06 junho, 2008

 

Vinil


o verdadeiro som?




http://pt.wikipedia.org/wiki/Disco_de_vinil

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Canções dos dias do vinil chegam à era digital

NUNO GALOPIM

Discos são acompanhados por temas extras

Na quarta-feira, dia 28, cinco discos assinalam o arranque de uma nova etapa na vida da Valentim de Carvalho. São eles Independança (1982), dos GNR, Com Uma Viagem Na Palma da Mão (1975), de Jorge Palma, Mistérios e Maravilhas (1977), dos Tantra, Álibi (1982), de Manuela Moura Guedes, e Missing You, Integral 1965-1967, uma antologia dos Sheiks. À excepção do álbum deJorge Palma, todos os títulos são reeditados com temas extras. Os discos surgem em edições no formato digipack, com notas de capa expressamente escritas para estas reedições.

O mais antigo dos álbuns deste lote data de 1975 e foi, então, o primeiro de Jorge Palma. As canções tinham sido compostas na Dinamarca, para onde o músico tinha ido pouco antes do 25 de Abril, depois de um chumbo em Engenharia. "Havia guerra no Ultramar, não me interessava de todo passar quatro anos de farda e pistola metralhadora", recorda nas notas que acompanham o disco. O LP foi pensado em inglês, e as intenções originais do músico eram as de procurar, em Inglaterra, quem estivesse disposto a gravá-lo. Com o 25 de Abril regressa e faz uma "retrovisão" para português, gravando o álbum nos estúdios da Valentim de Carvalho. Fizeram-se, segundo recorda, apenas 500 cópias. E o próprio Jorge Palma confessa que tem uma porque a sua mãe a guardou.

De 1977, Mistérios e Maravilhas assinalou a estreia dos Tantra, que com este disco (e um histórico concerto esgotado no Coliseu dos Recreios) acabaram reconhecidos como a referência em português do rock progressivo. Manuel Cardoso, o vocalista, recorda, em depoimento registado por Mário Lopes para esta edição, que "na altura da fundação dos Tantra o rock progressivo passou a ser um dos géneros que mais entusiasmavam os músicos e os melómanos", mas que, "ainda assim, a nível do público, havia um alheamento total". Isto para justificar que, na época, por aqui, o grupo estava a "desbravar a selva".

De 1982, Independança corresponde não só à estreia em álbum dos GNR, mas também à primeira gravação do grupo com Rui Reininho, um "sangue fresco", com "poemas do melhor que se fazia em Portugal", como no booklet agora recorda Vítor Rua. Foi um disco criativamente desafiante, lembrando o músico que "havia uma vontade de experimentar coisas novas, com muita ingenuidade à mistura, mas acabou por correr bem". Por sua vez os GNR foram a banda que acompanhou em estúdio, no mesmo 1982, Manuela Moura Guedes, quando esta gravou Álibi. O disco, reconhece agora a jornalista nas notas de capa, "vale pelos GNR". Recorda ainda que, quando o gravou "morria de vergonha" perante os músicos, e que se sentia uma "diletante cheia de sorte."

O quinto disco deste lote de reedições é uma antologia que recolhe (em apenas um CD) os 32 temas que os Sheiks gravaram entre 1965 e 67, na altura todos eles editados no formato de EP.

DN, 23-11-2007
 
O REGRESSO DO VINIL

LUÍS FILIPE RODRIGUES

Uma nova geração começa a descobrir o velho suporte

O mercado discográfico português facturou 50 645 892 euros em 2007, ou seja, menos 13,6% do que em 2006. Mas, enquanto a música gravada de um modo geral, e o CD em particular, vende cada vez menos unidades, há um suporte que começa a conhecer uma segunda juventude: o vinil.

"Há realmente uma procura muito maior de vinil, e cada vez por pessoas mais novas. Estou convencido de que são pessoas que não compram CD, mas compram vinil", refere Mário Ferreira, que gere a discoteca ProgCDs, na Calçada do Carmo. Esta opinião é partilhada pela generalidade dos profissionais do sector, que testemunharam um aumento significativo do volume de vendas de vinil nos últimos anos.

As editoras também não ficaram indiferentes a este inesperado fenómeno e já recomeçaram a lançar as suas novidades em vinil. Algumas destas empresas já oferecem o álbum completo em formato MP3, a todas as pessoas que comprem esse mesmo LP de vinil. Os consumidores aplaudem esta iniciativa que facilita a escuta do disco não só no gira-discos de casa como também no leitor de MP3 portátil.

No entanto, ninguém conseguiu ainda compreender plenamente como ocorreu este renascimento do vinil. "Eu penso que as pessoas estão a voltar ao vinil por uma questão de culto e de gosto. O formato exerce uma certa atracção, causa um certo impacto", opina José Moreira, da Carbono. Mário Ferreira concorda que "o próprio objecto é muito apelativo", mas considera que a "ideia de voltar a trabalhar com o gira-discos dos pais" também fascina as novas gerações.

"Quem quer um disco de vinil é uma pessoa que gosta muito de um determinado artista e que, de um certo modo, também cultiva o objecto", lembra Jorge Dias, um dos proprietários da Louie Louie. "O vinil é um suporte com atributos especiais. Por um lado há a capa, o lado táctil do objecto. Por outro lado, também há quem cultive o vinil pelo som, ou seja, as características sonoras especiais que tem."

Ninguém questiona a aparente mistificação do objecto vinil, mas há quem pense que a actual vitalidade do LP se deve principalmente ao mau momento por que está a passar o CD, um formato tornado obsoleto pela democratização dos leitores de MP3 portáteis. Vítor Nunes, o dono da Discolecção, encontra-se entre as pessoas que consideram que esta redescoberta dos discos de vinil se deve mais à "fraqueza do CD do que propriamente ao vinil, que sempre existiu".

DN, 13-4-2008
 
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