15 julho, 2008

 

Cabo


Verde



http://pt.wikipedia.org/wiki/Cabo_Verde


http://www.governo.cv/
http://www.caboverdepages.com/home.htm
http://www.guiadecaboverde.com/

http://www.caboverde24.com/portugues/
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http://www.portugalcaboverde.com/index2.html

Comments:
O Sal é o Eldorado do turismo de Cabo Verde

PAULA SÁ BORGES

A ilha do Sal atrai cabo-verdianos em busca de trabalho, turistas apaixonados pelas praias de águas turquesa e de areia fina, e homens de negócios à procura de lucro
Construção civil é um chamariz para os trabalhadores
Alex Castro chegou para cumprir o serviço militar há cinco anos mas acabou por fixar-se na terra castanha do Sal. É ponta-de-lança no Académica e faz das voltas turísticas pelos pontos de interesse da ilha o seu ganha-pão.

"Tenho conhecido pessoas de todo o mundo. Levo-as à Buracona, às salinas de Pedra Lume, a Palmeira e a Santa Maria", explica este badio (natural de Santiago) de 24 anos, orgulhoso da T-shirt oferecida por Binya, o camaronês do Benfica, que traz vestida. "Foi emocionante ver a minha equipa do coração", desabafa a propósito da recente passagem das águias pela ilha mais turística do país.

"O trabalho está difícil e, por isso, eu e muitas pessoas de outras ilhas vimos para o Sal. Está a desenvolver-se e precisa de mão-de-obra." É o que mostram as estatísticas. Em 2007, trabalhavam aqui no sector do turismo 2038 pessoas, ou seja, 59,1% do total de Cabo Verde. Mas também a construção civil é um chamariz para quem procura trabalho.

Ao fim do dia, multiplicam-se os camiões de caixa aberta com dezenas de operários, de cabelos ao vento, em trânsito dos estaleiros para Espargos, a localidade onde reside a larga maioria dos imigrantes e migrantes. Uma delas é Antónia que chegou há 17 anos de S. Nicolau para "servir em casa de uma senhora". Hoje, trabalha num hotel espanhol com mais de 1400 quartos.

"Ganho 24 mil escudos cabo-verdianos (219 euros) e trabalho oito horas. Garantem-me uma refeição e o transporte para casa. O problema é que os alimentos e as rendas de casa no Sal são muito caros." E desabafa: "Pelo menos, não falta o que fazer."

Foi isso que trouxe também a Santa Maria, Aliu Baldé, 36 anos, natural da Guiné-Bissau - funcionário de uma empresa de segurança desde 2004, e que "graças ao câmbio, ainda poupa para mandar para casa" - e Sori, moçambicano, que, ao contrário do colega (com muitos compatriotas guineenses a trabalhar na construção civil), sente a falta de conversas com alguém da terra.

As gruas, os montes de areia, os tapumes, o movimento de veículos pesados fazem já parte do quotidiano dos salenses. Para a ilha prevêem-se, entre projectos iniciados em 2006 e a iniciar até 2010, milhares de novos quartos ao longo dos cerca de dez quilómetros que unem Santa Maria à zona a norte da Murdeira. O Vila Verde Resort, do grupo cabo-verdiano Tecnicil, o Paradise Beach, junto à praia do Algodoeiro (um investimento de 130 milhões de euros, implantado numa área de 28 hectares e onde serão erguidas 950 habitações), o Ponta Negra (que resulta de uma associação entre cabo-verdianos e canarinos), o Cotton Bay Golf and Resort da italiana CaboGolfe (que vai estender-se por 450 hectares) ou o polémico Pedra Lume Marina Golf & Resort do grupo Stefanina-Itália, (uma espécie de minicidade que desperta polémica, tendo mesmo as obras sido embargadas) são alguns exemplos.

Jorge Figueiredo foi reeleito no escrutínio de 18 de Maio, para a autarquia do Sal, com o apoio do MPD, o maior partido da oposição no arquipélago, e pela frente terá a gestão dos interesses imobiliários e dos desafios que o desenvolvimento turístico representa também a outros níveis, como saneamento, segurança, formação e habitação.

DN, 22-6-2008
 
Cabo Verde com Governo dominado por mulheres

HELENA TECEDEIRO e PATRÍCIA VIEGAS

O primeiro país africano a ter um Executivo maioritariamente feminino fala português. Após a remodelação governamental, anunciada na sexta-feira pelo primeiro-ministro José Maria das Neves, Cabo Verde, um dos Estados africanos mais desenvolvidos, passou a ter oito ministras e sete ministros

Executivo de José Maria das Neves quer ser referência

Cabo Verde tornou-se no primeiro Estado africano a ter um Governo maioritariamente feminino. Este país de língua oficial portuguesa e parceiro especial da UE passou a ter oito ministras e sete ministros após o primeiro-ministro José Maria das Neves ter anunciado uma remodelação governamental na sexta-feira.

"Eu tinha assumido um compromisso com as mulheres cabo-verdianas de conseguir a paridade. E fiz um esforço para que houvesse um equilíbrio na constituição do Governo. Mas também quero mostrar a força extraordinária que as mulheres de Cabo Verde têm na política e também na vida socioeconómica", declarou José Maria das Neves ao DN.

Numa breve entrevista telefónica, o chefe do Governo cabo-verdiano confirmou ontem que a sua intenção também é que o seu país possa ser "uma referência em África, em termos de democracia e governação. Apesar de ser um país pequeno, "Cabo Verde tem de ter coisas novas e procurar estar na linha da frente", disse ainda José Maria das Neves.

As novas ministras que entraram no Executivo cabo-verdiano são Fátima Fialho, na Economia, Janira Almada, na Presidência e Conselho de Ministros, Maria Helena Morais, Justiça, e Vera Duarte, na Educação.

Na lista das que já estavam no Governo, mudam de pasta Madalena Neves e Sara Lopes, passando para o Ambiente e Ordenamento do Território. Cristina Duarte mantém-se nas Finanças e Cristina Lima na Defesa.

A remodelação feita pelo governante do Partido Africano para a Independência de Cabo Verde, no poder desde Fevereiro de 2001, visa, como o próprio afirmou, acelerar o crescimento económico, o desenvolvimento e os investimentos externos.

Nos media cabo-verdianos, o primeiro Executivo africano com maioria feminina passou quase despercebido. Um facto explicado pela tradição que a ex-colónia portuguesa, independente desde 1975, tem de integrar mulheres em pastas-chave. Nos últimos anos, a política africana feminizou-se. Ellen Johnson-Sirleaf foi a primeira mulher eleita chefe de um Estado africano, em 2005 na Libéria. Maria das Neves, em São Tomé (2002-04), e Luísa Diogo, em Moçambique (desde 2005), também reflectem a tendência.

Em Cabo Verde, a feminização não surpreende, até porque este não é um típico país africano. Em 102.º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU (quarto africano mais bem classificado), tornou-se em Janeiro um país de rendimento médio, muito graças ao turismo.

DN, 30-6-2008
 
Mulheres pesam cada vez mais na política africana

PAULA SÁ BORGES

Ao ter o primeiro governo africano maioritariamente composto por mulheres, Cabo Verde chamou a atenção para o poder das mulheres. Estamos a viver uma mudança social? Existe uma feminização do poder? Boutros-Gali disse que "mais poder para as mulheres é mais poder para a humanidade"
Historiadora angolana problematiza um fenómeno recente
"A análise da passagem das mulheres por lugares de extrema importância não me permite afirmar que há um antes e depois uma alteração significativa. Se isso acontecesse, notar-se-ia, sobretudo, quando falamos de países africanos." O desabafo é de Ana Paula Tavares, poetisa e historiadora angolana.

Tanto Ellen Johson-Sirleaf, presidente da Libéria (a primeira mulher chefe de Estado em África), como Luísa Diogo, primeira-ministra de Moçambique, têm um percurso político ligado às finanças.

Ellen, mãe de cinco filhos, avó de seis crianças, licenciou-se em Economia na prestigiada Universidade de Harvard e derrotou o ex-futebolista George Weah numa eleição que deu luta. Foi ministra das Finanças, funcionária sénior do Banco Mundial, directora do escritório do PNUD para África, vice-presidente do Comité Executivo do Equator Bank.

Luísa Diogo, também economista, foi considerada, em 2004, pela revista Forbes, uma das 100 mulheres mais poderosas do mundo. Exerceu o cargo de ministra do Plano e Finanças a partir de 1990 e, em 2003, com a demissão de Pascoal Mocumbi, passou a acumular a pasta com as funções de primeira-ministra. Em Fevereiro de 2005, foi nomeada para a chefia do Executivo.

Considera Ana Paula Tavares que "o facto de elas serem mulheres das Finanças e da Planificação torna mais claros os motivos porque foram escolhidas".

Em Cabo Verde, esta área está também a cargo de mulheres. Cristina Duarte é ministra das Finanças no primeiro Governo africano maioritariamente feminino e a Fátima Fialho foi entregue a pasta da Economia, Crescimento e Competitividade. "Com a crise mundial, a presença de mulheres nos centros de decisão pode ser decisiva", afirma António Ludgero Correia. Este analista político realça que "nesta legislatura o primeiro-ministro tem privilegiado a entrada de senhoras nas suas equipas".

É natural que isso aconteça no Executivo, no Parlamento e nas câmaras, defende, já que "mais de 50% da população das ilhas é feminina. Não é um favor. São quadros qualificados de reconhecido valor no mercado".

Em Cabo Verde, salienta o especialista em formação de quadros da Função Pública, "a presidente da Assembleia Municipal da Praia é Filomena Delgado e há duas presidentes de autarquias: Isaura Gomes, em S. Vicente, e Vera Almeida no Paul.

Nas eleições locais de Maio, houve um movimento amplo de mulheres que promoveu encontros com todos os partidos e exigiu 1/3 de elementos femininos em todas as listas autárquicas. "Isto é um processo que passa pelo reconhecimento das capacidades e que pode levar-nos ao que acontece no Ruanda, onde mais de metade dos deputados da Assembleia Nacional são mulheres."

Moçambique destaca-se a este nível com uma representação superior a 30%. Em Angola, sublinha Ana Paula Tavares "a influência das mulheres é muito significativa nos postos médios, nas províncias. O seu papel é decisivo na saúde, no apoio às vítimas."

Em S. Tomé e Príncipe, duas mulheres já chefiaram o Executivo e várias foram ministras mas não conseguiram imprimir mudanças. Aqui como noutros países, remata a poetisa e historiadora, "resta saber se isso aconteceu porque não tinham projecto ou porque não tiveram condições para concretizá-lo."

DN, 6-7-2008
 
Economia de Cabo Verde elogiada pelo FMI

SILVA BARROS

Crescimento robusto e inflação moderada

Economia de Cabo Verde elogiada pelo FMI

Previsões do tempo são boas, mas falíveis. A chuva até pode cair no mar
Os cabo-verdianos, reagindo à sua genética imemorial, começam a olhar para o céu e a apurar o olfacto, buscando sinais de chuva no horizonte e o cheiro a humidade no ar.

Está no fim o tempo de "as-secas" (Dezembro a Julho), desponta o tempo de "as-águas" (Agosto a Outubro), as "azáguas" que virão ou não, que lhes darão a abundância relativa, ou um ano de magros proventos.

As previsões não são más, mas são, como sempre, falíveis, e a chuva até pode só cair no mar, não acertando nos "grãozinhos de terra que Deus deitou no meio do mar...", esse arquipélago onde, apesar de tudo, se produzem milagres, até na economia, com o Fundo Monetário Internacional a considerar mesmo "impressionante" a performance do país.

Na quarta revisão do acordo Cabo-Verde/FMI, foi sublinhado que a situação do país, que revela "um crescimento robusto " e uma "inflação moderada", reflecte uma gestão prudente, quer a nível macroeconómico quer nas reformas económicas", verificando-se o "controlo da despesa corrente, uma melhor gestão das finanças públicas e receitas fiscais robustas".

Falta, agora, a Cabo Verde, que não faltem as "azáguas", essa chuva que, segundo o poeta mindelense Onésimo da Silveira, se lance "nos braços famintos das árvores ressequidas" que são "os braços famintos dos homens" e se derrame "sobre as chagas da terra", pingando das "frestas do chapéu roto dos desalmados casebres das ilhas", escorrendo "do dorso descarnado dos montes".

Para que ressurja "a terra sarada, ressumando a fartura e a vida, nos braços das árvores, nos braços dos homens..."

DN, 6-7-2008
 
Cabo Verde prova que é possível governar em poesia

SILVA BARROS

Primeiro-ministro, José Maria Neves, figura em antologia poética

"Destino di Bai" tem também poemas de Vera Duarte, a nova ministra da Educação

José Maria Neves, primeiro-ministro de Cabo Verde, é, também, poeta e se alguém disse, um dia, "que se faz campanha em poesia, governando-se em prosa", a verdade é que o Governo cabo-verdiano também governa com poemas e não é só o chefe do executivo que escreve, mas também Vera Duarte, ministra da Educação e Ensino Superior.

José Maria Neves e Vera Duarte são dois dos 32 nomes inscritos na antologia "Destino di Bai", apresentada em Coimbra, com a presença do próprio chefe do executivo cabo-verdiano, numa acção integrada nas comemorações do 33.º aniversário da independência do arquipélago.

A recolha de poemas, inéditos, e a coordenação da obra pertenceram ao jornalista Francisco Fortes e o livro, com 350 páginas, foi editado pela ONG "Saúde em Português".

"Destino di Bai" revela poemas de grandes nomes da poesia de Cabo Verde, com destaque para João Varela, poeta e neurocientista, falecido em 2007, pouco depois de ter disponibilizado, para o livro, duas partes do poema épico "Sturiadas", assinado por G.T. Didial, um dos seus heterónimos.

DN, 20-7-2008
 
Sal evoca memória do Senhor das Ilhas

DAVID BORGES

Manuel António Martins foi o criador de Santa Maria, povoador da zona e retratado pela escritora Maria Isabel Barreno, ela própria com raízes cabo-verdianas enterradas na Ilha Brava

A Câmara Municipal do Sal deu a conhecer a intenção de homenagear, em Setembro, por altura das festas, que vão sublinhar os 200 anos de história da ilha cabo-verdiana, os homens e as mulheres que contribuíram para o desenvolvimento do Sal, entre os quais Manuel António Martins, uma figura que este ano estará no centro do festival de Santa Maria, que pretende destacar o seu papel no povoamento salense.

A história deste Manuel António Martins em Cabo Verde começou, como conta o escritor Germano Almeida, no belo livro Cabo Verde (Caminho, com fotos de José A. Salvador) com um grande azar - um naufrágio, que o fez chegar a Boa Vista, onde iniciou uma exploração de sal, tão magnífico sal que haveria de chamar-se "sal-rey" e dar nome ao sítio, dantes conhecido como Porto do Inglês.

Porém, a história desse português, determinado e empreendedor, acabou por se desenvolver de forma feliz e tanto que acabou por ser, até, governador do arquipélago, nos anos de 1834/1835, mais ou menos quatro anos depois de se transferir da Boa Vista para o Sal, seduzido pela ideia de comercializar a salina natural, em Pedra Lume, uma espécie de cratera e hoje um monumento quase mágico na ilha.

A salina ainda está, no entanto, na base interior de um monte basáltico que se transformou, na época, num obstáculo complicado de transpor, o que tornava difícil o escoamento do sal.

Só que o português Martins não era homem fácil de derrubar e logo imaginou, lançando a seguir mãos ao trabalho, a solução. A abertura de um furo, numa das bases, permitindo a mais fácil circulação de trabalhadores, com sacos de sal às costas.

O sal extraído não era, infelizmente para ele, lá grande coisa. Deixou o filho a explorar a salina e partiu para Santa Maria, depois de ter ido buscar a família à Boa Vista, atraído pela possibilidade de conseguir sal de qualidade e uma exploração mais rentável.

E a verdade é que teve sucesso. Se calhar tanto que depressa ali instalou uma linha de ferro, importada de Inglaterra, para transportar o produto para o cais de embarque. Uma linha de ferro especial, com os vagões puxados não por locomotivas mas por mulas ou levados por ali fora pelo vento, com as velas desfraldada.

A vida de Manuel António Martins teve mais riqueza, de histórias e bens, do que a aqui revelada, mas destaque--se que foi o sucesso da exploração do sal que multiplicou a população na ilha que, em 1840, já tinha 400 habitantes, muitos dos quais escravos.

Santa Maria, que é, hoje, o principal pólo turístico de Cabo Verde, foi uma povoação feita nascer por esse português do sal.

Ele queria que a povoação se chamasse Porto Martins, mas ficou Santa Maria e foi iniciada com casas de madeira levadas dos Estados Unidos, a troco do inevitável sal.

Martins foi-se entregando, ao longo da vida, a outros desafios e a outras actividades - criação de gado em S. Vicente, negócios na Boa Vista, em Santo Antão, em Santiago e na Brava.

Tornou-se poderoso no arquipélago e teve voz muitas vezes decisiva enquanto viveu.

A morte surgiu em 1845.

Em sua homenagem foi erguido um imponente mausoléu no cemitério de Santa Maria.

A família, viúva e descendentes, prosseguiu a saga deste Senhor das Ilhas, título, aliás, do livro (edição Caminho) de Maria Isabel Barreno, uma obra que retrata a intensa e colorida vida do homem que a ilha do Sal celebrará, em Setembro.

DN, 27-7-2008
 
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