06 março, 2008

 

87º aniversário


do PCP




http://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Comunista_Portugu%C3%AAs

http://www.pcp.pt/

http://www.avante.pt/

Comments:
PCP vai disponibilizar no 'site' edições clandestinas do 'Avante!'

EVA CABRAL

Os 556 números do Avante! editados na clandestinidade passam hoje a estar integralmente disponíveis no site do PCP, partido que hoje comemora 87 anos.

Vasco Cardoso , da comissão política do PCP, explicou ao DN esta iniciativa pelo facto de "se querer dar resposta às muitas solicitações que existiam para se consultarem as edições do Avante! hoje em dia uma importante fonte histórica para a analise de várias décadas marcadas pelo regime fascista". O PCP recorda que o Avante! foi "o jornal comunista clandestino que em todo o mundo, durante mais tempo, foi produzido no interior de um país dominado por uma ditadura fascista".

Os comunistas lembram que "durante décadas - de 15 de Fevereiro de 1931 ao 25 de Abril de 1974 - o órgão central do PCP orientou e mobilizou as lutas da classe opeb rária e de todos os trabalhadores em pequenas e grandes batalhas contra o capital e contra o regime fundado por Oliveira Salazar e prosseguido por Marcelo Caetano". O jornal, ainda segundo o dirigente, "orientou e mobilizou sectores democráticos que perfilharam, com os comunistas, uma política de unidade antifascista visando o derrubamento da ditadura terrorista dos monopólios e dos latifúndios aliados ao imperialismo e a conquista da liberdade e da democracia".

Para o PCP, com esta iniciativa está-se "a dar uma contribuição indispensável para quem quer conhecer verdadeiramente o que foi a ditadura fascista e a longa e heróica resistência dos trabalhadores e do povo português, luta na qual os comunistas ocupam lugar ímpar".

Chega-se ao Avante! clandestino na Internet através do site www.pcp.pt. Existe um índice cronológico e por pesquisa em base de dados por número, por título, por autor, por série, por data de publicação e por palavras. Vasco Cardoso frisa ainda que o site "registará um conjunto significativo de alterações que visam dar maior expressão à intervenção e iniciativa política do PCP".

DN, 6-3-2008
 
Comunistas atentos à 'deriva' de Saramago

EVA CABRAL

Saramago decidiu apoiar a reeleição de Zapatero
Estabelecido na ilha espanhola de Lanzarote, o Prémio Nobel português aderiu à Plataforma de Apoio a Zapatero (PAZ), o líder do PSOE que se recandidata a um novo mandato, uma opção política estranha para quem é dos mais distintos militante de base do PCP há várias décadas.

O alinhamento do Nobel com a PAZ mereceu no blogue www.resistir.info - próximo dos sectores intelectuais comunistas portugueses - um texto de Cristóbal Garcia Vera com o título de "A discreta deriva de José Saramago para a outra margem". Um artigo em que se ataca directamente a posição de Saramago lembrando que ele "está consciente de que o executivo de José Luís Rodríguez Zapatero, apesar de haver retirado as tropas espanholas do Iraque, foi um fiel aliado dos EUA na sua guerra global contra o terrorismo. Assim, o exército espanhol não só se manteve no Afeganistão ocupado como também o Governo aumentou o número de soldados destinados a este país".

Para o articulista espanhol, José Saramago " também é consciente - ou deveria sê-lo - de que, durante o mandato de José Luís Rodríguez Zapatero, o conjunto da cidadania esteve longe de notar essa melhoria do bem-estar a que se referem seus acomodados correligionários de PAZ".

Mais, segundo o crítico de Saramago: "Num período de espectacular crescimento económico, no qual os bancos e as multinacionais espanholas não cessaram de romper recordes de lucros, o salário médio real dos trabalhadores diminuiu. O enriquecimento dos especuladores do tijolo, tão favorecidos na etapa de Zapatero como na de José María Aznar, continuou a aumentar o preço das habitações até convertê-las num privilégio ao qual não podem aceder milhões de pessoas. E a saúde e a educação pública continuam a estar subdotadas."

Mas, frisa o texto, a decisão de Saramago de aderir à campanha de apoio a Zapatero não deveria surpreender aqueles que seguiram sua trajectória durante os últimos anos. "Com a injustificada vénia que costuma conceder-se aos ícones da esquerda, o escritor português tem protagonizado um paulatino processo de direitização, com episódios especialmente infelizes", denuncia Cristóbal Garcia Vera.

Exemplo disso, lembra "o seu decidido posicionamento junto ao grupo PRISA numa das suas mais agressivas campanhas contra o Governo cubano ou sua desqualificação da guerrilha colombiana das FARC como meros bandos armados, provocaram as primeiras críticas isoladas contra o Nobel português".

Mas, frisa, "maior desconcerto gerou o panegírico que José Saramago dedicou a Jesús de Polanco, após a morte daquele que foi dono do império mediático que publica seus livros. Participando num lugar destacado na homenagem prestada em El País a este tubarão da comunicação, Saramago recordava o magnata como 'um cavalheiro... e a mais delicada e afável das pessoas que posso recordar neste momento'".

Estas posições dissonantes de José Saramago face às opções do PCP pouco têm sido discutidas em Portugal, referiu ao DN Eugénio Rosa, deputado do PCP durante o período em que se discute o Orçamento de Estado, que é outro dos colaboradores regulares no www.resistir.info.

Eugénio Rosa considera que este "alheamento" às posição de José Saramago por parte dos militantes do PCP se fica a dever ao facto daquele ser "um mero militante de base que há muitos anos optou por viver em Espanha". Mesmo assim, este economista do PCP frisa que, enquanto "o PS e o executivo de José Sócrates estão marcadamente pelas correntes liberais, o PSOE integra-se mais nas doutrinas sociais-democratas".

Segundo Eugénio Rosa, o executivo de Zapatero demonstrou desde sempre preocupações sociais que "atenuam" os problemas dos que são economicamente mais débeis. Ou seja, Zapatero tem uma política "diferente da de Sócrates que só em fase de preparação das legislativas é que se lembrou de dar, ainda que muito timidamente, alguma atenção às políticas sociais". Mas apesar das diferenças entre os dois PS ibéricos, Eugénio Rosa deixa bem claro que a sua posição pessoal - mesmo que vivesse em Espanha - nunca seria semelhante à de Saramago.

DN, 3-3-2008
 
Candidatos 'pregam' como as figuras religiosas

RUBEN MEDEIROS, agência Lusa

Sociólogo dos Açores diz que também a esquerda já aposta no culto do líder

Os comícios partidários assemelham--se aos rituais religiosos, onde o candidato, como o sacerdote, é a figura central de uma cerimónia que exige vestes e gestos próprios, defende um sociólogo da Universidade dos Açores.

A poucos meses das eleições regionais para o Parlamento açoriano, Álvaro Borralho salientou que o "cerimonial" usado nos comícios e campanhas eleitorais, para ajudar a reforçar a "hiperpersonalização" do candidato, apresenta várias similitudes com celebrações de carácter religioso. Ambas são solenes, programadas e tanto o sacerdote com o candidato pregam às massas a sua verdade em locais próprios, devidamente iluminados, onde as músicas, repetidas à exaustão, "ajudam a criar uma atmosfera própria", realçou o investigador na área da sociologia política e do poder.

A utilização de um paramento específico num acto religioso dá lugar ao tradicional fato azul-escuro, camiseiro branco e gravata vermelha usados pelos políticos nas cerimónias públicas, que, em vez de um altar rodeado de imagens, decorrem num púlpito, com frases curtas e incisivas. "Todo este cerimonial tem uma carga simbólica e visa consagrar o candidato, reforçar o seu papel perante o eleitorado", afirmou Álvaro Borralho, acrescentando que "hoje a mensagem é investida muito mais do ponto de vista da encenação, em detrimento do conteúdo".

Para o sociólogo, assiste-se a um esbater claro das diferenças ideológicas entre os partidos e a um investimento na encenação e na estética, funções entregues pelos partidos a gabinetes de marketing político. A presença de filarmónicas ou grupos musicais durante as campanhas eleitorais, por exemplo, transformam estes momentos numa "festa" mais para conviver do que para debater problemas ou apresentar soluções, o que "protege claramente os políticos das críticas e ataques".

Mais do que distribuir canetas e camisas com o nome do candidato, Borralho assegura que as campanhas eleitorais visam mobilizar os eleitores indecisos a votar e criar dinâmicas de vitória. O docente da Universidade dos Açores alerta que, se a política se reduzir a um mero ritual encenado, provavelmente vai assistir-se a um desinvestimento das pessoas nestas práticas, tal como acontece, por analogia, com a religião, sobretudo no culto católico. A provar este cenário estão os níveis crescentes do absentismo nos actos eleitorais no arquipélago, que rondam em média os 50%, alegou.

Se, no passado, os partidos de esquerda acentuavam o combate político ideológico face aos partidos de direita, que afirmavam mais as lideranças, Álvaro Borralho considera que, no presente, a distinção não é tão evidente. Direita e esquerda apostam muito mais no culto do líder e na encenação mediática, como forma de chamar a atenção dos órgãos de comunicação social.

"Hoje as mensagens dos partidos estão a ser substituídas por uma pessoa, um líder, em quem as máquinas partidárias investem tudo", assegurou, ao lembrar que a hiperpersonalização da política conduz, a longo prazo, a um vazio, quando este líder sai de cena.

DN, 3-3-2008
 
A DUPLA FACE DO COMUNISMO EUROPEU

HELENA TECEDEIRO

Presidência inédita em Chipre, a desaparecer em Espanha

Ao eleger Demetris Christofias para a presidência em finais de Fevereiro, Chipre tornou-se no primeiro país da União Europeia governado por um comunista. Dezanove anos depois da queda do muro de Berlim, esta vitória histórica não significa, contudo, um regresso do comunismo à liderança na Europa. Em Espanha, por exemplo, a Esquerda Unida, liderada elo Partido Comunista Espanhol (PCE), obteve o pior resultado de sempre nas legislativas de dia 9, ficando reduzida a dois deputados.

Proibido durante a ditadura de Francisco Franco, o PCE voltou à legalidade em 1977 e nove anos depois passou a apresentar-se às eleições à cabeça da Esquerda Unida (IU, que reúne partidos da esquerda republicana). Nas eleições de 1996, esta conseguiu ultrapassar os 10% de votos, igualando a percentagem que o PCE alcançara nos finais dos anos 70, quando elegeu 23 deputados para as Cortes. Um vigor político que tem vindo a baixar nos últimos anos. E a grande mobilização do eleitorado socialista, aliado a uma bipolarização da política espanhola, deu o último golpe nos comunistas nas eleições da semana passada. O descalabro eleitoral levou à demissão do líder do IU, Gaspar Llamazares, e à marcação de um congresso para o Verão, no qual a esquerda espanhola espera vir a ganhar um novo fôlego.

Nos anos 70 e 80, alguns dos países do Leste europeu que hoje integram a UE tinham regimes comunistas. E os comunistas chegaram a ter grande protagonismo na Europa Ocidental. Em França, por exemplo, integraram os governos do socialista François Mitterand depois de se afastarem da ideologia soviética e se afirmarem eurocomunistas. Em Itália, o Partido Comunista era a maior força política de esquerda depois da II Guerra Mundial. Da sua divisão, em 1991, nasceram os Democratas de Esquerda, um partido de ideologia social-democrata que deu a Itália um primeiro-ministro e um presidente que foram militantes comunistas, respectivamente Massimo D'Alema e Giorgio Napolitano.

Apesar de muitos os darem como mortos após o fim da União Soviética, os comunistas têm sabido metamorfosear-se. Na Alemanha, ressurgiram através do Die Linke. A formação foi criada em 2007 por Lothar Bisky e Oskar Lafontaine e reúne membros do partido no governo na antiga Alemanha de Leste e dissidentes do Partido Social-Democrata (SPD). Defensor do aumento dos impostos para os mais ricos, do fim das privatizações e da introdução do salário mínimo, Die Linke está a conquistar os eleitores. É o que indicia uma sondagem realizada esta semana pelo instituto Forsa e que dá ao partido de Bisky e Lafontaine 14% das intenções de voto.

O verdadeiro "gigante" comunista europeu continua, contudo, a ser o cipriota Akel. Criada em 1941 para suceder ao Partido Comunista de Chipre, a formação liderada por Christofias nunca apresentara um candidato às presidenciais, apesar de ser a maior força política do país, com resultados acima dos 30% nos últimos anos.

O segredo do sucesso dos comunistas cipriotas parece passar pelo seu pragmatismo. Apesar de ter estudado em Moscovo e de gostar de usar T-shirts do Che Guevara, Christofias, primeiro presidente comunista da UE, reconhece os méritos de uma economia de mercado.

DN, 15-3-2008
 
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