05 junho, 2008

 

5 de Junho


Dia mundial da ecologia



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Os dez mandamentos 'heréticos' do ambiente

PEDRO SOUSA TAVARES

Desde os benefícios das centrais nucleares até às vantagens dos organismos geneticamente modificados são várias as 'verdades' ditas sobre ambiente. O DN pediu o comentário de Viriato Soromenho Marques

Chineses são grande esperança nas tecnologias

As centrais nucleares são uma óptima fonte de energia amiga do ambiente. Se quer mesmo reduzir as emissões de CO2, compre um carro em segunda mão em vez do novíssimo e famoso híbrido Prius. As florestas milenares contribuem para o aquecimento global e um desbaste esporádico não lhes faz mal nenhum. Os chineses são a grande esperança em termos de tecnologias mais ecológicas e os aparelhos de ar condicionado são mais favoráveis ao ambiente que os tradicionais aparelhos de aquecimento. Estes são alguns dos 10 mandamentos ambientais politicamente incorrectos que, segundo um artigo da revista norte-americana Wire, temos de acatar se queremos mesmo salvar o Planeta. O DN falou com Viriato Soromenho Marques, coordenador científico do Programa Gulbenkian Ambiente, para saber se estamos perante verdades ou meras heresias sensacionalistas.

Viver nas cidades é melhor para o ambiente que nos subúrbios

A tese é fácil de explicar: quanto mais nos aproximamos dos meios naturais, mais pressão exercemos sobre estes. Logo, mais vale deixá-los em paz concentrando o mal num só espaço. Para Soromenho Marques a tese é "óbvia". Infelizmente, como veremos por alguns dos exemplos seguintes, é uma das raras bases verdadeiras que a revista usa para produzir o que classifica como "um mau exemplo de sensacionalismo pseudocientífico".

Aparelhos de ar condicionado emitem menos CO2 do que aquecimentos

O especialista não fez comentários específicos a esta afirmação. Arriscamos dizer que, embora verdadeira à partida esta afirmação, a teoria dependerá sempre do uso que for feito dos equipamentos, da sua qualidade e dos respectivos gastos energéticos.

Agricultura convencional pode ser menos exigente que a biológica

O argumento assenta na eficácia das colheitas. Apesar de não recorrer a fertilizantes e pesticidas, a agricultura biológica é menos eficiente em termos de produtividade. Por isso, seria necessário ampliar os terrenos agrícolas, destruindo muitas áreas naturais, para alimentar o mesmo número de pessoas. O especialista não fez nenhum comentário específico.

Deve extrair-se madeiras das florestas milenares

Esta é uma das afirmações que encaixam no tipo de "mandamentos" que Viriato Soromenho Marques não considera mais do que "inferências falaciosas a partir de situações concretas de validade mais do que duvidosa".

China é o país mais avançado em fontes alternativas de energia

Temos muito medo da "factura ambiental" que o galopante crescimento económico da China poderá implicar, mas a verdade é que este país é o mais avançado em termos de desenvolvimento de fontes alternativas de energia. Sem comentários do especialista, limitamo-nos a esperar que esta visão optimista possa mesmo corresponder à verdade.

Organismos geneticamente modificados podem beneficiar o ambiente

Esta verdade é explicada porque os organismos geneticamente modificados (OGM) conduzirão ao desenvolvimento de culturas "supereficientes" que reduzirão as emissões de gases causadoras do efeito de estufa. É uma tese "falsa", diz Viriato Soromenho Marques. A tese oposta, defendida pela generalidade dos ambientalistas, diz-nos que os OGM ameaçam a diversidade das espécies existentes na natureza e na agricultura tradicional. Dizem ainda que estes organismos podem conduzir a fomes, se forem atacados por pragas específicas que outras colheitas poderiam ser imunes.

Créditos de carbono são boa ideia que simplesmente não funciona

Os "créditos de carbono", permitindo aos países comprarem ou venderem parte das respectivas quotas de emissão de CO2 são uma boa ideia que, pura e simplesmente, não funciona. Para Soromenho Marques isto não são mais de "meras opiniões mascaradas de certezas".

Centrais nucleares são a forma mais amiga do ambiente para produzir energia à escala industrial

A teoria não é nova: até já houve quem a defendesse em Portugal recentemente. Mais uma vez a sua lógica aparente é simples: com a eficácia das centrais nucleares, baixa a dependência de energia obtida a partir de combustíveis fósseis. Para o especialista esta é uma tese "falsa". O futuro passa por energias que, além de eficazes, não acarretem riscos tão elevados, por maior que seja o grau de segurança.

Carros usados menos nocivos que híbrido 'Prius'

Se queremos emitir menos gases nocivos para a atmosfera, mais vale comprar um carro usado do que recorrer ao famoso híbrido Prius. "Falso", diz o especialista. A tese deriva de críticas que surgiram na imprensa sobre a poluição emitida ao longo do processo de desenvolvimento e fabrico do Prius, que não compensaria os ganhos na poupança de combustível.

Alterações climáticas são inevitáveis

"Infelizmente, diz Soromenho Marques, "a moral da história está nesta última tese", que "explica a razão porque este tipo de 'informação' é veiculado por essas revistas: o convite ao conformismo, ao cinismo e à apatia ética". É verdade, diz, que as alterações climáticas são inevitáveis, "até por já estarem em curso". Mas quererá isto dizer que mais vale cruzarmos os braços: "A questão é a de saber até onde queremos chegar. Há uma diferença infinita entre um aumento médio da temperatura de 2ºC ou de 4ºC", diz. "Ao esquecer convenientemente essa verdade incómoda, o decálogo da 'wired' limita-se a ser mais uma peça ao serviço dos interesses dos que querem que nada mude."

DN, 8-6-2008
 
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