18 junho, 2008

 

Poder

militar

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Pompa e poder militar regressam a Moscovo

ABEL COELHO DE MORAIS


Praça Vermelha voltou a ver mísseis estratégicos e carros de combate

Mais de oito mil soldados em uniformes novos, tanques T-90, helicópteros de combate e bombardeiros estratégicos, mísseis intercontinentais Topol-M - desde os tempos da ex-União Soviética que não se via em Moscovo uma parada com uma tal exibição de poder militar.

O desfile de ontem na Praça Vermelha assinalava a vitória sobre o nazismo em 1945, mas cumpriu ainda uma segunda missão, sintetizada por um cadete da prestigiada escola militar de Souvorovskoe ouvido pela AFP. "É a primeira vez em 18 anos que trazemos armas pesadas para a Praça Vermelha. É importante: mostra que estamos em condições de nos defendermos", afirma o jovem.

O desfile, de mais de uma hora, foi marcado por uma intervenção do novo Presidente, Dmitri Medvedev, em que este insistiu que "as pretensões à excepção mundial" são fonte de "ameaças como na época do III Reich", alusão indirecta à actuação dos EUA no plano internacional.

Para Medvedev, constitui um perigo à estabilidade mundial "as intenções de ingerência nos assuntos de outros Estados" - referência ao sucedido no Iraque e às mudanças políticas em Estados circunvizinhos da Rússia - ou a intenção "de reexaminar fronteiras - alusão ao Kosovo.

O início da cerimónia foi assinalado de forma teatral pelos carrilhões das igrejas do Kremlin, seguindo-se o desfile das forças em parada. Estas soltavam gritos de carga -o hurra - enquanto altifalantes bradavam sobre as qualidades tecnológicas dos carros de combate, mísseis e aviões que se sucediam sobre o pavimento ou nos céus de um dia sem nuvens.

A natureza do desfile deve ter confortado o homem da rua e satisfeito o Kremlin. Mas na Rússia há quem não tenha ilusões sobre o sucedido. Um dos poucos diários de referência, o Vedemosti, não hesitou em classificar o desfile como uma "Parada de Exportação", referência à importância da venda de equipamentos para a indústria militar russa.

Nos EUA, um porta-voz do Pentágono, em tom corrosivo, afirmou que se "querem pôr na rua o seu velho equipamento e ficam contentes por o ver, ainda bem para eles". Realista, o adido militar britânico em Moscovo, citado pelo The Guardian, comentava: "O equipamento pode ser antigo, mas uma bala de uma espingarda napoleónica ainda mata uma pessoa".

DN, 10-5-2008
 
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