10 julho, 2008
Horas
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ANDAMOS A ESPALHAR NOTAS DE 20 EUROS
Jorge Fiel
redactor principal
Aprendi com um anúncio televisivo da Swatch que um minuto nem sempre é um minuto - ou, se quiserem, que há minutos mais iguais que os outros.
Tendo como banda sonora a fantástica voz de Midge Ure cantando Breathe, o anúncio mostrava que, quando estamos aflitinhos para fazer chichi, os 30 segundos demoram muitíssimo mais tempo a passar do que se estivermos a partilhar o elevador com uma sósia da Scarlett Johansson enfiada dentro de um vestido justo e curto.
O tempo varia não só em função das situações que mede, mas das pessoas que dispõem dele - e da actividade que exercem.
Na final da Champions, que durou 120 minutos, Cristiano Ronaldo teve a bola nos pés apenas 1m59s. Menos de dois minutos de intervenção por jogo chegam para o Real Madrid lhe acenar com um contrato em que ganhará mais numa semana do que 9,9 milhões de portugueses receberão no resto das suas vidas.
No debate entre os quatro candidatos à liderança do PSD, a TVI atribui 12 minutos exactos para cada um deles expor as suas ideias, um tempo inferior ao que foi concedido no mesmo horário televisivo ao José Castelo Branco e aos outros pândegos do Big Brother.
É tudo uma questão de tempo. Ao encurtar para 30 dias o prazo de reembolso do IVA às empresas da construção, o Governo está a aliviá-las de encargos com juros.
Se o tempo é mesmo dinheiro, devíamos aprender a saber geri-lo melhor para evitar desperdícios. Não saber trabalhar é um das principais causas da fraca produtividade que debilita a nossa economia e prejudica a sua competitividade.
Numa edição antiga da Fortune li a história de sucesso de uma empresa que se dedica a arrumar a secretária de executivos. Os seus colaboradores são consultores especializados, que reúnem todas as informações sobre o processo de trabalho e necessidades do cliente, para depois lhe proporem um plano de organização dos papéis e documentos no tampo e gavetas da sua secretária. O objectivo é poupar-lhes tempo precioso.
Na universidade ensinam-nos quase tudo - menos a saber trabalhar. E a maior parte das empresas ainda não reparou que tem tudo a ganhar em preencher essa lacuna e fornecer formação nesta disciplina aos seus recursos humanos.
Temos nas empresas pessoas cheias de qualidade e de boa vontade que só não são mais eficazes porque ainda ninguém lhe ensinou a distinguir o que é urgente do que é prioritário e que é sempre preferível agir do que reagir.
No desporto, os atletas de alta competição são treinados para conseguir realizar a melhor performance em menos tempo - e submetidos a cargas horárias doseadas cientificamente para evitar lesões.
Nas empresas, os trabalhadores devem ser preparados para serem eficazes, produzindo mais e melhor em cada vez menos tempo - e submetidos a cargas horárias razoáveis para evitar "stress" e a "depressão".
Se o tempo é dinheiro porque é que teimamos em desperdiçá-lo? Ninguém anda aí pelas ruas a espalhar notas de 20 euros, pois não?
DN, 8-6-2008
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Jorge Fiel
redactor principal
Aprendi com um anúncio televisivo da Swatch que um minuto nem sempre é um minuto - ou, se quiserem, que há minutos mais iguais que os outros.
Tendo como banda sonora a fantástica voz de Midge Ure cantando Breathe, o anúncio mostrava que, quando estamos aflitinhos para fazer chichi, os 30 segundos demoram muitíssimo mais tempo a passar do que se estivermos a partilhar o elevador com uma sósia da Scarlett Johansson enfiada dentro de um vestido justo e curto.
O tempo varia não só em função das situações que mede, mas das pessoas que dispõem dele - e da actividade que exercem.
Na final da Champions, que durou 120 minutos, Cristiano Ronaldo teve a bola nos pés apenas 1m59s. Menos de dois minutos de intervenção por jogo chegam para o Real Madrid lhe acenar com um contrato em que ganhará mais numa semana do que 9,9 milhões de portugueses receberão no resto das suas vidas.
No debate entre os quatro candidatos à liderança do PSD, a TVI atribui 12 minutos exactos para cada um deles expor as suas ideias, um tempo inferior ao que foi concedido no mesmo horário televisivo ao José Castelo Branco e aos outros pândegos do Big Brother.
É tudo uma questão de tempo. Ao encurtar para 30 dias o prazo de reembolso do IVA às empresas da construção, o Governo está a aliviá-las de encargos com juros.
Se o tempo é mesmo dinheiro, devíamos aprender a saber geri-lo melhor para evitar desperdícios. Não saber trabalhar é um das principais causas da fraca produtividade que debilita a nossa economia e prejudica a sua competitividade.
Numa edição antiga da Fortune li a história de sucesso de uma empresa que se dedica a arrumar a secretária de executivos. Os seus colaboradores são consultores especializados, que reúnem todas as informações sobre o processo de trabalho e necessidades do cliente, para depois lhe proporem um plano de organização dos papéis e documentos no tampo e gavetas da sua secretária. O objectivo é poupar-lhes tempo precioso.
Na universidade ensinam-nos quase tudo - menos a saber trabalhar. E a maior parte das empresas ainda não reparou que tem tudo a ganhar em preencher essa lacuna e fornecer formação nesta disciplina aos seus recursos humanos.
Temos nas empresas pessoas cheias de qualidade e de boa vontade que só não são mais eficazes porque ainda ninguém lhe ensinou a distinguir o que é urgente do que é prioritário e que é sempre preferível agir do que reagir.
No desporto, os atletas de alta competição são treinados para conseguir realizar a melhor performance em menos tempo - e submetidos a cargas horárias doseadas cientificamente para evitar lesões.
Nas empresas, os trabalhadores devem ser preparados para serem eficazes, produzindo mais e melhor em cada vez menos tempo - e submetidos a cargas horárias razoáveis para evitar "stress" e a "depressão".
Se o tempo é dinheiro porque é que teimamos em desperdiçá-lo? Ninguém anda aí pelas ruas a espalhar notas de 20 euros, pois não?
DN, 8-6-2008
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