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"Se não podemos vencê-los ... vamos comê-los"

MÁRIO RUI FONSECA

Ferreira do Zêzere quer transformar o lagostim-vermelho-do-rio num "produto turístico inovador".

Até ao fim do mês, ao fim-de-semana, seis restaurantes do concelho decidiram incluir esta iguaria nas suas ementas. "Se não podemos vencê-los, vamos comê-los" foi o nome dado à iniciativa, promovida pela Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere com a justificação de que o evento alia "preocupações ambientais à vontade de descobrir novos caminhos para o turismo com a criação de um produto turístico inovador".

Desde as empadas aos rissóis, passando pelas sopas, saladas frias, pataniscas e cataplanas de lagostim, os restaurantes aderentes introduziram também alguma sofisticação na preparação do crustáceo como poderá ser conferido através dos lombinhos de lagostim salteados com alho crocante, na açorda de ovas de peixe do Zêzere com lagostim-do-rio ou no creme de lagostim com medalhões de tamboril.

Olinda Parente, coordenadora do I Festival Gastronómico de Lagostim de Rio, disse ao DN que o certame "pretende ser um incentivo à riqueza e diversidade gastronómica através da criação de novos pratos com base num recurso natural pouco valorizado e que existe em abundância".

"A qualidade das águas" da albufeira de Castelo do Bode, que abastece mais de dois milhões de habitantes, "é óptima para a reprodução" do lagostim-vermelho, considerado uma "praga" por biólogos e pescadores mas conhecido como "o caviar dos crustáceos" na França, Alemanha, Estados Unidos e China. A sua utiliza- ção na gastronomia remonta à Idade Média, em que era um alimento muito usado pelos monges durante os períodos de jejum.

DN, 13-4-2008