14 junho, 2008

 

Dos


cavalos




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Guerra de vizinhos termina com chacina de dez garranos

PAULO JULIÃO, VIANA DO CASTELO

Paredes de Coura. Suspeitas recaem sobre homem que já matara três potros

Raça autóctone protegida ameaçada de extinção com a morte dos cavalos

Com os olhos envoltos pelas lágrimas, Miguel vê as carcaças putrefactas dos cavalos que a família, de Paredes de Coura, criou durante anos serem carregadas para o último destino. Ao todo foram dez, mortos a tiros de zagalote. As suspeitas recaem sobre um vizinho.

"No ano passado matou-me três potros e disse que ia acabar com os outros. Parece que cumpriu a ameaça", contou ao DN o proprietário, reconhecendo que não foi apresentada queixa por temer "mais represálias". "Temos um suspeito, mas ainda não as provas. Estou chocado porque foram os animais a pagar uma guerra de vizinhos", diz Miguel Araújo, revoltado com o cenário de carcaças amontoadas que enfrentou. Suspeitas que ontem mesmo participou à Guarda Nacional Republicana (GNR). Ao todo foram mortalmente atingidos com tiros de zagalote - uma arma de caça automática de cinco cartuchos -, uma dezena de garranos, com idades entre um e sete anos, em dois lugares vizinhos da freguesia de Bico, Paredes de Coura.

Tudo terá acontecido entre as 16.00 e as 17.30 de segunda-feira. "Ouvimos os tiros e viemos para cá. Um dos animais fui eu a matá-lo para acabar com o sofrimento dele", desabafa Miguel. Escaparam apenas duas crias. A família tem mais de uma centena de cavalos que, sendo sua propriedade, pastam livremente pelos montes da freguesia, integrada na Área Protegida de Corno de Bico.

Na origem deste incidente admitem que terá estado o facto de os cavalos invadirem terrenos, no monte, do alegado suspeito. "Os cavalos não fazem mal a ninguém, até fogem das pessoas e comem o pasto que ia arder nos incêndios. Se isto é uma zona protegida então não tem que ter animais selvagens?", sustenta este operário da construção civil que, aos 28 anos, vê na criação de cavalos garranos a sua paixão. "Todo o tempo que me sobra é para cuidar deles. Tenho mais de 40 cavalos, 35 cabras e dez vacas".

Cada cavalo garrano pode ser vendido a cerca de 400 euros, sendo, sobretudo no Minho, um negócio de família. Os animais passam os dias a pastar no monte, isolados, onde pernoitam ao relento. "São livres, apesar de terem donos, que assumem os estragos que fazem", garantiu ao DN o tenente Ricardo Cortinhas, da GNR. "Temos registado, com alguma regularidade, acidentes de viação provocados pelos garranos e estragos em culturas. Desde que os cavalos estejam registados, como é obrigatório, os donos são sempre responsabilizados", disse.

Miguel Araújo admite que "nem sempre é fácil vigiar os animais", mas assegura que, para além dos registos de veterinários e da Associação de Garranos, até os seguros estão em dia. "Qualquer prejuízo que façam assumimos a responsabilidade. Mas não podem estar presos porque são selvagens". Há pouco mais de um ano na actividade, Miguel diz ter apresentado um pedido para os habituais subsídios do ministério, para a criação desta raça protegida, mas ainda sem sucesso. "Não recebi nada, nem sei quanto tenho que receber. Fiquei sem os animais e sem o dinheiro".

Fonte da GNR ligada às investigações confirmou ao DN que "foram recolhidos indícios" nos dois locais onde apareceram mortos os cavalos, no limite entre os concelhos de Arcos de Valdevez e Paredes de Coura. Tudo aponta para um cenário de "premeditação", mas a GNR não avança mais pormenores. Para além da brigada ambiental e do Núcleo de Investigação Criminal da GNR, o caso foi também participado ao Instituto de Financiamento à Agricultura e Pescas, que removeu as carcaças para uma incineradora de Santa Maria da Feira.

DN, 5-6-2008
 
Os últimos cavalos

SUSANA PINHEIRO, Braga

Garrano. Vivem livres nas serras do Noroeste de Portugal. Mas são tão poucos que a qualquer altura podem desaparecer. A luta pela preservação deste cavalo selvagem, "de pequeno porte mas robusto", vai conhecer novo impulso com a criação este ano do Centro Nacional do Garrano

Actualmente só estão identificados 1600 animais

Há muito que a ameaça de extinção paira sobre os cavalos de raça garrana - actualmente 1600 estão identificados, mais de 95% deles em liberdade nas serras de Arga, Amarela, do Gerês e da Cabreira. Tudo por causa da redução do habitat e, sobretudo, do seu grande inimigo - o lobo. "Mais de metade dos poldros são predados por lobos", afirma José Leite, da Associação de Criadores de Equinos de Ra- ça Garrana de Vieira do Minho (ACERG).

A luta pela manutenção e protecção deste "cavalo de pequeno porte, mas robusto", como o descreve o veterinário José Leite, é constante. "O número de animais é tão reduzido que, a qualquer altura, podem desaparecer", realça o dirigente da ACERG - entidade fundada em 1990, responsável pelo registo zootécnico e livro genealógico da raça. "Há uma grande pressão de predação pelo lobo-ibérico" - também ele em extinção -, que anualmente dizima "mais de metade dos poldros em liberdade", alerta.

A morte esta semana, a tiro de zagalote, de dez animais, vítimas de uma "guerra de vizinhos", tornou o futuro da espécie - uma das três existentes no País - ainda mais periclitante.

Anualmente, são identificados no livro de nascimento, com a letra do ano - este ano é o D - e com o número sequencial, 600 garranos (a maioria está em liberdade e o resto estabulado). "Destes 600, só uma pequena parte entra no livro de adultos - a partir dos três anos para as éguas e quatro para os garanhões", explica. "Nessa altura, colocamos, na coxa direita, o símbolo da raça, que é um canastro ou espigueiro com um G desenhado no interior. Só os animais com este símbolo são garranos", esclarece. Existe ainda o livro de mérito.

Segundo este defensor dos garranos, "a raça autóctone não estava oficialmente reconhecida antes de 1993". Foi nesse ano que a ACERG e o Serviço Nacional Coudélico (SNC) definiram o padrão da espécie que viria a servir de base ao respectivo registo zootécnico e plano de conservação.

E afinal qual é o perfil de um garrano? Pelagem castanha e nos animais adultos a altura ao garrote ser inferior a 1,35 cm, além de a cabeça ser recta ou côncava. Por norma, são nobres, dóceis, com muita vivacidade e fáceis de ensinar, rápidos e resistentes. Têm um variado potencial: equitação, manutenção dos ecossistemas de montanha e atrelagem.

"Só entram no livro genealógico os animais que parecem ser os melhores", refere José Leite. A ACERG fez o levantamento dos animais existentes. O primeiro grupo foi identificado na serra da Cabreira, em 1994: 64 fêmeas e dois machos. Agora são 1480 éguas e 120 garanhões, 95% deles em liberdade no Noroeste de Portugal: serras de Arga, Amarela, do Gerês e da Cabreira. Também vivem livremente em Castro Laboreiro, Cruz Vermelha e Montalegre (Salto e Outeiro). Costumam andar em eguada: um garanhão com 30 a 40 éguas. Mas a líder é uma delas - comanda e escolhe os prados -, enquanto o macho as defende do ataque dos lobos e dos outros garranos, explica a engenheira Conceição Silva. Esta representante da ACERG diz que "o macho expulsa os filhos (machos e fêmeas) quando têm mais de dois anos, que depois integram outros grupos".

Um número reduzido de garranos encontra-se estabulado, na Quinta do Sancho, em Barcelinhos, concelho de Barcelos, pertencente à Fundação Alter Real - esta superintende a criação cavalar em Portugal. Este centro de melhoramento da raça já existe desde 1970 para combater a extinção.

É um "depósito" de garanhões de raça garrana que podem ser requisitados por parte dos criadores para cobrição das eguadas". É o engenheiro Miranda Lopes, desta quinta estatal, que selecciona os melhores reprodutores para "beneficiar" as fêmeas, e os melhores animais para ali ficarem. Estes últimos são adestrados "nas suas funções como cavalos de sela e de atrelagem". Os restantes são leiloados.

"Em média, um garanhão pode custar 750 euros e uma égua cerca de 500 euros", adianta Miranda Lopes. De referir ainda que neste centro os animais estabulados são testados genética e morfologicamente, conclui José Leite, que "superintende o melhoramento da raça, cumprindo os normativos firmados pela Fundação Alter Real".

DN, 8-6-2008
 
Mais cinco garranos mortos a tiro no Minho

ALFREDO TEIXEIRA

Animais apareceram mortos em Mourim

É a segunda chacina de cavalos este mês. PJ investiga crimes

A morte a tiro de mais cinco cavalos de raça garrana verificada há duas semanas em Mourim, concelho de Melgaço, está a ser investigada pela Polícia Judiciária. Os animais, abatidos com disparos de caçadeira a curta distância, foram transportados para Viana do Castelo onde foram analisados e autopsiados por um veterinário à ordem do processo ordenado pelo Ministério Público. É o segundo caso em poucas semanas: no início de Junho dez garranos foram chacinados, igualmente a tiro de caçadeira, em Paredes de Coura, também no Alto Minho.

De acordo com Pedro Alarcão, um naturalista residente em Melgaço que se dedica à investigação de alcateias de lobos na zona, os cavalos são, geralmente, mortos por proprietários de terrenos agrícolas. "Os garranos saltam os muros e comem as produções agrícolas, milho, hortícolas ou pastos, o que os deixa furiosos", sublinha.

Na sua opinião, o assassínio de garranos é, não só um crime contra a natureza, mas também, um contra-senso. "Os donos dos terrenos deveriam prender os animais, chamar o dono e pedir uma indemnização, o que não acontece se os matarem", acentua. Pedro Alarcão, que utiliza o cavalo de raça garrana na empresa de turismo de montanha que possui na zona, sublinha que, além das mortes a tiro, não tem havido envenenamentos, como sucedia outrora.

Os diversos postos da GNR no Alto Minho têm recebido "inúmeras denúncias" de proprietários agrícolas, alarmados com os danos que os animais provocam em culturas agrícolas e que aumentaram com os incêndios dos últimos anos, e a consequente falta de pastos em zonas de montanha. No entanto, como afirmou ao DN fonte do Posto Territorial de Valença, "casos como estes de abate de animais só agora começam a aparecer".

As mortes de garranos no Alto Minho agudizam a ameaça de extinção daquela raça, que neste momento já conta com menos de 2000 animais. Segundo Vítor Barros, presidente da Fundação Alter Real,o garrano é uma raça "muito ameaçada", precisamente por contar com poucos exemplares, pelo que foi classificada como espécie protegida. "Os dez cavalos vítimas da chacina no início de Junho em Paredes de Coura representavam mais de 0,5 % do total de garranos existentes em Portugal", salientou.

DN, 26-6-2008
 
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