11 março, 2008

 

9 de Março


Os Dias do Presidente

"Neste dia que assinala o segundo aniversário da posse do Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva como Presidente da República, levamos ao conhecimento dos internautas “Os Dias do Presidente”, através de uma apresentação multimédia.

Cumprem-se também, hoje, dois anos da entrada em funcionamento do Sítio Oficial da Presidência da República, sempre em permanente actualização, com o intuito de manter os internautas informados acerca das actividades do Presidente da República.

Ao iniciar um novo ano, o Sítio da Presidência da República procedeu a uma renovação da sua imagem e passa a disponibilizar novas funcionalidades, procurando assim, ir ao encontro das expectativas dos visitantes."

http://www.presidencia.pt/

Comments:
Cavaco Silva dá o melhor
“para servir o país”

No dia em que assinalou dois anos de mandato como Presidente da República, Cavaco Silva fez questão de garantir que tudo o que tem feito corresponde ao que prometeu aos portugueses.
Antes de deixar o Rio de Janeiro, onde se deslocou em visita
oficial, o Chefe de Estado sublinhou ainda a importância da
sua experiência como Primeiro-ministro no actual desempenho
como Presidente.
“A minha experiência de Primeiro-ministro ensinou-me muito
daquilo que deve ser a função do Presidente da República no
semi-presidencialismo consagrado na nossa Constituição”, disse.
Cavaco garante que está a fazer o seu melhor “para servir o país mas, como diz o nosso povo, não devemos ser julgadores em causa própria”.
O Presidente da República considera que os poderes que
detém são suficientes e que, quando fala, “deve ser ouvido”.

RRP1, 10-3-2008
 
Aniversário celebrado entre os portugueses

CATARINA CARVALHO
Enviada especial ao Rio de Janeiro
PAULO NOVAIS-LUSA

As salas do Palácio de São Clemente, no centro do Rio de Janeiro, encheram-se ontem para receber o Presidente português numa dupla celebração: o último dia da viagem de Cavaco Silva ao Brasil para participar como convidado de honra nas comemorações dos 200 anos da chegada de D. João VI, e o segundo aniversário do seu mandato.

Não por acaso, Cavaco resolveu encontrar-se com a comunidade portuguesa no Rio. Três mil convidados aguardaram as suas palavras sob o calor do palácio onde apenas as correntes de ar fazem de ar condicionado. Alguns já tinham estado no jantar que Cavaco organizou, em campanha eleitoral, há dois anos. Dulce Amaral vive no Brasil há 44 anos e é a militante número 22732775 do PSD. Foi a esse jantar. "A primeira vez que votei foi nele", diz esta camelot - vendedora ambulante - de bijutaria. "Ele prometeu que ia voltar aqui."

O Presidente lisonjeou a assistência. "Quero fazer um agradecimento especial pelo orgulho que me dão quando ouço, do Presidente Lula e dos ministros, os mais rasgados elogios." A comunidade portuguesa no Brasil é composta por imigrantes e descendentes. Mais de 600 mil. Muitos como Maria Amélia Paladino, que tem avós brasileiros, foi directora do Liceu Literário Português e ainda canta os dois hinos com fervor. "Bota isso aí na reportagem", diz, com orgulho. "Honrar os portugueses no Brasil" serviu a Cavaco mais uma vez para salientar as questões bilaterais, tecla em que insistiu. Além do programa de troca de experiências diplomáticas, Cavaco tem referido a ideia de que o Brasil, pelo lado do Mercosul, e Portugal, pelo lado da União Europeia, podem fazer evoluir "uma cooperação bilateral reforçada e uma parceria cada vez mais estreita na cena internacional". "Os países cada vez menos se podem dar ao luxo de ignorar quem com eles esteja disposto a fazer frente comum", disse.

Num balanço sobre o seu mandato, Cavaco Silva reflectiu sobre o seu papel como Presidente. "O Presidente deve falar para ser escutado, porque penso que a sua palavra tem força." Ele acha que essas palavras são actos, e devem ter força, "não apenas em relação ao Governo" mas também à sociedade. O Presidente vai disponibilizar uma reflexão sobre este assunto, mas as suas recentes intervenções sobre a saúde, os problemas na educação são o melhor exemplo desta estratégia.

Cavaco Silva diz que a sua experiência como primeiro-ministro lhe ensinou muito sobre o que deve ser a função do Presidente, "no semipresidencialismo" do qual não tem razões de queixa. E porque sabe o valor das suas palavras, o Presidente nada mais disse sobre questões concretas. "Tenho sido um presidente da estabilidade política que contribui para a criação de um clima de confiança", concluiu.

DN, 10-3-2008
 
UM FORMALISMO À MEDIDA DA INTERNET

João Lopes
Crítico

Dificilmente se poderia esperar que a presença da Presidência da República na Internet fosse um modelo de "experimentação" ou "vanguarda". Sendo o equilíbrio e a equidistância valores essenciais do mandato de qualquer Presidente, teria que prevalecer um estilo de sobriedade mais ou menos académica.

Assim acontece, mas com uma qualidade que vale a pena sublinhar. O site oficial da Presidência acaba por favorecer uma postura de discreta pompa que, em última instância, contrasta com o tom "ligeiro" de muitas intervenções da classe política, em particular nos ecrãs televisivos. Basta reparar na apresentação multimedia que actualmente se destaca na primeira página do site, subordinada ao tema "Os dias do Presidente". São 79 fotografias a preto e branco (assinadas por Luís Filipe Catarino) que, através das palavras de Cavaco Silva, numa montagem com alguns fragmentos musicais, pretendem dar conta do dia-a-dia do Presidente. A referência a alguns acontecimentos públicos recentes limita o alcance temporal da própria apresentação. Mas é também isso que lhe confere a sua eficácia. Ou seja: a preservação de uma certa lógica jornalística que, por um lado, desdramatiza o cargo, não deixando, por outro lado, de destacar o seu valor simbólico.

Claro que nada disto basta para resolver as muitas formas de degradação do diálogo democrático que, não poucas vezes, observamos na cena política portuguesa. Mas é pelo menos bom saber que algum formalismo do poder político resiste a dissolver-se no populismo televisivo dos nossos tempos.

DN, 10-3-2008
 
ROMAGEM DE CAVACO À AFRICA DELE

ANA SÁ LOPES

Férias antes da visita de Estado que começa a 24

Absolutamente filho da sua geração, o estudante Aníbal António Cavaco Silva recebeu, em 1962, "um soco no estômago" que o deixou "sem respiração". Tinha pedido o adiamento da tropa para acabar o curso, mas a Guerra Colonial, que rebentara no ano anterior, acabara com os adiamentos - principalmente quando se tratava daqueles estudantes que não tinham "alguém importante" a pedir favores. Quando, em 1963, chegou a nota da mobilização para África, decide casar. Tinha 23 anos.

Hoje, Cavaco Silva e a mulher regressam à "África deles", e levam os filhos para lhes mostrar como foi. Uma viagem pessoal que precede a visita de Estado a convite de Armando Guebuza, que começa a 24 de Março.

Em Lisboa, a 20 de Outubro de 1963, na Igreja de São Vicente de Fora, o padre Sebastião, de Boliqueime, dá a bênção a Aníbal e Maria Alves da Silva. A 31, os dois embarcam no navio Infante D. Henrique. Chegam a 16 de Novembro a Lourenço Marques.

É já numa casa emprestada na cidade que Cavaco Silva ouve na rádio a notícia do assassínio de John Kennedy, em Dallas. "Foi para nós, como para tantos outros jovens, um grande choque. Kennedy era para mim a imagem do político moderno, por quem tinha especial admiração", escreveu na Autobiografia Política. Muda-se depois para uma casa cedida pelo Exército no Alto do Maé.

A guerra correu bem. "Na parte militar tive a sorte de trabalhar sempre em Lourenço Marques, no que se chamava, com uma certa ironia amarga, "a guerra dos papéis". Primeiro, é colocado no quartel-general, na Ponta Vermelha, e depois numa repartição de contabilidade, na então Avenida Massano de Amorim que passou depois a Mao Tsé-Tung.

Ao alferes Aníbal "os conflitos armados que já ocorriam no Norte do território passavam quase despercebidos, a não ser por uma ou outra notícia que chegava só aos quartéis". Em Lourenço Marques cruza-se com Francisco da Costa Gomes e outros oficiais que, com o 25 de Abril de 1974, para sua "surpresa", "emergiram como destacados revolucionários". Não dá pormenores.

O "exótico" que regista do quotidiano em Lourenço Marques era, essencialmente, "o facto de respirar os quentes odores africanos e encontrar macacos junto à praia da Costa do Sol, a escassos quinze minutos do centro da cidade".

Mas fascina-se com a cidade traçada a régua e esquadro e é numa das ruas que se inspira para chamar Patrícia à filha que nascerá já na "metrópole", um nome achado nos passeios pela Rua Princesa Patrícia, "rua cheia de jacarandás que descia em direcção ao mar, numa explosão floral que nos deixava extasiados". A rua chama-se hoje Salvador Allende.

Maria Cavaco Silva dá aulas, primeiro no Liceu D. Ana Portugal e depois no Liceu Salazar (que se juntaram no Liceu Josina Machel, que lá está). Começa por ensinar Português e Francês. Aníbal e Maria todos os dias marcam o ponto no Café Djambu, na baixa da cidade, para a bica da praxe. Têm uma tertúlia onde entram Manuel Frasquilho, economista, e Levy Vermelho, advogado - amigos feitos a bordo do navio Infante D. Henrique, quando estavam os quatro em trânsito para o destino comum.

"Apaixonados pelo cinema", tornaram-se sócios de um cineclube e foi em Lourenço Marques que nesses anos viram filmes como O Couraçado Potemkine e Ivan, o Terrível, censurados em Lisboa.

Os passeios nos arredores são a Matola (para "comer pernas de caranguejo com um tamanho inacreditável"), a Marracuene ("para subir o rio Incomáti e ver os hipopótamos") e a Namaacha ("para matar saudades de Sintra"). "Várias vezes fomos até ao Xai-Xai e ao Bilene, praias desertas com uma beleza de cortar a respiração. No Xai-Xai, a minha mulher recordou-me que fora por ali que se passara a triste história do naufrágio do Sepúlveda, cantada por Camões nos Lusíadas: era realmente um areal para dois amantes morrerem abraçados."

Vai à África do Sul, que "tirando o Krueger Park, era muito civilizada para nos entusiasmar". "E tinha um óbice tremendo, o apartheid."

Cavaco descreve assim o seu embate com o racismo do regime de Pretória, que só terminaria nos anos 90, já com ele primeiro-ministro de Portugal: "Alma de português não conseguia viver pacificamente com aquilo e uma vez tive mesmo problemas com as autoridades (brancas, claro) porque estava a filmar os letreiros da segregação racial nos caminhos-de-ferro de Joanesburgo".

Com a "compreensão" dos superiores militares e a ajuda dos colegas do Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras que lhe enviam de Lisboa os apontamentos das aulas, estuda para acabar a licenciatura. Em Outubro de 1964, aproveitando a época especial para militares, vem a Lisboa para fazer os exames do 5.º ano do Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras. Tem a mais alta classificação do curso, o que lhe dá direito a oito prémios que "monetariamente foram muito úteis".

Em 5 de Novembro de 1965, o casal já tinha encaixotado os haveres, os corais e conchas do Índico e as estatuetas macondes e macuas acumuladas em dois anos, para serem despachados de barco. Apanham o avião e dizem adeus a Moçambique. Trazem, escreve Cavaco, "uma paixão por aquelas terras e aquelas gentes que ainda hoje perdura".

DN, 14-3-2008
 
Cavaco reivindica direito de reserva para ser eficaz

LÍLIA Bernardes, Funchal

Apesar do aparato que o rodeia, Cavaco Silva está muito atento a tudo quanto vê e ouve. Ontem, teve um dia calmo, apesar das duas ameaças de bomba infundadas no Funchal e em Santa Cruz.

Recebido de braços abertos, o Presidente da República foi sempre alvo de banhos de multidão nos locais por onde passou, Ribeira Brava e Câmara de Lobos. Cavaco iniciou a manhã do terceiro dia da visita pelas audiências no hotel aos partidos que as solicitaram, seguindo-se os representantes de empresários e agricultores já no Palácio de São Lourenço.

Mas o seu papel limita-lhe as palavras, embora num ambiente mais descontraído possa soltar alguma ironia. Ao ser abordado por um popular algarvio, o futebol tornou-se tema de conversa. Cavaco Silva então lembrou que "a Madeira tem (na 1ª Divisão) o Nacional, o Marítimo e ainda poderá ter, se calhar, o União. O Algarve, coitado. O melhor é o meu clube, o Olhanense, que está na divisão de honra, veja lá! Temos que olhar para a Madeira! Mas sabe, o Marítimo é o clube do dr. Alberto João Jardim e eu não posso dizer mal dele….do Marítimo", rectificou.

Todos sabem das críticas aos subsídios ao futebol. Se estas frases provocaram sorrisos, outras houve bem mais sérias e que exigem dupla atenção, por exemplo as que foram proferidas nas únicas declarações do dia, logo após os encontros individuais com João Carlos Gouveia do PS e Edgar Silva do PCP.

"Eu ouço sempre com muita atenção os meus interlocutores" até porque "é sempre útil ouvir diferentes pontos de vista. Um Presidente da República fica sempre sensibilizado" às opiniões diversas que lhe são transmitidas mas que, "como compreenderão, em certas matérias, deve manter um direito de reserva se quiser ser eficaz. Se eu quiser grande protagonismo mediático posso tê-lo facilmente, mas é muito provável que nesse caso tenha muito pouca influência efectiva", disse Cavaco Silva.

João Carlos Gouveia (PS) aproveitou a meia-hora do encontro com o chefe de Estado para apelar à "sua magistratura de influência", pedindo-lhe "mais atenção" à Madeira falando-lhe do "medo", da "falta de liberdade" e do exercício da democracia. Gouveia voltou a afirmar que "a Madeira é um Zimbawe da Europa". Edgar Silva (PCP) preferiu entregar em mão um estudo de 2005 da autoria do ISCTE sobre a territorialização da pobreza, onde a Madeira aparecem muito acima da média nacional, mais de 83 mil pobres e 34% de risco de pobreza monetária. Números negados pelo Governo Regional. Para o PCP, a atitude de Jardim tem como objectivo "descredibilizar a equipa de investigadores e o próprio Estado Português". O PCP gostaria que o PR incluisse a Madeira no "roteiro da inclusão social", uma oportunidade regressar à região e ter um outro olhar sobre a realidade local.

DN, 17-4-2008
 
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