17 julho, 2008

 

Festivais de Verão


Alguns géneros


Festival Med
http://www.festivalmed.com.pt/2008/

Sete Sóis Sete Luas
http://www.7sois7luas.com/

Festival músicas do mundo
http://www.fmm.com.pt/

Festival intercéltico
http://www.intercelticosendim.com/

Festival maré de Agosto
http://www.maredeagosto.com/

Festival Musa
http://www.experienciamusa.org/

Optimus Alive
http://www.optimusalive.com/

Comments:
O MUNDO EM ESCUTA NO VERÃO PORTUGUÊS

JOÃO PEDRO OLIVEIRA

Nos próximos dois meses há um cartaz de pelo menos uma centena de concertos por onde escolher. O roteiro dos festivais organizados sobre a etiqueta genérica de 'world music' não pára de crescer em Portugal.

A décima edição do FMM de Sines é o ponto alto do roteiro
A música diz-se do mundo quando dela se quer dizer que é feita de uma espécie de tecido artesanal, que não condiz com esse outro produzido em série por uma indústria cultural omnipresente. O que significa que se diz do globo precisamente aquela música que é expressão íntima de uma latitude concreta. E aí começa o paradoxo da etiqueta: o querer encontrar afinidades que permitam arrumar dentro do mesmo saco tudo aquilo que, por princípio, se valoriza exactamente pela sua singularidade telúrica. A verdade é que dificilmente se acham outros fenómenos culturais tão significativos do sentido da globalização como o da chamada world music. Desde logo, porque a essa crescente procura do diferente se responde com uma oferta cada vez mais global da diferença. Uma oferta que, nos últimos dez anos, criou em Portugal uma montra de festivais cada vez mais ampla e atraente. E este Verão é disso um grande exemplo.

Do Festival Músicas do Mundo (FMM) de Sines, que cumpre a sua décima edição com um cartaz notável de 40 concertos divididos por cinco palcos em dez dias de música e iniciativas paralelas; a pequenos certames em fase experimental, como o Vinhais Fest que este ano se estreia em Trás-os-Montes; passando pelo já mítico Intercéltico de Sendim que se realiza uns dias antes e uns quilómetros adiante, o mapa de ofertas dos próximos dois meses é revelador de uma procura crescente e de um público cada vez mais organizado. Contas feitas por alto, são pelo menos oito festivais dignos de nota, que somam um cartaz de mais de uma centena de concertos. Das sete partidas do mundo e dos seus antípodas, um elenco os sons da tradição dos outros e de projectos de fusão com geografia incerta, que inclui nomeados e vencedores dos mais prestigiados prémios internacionais - como os BBC World Music Awards - e campeões de vendas do género, devidamente sinalizados na World Music Charts Europe.

Os destaques inevitáveis são dois: o primeiro para o MED, que hoje encerra a sua quinta edição, finalizando um programa de cinco noites de concertos no centro histórico de Loulé, e que é já seguramente um dos pontos mais altos no roteiro anual destas músicas; o outro é para o FMM de Sines, que entre os dias 17 e 26 de Julho assinala o seu décimo aniversário com um programa alargado ao palco colocado em Porto Covo e é já uma referência obrigatória no roteiro europeu.

DN, 29-6-2008
 
MÚSICA EM DUAS FRENTES

MARCOS CRUZ

A 14.ª edição do Super Bock Super Rock começa hoje, no Parque da Cidade do Porto. A festa continua amanhã no mesmo recinto. Para a semana, o festival desce até ao Parque Tejo, em Lisboa, a única cidade que acolheu todas as suas edições. Os concertos terminam na próxima quinta-feira
Super Bock Super Rock arranca hoje no Porto
Depois de cinco anos cingido a Lisboa, o Super Bock Super Rock (SBSR) recupera a partir de hoje o modelo que conheceu entre 1999 e 2003, voltando ao Porto com uma novidade estrutural: a estreia em locais abertos, no caso o Parque da Cidade, pulmão da metrópole nortenha onde tem decorrido a Queima das Fitas. Em termos de condições, não há comparação com as soluções antigas (Coliseu e Hard Club), como Luís Montez, na apresentação do recinto à imprensa, sublinhou. "Está tudo conjugado para um grande regresso ao Porto", garantiu o patrão da Música no Coração, entidade que organiza o festival.

O Parque, que desemboca junto ao Edifício Transparente, "bancada" comercial virada para o mar, terá dois mil lugares de estacionamento destinados a viaturas e motociclos (já a pensar nos "motoqueiros" esperados para ver os ZZ Top), uma esplanada com 2 mil metros quadrados, 14 tendas de cerveja, casas de banho amovíveis e uma roda gigante, tipo Feira Popular, oferecendo uma perspectiva especial do recinto. As portas abrem às 16.00. O palco, com dois ecrãs laterais, tem 20 metros de comprimento e cerca de nove de altura.

A noite de hoje dificilmente não terá lotação esgotada, visto que ontem já estavam vendidos quase os 20 mil bilhetes definidos como tecto pela organização, "para que tudo corra bem". 40 mil são, portanto, os espectadores estimados na operação SBSR/Porto, alguns dos quais provenientes de Espanha. 50 mil são os litros de cerveja existentes, o que dá uma média, talvez curta, de litro e pouco por pessoa.

Quatro dias depois da metade do festival agendada para o Porto, a música chega a Lisboa. Aquele que é o mais antigo festival rock do Sul do País regressa ao Parque Tejo pela quinta edição consecutiva. O público do festival já conhece, de resto, o recinto, o mesmo que acolheu as últimas edições do festival.

A verdade é que, 14 anos depois de uma primeira edição organizada em 1995, na Gare Marítima de Alcântara, o Super Bock Super Rock já é uma paragem obrigatória para muitos melónomanos portugueses e não só, uma vez que já se realizaram quatro edições do festival em Angola. E, de facto, o impacto conquistado ao longo dos anos e a consequente longevidade do festival surpreendem o próprio Luís Montez, que considera que a mostra já conquistou estatuto de "clássico".

Com Luís Filipe Rodrigues e Rui Marques Simões

DN, 4-7-2008
 
A grande legião do 'heavy metal' ao encontro dos Iron Maiden

DAVIDE PINHEIRO

Arranca hoje o segundo acto do Super Bock Super Rock
2008 é um ano que os adeptos portuguesas do heavy metal nunca esquecerão. As maiores bandas passaram por Portugal ou estão em vias de o fazer. Há festivais um pouco por todo o país e mesmo alguns figurões do underground têm visita marcada.

Hoje, a instituição Iron Maiden regressa a Lisboa para um concerto integrado na Somewhere Back in Time World Tour 2008, digressão que começou a percorrer o globo em Fevereiro e só termina no Outono. É um espectáculo que revisita uma obra fundamental para a construção da linguagem do heavy metal assim como a conhecemos. Para assinalar a efeméride, foi também editada uma antologia com o mesmo nome que, embora apele directamente à nostalgia, incide sobretudo na década de 80. O alinhamento de hoje não deverá ser muito diferente daquele que se pode ouvir em disco.

Adigressão tem batido recordes de vendas: bilhetes para concertos da Finlândia e Suécia até à Colômbia, por exemplo, esgotam-se em duas horas, o que mostra bem o apetite pelos sempre grandiosos espectáculos dos Iron Maiden.

O espectáculo não poderia ficar completo sem Eddie, o esqueleto sempre pronto para se travestir de astronauta serial killer. Desta vez, a digressão avança sob o tema do Antigo Egipto, recordando a Powerslave Tour, que em 1985 originou o video Live After Death, recuperado, melhorado e reeditado em DVD a 4 de Fevereiro de 2008.

Os Iron Maiden fazem-se acompanhar de uma comitiva de 60 técnicos e assistentes num Boeing 757 decorado com imagens da mascote Eddie em ambos os lados da fuselagem e do leme traseiro. O avião que transporta a banda tem aos comandos o vocalista Bruce Dickinson, que possui o curso de piloto comercial profissional.

Imediatamente antes dos Iron Maiden, outro regresso de peso: o dos Slayer. Embora a linguagem seja substancialmente mais moderna, há toda uma história que se confunde sobretudo com os anos 90 e com o thrash de uma banda que começou por fazer versões dos... Iron Maiden.

A descendência não se fica por aqui. A filha do baixista dos Iron Maiden, Steve Harris, Lauren, aproveita a boleia e abre o dia dedicado a sonoridades pesadas embora com uma carga substancialmente mais leve.

O mesmo se passa com os portugueseses Tara Perdida que, embora relegados para o fim da noite, têm oportunidade de mostrar o novíssimo Nada A Esconder. Avenged SevenFold e Rose Tattoo completam o cartaz.

DN, 9-7-2008
 
OPTIMUS ALIVE!08 LEVA ROCK A OEIRAS

LUÍS FILIPE RODRIGUES

Veteranos lendários e jovens promessas vão passar por Oeiras ao longo dos próximos três dias, num festival com claras ambições internacionais. Bob Dylan, Neil Young e Rage Against The Machine são os cabeças- -de-cartaz do mais recente festival de Verão português

Quando a promotora Everything Is New inaugurou o cartaz do Optimus Alive!08, em Dezembro de 2007, com o anúncio da actuação dos Rage Against The Machine, ficou explícito que este festival seria bem diferente daquilo a que a concorrência nos habituou. Desde que os autores de Killing In The Name se reuniram aquando da edição de 2007 do Festival de Coachella, nos Estados Unidos, a sua contratação passou a ser uma dos principais objectivos de qualquer festival, e a banda ia passar por Portugal.

Nos meses que se seguiram a este anúncio, foram vários os nomes que se juntaram à banda norte-americana no cartaz. Desde veteranos como Bob Dylan ou Neil Young, a nomes consagrados como Ben Harper ou os Spiritualized, passando por algumas das últimas revelações da actual cena indie, como os MGMT, os Vampire Week-end, ou Hercules & Love Affair.

Estes nomes são apenas alguns dos destaques de um cartaz, que além de 43 projectos musicais conta também com a performance dos The Do LaB, que a revista Vogue considerou "o maior espectáculo à face da terra". Por outro lado, e graças a uma parceria estabelecida com o Instituto Gulbenkian de Ciência, vários investigadores da fundação estarão presentes no recinto do Festival, com o intuito de esclarecer algumas dúvidas aos membros do público. Outro destaque do cartaz, que também não está directamente ligado ao mundo da música, é a homenagem ao já falecido artista gráfico português Sam.

Pode não parecer importante, mas convém referir a alteração do nome do festival que debutou no ano passado como Oeiras Alive!07. Porém, para Álvaro Covões, o responsável máximo pela promotora do evento, esta alteração não influenciou o espírito do evento. "A Optimus quis assumir o naming", explicou, em declarações ao DN. O patrão da Everything Is New não quis porém desvalorizar o apoio da operadora, cujo investimento "permitiu um orçamento maior [para o festival], bem como este programa e estas infraestruturas".

E, de facto, foi graças a estes apoios que o evento conseguiu reunir um vasto cartaz, que se encontra ao nível de alguns festivais de Verão europeus. Álvaro Covões faz questão de sublinhar esta dimensão internacional, que distingue o Optimus Alive!08 da sua concorrência. Segundo o organizador, estarão presentes no evento cerca de mil fãs britânicos e 3 mil espanhóis.

No entanto, é inegável que o sucesso do Alive! se mede pela elevada adesão do público português. Só no primeiro dia deverão passar pelo Passeio Marítimo de Algés cerca de 40 mil pessoas, e a organização está à espera de mais de 100 mil visitantes ao longo dos 3 dias deste festival, que como Álvaro Covões lembrou as revistas "NME e a Uncut reconhecem como sendo um dos melhores da Europa".

DN, 10-7-2008
 
Uma noite sem nostalgia pelo talentoso 'Mr. Dylan'

TIAGO PEREIRA

Era o nome mais esperado do festival Optimus Alive!. Passou brevemente pelo mais recente álbum, 'Modern Times', mas deu prioridade às suas memórias. Contudo, fê-lo seguindo as suas próprias regras: este é um ícone 'rock'n'roll', fiel apenas à sua vontade em não ser uma resposta às expectativas.
Entre a multidão - cerca de 30 mil pessoas - há dançarinos de twist, ancas como as de Elvis e chapéus que foram brindes festivaleiros e agora pertencem a cowboys à beira-Tejo. Outros esperam por versos de protesto, para satisfazer o desejo secreto de entoar bem alto o refrão de Mr. Tambourine Man. Quem canta é Bob Dylan - "Mr. Dylan", como foi apresentado no início do concerto - e as duas reacções encontram-se numa só: o Dylan que esteve no Optimus Alive!, na noite de sexta-feira, não é o da romântica década de 60. Mas, ao mesmo tempo, é o único Dylan que poderíamos receber em 2008.

Like A Rolling Stone chega no final. Dylan continua de olhos presos nas teclas que agora o acompanham em todos os palcos. E foge à melodia que ficou para a história como uma das melhores de sempre (dizem as tabelas publicadas ao longo de décadas). Mas este é o último tema e os coros libertam-se: aquele refrão tinha de ser cantado como foi originalmente gravado, depois de duas horas de reinvenção. Bob Dylan é, hoje, vocalista de uma banda de rock'n'roll que adapta harmonias e tons às suas limitações. Aproveita e distribui lições de tradição musical americana. No Alive! escuta-o um público que abrange todas as idades e que pode desesperar ao aguardar por interpretações que hoje são impossíveis. "Judas", poderão gritar quando Girl From The North Country é recordação feita com bateria, baixo e guitarra eléctrica em improviso. Mas este "infiel" já o foi em ocasiões anteriores e hoje "limita-se" ao seu rock'n'roll, que lhe dá a simplicidade para ser Bob Dylan aos 67 anos.

Entre os 15 temas, canta Ain't talkin, just walkin', uma das passagens por Modern Times de 2006. E ouçamo-lo com atenção que, nos tempos mais recentes, poucas vezes terá sido tão revelador. Quatro décadas depois, Bob Dylan continua a explicar que não é um messias nem um revolucionário. Aliás, diálogo com o público só para apresentar os músicos. Está em palco bem fardado, de calça riscada e chapéu de aba larga. Todos os músicos seguem o seu exemplo, que esta é uma função de responsabilidade. E o rock que se ouve é feito de imagem e hedonismo. Bob Dylan toca o que quer como quer. Oferece Rainy Day Women #12 & 35 ou Don't Think Twice It's All Right para satisfazer os que queriam ver o ícone pelo menos uma vez na vida, mas foge das regras mais óbvias da folk porque a tal está obrigado. A voz tem os 67 anos bem marcados e pode recordar a frase "Dylan não canta mal, canta diferente". Espera-se pela harmónica para viajar até aos discos que originalmente revelaram aquelas canções.

Mas, no final, a memória é só uma: Bob Dylan esteve em palco. Mostrou a sua dança minimalista (apenas com uma perna), foi ícone rock inimitável e esboçou um sorriso na despedida. Histórico.

DN, 13-7-2008
 
DOIS HERÓIS NUMA MESMA NOITE

NUNO GALOPIM

Se não é inédito, tem ar disso. Dois veteranos de currículo ímpar actuam na região de Lisboa no próximo sábado. Leonard Cohen está de regresso naquela que será, provavelmente, a última oportunidade para o ver em palco. Já Lou Reed traz um espectáculo baseado no álbum conceptual 'Berlin', de 1973. A escolha terá que ser feita até ao dia 19. E o DN foi ouvir potenciais espectadores de ambos os concertos

É daquelas ocasiões que nos faz querer ser como Santo António. Mas trocando o par Lisboa/Pádua por Lisboa/Oeiras, para em ambos os lugares estar em simultâneo. Dia 19, ou seja, na mesma noite, poucos quilómetros vão separar duas actuações de veteranos há muito aclamados e respeitados pelo mundo fora. Lou Reed leva ao Campo Pequeno (Lisboa) um concerto essencialmente centrado nas canções de Berlin, álbum de 1973 que mergulha em histórias de depressão, consumo de drogas e outras sombras. Perto de Oeiras, no Passeio Marítimo de Algés, a noite fica por conta de Leonard Cohen, que regressa a Portugal 20 anos depois de uma digressão que fez história e numa ocasião que é dada como eventual última oportunidade para o ver em palco.

A escolha não é fácil. Ambos são ícones de primeira linha. Lou Reed actua, na noite seguinte em Loulé, em concerto integrado no cartaz musical do programa Allgarve. Ajuda?...

Ambos são veteranos (Cohen com 73 anos, Reed nos 66), com carreiras encetadas ainda na década de 50. Cohen começou nas letras, tendo já livros publicados (alguns de poesia e dois romances) quando a música ganhou estatuto de protagonismo na sua obra. Lou Reed, por seu lado, foi "animal" rock'n'roll desde sempre, tocando em bandas doo wop e gravando versões de êxitos para jukeboxes desde 1958. A poesia, curiosamente, passou também pela sua formação. Delmore Schwartz, nos seus últimos anos de vida, foi mentor com enorme impacte na formação do músico.

Curiosamente o primeiro disco marcante de ambos data de 1967. Reed na estreia dos Velvet Underground (Velvet Underground & Nico), o álbum "pai" de toda a pop/rock cultura independente. Cohen lançando The Songs Of Leonard Cohen, primeiro álbum que desde logo vincou uma postura autoral de poética invulgarmente literária, mas não menos cuidada na composição.

A obra musical de ambos cresceu, regular, sem grandes hiatos, fez-se vasta, importante e influente. Com os Velvet Underground e, mais tarde, em álbuns como Transformer (1972), Berlin (1973), New York (1989) ou The Raven (2003), Lou Reed assinou alguns dos mais significativos episódios da história do rock'n'roll. Por seu lado, Leonard Cohen seguiu trilhos que o álbum de estreia desde logo ditou, com pontuais furas à norma em instantes como, por exemplo, a colaboração com Phil Spector em Death Of A Ladies Man (1977) ou o fugaz flirt com os sintetizadores em I'm Your Man (1988). No ano passado a sua poesia gerou uma colaboração com Philip Glass em Book Of Longing.

O cinema documental já visitou os dois. E nos últimos anos vimos o mundo de Cohen e seus fãs em I'm Your Man, de Lian Lunson. Por seu lado, Julian Schnabel captou a presente digressão de Lou Reed em Lou Reed's Berlin.

DN, 13-7-2008
 
Sons de todo o mundo convergem em Sines

LUÍS FILIPE RODRIGUES

Arranca hoje o Festival Músicas do Mundo de Sines, que comemora o seu décimo aniversário com 10 dias de concertos. A edição deste ano volta a decorrer simultaneamente em Sines e Porto Covo. Até dia 26 deverão passar pelos quatro palcos do evento cerca de 40 artistas na área da 'world music'

Porto Covo acolhe extensão do festival

Arranca hoje a décima edição do Festival Músicas do Mundo (FMM) de Sines, que ao longo dos próximos dez dias vai trazer alguns dos maiores nomes do panorama da world music ao litoral alentejano. Convém destacar a extensão do festival à aldeia de Porto Covo. Para celebrar os dez anos do festival, aquele que é o segundo centro urbano do concelho de Sines vai voltar a receber um dos quatro palcos do festival.

A descoberta de novos sons e formas de encarar a música contemporânea é um aspecto essencial do cartaz de Sines. Convém, porém, destacar alguns dos artistas que vão passar pelos quatro palcos do festival. É, portanto, imperativo sublinhar a presença de nomes como Cui Jian, o pai do rock chinês, os percursores do hip hop The Last Poets, e a diva indiana Asha Bhosle.

De facto, a dimensão internacional destes artistas não é comparável à expressão dos músicos que integraram o cartaz da primeira edição, em Agosto de 1999. Talvez porque, aquando da criação do festival, no final da década de 90, a world music era um género musical ainda pouco frequente nos palcos portugueses, apesar de algumas excepções pontuais, como a própria Festa do Avante!. De então para esta parte, porém, as músicas do mundo tornaram-se um fenómeno generalizado.

Em Portugal, porém, o Festival Músicas do Mundo de Sines foi essencial para levar a world music a um público que nunca tinha demonstrado qualquer interesse pelo tema. Este fenómeno potenciou o crescimento do festival, que conseguiu assim chegar a um público mais alargado e ocupar cada vez mais palcos, mas contribuiu também para o aparecimento de eventos de características semelhantes em vários pontos do País, desde o Porto até ao Algarve.

É porém necessário lembrar que nenhum destes festivais possui um cartaz tão rico e diversificado como o FMM, que vai trazer ao litoral alentejano mais de 40 artistas, vindos dos quatro cantos do mundo. Da Finlândia ao continente americano, passando pela África e pelo Médio Oriente, são várias as zonas abrangidas pelo cartaz. A variedade também é vasta em termos de géneros musicais, indo desde sons mais próximos do imaginário ocidental, como o punk e a folk até às sonoridades típicas e características de diversas regiões e continentes.

Mas não é só de concertos que vive o Festival de Músicas do Mundo de Sines. Apesar de a música ser o principal chamariz do festival, é óbvio que o convívio desempenha um papel tão ou mais importante que as actuações dos próprios artistas, como é habitual nestas ocasiões. Além disso, o festival engloba ainda vários ateliês, seminários, debates e ciclos de cinema, como tem vindo a ocorrer nalguns eventos semelhantes. Por outro lado, esta é também uma oportunidade privilegiada para conhecer a costa alentejana e visitar as principais atracções turísticas da região.

DN, 17-7-2008
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?