26 março, 2008

 

26 de Março


Dia do livro português




http://pt.wikipedia.org/wiki/Livro

http://www.rbe.min-edu.pt/np4/210.html

http://www.bn.pt/
http://www.bn.pt/salveumlivro/

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UMA BURRA VOS GUARDE A TODOS

Pedro Lomba
jurista
pedro.lomba@eui.eu

Há pouco tempo acabei um livro académico. A primeira e última coisa em que pensei foi na dedicatória. Sou apreciador de dedicatórias. E sempre achei que a dedicatória não pode ser tratada com displicência. As dedicatórias são paragem obrigatória em qualquer livro. Dizem quase tudo sobre o autor, se ele se leva a sério, se tem sentido de humor ou sentido do ridículo. Parece-me mais do que justo que haja estudos universitários só sobre dedicatórias. Se pensarmos um bocado, veremos que é um tema bicudo: não é fácil escolher uma boa dedicatória.

Os problemas começam na questão afectiva. Para dedicarmos um livro, é preciso que ele seja dedicável. Mais do que um juízo de mérito, é um juízo temático. Existem livros estranhos. Todos os anos a revista inglesa The Bookseller organiza um prémio para os livros com os títulos mais bizarros do mundo. Em 2007, alguns finalistas eram Os Carrinhos de Supermercado Perdidos a Leste dos Estados Unidos da América e Quão verdes eram os nazis? Este ano a votação pode escolher entre Serão as mulheres humanas e outros Diálogos Internacionais? ou Como Escrever um Como Escrever um Livro? Quem é que vai dedicar estas coisas? Metam-se na pele dos dedicados. Podemos sempre, em alternativa, dirigir a dedicatória aos inimigos. Ou fazer como o Brás Cubas de Machado de Assis: "Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver".

Se não for o caso, é preciso escolher. Pai e mãe são uma possibilidade óbvia (se não estiverem divorciados). Mas hoje em dia, ou estão divorciados ou acumulam com segundos pais e segundas mães. Meter toda a gente no mesmo saco dá complicação certa. Escolher um ou outro é também arriscado. Existem sempre as mulheres e namoradas. Mas reparem que as relações amorosas estão cada vez mais precárias. Conheço casos de autores que dedicaram as obras-primas às esposas e acabou tudo no preciso momento em que as tipografias começavam a trabalhar. É trágico. E é cómico.

Há tipos de dedicatória que me parecem mal conseguidas. É o caso das dedicatórias a lugares (Ao Sabugal, minha terra), de professores a alunos (às vezes violentos), a animais de estimação (grotesco), à memória de alguém (é preciso idade para isso), a engates de ocasião ("Para ti, por aquele dia"). Camões, noutro registo, dedicou Os Lusíadas a D. Sebastião. Já os dramaturgos franceses da mesma altura dedicavam livros em troca de favores. Mais avisado era o nosso António José da Silva que dedicou uma das peças "à muito nobre senhora Pecunia Argentina: Uma Burra guarde a ilustre pessoa de Vossa Senhoria".

Grande dedicatória só mesmo a de García Márquez em O Amor em Tempos de Coléra. "Para Mercedes, por supuesto". E chega.

DN, 27-3-2008
 
Em 2007 venderam-se 13,5 milhões de livros

ISABEL LUCAS

A literatura foi o género que mais vendeu

Em 2007 venderam-se em Portugal 13,5 milhões de livros, o que correspondeu a um volume de facturação de 152 milhões de euros. Os números foram divulgados pela GfK, uma empresa alemã de estudos de mercado, que apresentou na passada semana os resultados de um inquérito sobre a indústria de entretenimento portuguesa. Esse inquérito, revela ainda que o livro mais vendido nesse período foi O Segredo, da australiana Rhonda Byrne

Numa altura em que continuam a faltar dados oficiais sobre o mundo editorial, este estudo vem ajudar clarificar um sector que vive há anos sustentado pelos mais variados exercícios de especulação em matéria de números. Sem que se saiba ao certo quantos títulos são editado a cada ano em Portugal, este estudo da GfK aponta para um total de 28,5 mil livros editados. Deste volume, a não-ficção representa mais de metade das vendas, ficando a ficção nos 40 por cento.

Os dados são sempre referentes a 2007, ano em que o mercado da edição em Portugal sofreu várias alterações com uma vincada tendência para a concentração e o aparecimento de pequenas editoras, sejam generalistas ou com chancelas dirigidas a nichos de mercado.

E se a literatura é o género que mais vende, com 29 por cento do total do mercado, logo seguida pelos livros infanto-juvenis (20 por cento) e pelo turismo e lazer (12 por cento) essa liderança não se reflecte no volume de facturação nem no peço de capa. Aí, os livros de arte, direito ou economia, informática, política ou história batem a ficção.

Sem contabilizar o preço médio de cada livro, o estudo faz a divisão e chega a um número: cada português comprou em média 1,45 livros em 2007, e dedicou à leitura cerca de 20 por cento do tempo de lazer. A televisão ganha em todas as frentes: quer no tempo que consome, quer nos índices de preferência. Um exemplo: 35 por cento dos portugueses leram nos últimos 12 meses, uma percentagem que representa quase dois terços menos do que a dos portugueses que viram televisão.

As contas, recorde-se uma vez mais, são da GfK. Presente em mais de cem países, a multinacional alemã recolhe semanalmente informações sobre o mercado de livros em França, Alemanha, Áustria, Holanda, Suíça, Bélgica , Espanha e agora, Portugal. Deste painel de países, só em Portugal é que O Segredo (Asa), livro que revela a receita para o sucesso pessoal, foi o livro mais vendido, com cerca de 350 mil exemplares em circulação e 17 edições no mercado, até ao momento.

O segundo autor que mais vendeu foi o português José Rodrigues dos Santos e o seu mais recente romance O Sétimo Selo (Gradiva), seguido por outro português, Miguel Sousa Tavares e O Rio das Flores (Oficina do Livro). A britânica J. K. Rowling, com o sétimo e o último volume da saga Harry Potter (Presença), e Nicholas Sparks com Uma Escolha por Amor (da Presença) estiveram também entre os mais vendidos de 2007.

O estudo faz ainda uma diferenciação por temas e, aí, tudo que o se publica sobre António de Oliveira Salazar sai vitorioso, mais ou menos a par com publicações sobre crianças desaparecidas e livros de dietas. Cada um destes segmentos representou cerca de um milhão de euros de facturação no mercado livreiro. Mas todos estes temas surgem atrás do futebol, que representou 1,2 milhões de euros nas vendas de livros no ano passado. Quanto à área infanto-juvenil, as cinco principais séries em matéria de vendas foram o Ruca, o Noddy, o Harry Potter, a Anita e Uma Aventura. Em conjunto estas colecções representaram 15 por cento das vendas em unidades.

Falamos de bestsellers que, contudo, têm um peso bem menor no mercado do que se poderia pensar à partida. É o que refere este estudo. Segundo a GfK, o top 10 do mercado dos livros em Portugal representa menos de dois por cento das vendas em unidades, e mesmo o top 1000 não ultrapassa os cinco por cento do total do mercado.

Em termos geográficos, Lisboa concentra metade do valor das vendas de livros em Portugal. Muito atrás, com 19 por cento cada, seguem-se as regiões do Porto e o Litoral.

E quem compra livros prefere fazê-lo em livrarias, normalmente não para oferecer, mas para consumo próprio. Assim, 53 por cento dos compradores fazem-no em lojas da especialidade e em 91 por cento dos casos não é para oferecer. E nem o preço praticado parece contrariar a preferência pelas livrarias, onde um título é em média sete euros mais caro do que num hipermercado.

DN, 23-4-2008
 
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