06 março, 2008

 

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Comments:
Blogues e empresas: que relação?

Pedro Fonseca
pedrof@gmail.com

Qual é a relação mais saudável entre empresas e blogues?

A questão não é pacífica e estará em discussão no debate sobre "Blogosfera: um problema para as empresas ou um novo universo para as relações públicas?", que decorre a 10 de Abril no Museu da Electricidade em Lisboa. Bruno Giussani, responsável europeu das conferências TED (tecnologia, entretenimento e design, iniciadas em 1984), será acompanhado por António Granado, director do Público Online, pelo professor de gestão Eduardo Correia, da responsável dos blogues no Sapo Maria João Nogueira, do jornalista Paulo Querido e por Luís Paixão Martins, cuja agência de comunicação organiza o evento.

"Uma coisa é as agências de comunicação encomendarem blogues para os seus clientes ou eventos, blogues esses difundidos como tal, pois serão blogues corporativos, e desses também há muitos em todo o mundo", explica Pedro Luiz de Castro, director da Primeira Imagem - Consultores de Comunicação. "Outra coisa são elogios ou críticas encomendadas para serem difundidas em blogues, situação que não posso confirmar ou desmentir por não ter conhecimento de qualquer caso prático em Portugal." Também Luís Paixão Martins desconhece casos deste tipo em Portugal.

Castro considera ser "uma falsa questão, pois essas situações podem passar-se em qualquer suporte informativo", nomeadamente nos jornais com cartas ao director "que podem muito bem ter sido forjadas ou encomendadas por alguém" ou até nos artigos de opinião.

Em Portugal, a haver autores de blogues pagos por agências ou empresas "sistematicamente, sabia-se logo, é um meio muito pequeno", lembra Maria João Nogueira, cujo serviço de blogues do Sapo não paga, apesar das recentes "transferências" com elogios de blogues conhecidos para esta plataforma. "Não há qualquer remuneração ou prémio ou valor ou géneros pagos/oferecidos pelo Sapo a qualquer blogue em troca da mudança para a nossa plataforma, ou em troca de conteúdos", explica. A razão: "Se o Sapo pagasse, perderia completamente a credibilidade técnica do serviço", o que "é impensável".

Do lado das empresas, os "blogues empresariais não têm tido grande expressão em Portugal, uma vez que os sites institucionais ocupam de certa maneira esse espaço de informação", refere Pedro Luiz de Castro. Mas os blogues tenderão a ser mais profissionais, "rentabilizando os conteúdos através de publicidade", antecipa Maria João Nogueira. Alguns já adoptaram outro modelo (com o pagamento de textos explícitos sobre um produto ou serviço, o chamado "pay per post") mas "a grande maioria manter-se-á, do ponto de vista da rentabilidade, no modelo que já hoje existe, sem remuneração".

DN, 6-4-2008
 
Portugueses desconhecem a blogosfera

Apenas um quinto da população portuguesa sabe o que é um blogue

Um sétimo da população nacional que navega na Internet construiu e mantém um blogue. Esta é uma das conclusões do estudo Bloguers e Blogosfera.pt, do OberCom.

"O relativo desconhecimento da existência da blogosfera" é um traço que caracteriza a sociedade portuguesa, afirma a análise. Na verdade, apenas um quinto da população sabe o que é um blogue. Quanto aos internautas, metade sabe o que é um blogue.

Entre os que navegam na Rede, a visita à blogosfera é uma prática ainda pouco enraizada. Cerca de 23,6% costuma navegar na blogosfera e apenas 14% construiu e mantém um blogue. O estudo conclui contudo, que "não se observa uma desproporção muito acentuada entre bloguers que navegam e bloguers que produzem conteúdos", existindo uma proporção de 5,8 produtores para cada 10 consumidores.

Os conteúdos mais procurados pelos produtores e pelos consumidores dos bloguers são muito similares. No topo das preferências de ambos está a procura sobre determinado assunto e, em segundo lugar, saber mais sobre um assunto da actualidade noticiosa.

Os temas dos blogues mais procurados são muito diversificados. No topo, está o entretenimento, com 41%. Os blogues sobre a vida pessoal de um círculo restrito de pessoas e os blogues sobre comunicação e cultura ocupam o segundo e terceiro lugares, respectivamente.

No que diz respeito ao conhecimento sobre quem são os autores dos blogues consultados, um quinto dos bloguers portugueses revela desconhecer os autores. O desconhecimento sobe dos 17% para os 24%, quando os internautas são apenas consumidores.

Entre os bloguers que conhecem a identidade dos autores dos blogues que consultam, os exclusivamente consumidores frequentam mais blogues produzidos por pessoas que fazem política activa, professores do ensino secundário e superior e comentadores dos mass media. A pluralidade de vozes da blogosfera, em simultâneo com a diversidade temática, são as características mais frisadas pelos internautas que participaram no estudo.

A existência de blogues é vista pelos bloguers das mais variadas maneiras: como fonte de informação e formação da opinião, como uma colectânea de diários pessoais online ou como clubes de partilha de interesses comuns.

Em termos etários, a faixa mais produtora de blogues é a dos 8 aos 17 anos com 39,9%, enquanto a que mais consome é a dos 18 aos 24 anos (29,9%).

Na sua maioria são homens, escolarizados e estudantis. Este perfil aproxima-se do internauta comum, principalmente se relacionado apenas com o leitor-consumidor de blogues, avança ainda o mesmo estudo. - A.B.F.

DN, 8-4-2008
 
O blogue mais antigo de Portugal faz dez anos

PAULA MOURATO

Carlos Poupa e Alexandre Pereira. E se de repente lesse uma notícia de um porco que cantava ópera? Foi o que aconteceu a Carlos. Ao ler o 'Jornal do Incrível', lembrou-se de fazer um virtual. Com o seu amigo Alexandre, lançou em 1998 o Chornal do Inacreditável, o mais antigo blogue português
No dia em que Alexandre Pereira e Carlos Poupa se conheceram no Instituto Superior Técnico, há mais de 20 anos, "nasceu" o Chornal do Inacreditável, só que eles ainda não sabiam. Faltava uma década para que, entre Almada e Lisboa e a navegação na World Wide Web, crescesse nos espíritos dos jovens engenheiros a necessidade de desmontar a tranquilidade inquieta da Internet.

Longe de imaginar a actual comunidade de conteúdos denominada blogosfera, a página nasceu da liberdade para acabar com a seriedade. "A seguir ao 25 de Abril apareceram muitos jornais e um deles foi o Jornal do Incrível, com notícias falsas", explicou ao DN gente Carlos Poupa. Publicava notícias absurdas que poderiam versar sobre porcos que cantavam ópera ou meninos-morcegos. "Comecei a rir sem conseguir parar. Gostávamos de fazer notícias daquelas, era o nosso modelo." Assim, no dia 27 de Abril de 1998 arrancou aquele que é, segundo os próprios e o Archive.org, o blogue mais antigo de Portugal.

O virtual Chornal do Inacreditável está quase a completar dez anos, mesmo com duas interrupções clarificadas por Alexandre Pereira. "Não foi bem isso. Não colocámos textos mas esteve sempre online." Quando Carlos começou a escrever, Alexandre considerou aquilo um disparate para perder tempo e dinheiro, mas depois começaram a surgir os comentários - na época por e-mail - e a coisa mudou de figura. "Aqueles insultos eram motivo de entusiasmo", apesar dos enormes custos que implicava o alojamento do site na Telepac.

No início da Internet "era tudo gente séria. Existiam grupos de pessoas que escreviam informações válidas. Por isso ficaram chocados. Tiveram de comentar para dizer 'isso não se faz'... hoje já não conseguimos distinguir-nos dos outros... andamos ali entre escritas sérias e estúpidas", refere. Mas aquele enorme campo "propício à asneira" e à distância de um clique, preenchido apenas com assuntos sérios, impressionava Carlos. O tempo mostrou-lhe que a nova forma de comunicar acabou por incluir tudo o que é possível imaginar. Dez anos depois, a Internet transformou-se num universo de estados de alma, de terrenos pantanosos e areias movediças, batalhas políticas mas também numa ferramenta fundamental de comunicação. "Se tivéssemos tido sucesso teríamos destruído a Internet", garantiu entre risos, mas não era esse o objectivo. Anos depois alteraram a filosofia do Chornal. Pelo meio aparecem umas "aldrabices", mas reinventaram-no com a verdade incrível que parece mentira e com amigos que convidaram para escrever sobre assuntos variados. Hoje são nove pessoas que vestem 13 personagens, sendo quatro alteregos com fotos que variam desde o Fidel Castro ao boneco Pikachu. Transformou-se num ponto de encontro. Fora dele também há tertúlia, todas as terças-feiras, mas não para falar do blogue. À mesa vencem as invasões francesas e D. João VI.

Amigos há mais de 20 anos e depois de até a tropa terem feito juntos, escreveram ainda quatro livros também na lógica de fazer coisas inovadoras. Curiosamente, apesar de toda a vanguarda, Alexandre não tem telemóvel por razões que resume a liberdade e saúde. Este último tema levou-o à Suíça para um curso de macrobiótica. Mas é como professor na Universidade Lusófona que ganha a vida. O resto do tempo é passado com a mulher, Teresa, e os quatro filhos, a tocar saxofone, a fazer tai chi chuan ou na caça submarina. Já Carlos, também casado e pai de uma menina com três anos, pratica karaté, dança tango e procura não ler blogues. "Se quiser ver tudo passo aqui a vida e entre ir apanhar sol e estar a ganhar bolor prefiro não ler", garante. Além de que, como diz Alexandre, "tem um mundo para salvar": depois do mestrado em gestão agora há lugar para o doutoramento em educação.

DN, 19-4-2008
 
Câmara da Póvoa de Varzim contra dois blogues

PEDRO FONSECA

Presidente quer desvendar anonimato

Em lugar do povoaonline surge o povoaoffline, onde é reproduzida a notificação judicial
É a segunda vez que Macedo Vieira e Aires Pereira, respectivamente presidente e vice-presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, requerem judicialmente o encerramento de blogues críticos à sua actuação.

O povoaonline foi encerrado na semana passada pelo Google após intervenção judicial, o que gerou vários comentários em blogues e, ontem, uma notícia no Público. Entretanto, surgiu o povoaoffline onde se reproduz a notificação judicial e se faz a apologia irónica do presidente da Câmara. O autarca já admitiu requerer o seu encerramento se "enveredar pelo caminho do anterior". Macedo Vieira garantiu ao DN que o povoaonline "é o primeiro" que processa, visando "uma decisão judicial para que o Google identifique a pessoa" que o gere. O que o move é contrariar "o anonimato, ele que dê a cara" porque "é importante conhecer os autores" do que alega serem difamações pessoais, familiares e profissionais.

Num outro caso, em Novembro de 2006, os mesmos dois autarcas sociais-democratas "apresentaram acusações no Ministério Público contra o blog Cá 70 de Silva Garcia, vereador do PS", revelava então o Póvoa Semanário. Garcia renunciou ao cargo em Março passado afirmando: "saio por náusea e como protesto contra um estado de coisas inaceitável".

Vieira desmente qualquer processo com o Cá 70, excepto por um artigo de opinião do seu autor num jornal em que o apelida de "idiota". "Com o Cá 70 não há nada", afirmou ontem telefonicamente, e o blogue nunca foi processado, "que eu tenha conhecimento".

Com o título "Presidente da Câmara em guerra com a blogosfera", o artigo do semanário era peremptório. A autora do artigo já saiu do jornal mas a directora Catarina Pessanha confirmou que "não houve desmentidos" à notícia. A providência cautelar para o encerramento do povoaonline foi aceite num tribunal de Lisboa e, em Maio, notificada a Google (detentora do Blogger) para agir no prazo de 10 dias. O tribunal enviou o aviso à Google Inc. para o endereço da Google Portugal, subsidiária que "não tem nada a ver" com este assunto, diz o seu responsável Paulo Barreto.

A Google não respondeu em tempo útil sobre a forma como encerrou o blogue quando assegura nos seus termos de serviço que só responde perante os tribunais da Califórnia (EUA).

DN, 1-7-2008
 
Encerramento de blogue português abre precedente

PEDRO FONSECA

É a primeira vez que acontece, mas dificilmente será a última. O Google removeu um blogue português depois de recebida uma decisão judicial de um tribunal nacional. Assim que se concretizou o encerramento do PovoaOnline, o autor anónimo do blogue iniciou outro, a que chamou PovoaOffline
Autor abriu novo blogue assim que o antigo foi fechado

A decisão do Google em remover um blogue português por decisão judicial abre um precedente inédito. Apesar do Blogger - serviço de blogues do Google - se reger pelas leis da Califórnia, onde a empresa está sediada e se privilegia a liberdade de expressão, o encerramento do PovoaOnline abre portas para processos semelhantes em Portugal.

O PovoaOnline, um blogue crítico da autarquia da Póvoa de Varzim, foi removido da web na passada semana, após notificação judicial datada de Maio. O fecho do blogue é uma medida extrema e provavelmente inútil, exemplificada pela rápida abertura do PovoaOffline, outro blogue alegadamente do mesmo autor, e que se encontra disponível em http/povoaoffline.blogspot.com.

No entanto, quem não gostar do que é dito num blogue pode agora requerer o seu encerramento e argumentar com esta decisão, apesar da jurisprudência europeia não estar facilitada. Num caso quase semelhante decidido esta semana em Espanha, o tribunal condenou o autor do blogue Merodeando a pagar 9 mil euros por difamação e ataque à honra da Sociedad General de Autores. O autor, que vai recorrer da sentença, deve agora remover os comentários acusadores e publicitar a sentença.

No caso português, a empresa Google explicou ao DN que "cumpre com qualquer processo legal válido", como autorizações de buscas ou outras ordens dos tribunais, e que "proíbe alguns conteúdos de serem colocados nos seus servidores", ao abrigo dos Termos do Serviço (TdS). A empresa clarifica que "quando somos notificados sobre a existência de conteúdos que violam" os TdS, "agimos rapidamente para os rever, e para determinar se realmente violam aquelas políticas". Nesse caso, "retiramo-los imediatamente".

Na sua política de conteúdo, o Blogger defende que a censura dos conteúdos "vai contra um serviço que se baseia na liberdade de expressão". Mas há limites a esses conteúdos, nomeando a pornografia e obscenidades, conteúdos de incitação ao ódio ou violentos, violações ao direito de autor, publicação não autorizada de informação pessoal ou confidencial, personificação de terceiros, uso para fins ilegais do serviço, ou distribuição de spam, malware ou vírus informáticos. Os textos do PovoaOnline não encaixam em nenhuma destas limitações.

A empresa esclarece que as condições são válidas à luz das leis da Califórnia "sem entrar em conflito com as leis ou cláusulas do seu Estado ou país de residência". Detentor do serviço, o Google pode, a qualquer momento, alterar as condições pré-fixadas, ficando o utilizador vinculado às mesmas e aceitando a divulgação das "suas informações pessoais". "Incluindo o conteúdo das suas comunicações, se necessário, para cumprir qualquer processo legal válido ou pedido governamental (como um mandado de busca, uma intimação, um estatuto ou uma ordem judicial)".

Em caso de encerramento do blogue, o utilizador deixa de ter acesso ao mesmo, mas o Google pode criar uma "cópia de segurança".

DN, 7-7-2008
 
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