15 julho, 2008

 

Bullying


Cobardia em tamanho pequeno




http://pt.wikipedia.org/wiki/Bullying

http://www.esec-danielsampaio.pt/OsmeusWebsites_Webquest/index.htm

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Método contra 'bullying' com sucesso em Espanha

ANA BELA FERREIRA

Encontro Mundial sobre violência na escola junta hoje em Lisboa os principais especialistas na matéria. País vizinho diz ter encontrado programa que resulta, mas por cá nem pais, nem professores, nem investigadores conhecem ainda o projecto, que já atrai a atenção de outros países

Alunos identificam colegas na Net de forma anónima

Uma equipa de investigadores da Universidade Complutense de Madrid (UCM) desenvolveu um método para combater o bullying , que diz ter tido sucesso nas escolas espanholas. Os resultados do método - que passa pela aplicação de um programa informático em que os alunos identificam de forma anónima os colegas que gostam ou não - foram apresentados ontem no El Mundo, na véspera do arranque, em Lisboa, da 4ª Conferência Mundial sobre "Violência na Escola e Políticas Públicas", onde o fenómeno vai estar em destaque. Um projecto que já recebeu o acolhimento de países como a Suécia e a Finlândia mas que é ainda desconhecido pelas associações de pais e professores portuguesas e pelo Observatório da Segurança Escolar.

A pensar no medo da vítima em denunciar um colega (uma das principais dificuldades em detectar o bullying), a equipa da UCM lançou, em 2004, um programa informático que identifica as vítimas e os agressores de forma anónima. É ainda um modo de detectar o fenómeno precocemente e evitar que as agressões (físicas e psicológicas) se prolonguem e deixem feridas incuráveis.

O programa espanhol baseia-se numa ferramenta informática que disponibiliza as fotografias de todos os alunos de uma turma, questionando-os individualmente: "Com quem gostas de brincar?" e "Quem é que te incomoda mais?", são exemplos de perguntas a que os estudantes respondem, clicando em cima da fotografia do colega correspondente. "É muito mais simples e eficaz do que escrever ou falar sobre o assunto. Os jovens respondem com mais liberdade e sem se sentirem coagidos", afirmou o "pai" do método, Martín Babarro.

A ideia é levar os colegas a apoiar as potenciais vítimas e trabalhar com os agressores. A experiência começou no colégio madrileno Salvador Allende, que frisa o sucesso da iniciativa. Além do alargamento a toda a Espanha, também a Finlândia e a Suécia foram a este país ver de perto o programa.

Pode ser aplicado em Portugal

Por cá, ainda ninguém ouviu falar deste projecto, apesar de já ter cinco anos e da interligação entre as associações portuguesas e espanholas. O presidente da Associação Nacional de Professores (ANP), João Grancho, admite que "tudo o que se faz pode servir de inspiração e pode vir a ser aplicado em Portugal". Também Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional de Associações de Pais (Confap), fala ao DN da possibilidade do programa "servir como modelo de inspiração para aplicar nas escolas portuguesas". Até porque, "as boas ideias como esta não deixarão de ser adaptadas à realidade nacional". No entanto, disse, "todas as medidas aplicadas actualmente em Portugal são adequadas, como a tutoria entre os pares, em que os alunos menos problemáticos acompanham os mais problemáticos e os mais velhos apoiam os mais novos". Estas "brigadas de intervenção têm-se revelado muito eficazes", concorda Albino Almeida.

O psiquiatra e membro do Observatório da Segurança Escolar Daniel Sampaio contesta a solução espanhola. O "problema do bullying não se resolve com um programa informático, que só pode funcionar se for integrado num método geral de combate ao fenómeno". "É necessário trabalhar com as famílias, os alunos, os auxiliares da educação e os professores", defende.

Outro ponto fundamental para o especialista é o conhecimento da vítima. "Não se pode pensar no 'bullying' sem tratar a vítima". Já que "o próprio comportamento das vítimas (vergonha, inibição, minoria étnica ou sexual) pode incentivar esta prática", denuncia. Até porque, "não se pode pensar só no menino mau que é o agressor e no menino bom que é a vítima. O agressor pode mesmo ser promovido no grupo de amigos e os seus actos entendidos como positivos". Por isso, o médico considera que "o bullying é muito mais complexo" do que a abordagem do programa espanhol.

O DN tentou, sem sucesso, contactar o Ministério da Educação para obter um comentário sobre a possível aplicação no País.

DN, 23-6-2008
 
Portugal tem "problema sério de violência na escola"

PATRÍCIA JESUS

'Bullying'. As escolas são todas iguais e são todas diferentes, mas a violência é um problema global. A conclusão é dos investigadores reunidos na conferência mundial sobre o tema que ontem começou em Lisboa. Em Portugal, os responsáveis dizem que a situação melhorou, mas os alertas mantêm-se

Alunos e famílias têm de fazer parte da solução

"A violência na escola não pode ser dramatizada, mas também não pode ser esquecida". O apelo é de Carlos Neto, presidente da 4ª Conferência Mundial sobre a violência escolar, que decorre até quarta-feira, em Lisboa. O professor da Faculdade de Motricidade Humana considera que o fenómeno é mundial, "como mostram as centenas de trabalhos" que receberam, mas não tem dúvidas em afirmar que "temos um problema sério" em Portugal" no que respeita ao bullying. "A escola é para todos e isso tem consequências", explica.

Para o psiquiatra Daniel Sampaio, que só concebe uma escola inclusiva, que ensine para a diferença, a solução passa também por incluir todos na busca de respostas: escola, professores, famílias e os próprios alunos. "Impressiona-me que em Portugal nunca se pergunte aos alunos o que pensam da violência", disse.

O psiquiatra alertou ainda para a necessidade da indisciplina ser olhada como uma forma de violência que impede a escola de cumprir o seu papel, pouco depois de, na sessão de abertura da conferência, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, ter dito que é importante estabelecer uma diferença entre violência e indisciplina escolar, salientando que os fenómenos de violência estão circunscritos, enquanto os casos de indisciplina são mais generalizados. Maria de Lurdes Rodrigues revelou que "90% dos incidentes têm lugar em 5% das escolas", o que, segundo a ministra, mostra que o fenómeno é residual.

"Em locais marcados pela degradação, a escola é muitas vezes um local de paz, apesar de, às vezes, ser demasiado vulnerável", reconheceu. Para as escolas mais sensíveis, a ministra lembrou que existe um programa de discriminação positiva. "Actualmente 30 escolas - 20 em Lisboa e 16 no Porto - são alvo de medidas especiais através dos Territórios Educativos de Intervenção prioritária", referiu, não afastando a possibilidade de o programa ser alargado a outros estabelecimentos.

Diminuição no último ano

A ministra garantiu ainda que já houve uma melhoria dos resultados e uma diminuição do número de ocorrências. Uma visão que é partilhada pelo procurador-geral da República, que nos últimos meses se mostrou várias vezes preocupado com a violência nas escolas. "Se me perguntar se a situação é melhor hoje do que há um ano, eu digo que é melhor."

Pinto Monteiro considerou que não há uma violência generalizada nas escolas portuguesas, mas que é preciso combater o problema desde o início. Por isso, insistiu que as pessoas participem as situações de violência. "Porque o que não podemos fazer é esconder, fingir que não existe". Segundo o PGR, o seu apelo teve efeito: houve um grande aumento de queixas e a Procuradoria recebe cartas de alunos, de pais e de professores - "a maior parte vêm assinadas" - o que mostra que as pessoas sentem que as queixas são valorizadas.

Também Pinto Monteiro reconhece que este é "um problema universal, para o qual não existem receitas mágicas". "Não pode é ser um cadáver escondido no armário", alerta.

A conferência, promovida pela Faculdade de Motricidade Humana e pelo Instituto de Apoio à Criança, reúne em Lisboa investigadores de 55 países. Até quarta-feira, os especialistas vão partilhar experiências e apresentar mais de duzentas comunicações sobre o tema "A Violência nas Escolas e políticas Públicas".

DN, 24-6-2008
 
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