22 julho, 2008

 

À facada


ou o novo culto do punhal




http://pt.wikipedia.org/wiki/Arma_branca

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38 pessoas esfaqueadas por dia no Reino Unido

HELENA TECEDEIRO

A onde de crimes com arma branca em Londres (foram mortos 18 adolescentes este ano) está a causar o pânico entre os pais britânicos. Alguns pensam deixar a capital para proteger os filhos. O Governo encomendou 20 mil casacos à prova de facada para polícias, seguranças e professores
No último ano, 446 das 14 mil vítimas eram adolescentes
"A cidade das lâminas", uma "selva" e um sitio onde "esfaquear virou moda" foram apenas algumas das expressões usadas nos media franceses para descrever Londres depois do assassínio de dois estudantes franceses, amarrados, mortos com 243 facadas e queimados na capital britânica. Ontem, o jornal britânico The Independent on Sunday revelava que no último ano deram entrada nos hospitais do Reino Unido perto de 14 mil pessoas com ferimentos de arma branca: uma média de 38 por dia.

Os números do Ministério da Saúde britânico revelam a diminuição da idade das vítimas, 446 das quais tinham menos de 14 anos. Os ataques com facas contra adolescentes estão a deixar os pais britânicos em pânico. A mulher do ex-primeiro-ministro Tony Blair, Cherie, mãe de três rapazes e uma rapariga, reconheceu há dias : "Como mãe fico preocupada com o que pode acontecer aos meus filhos quando andam na rua." E o mayor de Londres, o mesmo Boris Johnson que aconselhava os londrinos a confrontar quem estivesse a fazer distúrbios nas ruas, veio dizer aos jovens para não se envolverem se assistirem a uma rixa.

Foi ao tentar escapar de uma discussão à saída de um bar que Ben Kinsella foi assassinado há uma semana. O rapaz de 16 anos, irmão da actriz Brooke Kinsella, da série Eastenders, foi o 17.º adolescente assassinado em Londres este ano - 13 deles esfaqueados. Mas não foi o último. Na quinta-feira, Shakilus Townsend foi morto da mesma forma a sul do Tamisa, longe da casa da mãe pela qual chamou antes de perder os sentidos. A polícia já deteve cinco pessoas alegadamente ligadas ao crime.

Apesar dos esforços das autoridades e da imprensa para não causarem alarmismo, alguns pais estão decididos a sair de Londres para protegerem os filhos. É o caso de um habitante de Beulah Crescent, a zona onde foi assassinado Shakilus, que disse ao Independent on Sunday: "Tenho dois filhos e preciso de os proteger. Para mim Londres acabou."

As estatísticas do Ministério da Saúde confirmam que os internamentos de adolescentes entre os 16 e 18 anos vítimas de facadas aumentaram 75% de 2002-03 para 2006-07.

Estes número vêm contrariar as declarações da ministra do Interior britânica. Na semana passada, Jacqui Smith garantiu que os crimes com arma branca "não são mais preocupantes do que já foram".

Depois de anunciar a criação de uma força especial anti-esfaqueamento composta por 75 agentes, a polícia britânica pediu ontem aos hospitais para a notificarem de todos os internamentos por ferimentos com arma branca, de forma a identificar as zonas mais vulneráveis.

O aumento deste género de crime já levou as autoridades britânicas a fornecerem equipamento especial à prova de facada não só aos polícias, mas também aos seguranças dos hospitais e professores. Até agora, o Governo encomendou mais de 20 mil casacos à prova de esfaqueamento, garantiu o semanário The Observer. Esta revelação surge num momento em que a Scotland Yard avança que os crimes com arma branca ultrapassaram o terrorismo na lista das suas prioridades. Os casacos anti-esfaqueamento já se haviam tornado um sucesso nos últimos meses entre os pais preocupados com a segurança dos filhos.

DN, 7-7-2008
 
Quatro mortes à facada no mesmo dia em Londres

PATRÍCIA VIEGAS

Reino Unido. Número de adolescentes esfaqueados este ano já vai nas duas dezenas

Numa altura em que os esfaqueamentos ultrapassaram o terrorismo na lista de prioridades das autoridades policiais do Reino Unido, foi noticiado que quatro pessoas perderam a vida, em Londres, no mesmo dia, na sequência de ataques com facas.

Na quinta-feira um rapaz de 19 anos foi esfaqueado até à morte em Edmonton, no Norte da capital, enquanto outros dois, de 20 anos, morreram em Leyton e Walthamstow. Na estrada de Tottenham, no Norte, foi encontrado com ferimentos de arma branca um homem de 42 anos.

A primeira vítima, o vigésimo adolescente a falecer este ano na sequência de esfaqueamento, recebeu múltiplas facadas durante uma luta num estúdio de Edmonton. O rapaz que faleceu em Leyton, Norte, foi esfaqueado depois de confrontos com um grupo de homens, a seguir a um acidente rodoviário.

No que respeita às outras duas vítimas, diz a BBC, terão sido alvos de assaltos ou ataques premeditados. Na véspera, diz o Independent, outras três pessoas perderam a vida na sequência de esfaqueamentos, em Londres e no resto do país.

A situação no Reino Unido é tal que o comissário-chefe da polícia britânica lançou ontem um apelo à calma, principalmente na capital, para que seja possível enfrentar o problema conjuntamente.

"Estes ataques não estão relacionados nem todos envolvem jovens. Os detectives fizeram detenções em três dos quatro homicídios. Quero assegurar ao público que estamos a fazer todo o possível para tirar as facas das ruas", afirmou Ian Blair, que foi citado pelo Guardian.

O chefe do Governo britânico também falou sobre o problema. Gordon Brown descreveu os esfaqueamentos dos últimos dias como "chocantes e trágicos" e indicou que a ministra do Interior vai anunciar na segunda-feira novas medidas para travar os crimes com a arma branca. O autarca londrino, Boris Johnson, já fez uma proposta radical: "Prender quem tiver facas".

DN, 12-7-2008
 
DESENHO CONTA-NOS TAL E QUAL

Ferreira Fernandes

Ontem, o Times de Londres dedicou a Portugal um grande desenho, na página de opinião. Na verdade, o jornal nem sabia que estava a falar de Portugal. Aliás, o cartoonista Morland, o autor do desenho, pensava que estava a ilustrar uma actualidade britânica: a vaga de crimes à navalhada pelos jovens londrinos. Mas, quanto a mim, era de Portugal, escarrapachadinho, que ele falava. Vamos ao desenho, de dois personagens, um rapazinho e a mãe. Ele, com um daqueles capuzes muito em moda e são sinal de garoto suburbano que gosta de esconder a cara, estendia um facalhão à mãe: "Desculpa, mãezinha..." E a mãe, gritando, em crescendo: "Desculpa?! Tu pedes desculpas?! Foi isso que te ensinei?! Acusa é o Governo! Acusa a câmara, a escola, a sociedade e a loja que te vendeu a naifa!" O desenho vinha com uma ironia suplementar, a mãe tinha tatuado no braço o seu provável destino: "Vítima." Não vos disse? Era mesmo sobre Portugal, onde a culpa nunca mora lá em casa.

DN, 16-7-2008
 
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