04 maio, 2008

 

Lusofonia


não é só som...




http://br.youtube.com/watch?v=1soCYuThfAE
http://br.youtube.com/watch?v=AFc79UKPvXA
http://br.youtube.com/watch?v=xNjwQzVAwqM

http://www.acaminhodalusofonia.org/

http://pt.wikipedia.org/wiki/CPLP
http://www.cplp.org/


Decreto do Presidente da República n.º 47/2008, D.R. n.º 141, Série I de 2008-07-23

Presidência da República

São ratificadas as Emendas aos Estatutos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), resultantes da adopção da Resolução sobre o Estabelecimento da Assembleia Parlamentar da CPLP na XII Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP, realizada em Lisboa, em 2 de Novembro de 2007, aprovadas pela Resolução da Assembleia da República n.º 30/2008, em 30 de Maio de 2008

Resolução da Assembleia da República n.º 30/2008, D.R. n.º 141, Série I de 2008-07-23

Assembleia da República

Aprova as Emendas aos Estatutos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), resultantes da adopção da Resolução sobre o Estabelecimento da Assembleia Parlamentar da CPLP na XII Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP, realizada em Lisboa, a 2 de Novembro de 2007

Comments:
TV Galiza produz série sobre lusofonia

MARIA JOÃO ESPADINHA

A Televisão da Galiza (TVG) apresentou, ontem, a série documental Terras de Acolá. Uma produção que o canal vai estrear a 1 de Março. Por cá, a RTP1 é a televisão responsável pela sua transmissão, por enquanto, ainda sem data de estreia prevista. Mas, "vai ser no princípio de Março, em horário nobre", garantiu ontem José Fragoso, director de programas da estação pública, durante a apresentação da série.

Terras de Acolá é "uma visão exterior sobre a realidade da nossa língua, sobre os nossos países", elogiou o Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Luís Fonseca. Criticando que "entre os órgãos dos nossos países não tem havido muitas iniciativas deste género".

A série de documentários é constituída por 13 capítulos de 26 minutos cada. Ao longo de dois anos e meio, Luís Menéndez, director do documentário, percorreu os oito países retratados. No final ficou a sensação de que "é impossível agradecer por tantos frutos colhidos" e "a vontade de ficar mais tempo em cada lugar".

Três episódios de Terras de Acolá são dedicados a Portugal continental e um outro às ilhas atlânticas. O Brasil será tema de dois episódios, enquanto os países africanos lusófonos - Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe - vão ser apresentados num capítulo cada. Timor-Leste marca presença também num episódio. A série termina com um especial dedicado à Galiza e às relações galaico-portuguesas.

O director-geral da Companhia da Radio e Televisão da Galiza, Benigno Sanchéz, fez questão de sublinhar que este tipo de programa deve fazer parte do serviço público. "Como emissoras públicas que somos, temos o dever de informar mas, sobretudo, de formar e educar os cidadãos", disse referindo-se à TVG e à RTP. Quanto à colaboração com a televisão estatal portuguesa, Benigno Sanchéz explicou que é "o caminho para trabalhos conjuntos, um intercâmbio de programas muito importante".

Já Jesus Manuel Iglesias, director da TVG, revela existirem "muitas ideias com a RTP em cima da mesa e que não são coisas forçadas, são projectos que fazem sentido". "Queremos muito fazer coisas juntos", sublinha Jesus Manuel Iglesias (ver caixa).

Em relação à série, o director da TVG acredita que os espectadores portugueses podem pensar: "Nem parece coisa de galego." Contudo, para o responsável, "faz todo o sentido gastar dinheiro com um produção deste tipo, pois Portugal e a Galiza são dois países irmãos, com a mesma raiz linguística".

Além da emissão na RTP1, Terras de Acolá, vai ser transmitido posteriormente na RTP África e na RTP Internacional, "levando a série ao mundo inteiro", diz José Fragoso. "Queremos que isto seja um ponto de partida para um estreitar de relação entre duas televisões que têm uma grande proximidade", refere o director de programas do canal. Na sua opinião, as duas televisões públicas "devem trabalhar juntas sempre que isso possa ser útil às duas".

Esta não é a primeira parceria entre as duas estações. O concerto de homenagem a Zeca Afonso, idealizado pela TVG, que ocorreu no ano passado em Abril, foi o ponto de partida para a colaboração.

O documentário Terras de Acolá também não é uma iniciativa inédita. A ideia surgiu após as produções Terras de Merlin, sobre os países celtas, e Terras de Leste, que retratou os novos países da UE.

Com A. B. F

DN, 21-2-2008
 
Venezuela, Ucrânia e Croácia querem ser da CPLP

JORGE FIEL

Subitamente, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa tornou-se um clube muito requisitado. Há dois anos, a Guiné Equatorial e o Maurício entraram, com o estatuto de países associados. Este ano, será a vez do Senegal. Na lista de espera, estão países do Leste e América Latina

Português pode ser língua oficial na Guiné Equatorial

O Senegal vai tornar-se este mês o terceiro país adquirir o estatuto de observador associado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), mas a lista de espera é longa e inclui nações de geografias tão improváveis como o Leste europeu.

Ucrânia, Croácia e Venezuela já fizeram chegar o seu interesse ao 32 da Rua de São Caetano, à Lapa, em Lisboa , onde a CPLP está instalada num palacete novecentista cedido pelo Governo português.

Constituída há 12 anos, com sete países de língua oficial portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe), a CPLP alargou-se a oito, em 2002, com a adesão de Timor-Leste.

Em 2006, na Cimeira de Bissau, a comunidade aceitou os seus dois primeiros países associados: Maurício e Guiné Equatorial.

Maurício (país do Índico usualmente designado como Maurícias) é habitado por duas comunidades, uma de origem indiana e outra africana, originária de Moçambique, daí o interesse em participar na CPLP, com o actual estatuto de associado.

A Guiné Equatorial não descarta a hipótese de passar a ser o 9.º membro efectivo, depois de acrescentar o português às suas duas línguas oficiais; castelhano e francês.

Antiga colónia portuguesa, foi objecto, no século XVII, de um negócio com a Espanha, que. em privado, o Presidente da Guiné Equatorial faz questão de lamentar. Em troca, Portugal recebeu da Coroa espanhola um território na América do Sul que foi integrado no Brasil.

Na Cimeira de Lisboa, que terá lugar no Centro Cultural de Belém, nos próximos dias 25 e 26, será a vez da formalização da adesão do Senegal.

Mas na próxima cimeira de chefes de Estado, a realizar em Luanda em 2010, já deverá ser necessário pôr mais lugares à mesa.

"Temos sido abordados por diversos países que exprimiram informalmente o seu interesse em aproximarem-se e solicitar o estatuto de associados", reconheceu o embaixador Luís Fonseca, o diplomata de Cabo Verde que é secretário executivo da CPLP desde há quatro anos.

O embaixador escusou-se a nomear os país interessados, que são essencialmente de duas origens geográficas: Leste da Europa e América do Sul.

No continente sul-americano, a CPLP é atraente aos olhos de todos os países que fazem fronteira com o Brasil: Argentina, Bolívia, Colômbia, Guiana Francesa, Guyana, Paraguai, Suriname, Peru, Uruguai e Venezuela, em particular deste último onde existe uma forte comunidade portuguesa e o presidente Chávez se encontra em rota de colisão com o Governo de Madrid.

Ucrânia e Roménia são dois candidatos óbvios, devido aos laços que estreitaram com Portugal através de fluxos migratórios. Menos óbvio é o interesse croata.

O forte crescimento do Brasil e Angola ajuda a perceber esta explosão de interesse que a CPLP está a despertar em diversos cantos do Mundo.

Com o preço do barril do brent a roçar os 150 dólares, há muita gente a querer ser amiga de uma comunidade em que metade dos seus membros têm petróleo (Brasil, Angola, Timor e São Tomé).

DN, 16-7-2008
 
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é a mais importante herança que chegou até aos nossos dias do mais glorioso período da nossa História, quando, nos séculos XV e XVI, os navegadores portugueses deram novos mundos a conhecer ao mundo.

Os 244 milhões de falantes de português, espalhados por quatro continentes (Europa, África, América e Ásia), são filhos desta gigantesca epopeia de um pequeno país europeu, que contava à época com menos de um milhão de habitantes.

A língua portuguesa, que Pessoa identificou como a nossa pátria, é o tema central da VII Cimeira da CPLP, que vai reunir no final deste mês, em Lisboa, os chefes de Estado dos oito países lusófonos.

A criação de um Fundo da Língua, que invista o dinheiro necessário para aumentar a importância do português no mundo (o que passa, entre outras coisas, por o tornar língua oficial da ONU), é uma das resoluções que sairão da Cimeira de Lisboa e devem ser saudadas por todos nós.

Na Cimeira de Lisboa, o Senegal vai juntar-se à Guiné Equatorial e ao Maurício como membro associado da CPLP, um grupo que poderá alargar-se em breve a outras latitudes, como o Leste europeu.

O facto de quatro dos oito países da CPLP terem significativas reservas de petróleo não deverá ser estranho a este súbito interesse que a CPLP está a despertar. Trata-se de uma maré que Portugal e os seus sete países irmãos têm a obrigação de saber navegar - com proveito para todos.

DN, 25-7-2008
 
Língua não garante a integração de comunidades lusófonas

ISADORA ATAÍDE

Vilma Furtado, 26 anos, nasceu em Lisboa. Filha de pai cabo-verdiano e mãe são-tomense, diz estar em busca da sua "identidade cultural". A angolana Ludmila Gualdino, 22 anos, veio para Portugal na adolescência para estudar. Conta ter "sofrido" para se integrar, mas hoje afirma que Lisboa é a sua casa. Laura Pacheco, 26 anos, é carioca. Há ano e meio atravessou o Atlântico para estudar joalharia. Gostou do país e promete ficar. Para além da língua portuguesa, as três jovens compartilham a opinião da insuficiência do idioma como factor de integração em Portugal para aqueles que fizeram do país a sua casa.

"Quando fui procurar o meu primeiro emprego a pessoa que entrevistou-me disse que a minha 'raça' tinha dificuldades para dominar a língua. Eu respondi que era portuguesa, que só raça apenas a humana e que havia terminado o 12.º ano com 17 pontos em Português. Em Portugal os cabo-verdianos, nascidos ou de segunda geração, têm muitas dificuldades, a maioria trabalha como empregado de mesa", observa Vilma.

Ludmila começa em Setembro o curso superior em Gestão de Recursos Humanos. Apesar de os pais, que vivem em Luanda, a ajudarem com as finanças, ela trabalha como operadora de telemarketing. "Noutro dia uma cliente insatisfeita perguntou o meu nome e depois disse que um atendimento daquele género só poderia ser feito por uma 'preta'. Isso é preconceito, fiquei muito maldisposta", relembra a jovem.

Depois de viver seis meses com o dinheiro que trouxe do Brasil, Laura teve de encontrar emprego no comércio para custear a formação em joalharia. "O meu visto é de estudante, o que a rigor me impede de trabalhar, por isso não consigo contrato. Mas sem contrato não consigo um visto de trabalho. Demorei seis meses para renovar o meu visto, creio que os portugueses estão a fechar as portas para os imigrantes, pois já há muita gente no país."

Para além dos sotaques diversos, as raparigas circulam em espaços diferentes, escutam a música do seu país, namoram conterrâneos e na culinária privilegiam o cardápio da terra natal. "Os negros juntam-se logo, a nossa afinidade é natural", argumenta Vilma. Laura também não fez amigos portugueses. "Os portugueses são muito fechados, é mais difícil criar intimidade. Os amigos são os do trabalho, todos brasileiros, com quem me reúno e passeio." Ludmila pondera sobre a importância dos que emigram fazerem um "esforço" para se adaptar ao novo lar. "Quando se troca de país, cabe a nós próprios adaptar-se. Tenho amigos de todos os tipos, portugueses, brasileiros e cabo-verdianos. Oiço música angolana e a batida portuguesa, como bacalhau e muamba de galinha. Os meus namorados é que sempre foram angolanos."

DN, 25-7-2008
 
PORTUGAL GLOBAL?

Manuel Maria Carrilho

A última década foi marcada pelo confronto entre duas perspectivas, uma que detectava na globalização a raiz de todos os males do mundo e outra que lhe atribuía todas as virtudes, transferindo para o nível global a incantatória retórica do mercado.

Os factos vieram mostrar o simplismo destas perspectivas, bem como a crescente complexidade do fenómeno. Eles vieram sobretudo evidenciar uma enorme alteração na correlação de forças a nível mundial entre os países que dominaram a economia do século XX e os países emergentes, que subitamente abriu uma nova era no acesso aos recursos naturais tão fundamentais como escassos: energia, bens alimentares, etc.

Mas os factos vieram também revelar que a globalização do século XXI não será só política, nem apenas económica, e que ela comporta cada vez mais um terceiro pilar, que podemos chamar "cultural". A atenção a este pilar é fundamental, nomeadamente para a paz e a cooperação no mundo, porque só ele pode atenuar os atritos, as tensões e as conflitualidades que a ameaçam.

É que o fim das distâncias físicas que a revolução tecnológica propiciou nas últimas décadas, e que se desenvolveu em paralelo com a globalização, revelou também, ao mesmo tempo, a incontornável importância das diferenças civilizacionais e culturais, assim como as suas imensas e inesperadas consequências. Tanto o "11 de Setembro" como a invasão do Iraque são, deste ponto de vista, factos que devem ser vistos como indícios dos enormes riscos que o mundo corre com uma globalização sem dimensão cultural, comunicacional e civilizacional.

Neste contexto, a Cimeira da CPLP, que nestes últimos dias esteve reunida em Lisboa e que abre um período de dois anos em que a presidência da comunidade é assumida por Portugal, pode adquirir um novo e importante significado. E o Governo português, com a recente aprovação de uma "estratégia de desenvolvimento e promoção da língua portuguesa", e com a criação de um fundo de 30 milhões de euros para a apoiar, parece tê-lo compreendido.

Como há dias lembrava José Carlos Vasconcelos (um dos mais persistentes defensores desta causa) já se perderam demasiadas oportunidades, nomeadamente quando, depois da 1.ª Cimeira de Ministros da Cultura da CPLP, realizada no Estoril, em 2000, se abandonou o programa nela aprovado. O importante é que, agora, ao assumir-se um tal desígnio, não se caia numa visão economicista de curto prazo, que as dificuldades circunstanciais podem estimular. E que se compreendam dois pontos decisivos que Eduardo Prado Coelho sublinhou num dos seus lúcidos textos sobre esta matéria. O primeiro é não se pode "separar uma política da língua de uma política de cultura, que as duas têm o destino ligado". E o segundo é que, "se queremos desempenhar adequadamente o nosso papel no espaço da lusofonia, temos de reforçar a nossa integração no espaço europeu e procurar que a construção europeia ganhe uma assumida e expansiva dimensão cultural". (O Cálculo das Sombras, pp. 103/104).

É que, em matéria de língua, não há "valor económico" sem uma robusta base cultural - a francofonia e a hispanofonia aí estão a demonstrá-lo todos os dias. A alavanca de qualquer "estratégia de promoção da língua portuguesa" está, na verdade, fora dela: está na literatura, no cinema, no teatro, na música, no audiovisual, etc. Está nos contactos, nas itinerâncias e nas parcerias que, nestas áreas, têm de ser estruturais e exemplares. Está tanto na criação como no comércio, no ensino como no investimento. E está também na construção de um "espaço público" comum, sem o qual nenhuma comunidade... comunica.

A prova da verdade de uma política da língua faz-se em todos estes domínios, porque a "língua" não é uma essência, nem uma herança à margem do tempo, mas uma criação contínua que exprime a vida dos indivíduos e das comunidades. O que implica, ainda, o entrosamento de todas estas dimensões com o mundo de possibilidades que a televisão, a Internet e outros meios tecnológicos hoje proporcionam. Se assim não for, nenhuma estratégia, por mais bem-intencionada que seja, sai do século passado...

A equação é esta: para se avançar na lusofonia, Portugal tem de crescer em cosmopolitismo, o que por sua vez exige um efectivo reencontro com as suas raízes históricas mundiais. É isto que está por fazer, e não pode ser adiado. É que, se o negócio anima o momento, só o fio da história garante o futuro.

O que está em causa não é uma questão de "passar à acção", como tantas vezes se diz com aquele voluntarismo fácil que não passa, afinal, de uma confissão de impotência. O que está em causa é agir com uma visão da lusofonia à altura dos desafios actuais, o que implica que se dê à CPLP não só uma efectiva ambição política mas também os meios para a concretizar. Sem isso, tudo não passará, mais uma vez, de uma passageira bruma de Verão. Será desta?

DN, 26-7-2008
 
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