06 março, 2008

 

Museu


do fado




http://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_do_Fado

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Museu do Fado recebe colecção na segunda-feira

TIAGO PEREIRA
PAULO JORGE MAGALHÃES

Entre pilhas de discos e extensos inventários, o musicólogo José Moças confessa-nos: "Há mais de uma semana que estes discos são a minha vida." O intermediário do coleccionador inglês Bruce Bastin termina a catalogação dos primeiros cinco mil fonogramas do valioso espólio musical adquirido pelo Estado português e garante: "Na segunda-feira, este primeiro lote é entregue no Museu do Fado, em Lisboa."

A colecção ficará, então, numa fase transitória, enquanto não conquista morada definitiva no futuro Museu do Som. "O novo museu vai ocupar um edifício construído de raiz ou instalações adaptadas para o efeito", recorda José Moças. Enquanto tal não acontece, o Museu do Fado vai tutelar os fonogramas. "Está nomeada uma comissão para coordenar o futuro próximo da colecção", diz-nos.

E mesmo sem qualquer indicação sobre o destino das gravações históricas, disponibiliza-se para acompanhar todo o processo: "Tenho sempre a expectativa de que alguém me considere útil para o efeito. Tenho uma base de dados como ninguém em Portugal possui. Conheço o espólio e posso esclarecer muitas questões", afirma.

Longe de olhares mais curiosos, José Moças vai confirmando cada um dos discos com o inventário fornecido por Bruce Bastin. E mesmo com a colecção ainda longe de estar completa (em Junho chegam os restantes três mil fonogramas, vindos do Brasil), o musicólogo português revela-se "surpreendido" com as descobertas já registadas. "As pessoas ouvem falar deste espólio mas só quando o conhecemos de facto é que compreendemos como é inacreditável", diz. José Moças "perde-se" por entre a "história do som", do fado ao teatro de revista, passando pela canção de Coimbra. Primeiros sons registados em Portugal, no início do século XX, distribuem-se por "rodelas de uma riqueza incalculável". Recorda "noites sem dormir" como medalhas de mérito. Aponta para as caixas amarelas - "aqui estão guardados os discos já inventariados e conferidos" - e observa o trabalho que ainda o espera. Tudo sem nunca se queixar, que esta é uma função de "orgulho e paixão", rodeado por memórias de Júlia Florista, Alfredo Marceneiro ou Júlia Mendes. "Assim que os discos entraram em solo português, senti, de facto, uma emoção que nunca tinha experimentado antes", lembra.

Para que tal fosse possível, José Moças assumiu-se como intermediário de Bruce Bastin e fez questão de acompanhar o transporte dos fonogramas entre Londres e Portugal. Um percurso recheado de dificuldades: "A ida, de avião, foi talvez a viagem mais acidentada de sempre. O regresso, primeiro sobre o Canal da Mancha, mais tarde por estradas europeias, foi lento, para garantir a segurança da mercadoria."

Nenhuma companhia seguradora aceitou realizar um plano para proteger os 1100 quilos de discos transportados. Contudo, José Moças garante-nos que "o Ministério da Cultura já está ultimar os pormenores para um seguro sobre tão valiosa colecção", adquirida pelo Estado português por 1,1 milhões de euros.

DN, 26-1-2008
 
Colecção de fado em risco de não ficar em Portugal

TIAGO PEREIRA

Bruce Bastin pondera levar Estado português a tribunal

Bruce Bastin, o coleccionador inglês que vendeu oito mil fonogramas (gravados entre 1904 e 1945) ao Estado português, pondera levar o caso até aos tribunais caso não sejam pagos os valores acordados pela aquisição das gravações em discos de 78 rotações, na sua maioria de fado.

Para Portugal foram enviados, até ao momento, cinco mil fonogramas, correspondentes à parte da colecção que estava em Inglaterra (os restantes três mil estão no Brasil). De acordo com o representante de Bruce Bastin, José Alberto Sardinha, "o Estado português afirma que só foram entregues 2700 fonogramas porque defende que um fonograma é um disco". O advogado recorda que "um fonograma é um registo sonoro, de acordo com o art.º 176, n.º 4, do Código dos Direitos do Autor. Cada disco pode ter vários fonogramas gravados". Numa reunião realizada ontem, os representantes da EGEAC, Câmara Municipal de Lisboa (CML), Ministério da Cultura (MC) e Museu do Fado (onde vão ficar guardados os discos) requisitaram a "revisão do preço da colecção", afirmou José Alberto Sardinha. Ao DN, as entidades em causa não comentaram.

"Penso que devem querer reduzir o preço pela metade mas isso não vai acontecer", confirma. "O contracto esclarece que o negócio é feito sobre os cinco mil fonogramas como estão descritos e enumerados em listagem anexada. Mesmo que existissem dúvidas sobre a interpretação da palavra 'fonograma', o que está em causa são as gravações listadas no contracto. Não existe base factual e jurídica para não cumprir os parâmetros do acordo." A lista, esclarece o advogado, está no poder da CML e do MC "há seis ou sete anos." Representantes "estiveram com Bruce Bastin em Inglaterra e viram os discos".

A acção legal que José Alberto Sardinha pretende interpor tem como objectivo "garantir o pagamento por parte do Estado português, com juros". O representante de Bruce Bastin recorda que a colecção foi adquirida por 1,1 milhões de euros. Foram pagos 90 mil euros quando o contracto foi assinado "e nada mais. Deveriam ter sido liquidados 210 mil euros até 15 de Março e mais 400 mil até 15 de Julho". José Alberto Sardinha afirma que "os juros deverão ter uma taxa mínima de 4%, correspondente à taxa civil em vigor".

DN, 23-7-2008
 
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