03 julho, 2008

 

Águia


de Bonelli e outras...




http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81guia-de-bonelli

http://seguimentodeaves.domdigital.pt/aguias/aguias/aboneli.htm

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A águia que voou para sul

MARIA GABRIEL SOUSA

Vinda do nada, a águia-de-bonelli foi descoberta em cima de árvores na costa vicentina no início dos anos 90, quando era suposto estar a nidificar em rochedos, tal como acontecia até então em toda a Península. Predominantemente rupícula a norte, passou também a ser arborícola, à medida que voava mais para sul, estendendo o seu território em Portugal, um sinal animador para uma espécie em perigo. Hoje, a sul encontramos já 60% dos cerca de 100 casais existentes no nosso país.

Esta é a ave de rapina que mais cedo se reproduz na região mediterrânea - as primeiras posturas, de um a três ovos por ano, ocorrem no início de Janeiro - e o seu sucesso depende bastante das condições meteorológicas. Uma vez que a incubação dura em média 39 dias, este ano os casais que estavam mais atrasados perderam todas as suas posturas devido às intensas chuvas do início de Março, que impediram os machos de encontrar alimentação ou levaram as fêmeas a sair do ninho para a procurar, abandonando os ovos, e provocando a morte do embrião por arrefecimento.

"O ano passado, pelo contrário, foi um ano excepcional de reprodução", refere Luís Palma, biólogo e coordenador do projecto Life - Natureza, implementado pelo Centro de Estudos de Avifauna Ibérica, em Évora.

Os últimos 15 dias dos 63 em que as crias se desenvolvem são uma fase muito sensível e requer "mais olhos" para quem faz a monitorização (observação pelas equipas no terreno, que permite acompanhar a evolução e identificar problemas), "porque como já têm alguma capacidade de voo, podem sair precipitadamente do ninho, planar para o chão e tornarem-se um isco para os predadores ou não conseguirem sair dali", conta .

No fim do desenvolvimento, os juvenis têm praticamente a dimensão dos adultos, a estrutura óssea está completa e a ave não cresce mais. Segundo Luís Palma, "o que acontece é que faltam peso e penas. Os padrões de plumagem mudam. O jovem é muito diferente do adulto, tem uma cor arruivada em termos de plumagem, enquanto que nos adultos as cores dominantes são castanho escuro e branco." A plumagem do juvenil vai mudando progressivamente, e evolui para a plumagem do adulto que se torna definitiva aos quatro anos. "É possível identificar a idade de uma ave em voo pelos padrões da plumagem - a partir daí já não se consegue."

Com uma envergadura que varia entre 1,50 e 1,80 metros e um comprimento entre os 65 e os 72 cm, a águia- -de-bonelli pode pesar entre 1,70 e 2,00 kg (por curiosidade, as do Sul são mais pesadas, atingindo pesos na ordem dos 2,20 e 2,50 kg, macho e fêmea, respectivamente), diferenciando-se a fêmea por ter mais 20 cm de envergadura. Comem pombos domésticos, coelhos e a perdizes, bem como uma grande diversidade de outras aves.

Na última década e meia, a população de águias quase duplicou no Alentejo e Algarve. Hoje, e em Portugal, são cada vez menos rupículas e cada vez mais arborícolas (nidificando, sobretudo, no sobreiro, no pinheiro e no eucalipto). Isto pode acontecer não só pela grande competição que existe com outras espécies na zona do Douro, como pela distância a que estão sujeitas neste habitat, que dificulta o recrutamento (substituição dos indivíduos por morte de um dos membros do casal, por exemplo).

E há outras razões. Uma delas é que "ao reocupar [o território] já não se instalam em rochas mas em árvores. Há como que uma subcultura nesta população que lhe permite não só expandir-se para outros habitats que não têm rochedos, como reocupar territórios em que os rochedos são escassos. Marquei aves em Monchique que vieram a reproduzir-se na Arrábida" , segundo o biólogo.

Criar condições para evitar que morram electrocutadas esbarrando em linhas de alta tensão é uma das muitas formas de preservar a águia- -de-bonelli, cuja longevidade pode atingir as dezenas de anos. Mas os factores a ter em conta são muitos, "como as caçadas de javali, que são de uma grande perturbação, se pensarmos que podem implicar 300 cães, 20 batedores, uma centena de caçadores durante um dia inteiro", alerta Luís Palma.

DN, 1-6-2008
 
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