01 maio, 2008

 

1 de Maio


Dia de memória pelos mártires e heróis do holocausto




http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=343240&tema=31

http://www.yadvashem.org/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_Yad_Vashem

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O arquitecto do Holocausto que terá ajudado a salvar 800 judeus

HELENA TECEDEIRO

Israel foi à Argentina buscar o ex-oficial nazi, que julgou e executou em 1962

O homem que ficou conhecido como o "Arquitecto do Holocausto" afinal pode ter ajudado a salvar centenas de judeus. Segundo o Sunday Times, Adolf Eichmann, o oficial nazi que deportou centenas de milhares de judeus para os campos de concentração, terá protegido o director de um hospital judaico onde 800 judeus - membros da elite e mulheres de alemães não-judeus na maioria - encontraram refúgio em Berlim. Uma surpresa, sobretudo vindo do homem que os israelitas executaram em 1962 após um julgamento que se queria exemplar para todos os que perseguiram e mataram seis milhões de judeus durante a II Guerra Mundial.

A juventude

Desde pequeno, Eichmann aprendeu a obedecer a figuras masculinas. Nascido em Solingen, na Alemanha, em 1906, quando ele era criança a sua família mudou-se para Linz, a cidade austríaca onde nasceu outro Adolf: Hitler. Educado num ambiente religioso, Eichmann perdeu a mãe aos 16 anos. Aluno medíocre, não terminou o liceu e acabou a trabalhar na petrolífera do pai. Mais tarde foi contratado por outra empresa e percorreu a Áustria a vender petróleo, organizar redes de entrega e localizar novos locais para explorar. Esta carreira acabaria por ajudar Eichmann com a sua nova paixão: a política.

Os crimes

Apesar de se ter declarado apolítico no seu julgamento, Eichmann cresceu numa família nacionalista. Como muitos alemães, o seu pai perdeu tudo na I Guerra e teve de recomeçar do zero. Foi ele quem inscreveu o filho na Heimatschutz, associação de extrema-direita que protegia a cultura alemã. A entrada na secção austríaca do Partido Nazi só aconteceu em 1932. Um ano depois, com Hitler a chegar ao poder na Alemanha, Eichmann voltou ao país natal. Destacado para a secção Judaica da Ges-tapo, a secreta nazi, decidiu especializar-se nessa área. Estudou hebraico e familiarizou-se com o sionismo. Encarregue de encontrar a "Solução Final para a Questão Judaica", defendeu o envio dos judeus da Europa para o Médio Oriente e até visitou a Palestina. Responsável pela entrega de autorizações aos judeus que queriam imigrar, era ele quem decidia os que se salvavam e os que eram forçados a ficar, à espera de uma morte certa. Chamado pelos colegas de escola de "pequeno judeu" devido ao cabelo escuro e grande nariz, Eichmann não hesitou em seguir as ordens de Hitler para "exterminar todos os judeus". Foi ele quem garantiu o transporte dos deportados para os campos de concentração, tendo visitado várias vezes Ausch-witz. Em 1944, quando o todo-poderoso chefe das SS, Heinrich Himmler, ordenou o fim das deportações, Eichmann desobedeceu e enviou mais 50 mil judeus para a morte.

A fuga

Após a rendição da Alemanha, em Maio de 1945, Eichmann foi preso. Mas conseguiu fugir. Durante cinco anos, esteve desaparecido, evitando ser julgado em Nuremberga. Vagueou pela Europa, sem contactar a família e em 1950, seguiu a rota de muitos ex-oficiais nazis e partiu para a América Latina. Durante dez anos, viveu na Argentina como Ricardo Clemente. Trabalhou em fábricas e numa empresa de engenharia à qual o presidente Juan Peron - simpatizante nazi - atribuiu inúmeros contratos. Em 1952, a mulher, Veronica, e os quatro filhos, juntaram-se a ele em Buenos Aires.

O castigo

Durante anos, muitos judeus tentaram apanhar os nazis que escaparam a Nuremberga. Foi o caso de Simon Wiesenthal. E terá sido o famoso "caçador de nazis" a receber uma dica de um amigo para a presença de Eichmann na Argentina. Wiesenthal comunicou o facto à Mossad e os serviços secretos israelitas começaram a preparar a missão que iria levar o antigo oficial nazi a Israel para ser julgado. Foram 30 os agentes destacados pelo chefe da Mossad, Isser Harel. E a 11 de Maio de 1960, Eichmann foi capturado à frente de casa, quando voltava do trabalho. Em Israel, o seu julgamento causou emoção, com algumas pessoas a tentarem atacá-lo, apesar do vidro à prova de bala. Eichmann garantiu ter apenas obedecido a ordens, mas não escapou à pena de morte. Os judeus vingavam-se assim do homem que garantira: "Ficarei feliz se morrer a saber que cinco milhões de inimigos do Reich foram executados como animais".

A revelação

Quarenta e seis anos depois da sua execução, Eichmann surge agora como uma figura dúbia. O Sunday Times, citando o diário da secretária do hospital judaico de Berlim, garante que o oficial ajudou a salvar 800 judeus ali refugiados durante a guerra. O director do hospital, Walter Lustig contou com o apoio de Eichmann para escolher os que eram enviados para a morte e os que se salvavam, numa tentativa dos nazis para que a "Solução Final" não fosse conhecida cedo demais. Uma história que só agora veio a público e está a gerar paralelismos com Oskar Schindler, o industrial alemão que ajudou a salvar 1200 judeus e inspirou o filme de Steven Spielberg A Lista de Schindler.

DN, 18-3-2008
 
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