24 março, 2008

 

24 de Março


Dia mundial do Estudante

"Dia do Estudante: porquê o 24 de Março?

No dia 24 de Março celebramos o Dia do Estudante. Mas, porquê esta data? As razões da escolha deste dia remontam à crise académica de 1962 e às causas das lutas estudantis no início do século passado. Entre 1921 e 1961, o dia do Estudante era comemorado no dia 25 de Novembro, por ser essa a data da ocupação pelos estudantes do Clube dos Lentes (também chamado de "Bastilha") em sinal de luta por melhores instalações. Era, então, o dia da "Tomada da Bastilha".

Em 1961, ocorria no dia 25 de Novembro uma manifestação contra a Guerra Colonial, na qual vários estudantes foram presos, originando grandes tensões por toda a comunidade estudantil do país. Ainda em clima de revolta, e já em 1962, vários movimentos de dirigentes associativos deram origem a um Secretariado Nacional de Estudantes. A realização do primeiro Encontro Nacional de Estudantes ocorreu em Coimbra, contrariando a proibição do Governo. Mesmo sem autorização do Ministério da Educação Nacional, as comemorações do Dia do Estudante iniciaram-se, então, a 24 de Março de 1962.

Como forma de retaliação, o governo mandou encerrar a cantina e a Cidade Universitária invadida pela polícia de choque, ignorando a autonomia universitária. Estudantes foram espancados e presos, desencadeando uma reacção de repúdio que levou a que fosse decretado o luto académico e a greve às aulas. De tudo isto ficou a memória e a data: 24 de Março, aceite pela Assembleia da República quando em 1987 fixou o Dia do Estudante.

Fonte: artigo publicado no Jornal da Universidade de Évora n.º 8, Abril de 1999"




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O que nos distingue da Finlândia na Educação

No último relatório da OCDE sobre o desempenho dos alunos com 15 anos, a Finlândia atingiu (pela segunda vez) o primeiro lugar global, liderando nas Ciências e ocupando as segundas posições na Matemática e Conhecimento da língua materna. Na mesma listagem, Portugal ocupou, respectivamente, os 38.º, 31.º e 38.º lugares entre 57 países.

E as desigualdades entre os dois países vão muito além do que um relatório baseado numa prova, feita por alguns milhares de alunos, pode ajudar a pôr a nú.

No ensino básico, onde Portugal mantém uma taxa de reprovação ou desistência anual de 10%, correspondentes a 115 mil retenções, a Finlândia tem casos residuais. E enquanto apenas 6% dos finlandeses não prosseguem estudos (em cursos gerais ou profissionais) após a escolaridade obrigatória, só 49,6% dos portugueses com idades entre os 20 e os 24 anos (dados de 2006) têm o secundário completo e a taxa de retenção neste ciclo atinge os 24,6% anuais, correspondentes a mais de 80 mil alunos.

Uma escola inclusiva

O que distingue uma educação valorizada mundialmente pela sua "excelência" de um País que tenta recuperar de um crónico atraso em relação aos seus parceiros na União Europeia?

Os meios não chegam para explicar a diferença. Em termos de percentagem do PIB gasto na educação, existe uma diferença de meio ponto percentual, inflacionada pelo facto de o PIB finlandês ser bastante superior ao nacional, mas que ainda assim não envergonha Portugal na comparação com outros países da OCDE. E ao nível do vencimento, se um professor finlandês ganha mais sete mil euros do que um português no início da carreira, ao longo da vida profissional um docente nacional acaba por atingir 40 mil euros/ano, inacessíveis aos colegas nórdicos.

Poderia supôr-se um maior controlo da qualidade do trabalho docente. Mas a verdade é que a progressão na carreira baseada na avaliação dos professores, que tanta polémica tem causado em Portugal, ainda não chegou à Finlândia, onde os sucessos e fracassos costumam ser analisados, escola a escola, em reuniões.

E também não se pode falar em mais carga horária, já que os alunos do ensino básico portugueses passam bastante mais horas na escola do que os finlandeses - que vão para casa às três da tarde -, além de começarem a escola um ano mais cedo, aos seis anos, e terem mais disciplinas.

As maiores diferenças entre os modelos poderão assentar na filosofia educativa. Na Finlândia, o estudante pode passar todo o ensino obrigatório na mesma escola, já que há um único ciclo do básico. Os professores conhecem-no e intervêm precocemente quando há problemas. Em Portugal, a reprovação continua a ser a "solução" para muitos alunos com dificuldades, e é precisamente nas transições de ciclo que os números do insucesso se agravam.

PEDRO SOUSA TAVARES

DN, 6-3-2008
 
Estudantes universitárias fazem dinheiro rápido em vida dupla

PAULO SILVA REIS, Chaves

Três jovens, sob nomes falsos, relatam vida como prostitutas

Em Vila Real e Bragança uma nova forma de prostituição está a surgir. Cada vez mais estudantes universitárias, aliciadas pelo dinheiro fácil, se dedicam à mais velha profissão do mundo. O DN falou com três jovens estudantes, oriundas do Sul do País, que, sob nomes falsos, contaram como levam uma vida dupla.

As três admitem que a opção foi feita para terem uma vida desafogada, sem contar os tostões, podendo num só dia pagar a renda do apartamento. "A vantagem deste tipo de trabalho é não andar sempre a contar os euros", diz Vânia, estudante de 19 anos, a frequentar o segundo ano de um curso no Instituto Politécnico de Bragança. "Não é em todos os empregos que se consegue 200 ou 300 euros por dia. Com o que trazemos de casa, mal conseguimos sobreviver e assim vivemos melhor, sem termos de nos preocupar se o dinheiro vai chegar até ao fim do mês."

Foi Cindy, de 21 anos, a frequentar o terceiro ano do mesmo curso, que abriu as portas deste mundo a Vânia. Ambas partilham o apartamento e a carteira de clientes. Contactos que, afirmam, são feitos boca a boca, recusando recorrer aos anúncios em jornais para evitar riscos e encontros indesejados. Apesar da vida dupla, Cindy mantém o aproveitamento na universidade sem nunca ter deixado uma cadeira para trás.

Também em Vila Real, o fenómeno está a crescer. Vera, de 24 anos, a estudar na Universidade de Trás-os--Montes e Alto Douro (UTAD), "para manter o nível de vida" dedica-se à prostituição. Mas admite que na cidade do Marão "o negócio é mais difícil e é muito complicado passar despercebida". Por norma, explica, "não aceito encontros ao primeiro contacto". Vera vive no sobressalto de se cruzar, nesta vida dupla, com alguém da UTAD, o que traria "um enorme constrangimento", admite.

A vida para Vera, neste momento, não está fácil. Cobra 5o euros por cliente e assegura que não abdica da protecção. Considera que os seus clientes "vão dando para viver e poder acabar o curso", embora já não seja tão solicitada como há dois ou três anos, pois a concorrência de outras universitárias tem vindo a crescer.

Vera recusa receber clientes em casa, optando por trabalhar em hotéis. O mesmo procedimento adoptaram Vânia e Cindy. Trabalham em hotéis e com clientes certos. "Tenho bons clientes, da chamada classe alta, com bons empregos e até com cargos de chefia ligados ao Estado", afirma Vânia. São eles que passam a palavra uns aos outros, diz, adiantando que "desde que me apeteça trabalhar, numa noite posso fazer 300 euros".

Reconhece que alguns dos seus clientes "têm gostos esquisitos", principalmente "os mais velhos". Mas Vânia não se coíbe. "Como pagam bem, alguns mais do que eu peço, estou sempre disponível." Há uma coisa apenas em que a jovem não transige. "Beijos são só para o meu namorado." Vânia e Cindy acreditam que esta vida vai terminar mal tenham o diploma na mão. Mas das duas, apenas Cindy tem feito um pé-de-meia.

DN, 16-3-2008
 
NEM ANJOS INOCENTES, NEM GERAÇÃO RASCA

João Miguel Tavares
Jornalista
jmtavares@dn.pt

Há um ano estava no centro comercial Colombo e a minha filha mais velha desatou numa gritaria desalmada, já nem sei porquê, uma daquelas birras olímpicas que antes de termos os nossos filhos acreditamos ingenuamente que só acontecem aos filhos (mal-educados) dos outros. Tentei fazer como os árbitros de futebol: isolar o jogador para o punir disciplinarmente. Puxei-a para um canto, encostei-a à parede e tentei acalmá-la. Só que ela continuava a espernear e a gritar pela mãe, como se eu fosse o Jack Bauer em plena sessão de tortura, procurando saber a todo o custo onde estava a ogiva nuclear. Então, uma senhora dos seus 60 anos aproximou-se esbaforida, a berrar "você é mau pai, você é mau pai", dizendo-me para largar a criancinha e deixá-la ir ter com a mãe, senão chamava a polícia. A sério.

Entre pôr uma criança a trabalhar no campo aos seis anos e estar publicamente impedido de lhe estancar uma birra, é capaz de haver um meio-termo. E no entanto, cada vez parece mais difícil encontrá-lo. Veja-se o inacreditável vídeo do liceu do Porto. Tudo aquilo é impensável, claro, mas antes de voltarmos à velha conversa da geração rasca e às visões apocalípticas do mundo convém ver o que aquilo é: o registo de uma birra sem limites, aparentemente parecida com a da minha filha no Colombo. A diferença - e é uma grande diferença - é que na altura a minha filha tinha três anos. E a rapariga loucamente apaixonada pelo seu telemóvel tem 15. O problema da falta de autoridade dos professores é uma realidade preocupante, ninguém duvida disso, mas é em casa daquela miúda e na educação dos nossos filhos que em primeiro lugar devemos procurar as causas do seu comportamento.

Doses cavalares de mimo, desaparecimentos de Maddies e problemas de consciência de pais ausentes compõem uma fórmula de tal forma explosiva que as criancinhas se transformam em flores de jarra às quais parece mal tocar até com um dedo. O meu pai contou-me no outro dia que em miúdo levou um tabefe porque ao cumprimentar um adulto o tratou por "você" em vez de "senhor". Não é a este tempo que queremos voltar. Mas é preciso encontrar o equilíbrio entre distribuir sopapos por faltas de cortesia e não poder puxar uma criança para um canto sem se ser ameaçado com a polícia. Já é hora de acabar com o mito do bom rebelde. As crianças não são seres angélicos que o mundo corrompe. São bicharocos nem sempre encantadores, muitas vezes cruéis, que têm de ser educados para a vida e para se comportarem devidamente em sociedade. Alguém se esqueceu de fazer esse trabalho com aquela miúda do Porto, dez anos atrás. Tão simples - ou tão complicado - quanto isso.

DN, 25-3-2008
 
Um dia de desbunda na vida de um estudante

ALFREDO TEIXEIRA

O DN acompanhou um caloiro da Universidade Católica num dia da Queima das Fitas do Porto
"Estou um pouco nervoso. É a primeira vez que participo num cortejo da Queima." Raimundo Nunes, de 19 anos, caloiro do curso de Direito da Universidade Católica do Porto, era um dos milhares de alunos que na terça-feira participaram naquele que é considerado o momento alto para os estudantes da academia e pelo qual esperam durante todo o ano. O DN quis acompanhá-lo neste dia especial, dia em que se libertaria de todas as "injustiças" da praxe em que foi submetido, situações por vezes pouco dignas e muitos castigos. Mesmo assim, diz, "foi excelente ser caloiro".

Fomos encontrá-lo junto aos jardins do Palácio de Cristal. Estava sentado com os demais colegas de turma e vigiados pelos alunos mais velhos do curso. "Temos de lhes obedecer, não podemos fumar nem ter namoradas porque eles não deixam", diz depois de ter pedido autorização para se levantar. O cortejo estava marcado para as 15.00, mas só por volta das 16.30 é que o carro alegórico da Católica arrancou, abrindo no cortejo a entrada das escolas privadas, uma vez que os estabelecimentos estatais têm primazia no desfile.

"O ano escolar podia ter sido melhor, mas senti uma grande diferença na transição do ensino secundário para a universidade. Não estava à espera", confessa o aluno que apesar de ainda ter uns anos pela frente até entrar no mercado de trabalho sabe que tal não será fácil. "Escolhi Direito porque no 10.º ano fui para a área das Humanidades. Eu sei que são difíceis as saídas profissionais, mas Direito não é só para ser advogado, dá para se optar pelos notários, ser consultor jurídico ou seguir a magistratura", acrescenta.

No início do cortejo, Raimundo "comportava-se direitinho" mas quando chegou à zona dos Clérigos já ninguém o segurava. Surpreendemo-lo de garrafão na mão, aos pulos e gritos. "É a desbunda total", berrou. Chegámos a recear o pior até porque a mãe e restante família encontravam-se um pouco mais à frente para o saudar e entregar flores. Quando viu Leonor Cardoso, Raimundo não escondeu a emoção. Abraçou-a e beijou-a. "É um dia muito especial para ele e bem merece porque é um bom filho", afirmou a mãe. Ao lado, a avó Lucinda Lopes não escondia também a alegria. Afinal, de entre os seus dez netos, este é o único que anda na faculdade. "É um grande sacrifício para nós, são 400 euros mensais e espero que ele saiba aproveitar esta oportunidade", salienta a mãe.

Com o apoio da família, Raimundo lá continuou o percurso e foi já de noite que o corso terminou junto à câmara municipal. Depois, o caloiro foi jantar com os amigos.

DN, 11-5-2008
 
Adeus vida académica, olá vida real...

ANA BELA FERREIRA

"É o terminar de uma etapa, um momento de partilha com os colegas. No fundo, é uma espécie de recompensa por um esforço que foi muito grande". Ana Pessoa, 49 anos, finalista de Direito encara desta forma a cerimónia da Benção das Fitas, que teve lugar ontem na Alameda da Universidade, em Lisboa. A viver este momento, estão cerca de 7000 finalistas, a maioria acompanhada pelos familiares e amigos, que, assim, enche toda a Alameda.

A cerimónia começa por voltas das 10.00 e a missa é presidida pelo cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo. Antes de dar início à celebração, os finalistas de cada curso reúnem-se junto da sua faculdade e dirigem-se para a sua porta principal. À frente vai o porta-estandarte. Cabe a uma aluna de Geografia transmitir a mensagem dos finalistas, logo no início da cerimónia. Após o pedido de um representante dos finalistas para que o patriarca os abençoe, começa o espectáculo de cores. Percorrendo os 29 estabelecimentos de ensino superior presentes, D. José Policarpo vai anunciando os cursos e, simultaneamente, vêem-se no meio da multidão fitas, com a cor correspondente ao curso , que abanam ao sabor da determinação com que cada estudante agita a sua pasta. No final da celebração, Nuno Santos, 22 anos, de Engenharia Civil, revela: "sou religioso e esta cerimónia significa uma verdadeira benção". Apesar de visivelmente emocionado, o finalista não deixa de criticar "as pessoas que estavam sempre a falar com os colegas e ao telemóvel e a fumar, perturbando quem veio pelo significado simbólico".

Duas estudantes de Gestão, Jamila, 32 anos, e Dulcelina, 25 anos, consideram ser um verdadeiro orgulho poder participar desta cerimónia. "É um momento único", dizem em coro. De futuro, aguarda-os o mundo do trabalho.

DN, 18-5-2008
 
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