05 março, 2008

 

Jesuítas


Companhia de Jesus






http://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_de_Jesus

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Jesuítas elegem padre espanhol para novo superior-geral da ordem

ABEL COELHO DE MORAIS

Bento XVI recebe a 21 de Fevereiro o novo superior da Companhia de Jesus
A 35.ª Congregação Geral da Companhia de Jesus elegeu ontem, em Roma, o espanhol Adolfo Nicolás como novo superior-geral em substituição do padre Hans-Peter Kolvenbach. O padre espanhol, de 71anos, torna-se o 29.º dirigente da ordem desde a sua fundação, em 1540, por Santo Inácio de Loyola.

Adolfo Nicolás obteve 109 dos 217 votos possíveis ao segundo escrutínio ontem realizado na cúria geral da ordem, no Borgo Santo Spirito, junto à Praça de São Pedro, onde decorre a congregação. O padre Nicolás presidia até agora à região da Ásia Oriental e Oceânia, que engloba Timor-Leste, onde coordenou a acção da Companhia devido às suas funções de responsável regional.

O seu primeiro acto público será a celebração hoje ao início da tarde de uma missa na igreja onde se encontra sepultado o fundador da ordem. Na ocasião, irá proferir uma intervenção referindo o que defende como prioridades da Companhia.

O novo superior-geral e restantes participantes da 35.ª Congregação serão recebidos pelo Papa Bento XVI a 21 de Fevereiro. A data da audiência deixa prever mais três a quatro semanas de trabalhos da reunião magna dos jesuítas. Em geral, estas reuniões são conhecidas pela sua longa duração, tendo a anterior durado mais de dois meses.

A actual congregação foi convocada após o padre Kolvenbach ter anunciado a intenção de resignar aos 80 anos, invocando razões de saúde. Este foi autorizado a fazê-lo por Bento XVI, mas permanece em vigor a regra que estabelece o carácter vitalício e a irrenunciabilidade ao cargo, após a escolha da congregação. Esta faz-se por votação secreta. O Papa é o primeiro a ser informado do nome do superior-geral escolhido.

A 35.ª Congregação, eleito o superior-geral, irá agora abordar a definição da missão e as prioridades da sua acção para os próximos tempos. Na véspera da eleição do novo dirigente da ordem, o Papa dirigiu, através do padre Kolvenbach, uma carta aos participantes na congregação, sublinhando a importância da acção da Companhia na missão "de transmitir de forma integral aos nossos contemporâneos, distraídos por inúmeras vozes discordantes, a mensagem única" do Evangelho.

A ordem é definida como o braço apostólico do Papa, sendo considerada um dos principais centros de elaboração doutrinária na esfera do catolicismo. Actualmente, desempenha ainda papel de relevo no diálogo com o islão.

A Companhia de Jesus é hoje a principal ordem masculina da Igreja Católica. O último recenseamento referia a existência de 19 216 elementos, dos quais 13 491 padres, 3049 estudantes, 1810 irmãos e 866 noviços, segundo números ontem divulgados por agências noticiosas católicas.

A província portuguesa, que engloba Angola e Moçambique, conta com 250 jesuítas, dos quais 170 a residirem em Portugal, indicou ontem à Lusa o padre Gonçalves Ferreira, do Centro Universitário Padre António Vieira, uma das instituições da Companhia no país.

DN, 20-1-2008
 
FOI UM JESUÍTA BEIRÃO QUE TRADUZIU CONFÚCIO

Leonídio Paulo Ferreira
jornalista
leonidio.ferreira@dn.pt

Entre as línguas que fala Adolfo Nicolás está o japonês. O espanhol, de 71 anos, eleito sábado superior-geral dos jesuítas, passou quase toda a vida no Oriente, entre Tóquio e Manila, e chegou a supervisionar a congregação em Timor. A sua biografia encaixa assim na perfeição na história da Companhia de Jesus, fundada em 1540 por outro espanhol, Inácio de Loyola, e que levou o catolicismo ao mundo, da América do Sul (recordam-se de A Missão, com Robert de Niro?) até África, mas com especial impacto na Ásia, sobretudo China e Japão. Nesses países, os jesuítas foram aliados da expansão portuguesa, mesmo quando eram espanhóis, como Francisco Xavier, ou italianos, caso de Matteo Ricci. Foram também promotores da ciência (Ricci trabalhou como matemático na corte de Pequim) e pioneiros no diálogo entre civilizações, traduzindo os clássicos orientais ou elaborando dicionários das línguas asiáticas.

Agentes por excelência da geopolítica papal, os jesuítas ganharam um estatuto de elite entre os sacerdotes católicos e de fazedores de elites entre os leigos. São reputadas as escolas e universidades que gerem. E o seu amor ao conhecimento, e a identificação com os pobres, levou-os mesmo a entrarem em choque com João Paulo II. O papa oriundo da Polónia comunista nunca aceitou que entre os jesuítas houvesse quem sentisse atracção pelo marxismo, sobretudo pela Teologia da Libertação latino-americana.

Dos 19 mil jesuítas que hoje existem, calcula-se que 170 vivam em Portugal. Muitos são professores, alguns cientistas, todos em regra homens de cultura tanto como de fé. E a ligação ao Extremo Oriente mantém-se viva, sobretudo através de Macau. Não é preciso recuar cinco séculos para descobrir um jesuíta como Joaquim Guerra, já falecido, que de uma aldeia da Beira Baixa chamada Lavacolhos partiu em 1933 para a China, onde foi depois perseguido pelos comunistas. Mesmo assim teve fôlego para traduzir os Analecto, de Confúcio, e criar um sistema de romanização do chinês para o português. Este último nunca se impôs, e só por isso ainda hesitamos entre seguir os britânicos Wade e Gilles escrevendo Mao Tsé-Tung ou o sistema Pinyin da República Popular da China e grafar Mao Zedong quando falamos do homem que liderou a Revolução Comunista (e perseguiu Joaquim Guerra, S. J.).

Fala-se de crise na Companhia de Jesus e o seu número de membros está em quebra. A própria resignação do holandês Hans-Peter Kolvenbach, ao chegar aos 80 anos, foi inédita. Mas mais do que da relação de Adolfo Nicolás com Bento XVI, o futuro da congregação depende da qualidade intelectual dos homens que ao nome acrescentam o S. J. de "Societas Jesu". E de certeza que entre eles há herdeiros de Ricci ou Guerra.

DN, 21-1-2008
 
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