anos, como defendeu Mc Cain?

Não penso que o senador McCain queira mesmo, literalmente, manter lá as forças americanas por mais cem anos. Acho que se refere a uma presença continuada das forças americanas como sucede na Alemanha, Japão e Coreia, que remonta já há 60 anos. Penso ser inevitável que o grosso das tropas seja retirado no próximo ano ou por aí, mas deverá permanecer um contingente pequeno durante algum tempo. Enquanto as forças de segurança do Iraque não forem capazes de manter a ordem, não podemos abandonar o local aos elementos da Al-Qaeda e, até, a Moqtada al-Sadr.

Que lição tirar desta guerra?

Se vamos levar a cabo este tipo de operações, devemos fazer um melhor planeamento.

O mundo está mais perigoso agora?

Boa pergunta. Presumo que dependa de onde se vive. Enquanto tivermos a Al-Qaeda ocupada no Afeganistão e no Iraque, não se conseguirá expandir.

A América abriu a caixa de Pandora ao iniciar esta guerra?

O que podíamos ter feito na sequência do 11 de Setembro? A grande questão é: a invasão do Iraque era necessária? Há quem alegue que isso desviou as atenções do foco principal, o Afeganistão. Talvez sim. A decisão foi tomada de acordo com as fracas informações da altura. Agora, temos de lidar com isto.

Como ganhar a guerra?

Mantendo a acção militar até que as forças de segurança iraquianas sejam capazes de efectuar operações independentes.

Uma vergonha para a nação mais poderosa do mundo?

Talvez essa questão deva ser colocada aos iraquianos xiitas e curdos.

DN, 20-3-2008
 
O INÍCIO DO SEXTO ANO DE GUERRA

Manuel Queiroz
jornalista

Cinco anos de guerra no Iraque assinalados com um discurso do Presidente Bush e de cujas linhas gerais quase toda a gente desconfia. "Bush claro na defesa da guerra", é o título do Sacramento Bee, da Califórnia. "Bush insiste que EUA têm que vencer no Iraque", é o título do New York Times. É este o tom num dia marcado por protestos de rua do tipo que havia durante os últimos anos da guerra do Vietname. Mas… "Protestos contra a guerra mais populares junto da polícia", diz o San Francisco Examiner, notando:

"Prisões em alta, participação em baixa." Eram muito poucos os manifestantes… O editorial da "grey lady", como é conhecido o NYT, ataca o Presidente: "Poucos lamentam a morte de Saddam, mas a guerra deixou o Iraque partido, tornou os EUA mais vulneráveis, e não mais seguros, e esticou os militares americanos a um ponto que compromete a possibilidade de combaterem noutro sítio qualquer", diz o texto. "Estava claro há muito que Bush não tinha plano para a vitória, só um plano para entregar aquela confusão ao seu sucessor. Os americanos precisam de escolher um Presidente com a visão para acabar com esta guerra de forma tão limpa quanto possível."

O Washington Post não adere à visão de Bush, mas sublinha que os candidatos democratas são irresponsáveis ao prometerem sair do Iraque rapidamente. "Se Obama ou Clinton se tornarem Presidentes, ele ou ela serão comandantes-em-chefe de pelo menos 100 mil tropas dos EUA no Iraque. E no entanto os seus discursos sugerem uma compreensão do conflito e do que está em jogo para os EUA que está tão fora da realidade como eles acusam Bush de estar quando decidiu a invasão", diz o editorial.

O New York Post, mais conservador, é o único que alinha pela visão de Bush: "Cinco anos depois, os erros dos inimigos da América no Iraque -, juntamente com a firme determinação das Forças Armadas dos EUA - puseram a vitória ao nosso alcance. Que pena se a deitássemos fora."

DN, 21-3-2008
 
Guerra é uma "tragédia para a verdade e a dignidade humana"

CADI FERNANDES

Em 2003, "o Iraque não era uma ameaça iminente para ninguém", nem sequer para os Estados Unidos, denunciou, ontem, quem melhor sabe do assunto: o sueco Hans Blix, antigo director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), à época o inspector-chefe da ONU que confirmara, in loco, a inexistência das famigeradas armas de destruição maciça no Iraque, argumento esgrimido pela América, que fez ouvidos de mercador aos alertas da AIEA, para justificar a invasão e a guerra - uma "tragédia" - contra o regime de Saddam Hussein.

"Tragédia para o Iraque, os EUA, a verdade e a dignidade humana."

Até porque se não tivesse sido escorraçado do poder, se não tivesse sido detido, se não tivesse sido executado, estar-lhe-ia reservado o futuro partilhado por outras figuras internacionais. Folclore puro. "Tornar- -se-ia, provavelmente, noutro (Muammar) Kadhafi ou (Fidel) Castro, oprimindo o seu próprio povo, mas não representando uma ameaça para o mundo", acrescenta Blix, em artigo publicado no jornal britânico The Guardian. A referência ao líbio e ao cubano deixa subentender um mero papel de fachada.

Não havia necessidade de Washington e Londres empolarem uma ameaça que, afinal, não existia, lamenta o antigo director-geral da AIEA. Vão-se os anéis, fiquem os dedos: "Provavelmente, este fracasso espectacular do desarmamento pela força e da introdução da democracia através da ocupação contribuam para uma utilização mais generalizada da democracia."

Um libelo acusatório devastador.

E pensar que a 1 de Maio de 2003, a bordo do porta-aviões Abraham Lincoln, o Presidente dos EUA, George W. Bush, garantiu que o pior já lá ia, isto é, que acabara "o essencial das operações de combate". Nada mais errado, como confirmam os números: desde aquela data até à actualidade morreram 3854 soldados americanos no Iraque. O ano mais mortífero foi 2007 (901), seguindo- -se 2004 (849), 2005 (846) e 2006 (822). Mais: a esmagadora maioria (77%) dos mortos ainda não tinha 30 anos. Mais: morreram 430 funcionários do Departamento da Defesa americano. Mais: 29 314 pessoas ficaram feridas, mutiladas ou enfermas. Mais: centenas de milhares de iraquianos, civis e militares, foram assassinados desde 2003.

E no terreno, o que há a assinalar? Está iminente a batalha de Baçorá, para libertar esta cidade iraquiana das milícias xiitas, sobretudo o Exército de Mehdi, de Moqtada al-Sadr, e a Brigada Badr, onde está o grosso dos soldados britânicos. A garantia foi dada pelo comandante iraquiano responsável pela segurança no sul do país, Mohan al-Furayji. Talvez por isso Londres vai dar um bónus de 15 mil libras aos soldados mais leais, aos que não desertarem do Iraque.

E ontem foi, claro, dia de romaria, com os nostálgicos de Saddam a chorarem-no em cima da campa.

DN, 21-3-2008
 
DEZ DÓLARES PARA EVITAR OS DISPARATES NO IRAQUE

Leonídio Paulo Ferreira
jornalista
leonidio.ferreira@dn.pt

O título é Guia para as forças americanas em serviço no Iraque - 1943. E este livrinho em inglês, de capa dura cor de areia, tem sido um sucesso de vendas dos dois lados do Atlântico. Em Nova Iorque custa dez dólares, numa livraria londrina 4,99 libras. Foi editado pela primeira vez há mais de 60 anos, pela Administração Roosevelt, e destinava-se aos militares enviados na II Guerra Mundial para o golfo Pérsico para proteger os poços de petróleo de uma incursão nazi a partir do Cáucaso. George W. Bush podia ter tido acesso fácil ao guia se consultasse a Biblioteca do Congresso, a uns passos da Casa Branca. Nem sequer precisava que a editora Dark Horse tivesse agora feito o livrinho ressurgir das cinzas. Seguem-se algumas dicas que poderiam ter evitado muitos disparates no Iraque, onde já morreram desde a invasão de 2003 mais de quatro mil americanos:

"- Vais entrar no Iraque e és tanto um soldado como um indivíduo, porque no nosso lado um homem pode ser um soldado e um indivíduo. É essa a nossa força se formos espertos o suficiente para usá-la. Pode ser a nossa fraqueza se não o formos."

"- O sucesso ou fracasso americano no Iraque pode depender de como os iraquianos (é assim que o povo é chamado) gostem ou não dos soldados americanos. Pode não ser assim tão simples. Mas, reforce-se, pode ser."

"- O homem alto com as vestes flutuantes que irás ver em breve, com patilhas e cabelo comprido, é um combatente de primeira categoria, altamente treinado na guerra de guerrilha. Poucos combatentes em outros países, na realidade, podem excedê-lo nesse tipo de situação. Se for teu amigo, pode ser um fiel e valioso aliado. Se acontecer ser teu inimigo, tem cuidado! Lembras-te do Lawrence da Arábia? Bem, foi com homens como estes que ele fez história na Primeira Guerra Mundial."

"-Não vais para o Iraque para mudar os iraquianos. Exactamente o oposto. Estamos a combater esta guerra para preservar o princípio 'vive e deixa viver'. Talvez soe a meras palavras quando estás em casa. Agora tens a oportunidade de prová-lo a ti e aos outros. Se conseguires, iremos ter um mundo melhor para vivermos."

"- É uma boa ideia em qualquer país estrangeiro evitar discussões políticas ou religiosas. Isso é ainda mais verdade no Iraque do que na maioria dos outros países, porque acontece que os próprios muçulmanos estão divididos em duas facções, um pouco como a nossa divisão entre católicos e protestantes - assim não apostes os teus dois tostões quando os iraquianos discutem sobre religião. Existem também diferenças políticas no Iraque que surpreenderam diplomatas e estadistas. Não irás ganhar nada se te imiscuíres nelas."

DN, 28-4-2008
 
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