25 abril, 2008

 

Revolução dos cravos


Dia da liberdade




http://www.pcp.pt/actpol/temas/25abril/30anos/index.htm

http://abril25.paginas.sapo.pt/

http://www.presidencia.pt/?idc=22&idi=15539

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O DIA EM QUE ABRIL NÃO ESTIVER NA CAPA

provedor dos leitores
Mário Bettencourt Resendes
provedor@dn.pt

O leitor José Duarte, que se identifica como "jornalista sindicalizado" e "leitor do DN há 70 anos", achou "deplorável" a primeira página da edição do DN no dia 25 de Abril. Os motivos do desagrado têm a ver com o relevo concedido a uma foto "com rapariga mal despida", a uma notícia sobre "sexo entre galáxias" e ao PSD, enquanto, para a efeméride que se celebrava na data, ficava "uma pequena notícia em caixa de fim de página: '25 de Abril e alguma crise'... e 1 cravo 1".

O director do jornal, a pedido do provedor, comenta o protesto de José Duarte: "O Diário de Notícias deu espaço a mais uma evocação do 25 de Abril de 1974: dedicou- -lhe duas páginas (6 e 7, ou seja, um dos temas destacados na abertura do jornal). E, sobretudo, dedicou-lhe uma parte do editorial, do qual transcrevo um parágrafo: 'A musealização do 25 de Abril não deve ser olhada como uma coisa má, na justa medida em que prova que a revolução dos capitães cumpriu o objectivo de colocar o País na senda da democracia e do progresso e sepultar os 48 anos de ditadura.'" João Marcelino acrescenta que "também é da geração que viveu intensamente o 25 de Abril". E precisa: "Sei o que devemos a esse dia, mas devemos igualmente perceber, numa perspectiva histórica, que Portugal tem dias tão ou mais importantes a celebrar. Haverá momentos, de efemérides de números redondos, em que daremos mais espaço ao 25 de Abril (...) se o leitor acha que o 25 de Abril deve fazer a capa do jornal todos os anos, então estamos em desacordo. Democraticamente, espero."

A análise do provedor, neste caso, não pode ficar pelos terrenos assépticos das técnicas jornalísticas. Envolve, como se perceberá, um julgamento político.

Diga-se, em primeiro lugar, que a memória do 25 de Abril de 1974 está ainda longe de ser um elemento consensual na sociedade portuguesa. E não é difícil entender as razões: à euforia generalizada dos primeiros tempos seguiu-se um período de confronto em que o País esteve à beira da guerra civil e o certo é que a maioria dos principais protagonistas desses enfrentamentos permanecem vozes activas no espaço público. A leitura e o balanço que se faz da revolução variam consoante o alinhamento ideológico e isso torna-se evidente quando se trata de celebrar ( ou não...) a efeméride.

A diluição da polémica acontecerá com o avanço do calendário e quando for possível centrar a memória de Abril sobretudo nos valores universais da liberdade, da democracia e da justiça social, no fundo, a essência que orientou, nas origens, os jovens militares revolucionários. Não faltam países democráticos onde a celebração de datas históricas é associada a grandes festas populares, mas foi necessário deixar, primeiro, "respirar" a História.

Enquanto as feridas estiverem por sarar, a um jornal como o DN, tendo em conta, designadamente, o seu estatuto editorial, cabe uma pedagogia da liberdade que também se faz, neste caso, com uma valorização editorial da efeméride.

O provedor reconhece que nem todos os aniversários do 25 de Abril justificarão o tema principal da capa do DN, mas, e como não acredita no "fim da História", ficará sempre mais tranquilo quando encontrar, nesse dia, na primeira página do jornal, um sinal inequívoco de que não se perdeu a memória da restauração da liberdade.

DN, 17-5-2008
 
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