21 maio, 2008

 

20 de Maio


Dia da Marinha




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FUZILEIROS DE PRESTÍGIO E GLÓRIA

RUI HORTELÃO

Estávamos a poucos dias do Natal de 1967 quando a ordem chegou: Nino Vieira, o líder da guerrilha, estaria refugiado em Cansalá, numa base há muito referenciada pelas tropas portuguesas na Guiné. Localizada no Cantanhês profundo - considerada zona libertada pelo PAIGC -, esta base tinha sido até essa altura alvo proibido, pela dificuldade de acesso e pela força de fogo que o inimigo ali concentrava.

A missão foi entregue ao Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 7 (DFE7) - e não por acaso. Apesar de se encontrarem já a poucos meses de concluírem a sua comissão, os homens liderados pelo comandante Moitinho de Almeida continuavam a mostrar "alta eficiência em combate, destacada coragem e entusiasmo", como escreveria, mais tarde, o general Arnaldo Schlutz na condecoração da Cruz de Guerra Colectiva de 1.ª Classe.

Consciente do elevado grau de risco da operação, Moitinho de Almeida, que normalmente seguia no segundo grupo de assalto, quis dar o exemplo aos seus homens. Chamou o imediato Mendes Fernandes e disse-lhe: "Desta vez, sinto a obrigação de ir eu à frente." E teria ido, não fosse ter torcido um pé durante os treinos de salto de helicóptero.

Assim, na madrugada de dia 22 de Dezembro, o DFE7 partiu com o seu dispositivo habitual: dois grupos de assalto, o primeiro comandado por Mendes Fernandes e o segundo por Moitinho de Almeida.

A primeira vaga da Operação Eridanus, composta por 25 homens, partiu de Catió em cinco helicópteros. "O silêncio que se instalou no percurso é qualquer coisa que fica para todo o sempre", recorda Mendes Fernandes, o único comandante fuzileiro que fez três comissões em África. Mesmo em homens de coragem já testada, o medo justificava-se. O perigo de serem dizimados logo que saltassem era iminente, a base não só era a mais importante do PAIGC no Sul da Guiné como era apontada como abrigo do líder Nino Vieira.

A pressão psicológica que antecedeu a operação acabou por ser o adversário mais duro para o DFE7, pois no terreno a missão revelou-se mais fácil do que o esperado. Foram capturadas cerca de duas toneladas de armamento o que faz da Operação Eridanus uma das mais importantes dos Fuzileiros em África.

Do DFE7 já o comodoro Ferrer Caeiro havia dito que era "a melhor unidade" que teve enquanto foi comandante da Defesa Marítima da Guiné. Mas o Estado português considerou que os feitos do DFE7 mereciam mais do que palavras. Condecorou estes fuzileiros com a Cruz de Guerra Colectiva de 1.ª Classe e fez questão de os receber à beira-Tejo, numa cerimónia inédita durante toda a guerra de África.

Na recepção à fragata Diogo Gomes, a 30 de Abril de 1968, o almirante Roboredo e Silva, chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), foi inequívoco no reconhecimento ao DFE7. "O vosso esforço e sacrifício, a energia despendida, o vosso valor e coragem na defesa do território nacional dão-vos o direito a regressar cobertos de prestígio e de glória e, acima de tudo, com a consciência do dever cumprido - o maior prémio dos bons portugueses", afirmou o CEMA, sublinhando: "A Armada Portuguesa tem obrigação de seguir o exemplo destes homens."

Como as fotografias da época documentam, além do discurso, Roboredo e Silva enalteceu a acção individual de alguns destes fuzileiros. Com Mendes Fernandes tratou-se de um reencontro, pois já em Agosto de 1967 foi das mãos de Roboredo e Silva que o imediato do DFE7 recebeu o Prémio Governador da Guiné, pela bravura demonstrada durante a Operação Touro. O momento ainda hoje é recordado pelo diálogo estabelecido entre ambos durante a cerimónia. "Estamos muito orgulhosos com a sua coragem na Guiné. Se eu tivesse a sua idade, estava em comissão permanente em África e vinha uma vez por ano ver a família. Diga-me, Mendes Fernandes, gosta da Guiné não gosta?", perguntou o CEMA, diante de todo o almirantado e do então ministro da Marinha, Fernando Quintanilha. A resposta do jovem fuzileiro, natural de Setúbal, motivou uma gargalhada geral: "Para lhe ser muito franco meu almirante, não desgosto dessa terra amarga e doce. Mas gosto mais da Arrábida e de Tróia."

No total o DFE7 foi agraciado com 94 louvores individuais e colectivos, mas para o comandante Moitinho de Almeida não é essa a maior glória. "Trouxe os meus homens todos vivos, apesar de alguns feridos, todos regressaram bem e capazes de prosseguirem as suas vidas", sublinha o líder do DFE7, que regressado da Guiné foi pioneiro na inspecção de qualidade em Portugal, actividade que ainda hoje, aos 69 anos, exerce por conta própria. Para ele, o segredo do sucesso assentou em três factos: "Um modelo de liderança muito rígido, que hoje já não seria capaz de aplicar; a sorte, sobretudo nas primeiras operações, porque trouxe auto-estima; e a confiança no companheiro do lado, que dava tudo em combate e não adormecia quando estava de sentinela."

Já Francisco Quinta, imediato do DFE7 e hoje reformado da Marinha, recorda "um destacamento difícil, mas que no mato não falhava". Isso mesmo atestam os relatos da Operação Touro, efectuada em Fevereiro de 1967 na zona norte da Guiné.

Mal a lancha abicou na margem sul do rio Cacheu, o inimigo carregou com fogo de bazucas, metralhadoras e granadas, obrigando a lancha a recuar. Para trás, sozinhos, ficaram apenas quatro homens, o imediato Mendes Fernandes, a sua ordenança Manuel Go- mes (já falecido), o sargento Guilhermino Ângelo e uma outra praça. Ajoelhados no lodo, só tinham do seu lado o escuro da noite e a arma com que protegiam a testa. Resistiram. Durante mais de dez minutos, gritaram o que puderam pelos companheiros e assim que estes concretizaram a segunda tentativa de desembarque juntaram-se-lhes no assalto à base de Matar, uma das mais complicadas operações executadas pelo DFE7 e da qual resultou uma significativa apreensão de armamento.

Como o comandante Moitinho de Almeida explica na primeira pessoa, foram momentos como este que consolidaram o elogiado espírito de unidade do DFE7: "Eu próprio fui-me fazendo cada vez mais corajoso, graças à coragem e à determinação de alguns dos que me rodeavam."

DN, 30-4-2008
 
Almirante quer decisões para modernizar Armada

LÍLIA BERNARDES, Funchal

Ministro diz que reformas não podem ser limitadas pelas divergências

O chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) alertou ontem, no Funchal, o Governo para a necessidade de resolver problemas do sector e sobre a forma de o fazer.

"Existem recursos e capacidade. Há que decidir para que se possa passar da virtualidade ao concreto", declarou o almirante Melo Gomes, no encerramento das cerimónias do Dia da Marinha e na presença do ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, referindo-se a três importantes programas de modernização da Armada que se arrastam há anos (o navio logístico, as lanchas costeiras e os patrulhas oceânicos).

A propósito da "falta de confiança" dos militares no seu sistema de saúde, o CEMA afirmou que a rápida inversão desse clima deve "ter em conta esta lição aprendida [leia-se os resultados negativos das mudanças impostas pelo Executivo] em outras intenções de centralização" - alusão que remete para o modelo de concentração de poderes no Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, que, por exemplo, esvazia as competências do Conselho de Chefes.

O ministro lembrou que "os processos de reforma comportam dificuldades à mudança", mas frisou que "a Defesa Nacional e as Forças Armadas são demasiado importantes para Portugal e para a democracia portuguesa para que a expressão de divergências possa condicionar as escolhas que melhor servem o interesse nacional".

Os meios navais existentes na Madeira revelaram outra divergência entre o ministro e o CEMA. Severiano Teixeira entende que ali está o número de navios que "a Marinha entende ser suficiente" - mas Melo Gomes, lembrando que o orçamento para operação e manutenção da Armada "voltou ao nível de 2004", contrapõe: "Só com os novos navios poderemos reforçar o dispositivo" no arquipélago, o que "se justifica plenamente há muitos anos pela vastidão e sensibilidade da sua zona económica exclusiva".

DN, 25-5-2008
 
Armada está em risco de perder um quinto dos soldados fuzileiros

Defesa. Número de militares voluntários a querer sair das Forças Armadas aumentou em 2008

Milhares de candidatos civis e militares concorrem aos quadros da GNR e PSP

Um quinto dos soldados e cabos do Corpo de Fuzileiros candidatou-se a ingressar nas forças de segurança, no âmbito dos concursos abertos nas últimas semanas, soube ontem o DN junto de fontes militares.

Este é um indicador parcial do conjunto de militares voluntários e contratados dos três ramos das Forças Armadas - cujo limite de permanência nas fileiras é de seis anos - que anunciaram ir candidatar-se aos quadros da GNR, PSP, SEF, Guardas Prisionais, PJ ou Polícia Marítima.

No caso da GNR, o concurso aberto em Maio para 983 vagas atraiu cerca de 11 000 candidatos civis e militares (números provisórios, dada a dispersão dos locais onde os documentos poderiam ser entregues e cujo processo de recolha ainda decorre), disse ao DN um oficial superior da Guarda. A PSP, num concurso quase simultâneo e para um total de "até 1000 vagas", contabilizou 4635 candidaturas (dados igualmente provisórios), adiantou a Polícia.

Fontes da Armada e da Força Aérea confirmaram que houve este ano um aumento no número de militares que disseram ir concorrer a organismos externos aos ramos - situação que também deverá ter ocorrido no Exército, embora os dados deste ramo ainda não sejam conhecidos.

No caso da Força Aérea, que tem 1992 praças e "faltam 958", foram recebidos 288 pedidos de autorização para concorrer a lugares no exterior. No caso dos oficiais, há 1754 e "faltam 274"; em sargentos, existem 2440 e "faltam 350", precisou o ramo.

O Corpo de Fuzileiros - onde uma das últimas incorporações teve apenas "uns 30" mancebos - regista nos últimos anos um défice de quase 250 praças face ao "efectivo necessário" de 1480 soldados e cabos. Os dados disponíveis revelam que duas centenas e meia de fuzas (228 dos quais praças) - um quinto do actual efectivo de 1250 - informou ter-se candidatado às forças de segurança (maioritariamente para os quadros da Polícia Marítima e da GNR).

A "ausência de estímulos [financeiros] internos" (leia-se missões no estrangeiro, para as quais só têm sido enviadas tropas pára-quedistas e comandos), "a percepção de que as vagas para a GNR e a PSP eram muitas este ano", ou o "reduzido número de vagas anuais" para ingresso nos quadros permanentes, foram as principais razões avançadas ao DN por fontes da Marinha. No total das diferentes especialidades, este ramo registou 483 pedidos de saída.

"A Marinha vê com alguma preocupação" a potencial fuga de efectivos. Mais, "se as pessoas concorrem a outros lugares, significa que esperam conseguir melhores condições nesses lugares", frisou uma fonte.

DN, 6-6-2008
 
Fragatas portuguesas precisam de navegar e treinar mais

MANUEL CARLOS FREIRE

Lançamento de mísseis em exercício da Armada foi um sucesso

Polícia Marítima terá mais agentes com novo modelo de carreiras militares

O exercício militar Swordfish08 permitiu mostrar que Portugal tem "uma força naval preparada" para cumprir as suas missões, afirmou o chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), almirante Melo Gomes.

O CEMA, que falava aos jornalistas na tarde de segunda-feira a bordo da fragata Corte Real, sublinhou que o exercício (que termina sexta-feira) permitiu constatar que as três fragatas Meko - a participar pela primeira vez em simultâneo num exercício - "precisam de navegar mais", para as suas guarnições conseguirem manter os necessários padrões de treino. Não especificada foi a causa dessa lacuna: as restrições financeiras que condicionam a actividade da Armada.

O exercício, que envolve a força naval permanente da NATO (SNMG1, sigla em inglês) e navios de vários países - entre eles um brasileiro, um marroquino e um espanhol -, serviu em especial para testar a eficácia dos mísseis de defesa aérea no ataque a um alvo de superfície. O filme exibido, no briefing dado ao CEMA pelo comandante da força naval, permitiu ver que um dos sete mísseis entrou pela chaminé do navio Geba (já desactivado) que fazia de alvo para os diferentes navios.

Testada foi também a peça de artilharia de 100 milímetros, colocada na proa da Corte Real, e o sistema de defesa aérea Phalanx, considerado o último reduto de protecção do navio e que é activado automaticamente perante qualquer ameaça.

Os resultados "foram satisfatórios", disseram diferentes responsáveis do exercício, apesar de o Phalanx não ter disparado porque o alvo (simulando um míssel dirigido contra a fragata) passou longe do alvo. Mas as manobras do sistema para captar o alvo mostraram o seu bom funcionamento, explicou um dos oficiais envolvidos nessa parte do exercício.

O Swordfish08 é um exercício que decorre ao largo de Sagres e envolve operações navais de interdição marítima e treino anti-aéreo, anti-superfície e anti-submarinos.

Polícia Marítima

O CEMA reconheceu também aos jornalistas que a Polícia Marítima (PM) tem um défice de quase 300 efectivos.

"Já expus a situação" à tutela, uma vez que "devíamos ter perto de 800 homens" e existem pouco mais de 500 efectivos na PM, que são insuficientes para o cumprimento da missão, disse o CEMA, adiantando que a resolução do problema está ligada ao das carreiras militares.

DN, 25-6-2008
 
Novo submarino português já está dentro de água

MANUEL CARLOS FREIRE

Cerimónia de baptismo do 'Tridente'

Responsáveis políticos e militares assistiram ao evento em Kiel, Alemanha

O primeiro dos dois novos submarinos da Armada foi ontem baptizado nos estaleiros alemães de Kiel, na presença de vários responsáveis políticos e militares ligados ao programa.

O NRP Tridente é uma versão dos submarinos alemães da classe U-209 e teve, como madrinha de baptismo Alda Taborda, a mulher do presidente da Assembleia da República, Jaime Gama. Esse vaso de guerra chega a Portugal no início de 2010.

O programa dos submarinos foi lançado há mais de uma década e formalmente assinado em 2004, exigindo um investimento da ordem dos mil milhões de euros. Os SS PO 2000 - como são designados os dois submarinos portugueses que substituem os da classe Albacora (em rigor apenas um, o Barracuda, uma vez que os outros já não navegam) - colocam a Armada ao nível das melhores Marinhas europeias em matéria de capacidade submarina, segundo os especialistas.

O Tridente e o Arpão (o segundo dos novos submarinos, que poderá chegar a Portugal apenas em 2011 devido a questões de contabilidade financeira) têm capacidade para navegar em quase todo o Atlântico Sul, circum-navegando o continente africano através do Oceano Índico e do Mar Mediterrâneo, passando pelo Golfo Pérsico. O Mar das Caraíbas passa a estar igualmente ao alcance do poder naval lusitano.

Missões de protecção e apoio a forças navais e anfíbias (vigilância, reconhecimento, recolha de informações em áreas hostis), projecção de força e manutenção de paz, operações de contraterrorismo e combate ao narcotráfico "num contexto alargado de segurança e defesa" são, segundo a Armada, algumas das potencialidades oferecidas pela esquadrilha dos dois SS PO 2000. Destaque ainda para as operações submarinas contra navios de superfície e outros submarinos, ou também para interditar determinadas áreas, portos, faixas costeiras e zonas de navegação de interesse, sublinhou o ramo.

O programa permite reduzir também os custos de operação e manutenção da actual esquadrilha de submarinos, bem como os de pessoal, pois as novas guarnições passam a ter apenas 33 efectivos, menos 21 que as do Barracuda.

Os novos SS PO 2000 conseguirão atingir uma velocidade máxima de 20 nós e ter uma autonomia de 45 dias. A profundidade máxima operacional será de 300 metros.

O presidente do Parlamento, Jaime Gama, o ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, o presidente da Comissão de Defesa, Miranda Calha, e os chefes do Estado-Maior--General das Forças Armadas (CEMGFA) e da Armada (CEMA), general Valença Pinto e almirante Melo Gomes, foram alguns dos convidados que assistiram à cerimónia de ontem nos estaleiros do fabricante alemão HDW.

Portugal tem capacidade submarina desde 1913.

DN, 16-7-2008
 
Fiscais dos submarinos com subsídios cortados

MANUEL CARLOS FREIRE

Portaria dos ministérios das Finanças, Negócios Estrangeiros e Defesa reduziu significativamente as condições salariais com que militares da Armada iniciaram, em 2004, a prolongada missão de acompanhar e fiscalizar o programa de construção dos dois novos submarinos

Valor do programa é superior a mil milhões de euros

Os militares destacados na Alemanha para acompanhar o programa de construção dos novos submarinos, que já conseguiram poupar "alguns milhões de euros" aos cofres do Estado, acabam de ver o seu estatuto remuneratório alterado a meio da missão.

Fontes militares disseram ao DN que a portaria governamental publicada no passado dia 01 deste mês, produzindo efeitos a partir dessa mesma data, alterou as regras a meio do jogo - os membros da missão passam a receber "ajudas de custo", de valor significativamente inferior ao montante que recebiam, o que está, asseguraram as fontes, a criar um sentimento de injustiça e de falta de reconhecimento em relação ao esforço e aos resultados desse trabalho (por passarem a receber menos que militares destacados em embaixadas no exterior e que fazem trabalhos de secretaria com responsabilidades reduzidas).

A chamada missão de construção dos submarinos (MCSUB) foi criada por portaria em Novembro de 2004, para acompanhar e fiscalizar o Programa Relativo à Aquisição de Submarinos (PRAS) para a Marinha - de valor superior a mil milhões de euros. Os seus membros foram nomeados ao abrigo do regime consagrado para o pessoal das missões militares junto das representações diplomáticas no estrangeiro.

Sendo também uma missão de longo prazo (nalguns casos até seis anos), implicou a ida de familiares para a cidade alemã de Kiel (onde se situam os estaleiros navais da HDW). O problema, segundo as fontes, é que o novo regime remuneratório torna inviável a estabilidade familiar de quem vai chegar ao fim do mês com "saldo negativo" e deverá ter de fazer a família regressar a Portugal.

Uma das fontes frisou que a portaria agora aprovada visou igualar a situação dos quadros da MCSUB aos dos envolvidos noutras missões de acompanhamento recentemente criadas, como a relativa às fragatas holandesas da classe M. E que, no caso dos efectivos destacados na Alemanha, estes até beneficiaram do atraso (ficando subentendido que ele foi propositado) na aplicação do novo regime de abonos. Recorde-se que este está em vigor desde o início deste ano. O facto, segundo outras fontes, é que as regras foram alteradas e podem levar alguns dos militares destacados na Alemanha a pedir o regresso antecipado a Portugal.

Recorde-se que o primeiro dos dois submarinos, o NRP Tridente, foi lançado à água no passado dia 15, em cerimónia a que não assistiu qualquer jornalista português.

Poupanças

Recorrente, nas palavras das fontes, é a preocupação com a alegada afectação na qualidade do trabalho até aqui produzido, devido ao desvio das atenções, do plano profissional para o familiar, por parte dos membros da MCSUB.

A título de exemplo, algumas fontes citaram várias situações em que "a motivação e o empenho" desses quadros permitiu ganhos significativos para o Estado português. Tendo presente que os estaleiros alemães - como qualquer empresa - procuram reduzir custos na construção dos dois submarinos, bem como o que uma fonte qualificou como "as ambiguidades" existentes no contrato de aquisição desses vasos de guerra, o resultado do trabalho dos marinheiros destacados em Kiel é mensurável de várias maneiras, frisaram as fontes.

Uma delas é financeira: os custos da integração dos torpedos foi reduzida em "cerca de nove milhões de euros", o investimento em equipamentos não incluídos no contrato que vão ser instalados nos submarinos, a renegociação das condições de instalação dos militares destacados para acções de formação permitiu poupar mais de cem mil "só este ano".

No plano técnico, a obtenção de documentos técnicos não previstos no contrato e que, entre outros aspectos, reforçam a autonomia da Marinha face aos estaleiros em termos de manutenção dos submarinos.

No dia a dia da sua actividade, os membros da MCSUB chegam a estar durante várias semanas na Noruega para a realização dos testes de mar. Segundo uma das fontes, o novo regime de ajudas de custo não muda com a ida para aquele país escandinavo, onde o custo de vida (leia-se alimentação) é superior ao alemão. Como o valor gasto nas refeições é depois descontado no ordenado, isso contribui para reduzir o valor do salário a receber ao fim do mês, adiantou a referida fonte.

DN, 30-7-2008
 
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