13 julho, 2008

 

JBM


José Barata Moura




http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Barata-Moura

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José Barata Moura volta a levar canções ao palco

A festa dos 125 anos da Voz do Operário

Avô Cantigas é outro dos convidados da celebração no Fórum Lisboa

José Barata Moura está de regresso aos palcos hoje no Fórum Lisboa. O concerto serve para comemorar os 125 anos da Voz do Operário. Avô Cantigas, Samuel e os alunos e a Marcha da Voz do Operário são os restantes convidados. A festa começa às 16.00.

Antigo reitor da Universidade de Lisboa e hoje professor de Filosofia, Barata Moura estreou-se nas cantigas em 1967 com Aldeia Deserta, um manifesto sobre a emigração. Pouco tempo depois, percorria o país ao lado de nomes como os de José Jorge Letria, José Afonso, Francisco Fanhais, Adriano Correia de Oliveira e Manuel Freire. Quando editou Joana Come a Papa, o segundo single infantil da sua carreira, em 1974, já dava aulas na Faculdade de Letras, após ter terminado a licenciatura em Filosofia, com uma média final de 18 valores.

Foi no pós-25 de Abril que assinou as canções que ainda hoje fazem parte do imaginário popular português: o Fungagá da Bicharada, simultaneamente o nome de um programa da RTP onde eram convidados animais personificados. Entre eles, um perú, um cão, um pato e um gato.

A revista britânica Music Week considerou-o o artista português do ano em 1976 mas um autocolante do MPLA na viola gerou o fim do Fungagá da Bicharada. Um ano depois, regressou à RTP para traduzir, adaptar e interpretar a música do programa infantil Abre-Te Sésamo. Paralelamente, não deixou a canção política. É de 1977o ensaio Estética da Canção Política, "uma tentativa de pensar em termos teóricos uma prática".

Em 1984, gravou pela última vez. Os Trapalhonços foi o último de uma série de discos destinados a um público infantil. E disse então ao jornal A Capital que "gostaria que as crianças agarrassem nelas e as utilizassem nas suas brincadeiras".

Ao DN, confessou ter-se retirado por "não fazer sentido continuar a cantar as mesmas cantigas de sempre". Da mesma maneira, reconheceu "nunca mais ter composto", embora, de vez em quando, ainda em cante para os netos em casa.

Hoje, no Fórum Lisboa, o professor José Barata Moura regressa numa oportunidade rara para ouvir algumas das canções que todas as crianças já ouviram, pelo menos, uma vez na vida.

DN, 21-6-2008
 
" As canções eram uma brincadeira partilhada'

DAVIDE PINHEIRO

José Barata Moura, MÚSICO E PROFESSOR UNIVERSITÁRIO

O que é que sente neste regresso aos palcos após vários anos de ausência?

É um concerto que está integrado nos 125 anos da Voz do Operário e eu fui convidado. Não significa muito mais do que isso. De qualquer maneira, é sinal que as pessoas ainda se lembram de mim.

Mas porquê nesta data?

Gosto de cantar com a rapaziada e, de vez em quando, ainda o faço, embora sem a mesma regularidade de há 30 anos. Sei que vão lá estar algumas escolas, o que é muito interessante.

Porque é que se dedicou às canções infantis?

Penso que o contexto é conhecido. Teve a ver com a minha mulher. Ela tinha mais de 30 crianças na família e não sabíamos o que fazer durante aquele período que vai entre o regresso da praia e o jantar. Foi aí que eu comecei a cantar para os mais novos.

Que importância sente que tiveram essas cantigas durante aquele período?

Não me é muito fácil falar da importância da minha obra. Prefiro deixá-lo para outros. De qualquer maneira, é uma gratificação ímpar. Há um sentimento de partilha com as crianças que não tem paralelo.

Sente que essas canções foram referência para gerações vindouras?

Seria excessivamente modesto se dissesse que não, ainda que essa pergunta deva ser respondida por gerações de pessoas que hoje já são pais ou até mesmo avós. Contudo, é verdade que as pessoas me abordam e dizem que gostam. Pode ser por simpatia, mas tenho a noção que ainda há quem as oiça.

Os seus filhos e netos ouvem as suas cantigas?

O melhor é perguntar-lhes, mas penso que sim (risos). Pelo menos, é o que me dizem. Mas sim, eles ouvem.

Como é que intepreta fenómenos recentes de vendas astronómicas de música infantil numa época de crise no CD?

A música é um factor essencial de partilha, especialmente numa idade tão precoce. É fundamental na transmissão de conhecimentos e na percepção do mundo. Por isso, é natural que obtenha bons resultados comerciais.

Sente-se um pouco responsável por esse fenómeno?

Não sei. Se algum mérito tive, foi o de mostrar canções novas, que não eram necessariamente reproduções do que então se fazia lá fora.

Há alguma relação entre a sugestão pedagógica das suas canções e a ideologia que o formou?

Se as minhas canções tiveram alguma virtude foi a de arrancar uma brincadeira partilhada e não a pedagogia.

E de que forma é que o José Barata Moura académico conviveu com o músico?

A unidade está na vida e não na filosofia ou na arte.

DN, 21-6-2008
 
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