16 maio, 2008

 

Fitna


É isto o islamismo?






http://www.sepoangol.org/islam.htm

http://ombl.wordpress.com/2008/03/27/filme-fitna-do-deputado-holandes-geert-wilders/

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JESUS ESTÁ NO ALCORÃO MAS ARÁBIA PROÍBE IGREJA

Leonídio Paulo Ferreira
jornalista
leonidio.ferreira@dn.pt

Ninguém na Arábia Saudita desconhece que Jesus, o Isa dos árabes, surge nos versículos do Alcorão como um dos profetas que antecedeu Maomé. Nem que nesse século VII que viu nascer o islão existiam em volta tanto de Meca como de Medina tribos de judeus e de cristãos. E que alguns destes viriam mesmo a converter-se à nova fé. Mas hoje, passados quase 1400 anos, é com verdadeiro espírito de missão que a diplomacia do Vaticano tenta, em delicadas negociações, convencer o reino governado pela família Saud a autorizar a construção de igrejas. O próprio Bento XVI terá feito o pedido ao Rei Abdallah em Novembro, quando o monarca visitou Roma e se tornou o primeiro soberano saudita a reunir-se com um papa.

Se no Líbano e no Egipto são milhões os árabes que seguem ainda hoje o cristianismo, na Arábia Saudita - terra das duas cidades santas do islão - os devotos de Jesus são estrangeiros, imigrantes sobretudo da Índia e das Filipinas. Os católicos serão uns 900 mil, obrigados a praticar o culto às escondidas. O mesmo acontecia até há duas semanas no vizinho Qatar, mas a inauguração de uma igreja em Doha deixou os sauditas isolados na proibição das outras religiões, mesmo as "do Livro", historicamente toleradas pelos muçulmanos.

Um dos argumentos fortes do Vaticano é que no Ocidente os muçulmanos desfrutam de liberdade de culto e existem hoje mesquitas em todas as capitais . Aliás, a maior mesquita da Europa foi construída em Roma, a uns meros três quilómetros da Basílica de São Pedro e com dinheiros sauditas. Mas mesmo a actual tolerância cristã (que não existiu noutras épocas, basta recordar o século XI e a primeira Cruzada na Terra Santa) tem, por vezes, os seus limites: nessa mesma Roma, capital da cristandade, a pressão popular travou no ano passado a construção de uma pequena mesquita junto a uma igreja católica.

No trono há três anos, Abdallah tem-se esforçado por modernizar o seu reino (depois de autorizar um hotel só para mulheres, permitir-lhes-á um dia conduzir?). E a sua visita em 2007 ao Vaticano foi um sinal de que não será impossível uma igreja na Arábia, ainda que sem cruzes no exterior, como acontece já com a de Nossa Senhora do Rosário de Doha. Mas para abrir-se ao mundo, Abdallah terá que enfrentar o rigor da doutrina wahabita oficial e a oposição dos extremistas islâmicos, que odeiam todos os infiéis, desde as tropas americanas que protegem os poços de petróleo até esses asiáticos que fazem os trabalhos que os sauditas recusam. E é uma oposição a ter em conta. Afinal não nasceu na Arábia Saudita esse Ussama Ben Laden que há dias ameaçou o Papa, chamando-o chefe dos Cruzados? E que certamente não apreciará Bento XVI ter baptizado na Páscoa um ex-muçulmano crítico do islão.

DN, 24-3-2008
 
Bento XVI apela à paz e baptiza ex-muçulmano

PATRÍCIA VIEGAS

Bento XVI apelou ontem à paz no Tibete, no Médio Oriente e em África, no encerramento das celebrações pascais que decorreram sob o signo da liberdade religiosa.

"Não podemos deixar de pensar nalgumas regiões africanas, tais como o Darfur ou a Somália, no atormentado Médio Oriente e no Tibete, regiões que eu encorajo a encontrar soluções que salvaguardem a paz."

A partir do Vaticano, falando perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, à chuva, o Papa desejou uma Páscoa feliz aos milhões de cristãos de todo o mundo.

Na cidade santa de Jerusalém, fiéis católicos e protestantes celebraram a ressurreição de Cristo, no mais importante lugar religioso do cristianismo, o Santo Sepulcro, onde terá sido depositado o corpo de Jesus depois de ter sido crucificado.

O vice-presidente norte-americano, Dick Cheney, aproveitou a visita a Jerusalém e assistiu à missa. Também ele referiu a necessidade de chegar a uma solução pacífica para o conflito israelo-palestiniano.

No Sudão, relatou a AFP, milhares de cristãos reuniram-se em Cartum, apesar das discriminações que continuam a sofrer num país que é de maioria muçulmana, onde a lei que impera é a da Charia.

Também em minoria na Rússia, os católicos festejaram a Páscoa. Na China, a igreja tibetana de Cizhong, um enclave cristão com menos de mil pessoas às portas dos Himalaias, realizou um serviço religioso simples. A China foi, aliás, o tema central da via-sacra papal na sexta-feira.

No sábado, na vigília pascal, Bento XVI também cumpriu a tradição e baptizou sete adultos, um dos quais um antigo muçulmano. Magdi Allam, natural do Cairo, é editorialista do Corriere della Sera e um dos maiores críticos do islão.

Numa carta que dirigiu ao seu diário, ontem publicada, Allam afirma que, muito para além do terrorismo, "a raiz do mal é inerente a um islão psicologicamente violento e historicamente conflituoso".

Lembrando que no passado foi um "muçulmano moderado", o editorialista, de 56 anos, afirma que "se libertou do obscurantismo de uma ideologia que legitima a mentira e a dissimulação, a morte violenta (...) e a submissão à tirania".

Allam, que tem protecção policial, por causa das ameaças de morte que os seus artigos já lhe valeram, lamentou que "milhares de muçulmanos convertidos sejam obrigados a esconder a sua fé por medo de serem mortos pelos terroristas islâmicos".

E considerou que ao aceitar baptizá-lo publicamente Bento XVI "está a lançar uma mensagem explícita e revolucionária a uma Igreja que até agora foi muito prudente na conversão dos muçulmanos".

As críticas do editorialista surgem poucos dias depois de uma voz atribuída a Ussama ben Laden ter acusado o Papa de estar a liderar uma cruzada contra o islão. E ter ameaçado a Europa por causa das caricaturas de Maomé.

DN, 24-3-2008
 
Condenação global ao polémico filme de Wilders

SUSANA SALVADOR

Ao misturar terrorismo com o islão, 'Fitna' só "incita à raiva", diz a UE

"A melhor resposta é uma resposta responsável", disse ontem um dos líderes da comunidade muçulmana na Holanda sobre o filme anti-islão, publicado na véspera na Internet. Mohamed Rabbae foi mais um dos que lançou apelos à calma após a divulgação de Fitna, a curta-metragem do deputado de extrema-direita holandês, Geert Wilders. Por todo o mundo, ouvem-se palavras de condenação em relação ao filme, que mistura terrorismo com o islão.

Para o Conselho da Europa, a curta-metragem é "uma manipulação que explora a ignorância, o preconceito e o medo", enquanto a presidência eslovena da União Europeia afirmou que o filme só "incita à raiva". Por seu lado, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, diz que "nada justifica um discurso de ódio ou a incitação à violência", acrescentando que "não é a liberdade de expressão que está em jogo".

Fitna, que em árabe significa divisão, discórdia ou conflito dentro do islão, dura quase 17 minutos e foi colocado no site LiveLeak.com, que ontem já o tinha retirado "devido a ameaças ao seu pessoal". Só que entretanto, já tinha sido colocado também no famoso YouTube.

Durante a primeira metade do filme, são mostradas imagens dos atentados em Nova Iorque, Madrid ou Londres e de execuções (como a do jornalista americano Daniel Pearl) intercalados com versículos do Alcorão que incitam à violência contra os infiéis. A segunda parte é a visão de Geert Wilders de uma Holanda (e uma Europa) cada vez mais islamizada, dando a ideia da "invasão muçulmana" que tem vindo a denunciar ao longo dos anos. Os recortes de jornais são intercalados com orações ou discursos de líderes religiosos ou políticos, como o Presidente do Irão, Mahmud Ahmadinejad.

Finalmente, vê-se o livro do Alcorão e, quando a imagem fica negra, ouve-se o rasgar de uma página. Letras brancas explicam que o som é de uma página de uma lista telefónica a ser rasgada, "porque não cabe a mim [Wilders] mas aos muçulmanos rasgar as páginas odiosas do Alcorão". Noutra frase, o deputado holandês escreve também que a Europa venceu o nazismo, venceu o comunismo, devendo agora parar o islamismo.

Para o Irão, a difusão do filme foi uma "acção repugnante" que "mostra a procura de uma vingança da parte dos cidadãos ocidentais contra o islão e os muçulmanos". Por seu lado, o Paquistão chamou o embaixador holandês para exigir que Wilders seja julgado por difamação, enquanto na Jordânia os media apelaram ao boicote de produtos holandeses.

O autor do polémico vídeo rejeita qualquer responsabilidade em caso de represálias contra os interesses holandeses. "Espero que não aconteça", disse à AFP, elogiando a reacção dos muçulmanos na Holanda.

DN, 29-3-2008
 
UM APELO AO RESPEITO E À CALMA

Jorge Sampaio
Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações

Ofender parece ser o único intuito do filme recentemente lançado sobre o livro sagrado do Alcorão. No entanto, este filme poderá ser visto como uma provocação e instigar os grupos extremistas nas sociedades europeias, cuja actuação apenas visa a discriminação e a marginalização dos imigrantes muçulmanos. De igual modo, este filme ofensivo poderá contribuir para o aumento das tensões interculturais e para reforçar a percepção de que a Europa, no seu conjunto, é hostil ao Islão.

Não nos podemos esquecer que as representações distorcidas alimentam o extremismo e que este, por sua vez, parece legitimar tais distorções. É este círculo vicioso que temos de evitar e a que nos devemos opor firmemente. Temos todos a perder se não conseguirmos apaziguar de imediato esta potencial crise, que só irá agudizar ainda mais a polarização das opiniões e agravar estereótipos e equívocos que acentuam os padrões de hostilidade e desconfiança entre povos e sociedades.

A questão central é que, em muitas das nossas sociedades, existe uma tendência para o extremismo. Deveríamos evitar empolgá-la porque o extremismo em qualquer lado é extremismo em todo o lado, graças às novas tecnologias dos meios de comunicação social. Poucas pessoas se consideram extremistas, mas, na verdade, podem ser facilmente impelidas a adoptar pontos de vista extremos, quase sem se aperceberem, quando confrontadas com situações em que os seus interlocutores manifestam atitudes ou comportamentos verbais extremos.

Por conseguinte, devemos condenar firmemente este filme ofensivo.

A luta pela conquista da liberdade de expressão faz parte integrante dos princípios e valores em que assentam os países democráticos e não é negociável. Todavia, a liberdade de expressão não excluía protecção das pessoas contra o racismo nem contra uma linguagem discriminatória e xenófoba. Estamos todos de acordo em que todos têm direito à liberdade de culto e à liberdade de opinião e expressão, conforme definidas na Declaração Universal dos Direitos do Homem, mas também concordamos que a manifestação e a expressão destes direitos implicam uma responsabilidade que lhes é inerente, incluindo o respeito pelos direitos dos outros. Mais especificamente, devemos usar de uma grande sensibilidade ao lidar com símbolos e tradições que são sagrados para os outros.

Lembremo-nos que a liberdade de expressão e a protecção contra uma linguagem racista e xenófoba podem e têm de estar estreitamente associadas, visto que só as duas em conjunto conseguem dar sentido à democracia.

Por isso, é preciso lembrarmo-nos que os que mais alto gritam ou agem da maneira mais provocadora não são necessariamente representativos do grupo em cujo nome dizem falar. Os não muçulmanos nas sociedades ocidentais, na sua esmagadora maioria, não têm qualquer intuito de ofender a comunidade muçulmana; por seu turno, a grande maioria dos muçulmanos, mesmo quando são ofendidos, não considera que a violência ou a destruição sejam a forma certa de reagir.

A iniciativa das Nações Unidas da Aliança das Civilizações visa precisamente acabar com a espiral do ódio e do obscurantismo, a qual constitui uma ameaça à paz e à segurança internacionais. A Aliança aborda as causas mais profundas e mais antigas das nossas actuais dificuldades em viver em conjunto neste mundo globalizado e que se reflectem na presente situação.

É por isso que, perante esta provocação, devemos unir as nossas vozes a nível mundial para exortar e apelar à moderação e ao respeito mútuo. Para que o diálogo e a calma prevaleçam, temos de ceder a palavra à voz da razão.

Este texto vai ser colocado no site da AOC (www.unaoc.org) para ser assinado pelos seus 85 membros

DN, 29-3-2008
 
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