23 abril, 2008

 

Erosão


costeira




http://pt.wikipedia.org/wiki/Eros%C3%A3o

http://www.youngreporters.org/article.php3?id_article=669

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Falta estudo global da costa portuguesa

FILOMENA NAVES

Aquecimento da Terra. Maior parte da costa portuguesa, entre Viana do Castelo e Nazaré, e entre a praia do Ancão e Vila Real de Santo António, a sul, corre risco de erosão e perda de terreno. Mas traçar estratégias exige pesquisa integrada

A maior parte da costa portuguesa -67%, dizem os estudos preliminares - está em risco de erosão e perda de terreno durante as próximas décadas devido às alterações climáticas. No entanto, não há nenhum estudo integrado que permita avaliar com exactidão o que vai acontecer, e onde, e que medidas são necessárias para minimizar estragos.

A crítica é do físico e investigador Filipe Duarte Santos, que coordena o projecto PortCoast, para a avaliação das alterações climáticas nas regiões costeiras em Portugal, que ontem esteve em foco no encontro internacional "Climate change impacts on South-European coastal ecosystems", a decorrer até amanhã na Faculdade de Ciências de Lisboa.

Foram as pesquisas realizadas durante os primeiros anos da década pelo projecto SIAM (também coordenado por Duarte Santos), que permitiram a primeira avaliação global das consequências do aquecimento global no País, pondo em destaque as sombrias previsões para a costa portuguesa.

Especialmente vulnerável (dentro dos tais 67% em risco de perda de terreno) é uma linha quase contínua entre Viana do Castelo e a Nazaré, e ainda uma outra, na costa sul algarvia, entre a Praia do Ancão e Vila Real de Santo António.

"Mas estes dados, bem como os recolhidos por um estudo do INAG, são apenas preliminares", sublinha o especialista. "Não existe nenhum estudo integrado, que permita perceber, por exemplo, que zonas devem ser reforçadas para poderem manter a ocupação humana ou, pelo contrário, devem ser desocupadas, porque vão ficar submersas devido à subida do nível do mar", explica Duarte Santos, notando que um estudo desse tipo "compete às autoridades e poderia ficar completo em três anos". Sem um passo desse tipo, avisa, "não poderá ser delineada nenhuma estratégia global para a costa portuguesa, para fazer face às consequências das alterações cli- máticas em relação a esta questão".

Outra contradição apontada pelo especialista tem a ver com o apoio à investigação nesta área. "Apesar de as alterações climáticas terem sido um dos temas definidos como prioritários pela presidência portuguesa da UE, os resultados de um concurso de Agosto de 2006 para projectos nesta área, na FCT [Fundação para a Ciência e Tecnologia] estiveram durante todo o ano de 2007 sem sair", explica.

Um dos dados preliminares do projecto PortCoast, que só terá resultados definitivos no próximo Verão, aponta entretanto para a possibilidade de um aumento do afloramento costeiro na região de Portugal, em consequência do aquecimento global, o que poderá trazer boas notícias para a pesca. "Mas isto tem que ser confirmado", adianta Duarte Santos.

DN, 8-2-2008
 
60% da costa em erosão crescente

rita carvalho

Mais de metade da costa portuguesa está em processo de erosão crescente, colocando em risco pessoas e bens. Arribas sensíveis com construções em perigo de derrocada, dunas que vão desaparecendo e locais onde o mar vai invadindo a costa são situações comuns ao longo dos 950 quilómetros que percorrem o litoral de norte a sul.

Carlos Sousa Reis, coordenador do programa Finisterra - responsável pela coordenação dos planos de ordenamento da orla costeira -, explicou ao DN que "ao proces- so de erosão natural junta-se a erosão provocada pela presença do homem, que vai degradando a costa porque ocupa desordena-damente este espaço".

Com o tempo, e muitas vezes a um ritmo alucinante, o mar vai roubando espaço à terra e a força das ondas "comendo" zonas habitadas pelo homem, colocando em perigo essa mesma ocupação. Os exemplos repetem-se em todo o País. Os erros, apesar dos exemplos já conhecidos, são recorrentes.

Na praia da Vagueira, o avanço do mar tem sido tão rápido que, em apenas oito anos, avançou cerca de 180 metros para terra nalgumas zonas. Em Buarcos, na Figueira da Foz, as dunas desaparecem a um ritmo alucinante; na ria Formosa, no Algarve, o cordão dunar vai cedendo e a possibilidade de o mar invadir a ria em dia de maior tempestade não é um cenário totalmente posto de parte.

Nas Azenhas do Mar, em Sintra, as arribas já cederam, um muro caiu nas rochas e os blocos de pedra da arriba permanecem instáveis. O risco é de derrocada, tem sido o alerta transmitido pelo Parque Natural Sintra Cascais, mas a situação vai-se mantendo e as populações dizem-se tranquilas.

Já este ano, o mar galgou as casas que compõem a aldeia da Cova do Vapor, na Trafaria, situa-da na margem sul do Tejo. Uma muralha tem protegido as habi-tações do poder devastador das ondas, mas em dia de vagas maiores, os habitantes ficam sobressaltados e temem o pior.

A pressão urbanística sobre o litoral acentua a degradação. As centenas de casas que se construíram e continuam a construir em cima das arribas, locais instáveis e sem protecção, contribuem para a destruição do espaço natural.

"Se pavimentamos as arribas, o solo deixa de ser permeável e a água deixa de ser infiltrada e passa a escorrer em catadupa. Essas escorrências varrem o solo, abrem fissuras que são ocupadas por plantas que, ao crescer, fazem tanta força que aceleram as brechas, partem a arriba por dentro, aumentando a erosão", explicou o especialista em orla costeira Carlos Sousa Reis.

Para suster esses avanços constroem-se esporões, dunas artificiais, investem-se milhões de euros em enchimentos artificiais de areia e em enroncamentos que tentam impedir a fúria destruidora do mar. O dinheiro empregue nestas acções, na maioria das vezes suportado por investimentos públicos, serve para proteger meia dúzia de habitações ou moradias turísticas, algumas até com duvidosos processos de licenciamento.

A defesa do litoral é, porém, uma batalha perdida e espelha o desfasamento de forças e pretensões entre o homem e a natureza. O homem, por um lado, é culpado do estado grave de muitas situações, e, por outro, tenta remediá- -lo. "Mas o processo erosivo é mui-to mais rápido do que a capacidade técnica e financeira do homem para corrigir estes problemas", explicou Carlos Sousa Reis. Por isso, conclui, "temos de detectar o mais urgente e canalizar para lá os investimentos".

A criação de uma carta de sensibilidades do litoral é um instrumento que o responsável do Finisterra considera essencial. "É preciso definir zonas de risco para decidirmos actuar em caso de catástrofe." Ou seja, é necessário especificar as zonas mais importantes económica e socialmente que é preciso proteger em detrimento de outras, caso aconteça um acidente como um derrame de petróleo ou, por exemplo, um tsunami.

DN, 11-6-2005
 
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