12 junho, 2008

 

Tibete


Dalai Lama



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A 'QUESTÃO INTERNA' QUE INCOMODA A CHINA

ABEL COELHO DE MORAIS

Tibete. Enquanto as autoridades chinesas intensificam a repressão no território - que será reaberto aos estrangeiro em Maio - procedendo à prisão de dezenas de pessoas envolvidas nos protestos de Março em Lassa, cresce a dimensão internacional dos protestos e das acções de solidariedade para com os tibetanos
O Tibete tem sido o centro nas últimas semanas de manifestações de solidariedade na Europa e nos Estados Unidos, de comentários do presidente da Comissão Europeia, do Presidente francês e de outros dirigentes europeus, da secretária de Estado americana e do primeiro-ministro do Japão, de votações no Parlamento Europeu. Os acontecimentos no território, que a China define como um problema "interno" transformaram-se, para todos os efeitos, numa questão internacional.

Uma questão que o Governo de Pequim pode iludir, mas que não pode fazer desaparecer. Isso mesmo o demonstraram ontem o Presidente Nicolas Sarkozy e o chefe do Governo nipónico, Yasuo Fukuda.

Num encontro com um representante especial do Presidente chinês, Hu Jintao, Sarkozy insistiu na necessidade de Pequim de "diálogo entre os representantes do Dalai Lama e as autoridades chinesas". A "importância do diálogo" e da "transparência" no Tibete foram também referidas pelo governante japonês num encontro em Tóquio com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Yang Jiechi. Este retorquiu com o carácter "interno" do problema tibetano.

Questão que o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, tornou claro há mais de uma semana que tenciona abordar na visita na próxima semana. Uma fonte da Comissão garantia ontem à AFP que "os recentes acontecimentos no Tibete constituem uma razão suplementar" para abordar as "questões dos direitos humanos e da liberdade de expressão" durante a importante visita de Barroso, que é acompanhado por nove comissários. O presidente da Comissão, que se encontrará com Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao, a 24 e 25, disse há quase duas semanas que não perderia esta ocasião para "demonstrar" à liderança chinesa "a contradição" entre organizar a "festa dos Jogos Olímpicos" e as "situações de repressão e tensão" que se vivem na China, já que nem Europa nem Estados Unidos contestam a soberania de Pequim sobre o Tibete.

A "festa" olímpica e as relações entre a China e alguns dos países por onde já passou ou ainda vai passar a tocha estão também a ser afectadas pela "questão interna" da repressão naquele território.

O sucedido quinta-feira em Nova Deli, em que estavam praticamente desertas as ruas do trajecto da tocha olímpica, apenas saudada por grupos de jovens estudantes enquanto as medidas de segurança mobilizaram 15 mil efectivos, ou o aparato policial em São Francisco, assim como os incidentes em Londres e Paris, mostram que a questão do Tibete mobiliza atenções para lá das fronteiras da China.

Os 137 mil quilómetros do percurso do símbolo olímpico pelos cinco continentes estão a transformar-se em outros tantos quilómetros de protestos, detenções e medidas de segurança extraordinária, a que não falta sequer o elemento adicional de tensão resultante da presença de um destacamento chinês de segurança à tocha.

Uma atmosfera que só deve mudar quando o símbolo olímpico passar as fronteiras da China, a 4 de Maio.

DN, 19-4-2008
 
Ofensiva de Pequim contra campanhas pelo Tibete

ABEL COELHO DE MORAIS

Manifestações contra interesses franceses na China, protestos em Paris, Londres e Manchester, campanhas de intimidação aos media estrangeiros em Pequim - está em curso uma ofensiva para neutralizar a pressão diplomática e a amplitude das acções de solidariedade com o Tibete, que acompanham a contagem decrescente para as Olimpíadas de Agosto na capital chinesa.

As principais acções de protesto decorreram em seis cidades chineses junto de supermercados Carrefour, um dos principais e mais populares investimentos franceses na China, em que se incentivou o boicote aos produtos com origem naquele país.

As manifestações, que se realizaram nas cidades de Pequim, Qingdao, Kunming, Hefei, Wuhan e Xian, surgiram um dia depois do Presidente francês, Nicolas Sarkozy, ter insistido na necessidade de diálogo directo entre o Governo chinês e o Dalai Lama e de manter a sugestão, feita há duas semanas, de que este fosse recebido na próxima reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, em Bruxelas.

Houve ainda duas pequenas concentrações nas imediações da embaixada francesa em Pequim e do Liceu Francês nesta cidade. Por outro lado, em Paris, naturais chineses concentraram-se numa acção de apoio aos Jogos Olímpicos e de solidariedade com o regime. Acções paralelas decorreram em Londres e Manchester. Em qualquer dos lugares, a ordem de argumentos era a mesma: críticas aos defensores dos direitos humanos e da independência do Tibete e apoio aos Jogos Olímpicos.

Milhares de pessoas convergiram para junto dos supermercados, em especial em quatro dos nove estabelecimentos na capital chinesa - cem em todo o país -e também numa das principais cidades do centro da China, Wuhan, onde se concentraram cerca de dez mil manifestantes, segundo números da polícia.

Nas restantes cidades, as informações recolhidas pelas agências apontavam para concentrações na ordem das centenas.

A estratégia de permitir a visibilidade "da viva cólera do povo" e o seu "forte fervor patriótico" - escrevia quinta-feira a agência oficial Xinhua num texto divulgado apenas em mandarim, segundo a AFP - é uma opção já consagrada pela prática do regime chinês quando procura, por sua vez, pressionar Governos estrangeiros com os quais mantém alguma forma de contencioso.

No passado, esta estratégia foi utilizada quando centenas de manifestantes apedrejaram a embaixada dos Estados Unidos em Pequim, em Maio de 1999, após a embaixada chinesa em Belgrado ter sido bombardeada por aviões americanos. Mais próximo no tempo, em 2005, Pequim permitiu a realização de manifestações anti-japoneses na capital e noutras cidades, num momento em que Tóquio reivindicava um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU e permanecia controversa a actuação nipónica na China durante a ocupação de 1937-1945.

As acções deste fim de semana sucedem a 24 horas da importante visita à China do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, à frente de uma numerosa delegação comunitária. Barroso já garantiu que os direitos humanos no Tibete será uma das questões a abordar com a liderança de Pequim.

Os media internacionais são também alvo desta ofensiva, em que a China adopta uma estratégia de vitimização e de alvo de "conspirações" e desígnios "neocolonialistas". E estes são um alvo importante, pois estão creditados mais de 30 mil para a cobertura dos Jogos. As suas reportagens serão determinantes para o sucesso ou insucesso do evento e para a imagem do regime.

A CNN e a BBC, que têm consagrado bastante do espaço noticioso às acções de solidariedade para com o Tibete, são alvos privilegiados das pressões, mas não os únicos. Um texto da AFP relatava ontem a dimensão daquelas críticas, que chegam por carta e correio electrónico - ora com mensagens argumentadas, ora com meros ataques insultuosos, mas sempre num registo de "viva cólera" e "fervor patriótico".

DN, 20-4-2008
 
Tibete e economia dividem União Europeia e China

ABEL COELHO DE MORAIS

Direitos humanos serão uma questão prioritária

Uma atmosfera de tensão deve marcar os contactos do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e do grupo de comissários que o acompanha, com os mais altos dirigentes chineses nos dois dias de contactos, que principiam hoje em Pequim.

Aquela que deveria ser uma deslocação virada para as questões económicas e comerciais, para a institucionalização de mecanismos de protecção à propriedade intelectual, ao investimento e às questões energéticas e climáticas, vai ter uma forte componente política após Barroso ter assegurado que não deixaria de abordar a questão dos direitos humanos na China. Uma decisão que teve como origem os acontecimentos de Março no Tibete.

Chegados ontem à noite à capital chinesa, naquela que é quarta visita de Barroso a Pequim, este e o grupo de comissários irão manter contactos com o Presidente Hu Jintao e com o primeiro-ministro Wen Jiabao. Está ainda prevista a sua presença num seminário sobre ambiente e num evento cultural. Mas antes, a delegação da Comissão e o Governo chinês irão esgrimir argumentos, muitas vezes divergentes sobre a maioria das questões a abordar. A principiar pelo Tibete. Ontem, Pequim reafirmou a posição de que esta é uma "questão interna" em que é inadmissível a "ingerência de qualquer Estado ou organização estrangeira", indicou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Jiang Yu. "Já exprimimos a nossa posição na questão dos direitos humanos e do Tibete. Esperamos que a UE a respeite", disse a diplomata.

Indicando os limites do "respeito" europeu, a comissária Benita Ferrero-Waldner insistiu ontem na necessidade de um "diálogo construtivo e substancial" entre Pequim e representantes do Dalai Lama. Em declarações proferidas em Tóquio, etapa que antecedeu a deslocação a Pequim, a comissária manteve que a questão dos direitos humanos e da identidade cultural tibetana seria "prioritária" nas discussões com a liderança chinesa.

Num registo algo distinto, reflexo de uma questão em que existe diferendo, mas é possível consenso, as declarações do comissário do Comércio, Peter Mandelson, afirmando que "a China actual confronta-nos com um dilema. As nossas preocupações devem caminhar em paralelo com uma estratégia para garantir que a China não se fecha sobre si".

Mandelson falava há uma semana em Londres, no Conselho Económico sino-britânico, em que apresentou o Mecanismo de Alto Nível para o comércio e as questões económicos, a ser agora institucionalizado numa reunião de Mandelson com o vice-primeiro-ministro Wang Qishan. O Mecanismo contempla contactos directos de alto nível para solucionar diferendos sobre condições e garantias de investimento europeu na China e chinês na Europa, diferendos comerciais - a China é o principal parceiro da UE e esta o segundo mais importante da China - e protecção da propriedade intelectual.

Ontem, em Tóquio, Mandelson manteve o tom das palavras de Londres, dizendo que um clima de ameaças mútuas "só irá acentuar diferenças, criar ressentimentos e dificultar o diálogo".

Mas é um facto que, segundo uma sondagem no Financial Times de 15 de Abril, 35% dos europeus (da Alemanha, Espanha, França, Itália e Reino Unido) consideram a China a principal ameaça internacional. Em 2006, para o mesmo universo, o resultado era de 12%. Com agências

DN, 25-4-2008
 
Governo de Pequim volta a criticar Dalai Lama

ABEL COELHO DE MORAIS

Incidentes à passagem de símbolo olímpico por cidade japonesa

O órgão oficial do Partido Comunista Chinês lançou novos ataques ao Dalai Lama na edição de ontem, um dia após a agência oficial Nova China anunciar a disponibilidade de Pequim para negociações directas com representantes do líder tibetano.

Classificando o Dalai Lama de "chefe religioso auto-proclamado" e "responsável por acções de boicote da ordem religiosa do Tibete", o Diário do Povo acusa-o de "sabotar a estabilidade e o desenvolvimento" da região.

Aquele comentou ontem, pela primeira vez, o anúncio de sexta-feira, mantendo o tom prudente das reacções dos seus representantes no dia anterior. "Encontros destinados unicamente a acalmar a inquietação da comunidade internacional não teriam qualquer sentido", afirmou o líder tibetano. O que é necessário "são negociações sérias para acalmar os ressentimentos dos tibetanos", para esclarecer os reais problemas da região, insistiu o Dalai Lama.

As críticas ao Dalai Lama coincidiram com novos incidentes em mais uma etapa do percurso mundial da tocha olímpica, que atravessou ontem a cidade japonesa de Nagano numa cerimónia em que estiveram presentes mais de 85 mil pessoas, vigiadas por mais de três mil polícias. Esta operação de segurança esteve ao nível reservado para as deslocações públicas do Imperador Aikhito.

Durante a passagem por Nagano, a tocha foi alvejada por sacos de lixo, ovos, tomates e foguetes lançados por manifestantes anti-Pequim, enquanto noutros pontos do trajecto era visível a presença de grupos de chineses empunhando bandeiras nacionais. Robert Ménard, o secretário-geral dos Repórteres sem Fronteiras, organização na origem de vários protestos à passagem da tocha olímpica, classificou como um "sucesso" o modo como as autoridades japoneses lidaram com os protestos. "A polícia japonesa deixou as pessoas manifestarem-se sem sequer lhes confiscar os cartazes", o que não sucedeu, por exemplo, em Paris.

Nota importante: até ontem, o Governo nipónico foi o único a restringir a presença dos seguranças chineses que acompanham a tocha; apenas dois foram autorizados a seguirem o percurso em Nagano.

O símbolo olímpico está hoje na capital da Coreia do Sul, Seul.

O texto do Diário do Povo surgiu no dia em que findou a visita de uma importante delegação da Comissão Europeia, chefiada por Durão Barroso, à capital chinesa. Na sua agenda, a questão dos direitos humanos no Tibete, que acabou por ser ofuscada pelo anúncio chinês de sexta-feira, e temas económicos e comerciais.

Com agências

DN, 27-4-2008
 
Dalai Lama teme falso diálogo

PATRÍCIA VIEGAS

O Dalai Lama teme que o diálogo entre as autoridades chinesas e os seus enviados privados não passe de "um exercício de relações públicas", destinado a mostrar ao mundo que a China está comprometida com o líder espiritual do Tibete no exílio, "apesar de considerar que esta é uma oportunidade de expressar aos chineses as preocupações do povo tibetano", disse ontem à BBC Tenzin Taklha, um dos porta-vozes do religioso.

Estas afirmações surgiram no dia em que enviados do Dalai Lama e as autoridades chinesas estiveram reunidos, à porta fechada, em Shenzhen, naquele que foi o primeiro encontro depois da violenta repressão das manifestações na capital do Tibete, que começaram há dois meses. Após o encontro, indicou a agência Nova China, as partes decidiram manter a porta do diálogo aberta e prosseguir "consultas numa data apropriada".

O primeiro-ministro do governo tibetano, Samdhong Rinpoche, indicou à AFP que os enviados do Dalai Lama regressarão à Índia, país que acolhe as autoridades tibetanas exiladas, amanhã ou depois de amanhã. E nessa altura será revelado o teor das conversações com as autoridades chinesas. A Nova China avançou que os líderes chineses reiteraram, mais uma vez, as condições colocadas por Pequim: que o Dalai Lama renuncie à independência do Tibete e pare de tentar sabotar os Jogos Olímpicos.

O líder espiritual dos tibetanos no exílio já rejeitou, por várias, vezes as acusações de que está a instigar uma campanha contra Pequim-2008 e ameaçou mesmo demitir-se se a violência no Tibete prosseguisse. As manifestações anti-China começaram a 10 de Março, em Lassa, dia em que se comemorava a revolta de 1959. Mas quatro dias estenderam-se a outras regiões onde há minorias tibetanas.

A repressão que se seguiu gerou pelo menos 200 mortos, segundo números do governo tibetano, mas também uma onda de indignação na comunidade internacional que levou alguns líderes, como Nicolas Sarkozy, ameaçaram boicotar a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos caso Pequim não retomasse o diálogo com o Dalai Lama sobre o Tibete. Nalguns países a chama olímpica foi apagada.

E, pressionada, a China cedeu, anunciando a reabertura das conversações que decorriam desde 2002, mas que foram interrompidas a meio do ano passado depois de Pequim ter resolvido endurecer a sua posição. A China e o Tibete têm uma longa disputa sobre o estatuto da região. Pequim diz que ela é parte integrante da nação chinesa desde meados do século XIII e, em 1950, enviou tropas para ali para repor a sua soberania.

Apesar do investimento económico, muitos queixam-se de opressão, por falta de liberdade política e religiosa para os tibetanos. O Dalai Lama, exilado na Índia desde 1959, diz agora que não quer mais do que uma verdadeira autonomia para a região (que de nome já é autónoma). Pequim não vai na conversa pois teme que o Tibete seja separado da mãe-pátria.

DN, 5-5-2008
 
Segurança máxima para chama olímpica em Lassa

Participaram na cerimónia cerca de 70 naturais do território

Cerimónia começou e findou junto de símbolos do poder tibetano

Um dispositivo de segurança especial marcou ontem a passagem da chama olímpica por Lassa, a capital do Tibete, cidade palco de violentas manifestações antichinesas em Março último.

Unidades especiais da polícia estavam dispostas ao longo do percurso, que se efectuou numa zona de acesso restrito a portadores de um passe especial. Eram ainda visíveis elementos da polícia nos telhados dos edifícios no perímetro da cerimónia e em muitos dos localizados na sua proximidade.

As medidas de segurança estenderam-se aos jornalistas, que só puderam deslocar-se em veículos oficiais, testemunhando apenas o início e o final da cerimónia.

Aquela começou de manhã cedo (hora local), decorreu sem incidentes e prolongou-se por mais de duas horas. Tendo principiado junto de uma das antigas residências do Dalai Lama, terminou junto do palácio Potala, sede do poder dos lamas tibetanos.

O percurso de dez quilómetros teve como primeiro protagonista um herói do alpinismo tibetano, Gonpo, de 75 anos, e como último participante um popular cantor do país, Caidan Zhuma. Ao longo do trajecto, manifestantes empunhavam cartazes saudando a realização das Olimpíadas, bandeiras chinesas e da região autónoma do Tibete. Segundo uma informação da agência Nova China, mais de metade dos 156 elementos que transportaram a tocha olímpica eram tibetanos de origem.

A cerimónia de Lassa testemunhou a reunião de duas tochas olímpicas: uma primeira, que tem estado presente em todos os percursos oficiais, e uma segunda, a que foi transportada até ao cimo do Evereste.

Inicialmente, a presença do símbolo olímpico no Tibete estava prevista para durar três dias, mas acabou por ser abreviada para menos de 24 horas. Ainda que as autoridades chinesas não o tenham afirmado, a dimensão das medidas de segurança ontem em Lassa não deixam espaço para dúvidas sobre os motivos da redução: a preocupação com possíveis protestos que ensombrassem, mais uma vez, as cerimónias olímpicas.

DN, 22-6-2008
 
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