26 junho, 2008

 

Feminismo


Ainda?




http://pt.wikipedia.org/wiki/Feminismo


http://colectivofeminista.blogspot.com/


http://www.congressofeminista2008.org/

http://sic.aeiou.pt/online/noticias/vida/080627_congressofeminista.htm


http://www.umarfeminismos.org/


E tudo isto para quê, se afinal as mulheres continuam a preferir os maus rapazes?

Dois novos estudos citados pela New Scientist referem os defeitos que as atraem:
- narcisismo;
- impulsividade;
- insensibilidade;
- atracção pelo perigo;
- tendência para a mentira;
- exploração do outro.
Pior. Uma das pesquisas analisou os resultados de 35.000 entrevistas em 57 países e concluiu que a tendência é transversal a todas as culturas!

Portanto...

Comments:
DEPOIS DA SR.ª CHANCELER A VEZ DA SR.ª PRESIDENTE?

Leonídio Paulo Ferreira
jornalista
leonidio.ferreira@dn.pt

Quando Gesine Schwan nasceu, Berlim era a capital de um III Reich que sonhava triunfar durante mil anos. Estava-se em Maio de 1943, a dois anos exactos do suicídio de Hitler e da tomada da cidade pelo Exército Vermelho. Foi também em 1943, três meses antes, que nasceu Horst Kohler, sétimo filho de um casal de alemães da Bessarábia, hoje Moldávia, que expulso das suas terras pelos soviéticos se fixou na Polónia recém-conquistada. E que depois da derrota final nazi se refugiou primeiro em Leipzig e finalmente na metade ocidental da Alemanha. Em 2004, estas duas crianças da Segunda Guerra Mundial disputaram a presidência do país. Ela obteve 589 votos, ele 604, entre um colégio eleitoral composto pelos membros das duas câmaras do Parlamento alemão. Agora, Schwan volta a candidatar-se pelos sociais-democratas do SPD, desafiando o segundo mandato que Kohler dava como certo. Mas o mais curioso é que se a cientista política triunfar sobre o economista, numas eleições que serão só em 2009, a Alemanha terá uma senhora presidente, depois de ter já uma senhora chanceler, Angela Merkel.

Esqueçamos a coabitação nos anos 80 na monárquica Grã--Bretanha entre Isabel II e a primeira-ministra Margaret Thatcher e estaremos perante uma situação dupla que nunca aconteceu num grande país. É claro que houve já alguns casos do género, mas em pequenos países e sempre em condições especiais: no Sri Lanka de meados da década de 90 houve uma primeira-ministra e uma presidente, mas eram mãe e filha, duas figuras da principal dinastia política dessa ilha; e na Finlândia, também duas mulheres ocuparam os cargos em simultâneo, mas apenas alguns meses de 2003. Mulheres presidentes ou primeiras-ministras continuam excepções, mesmo nessa União Europeia que nos últimos tempos tem brilhado pelos Governos com tantas ou mais mulheres que homens, como acontece na Espanha por (boa) vontade de Zapatero.

Se Schwan for eleita, e para tal precisa dos votos da esquerda pós-comunista e dos verdes, será curiosamente uma má notícia para Merkel. Primeiro, porque o candidato da democrata-cristã CDU sairá derrotado; segundo, porque reflecte uma inesperada tensão na Grande Coligação que governa a Alemanha; terceiro, porque significa que das próximas legislativas poderá sair um executivo de esquerda. Mas será uma grande notícia para o mundo em geral: a coexistência de duas mulheres no topo do poder de um dos mais poderosos países do mundo. E sem necessidade de quotas. |

(Em Portugal, tivemos durante muitos anos o caso de Maria de Lurdes Pintasilgo, primeira-ministra alguns meses em 1979 e candidata presidencial em 1986. Agora, temos também Manuela Ferreira Leite à frente do PSD, potencial partido de Governo. É bom sinal.)

DN, 2-6-2008
 
Mulheres portuguesas avançam para o topo da administração central

LUÍS NAVES

Igualdade de género. Elas ocupam 36% dos lugares cimeiros

Nos restantes indicadores elas têm péssimo acesso aos melhores lugares de poder

As mulheres portuguesas ocupam 36% dos lugares de topo da administração pública, sendo este um dos nove indicadores usados pela União Europeia para determinar a igualdade de género. Se dependesse apenas deste factor, Portugal poderia comparar-se com a Finlândia e a Suécia, embora também com vários países de leste, onde as mulheres ocupam quase metade dos lugares mais elevados da hierarquia das administrações central e regional.

Mas o cenário português é bem mais negativo nos restantes indicadores do poder. Na classificação de mulheres em funções governamentais (ministras, secretárias de Estado e governos regionais), Portugal é o terceiro a contar do fim, na Europa a 27: apenas 11% de mulheres, contra 37% na Espanha e 55% na Finlândia, onde o Governo é maioritariamente feminino. Os números também mostram que a igualdade de género fica ainda mais distante nas grandes empresas e no topo do poder judicial.

Alguns exemplos: dados do Eurostat, de 2007, mostram que Portugal é um dos piores países europeus no que respeita à proporção de mulheres nos órgãos de cúpula das empresas cotadas em bolsa. Apenas 3% dos gestores de topo são mulheres, contra uma média de 10% na UE-27, de 6% em Espanha e 24% na Suécia. Quando se contabilizam os juízes em posições poderosas (incluindo Supremo, Tribunal Europeu e Tribunal de Primeira Instância Europeu), Portugal tem apenas 5% de mulheres, contra 44% da Suécia ou 30% de média europeia.

As questões de igualdade de género são uma das preocupações da União Europeia, que lançou anteontem uma nova iniciativa, uma rede de grupos de trabalho visando promover o acesso das mulheres aos cargos de influência. Na maioria das áreas, a situação tem melhorado de forma substancial desde o início da década.

Para avaliar a situação em cada um dos Estados membros, é aplicada uma grelha de indicadores, de forma muito semelhante à da Estratégia de Lisboa, em que os países são comparados entre si. Os indicadores vão desde proporção de mulheres no Parlamento a ocupação de cargos no topo da administração pública ou nas Organizações Não Governamentais, entre outros. O nível parlamentar, por exemplo, é considerado crucial. Em 1987, havia a proporção de mulheres no Parlamento Europeu era de 17,3%; agora, subiu para 31,2%. Portugal não está distante deste valor, pois o número de mulheres na Assembleia da República equivale a 29%, acima da média dos parlamentos nacionais na UE (24%).

Segundo um relatório europeu, "As Mulheres no Processo de Decisões", que avalia os progressos e que foi agora publicado, o acesso das mulheres ao poder tem melhorado, sobretudo no nível da política regional. Esse avanço foi mais acentuado nos países escandinavos. Pelo contrário, nos países mediterrânicos e no leste europeu, existe maior desigualdade entre géneros, sobretudo no acesso a cargos de poder.

Embora Portugal seja um dos Estados da UE com maior proporção de mulheres no mercado de trabalho, os valores vão baixando à medida que se sobe na escala hierárquica. O mesmo acontece a nível europeu: 44% de mulheres na força de trabalho, mas apenas 32% em posições de gestão nas empresas de média dimensão. A Noruega (que não é membro da UE, mas participa nas iniciativas) introduziu uma quota de 40% para gestoras de empresas públicas e privadas. A Espanha pondera uma acção semelhante.

DN, 4-6-2008
 
ORANGOTANGOS

Alberto Gonçalves
sociólogo
albertog@netcabo.pt

Enquanto no Congresso Feminista, em Lisboa, Maria Teresa Horta continua a berrar por igualdade, King Kong já a obteve em Madrid. É sempre assim. Antes de se tornar uma banalidade aceite por todos, qualquer reivindicação cívica começa por ser o combate de uns escassos, e valentes, sonhadores. Às vezes, o sonho e a realidade distam séculos. Outras vezes a mudança dá-se num instante.

Ainda há dois ou três anos, o deputado socialista Francisco Garrido foi alvo de vasta chacota quando, no parlamento espanhol, propôs atribuir aos grandes símios os direitos dos seres humanos. Agora, a chacota transformou-se em razoável consenso: com a abstenção parcial do PP, a Espanha aprovou a lei que equipara orangotangos, gorilas, chimpanzés e similares ao homem. E por homem, aqui, entenda-se a humanidade em geral e não apenas o tal sr. Garrido.

Não ficou explícito se, simultaneamente aos direitos, os grandes símios passam a estar sujeitos aos deveres das pessoas, entre as quais o pagamento de impostos e a exposição a leis idiotas. Nem se explicou com clareza a razão de os pequenos símios, por exemplo, permanecerem fora do acordo. Que eu saiba, o único argumento utilizado foram os 99% de genes que orangotangos e companhia partilham connosco.

Na qualidade de possuidor voluntário de sete cães e um cágado, e senhorio involuntário do ocasional aranhiço, o avanço espanhol, embora louvável, não me satisfaz. Porquê fixar o limite nos 99%? Cachorros, cágados, saguis, ovelhas, trutas, moscas da fruta e a esmagadora maioria das espécies têm, ao que consta, mais de 90% do nosso código genético. Não há nenhum motivo para que permaneçam discriminadas, donde a necessidade de prosseguir a luta.

Os activistas espanhóis só podem descansar no dia em que também o esquilo ou a osga beneficiem de plena cidadania e do respeito que os homens, as mulheres e os chimpanzés de Castela e da Catalunha hoje merecem. Mesmo que, como devotado apreciador de bichos, eu duvide que estes ganhem em ser salvos dos tarados que os torturam para acabarem governados pelo sr. Zapatero. Afinal, os pobrezinhos não o elegeram, direito que, insisto, lhes devia assistir sem demora.

DN, 29-6-2008
 
HERMENÊUTICA FEMINISTA DAS RELIGIÕES E SEUS TEXTOS

Anselmo Borges
padre e professor de Filosofia

Convidado para intervir no Congresso Feminista, na Gulbenkian, na semana passada, comentando intervenções sobre "Mulheres e Religiões", tentei apresentar alguns princípios de hermenêutica feminista das religiões e dos seus textos.

Pressuposto essencial é, evidentemente, a compreensão de que os textos sagrados não são ditados de Deus, tornando-se, pois, claro que, sem interpretação, eles se convertem, inevitavelmente, em textos fundamentalistas. Os textos sagrados têm de ser lidos de modo crítico e situados no seu contexto histórico.

Um livro sagrado, por exemplo, a Bíblia, só tem validade última e só encontra a sua verdade adequada enquanto todo e na sua dinâmica global. A argumentação com fragmentos pode por vezes tornar-se inclusivamente ridícula. Assim, princípio hermenêutico essencial e decisivo das religiões e dos seus textos é o do sentido último da religião, que é a libertação e salvação. O Sagrado, Deus, referente último do religioso, apresenta-se como Mistério plenamente libertador e salvador. É, pois, à luz desta intenção última que as religiões e os seus textos têm de ser lidos, concluindo-se que não têm autoridade divina aqueles textos que, de uma forma ou outra, se apresentam como opressores e discriminatórios. Então, não sendo normativos, deverão ser evitados nas celebrações religiosas.

É claro que a hermenêutica feminista tem de ser uma hermenêutica da suspeita. Não é de suspeitar que religiões orientadas por homens e textos que têm homens como autores maltratem as mulheres, lhes sejam pouco favoráveis e as tornem invisíveis, as considerem inferiores e as coloquem em lugares subordinados?

Ela é também uma hermenêutica da memória. Lembra as vítimas, todas as vítimas. Exige, portanto, uma leitura da História no seu reverso, que é a História dos vencidos. Normalmente, o que aparece é a História dos vencedores, onde, por isso, não cabem as mulheres nem as vítimas do sistema. Mas, como escreve Juan Tamayo, "a memória das mulheres vítimas do patriarcado é já em si um acto de reabilitação, de devolução e reconhecimento da dignidade negada". Na reconstrução da História, é preciso encontrar o papel das mulheres, activo e criador, mas oculto e silenciado.

A leitura feminista dos textos sagrados faz-se a partir dos movimentos de emancipação da mulher e, portanto, dentro da luta pelos direitos humanos, que, sendo indivisíveis, exigem sociedades que ponham termo a todo o tipo de discriminação, sem esquecer que as estruturas discriminatórias da mulher são múltiplas e multiplicativas, como bem viu E. Schüssler Fiorenza.

A hermenêutica feminista está particularmente atenta ao funcionamento sexista da linguagem. Atente-se, por exemplo, ao prurido auricular de expressões como: a bispa do Porto, a cardeal de Lisboa. Utilizando normalmente o genérico "homem" e "homens", nos textos sagrados, nas celebrações litúrgicas, na catequese, as mulheres são inevitavelmente invisibilizadas, esquecidas e marginalizadas.

Essa hermenêutica é particularmente crítica com as imagens patriarcais de Deus. De facto, se Deus é masculino, o homem acaba por ser divinizado. Realmente, a maior parte das imagens usadas nas religiões e nas teologias para se referirem a Deus são expressão do domínio patriarcal e acabam por legitimar religiosamente o poder dos homens. Entre as mais comuns: Pai, Rei, Juiz, Senhor, Soberano, Criador do Céu e da Terra, Omnipotente. Segundo Tamayo, a crítica feminista deve desconstruir estas imagens, porque estão associadas ao poder dos homens e geram atitudes de submissão e dependência, não fomentando uma relação interpessoal.

A teologia feminista mostra-se especialmente crítica com a imagem de Deus "Pai", por tratar-se de uma imagem que leva "directamente à obediência e à submissão, de que a religião autoritária abusa". Quer recuperar imagens que têm a ver com a vida, a amizade, o amor, a clemência, a compaixão, a compreensão, a generosidade, a ternura, a confiança, o perdão, a solicitude... E o que é que pode impedir os crentes de se dirigirem a Deus como Mãe?

DN, 5-7-2008
 
Muito sexo e feminismo dão controvérsia em romance

CARLA GUERRA, em Berlim

Charlotte Roche. A Alemanha conhecia-a apenas como apresentadora do Canal Viva. Publicado o primeiro livro, o seu nome tornou-se presença constante nos media. 'Zonas Húmidas' já vendeu mais de 680 mil exemplares no país e se para uns é literatura erótica, para outros é puro 'marketing' e pornografia

Primeiro livro de Charlotte Roche não sai das páginas dos jornais

Os alemães podem ser muito bons em engenharia automóvel ou a fabricar cerveja, mas para se ser popular ou considerado um intelectual é preciso escrever um livro. Foi assim que aconteceu com Charlotte Roche, de apenas 30 anos.

O seu primeiro livro, intitulado Feuchtgebiete - em português, Zonas Húmidas -, best-seller desde Março último, "é um romance de ficção autobiográfico que explora higiene, sexo e feminismo e que já vendeu mais de 680 mil cópias na Alemanha só nos primeiros três meses deste ano. Para os que gostaram do que leram, trata-se de literatura erótica; para os críticos, esta foi apenas mais uma forma inteligente encontrada por alguém que sabe fazer marketing com pura pornografia.

Charlotte Roche nasceu em Inglaterra, mas foi na Alemanha, onde cresceu, levada pelos pais, quando tinha oito anos de idade, que ficou conhecida do público como apresentadora do canal VIVA, o equivalente alemão da MTV. Nos anos 90, escreveu também para o prestigiado canal Arte ou para a ZDF.

Este primeiro livro Zonas Húmidas, lançado pela editora alemã Dumont, é inteiramente narrado na primeira pessoa e conta a história de uma jovem de 18 anos - Helen Memel, de seu nome -, cujo nível de confiança sexual é altamente precoce; depois de uma tentativa falhada de depilar os pêlos púbicos, Helen acaba por ir parar ao Hospital Maria Hilf de Medicina Interna, onde, cercada por instrumentos cirúrgicos, dá azo a uma imaginação erótica sem precedentes.

Desde que o livro foi publicado que não sai das páginas dos jornais e, apesar de ser um livro pornográfico, Charlotte explica que o tema em foco é a repressão da mulher. Alguns jornais acusam o livro de ser mais um "manifesto" do que uma obra de ficção. Charlotte queria escrever um livro-documento, mas acabou por criar uma heroína criativa em relação ao corpo e de espírito livre e que explora o seu corpo ao mesmo tempo que o torna estranho.

"Muitos dos princípios dos anos 60 e 70 ainda não se instalaram de verdade na sociedade. As mulheres ainda se sentem reprimidas em relação aos seus próprios corpos, aos seus desejos e, por isso, aceito que digam que o livro é um 'manifesto', porque existe uma mensagem séria", afirmou Charlotte numa entrevista que concedeu recentemente.

"Atrevo-me a confessar que corpo, doença, hospitais e masturbação são temas que sempre me fascinaram, são os meus passatempos, aliás. Se alguma amiga diz que fez uma operação, sou a primeira a dizer 'deixa-me ver a marca'. Gosto de pensar neste tipo de detalhes", afirmou ainda.

Na vida pessoal, Charlotte confessa que não se dedica aos livros - ao longo dos anos, leu apenas alguns clássicos, mas com uma filha de cinco anos não lhe sobra tempo livre para muitas coisas.

Sobre o facto de acusarem o seu livro de ser um exercício de pura literatura porno, Charlotte argumenta: "Aceito, mas é muito mais do que isso. O livro é sobre a mulher como 'espaço'sexy, mas as mulheres não são apenas um 'espaço' sexy - também adoecem, também vão à casa de banho, também sangram e quando dormimos com alguém temos de enfrentar e aceitar que esse lado existe."

O livro vai ser publicado nos Estados Unidos no próximo ano. A combinação de pornografia com feminismo, embora não seja nova, vende - já nos anos 70 era uma forma de marketing da revista Playboy.

DN, 2-8-2008
 
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