25 julho, 2008
Morcego
o mamífero que quis ser pássaro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Morcego
http://pt.wikipedia.org/wiki/Morcego-vampiro
http://sotaodaines.chrome.pt/sotao/morcego.html
http://www.gesmo.org/Morcegos.htm
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Os nossos amigos morcegos
MARIA GABRIEL SOUSA
Pequenos mamíferos voadores, vivem de cabeça para baixo, aos milhares, em árvores ou em abrigos subterrâneos. Em Portugal são exclusivamente insectívoros. A maioria tem populações consideradas estáveis, mas três das espécies estão seriamente em perigo
Os mitos e as crenças não têm facilitado a vida aos morcegos, uns animais tão simpáticos que até existe uma espécie chamada morcego-de-peluche (Miniopterus schreibersii). Mas ainda nem toda a gente o sabe. "Houve uma senhora que nos telefonou porque tinha um morcego em casa atrás do armário e estava verdadeiramente apavorada. Quando lá chegámos, estava de óculos de motoqueira, com um chapéu enfiado até às orelhas (por causa daquela crença de que eles se emaranham no cabelo), e de vassoura na mão... Era um daqueles morcegos muito pequeninos, portanto não sei quem é que estava mais assustado. É uma história verdadeiramente deliciosa", conta Ana Rainho, bióloga do Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, a fazer o doutoramento em Ecologia da Paisagem na Faculdade de Ciências de Lisboa.
O pouco conhecimento acarreta este tipo de temores, quando na verdade se trata de mamíferos o mais inofensivos possível, e mesmo com alguns problemas em vencer certas ameaças. Há 24 espécies de morcegos no País, 26 se contarmos com as endémicas [particulares a uma região] da Madeira (Pipistrellus maderensis), e dos Açores (Nyctalus azoreum), número este que até é bastante confortável, embora algumas estejam em vias de extinção. Fala-se em nove. Ana Rainho referiu três ao DN que diz estarem seriamente em perigo: o morcego-de-ferradura-mourisco (Rhinolophus mehelyi), o morcego-de-fer- radura-mediterrânico (Rhinolophus euryale) e o morcego-rato-pequeno (Myotis blythii). Neste último caso, por exemplo, só se conhecem duas colónias de hibernação em Portugal, uma no Algarve e outra em Vila Real, que não chegam aos mil indivíduos.
Podem ser arborícolas ou cavernícolas - estes últimos são a maioria. Há morcegos que se alimentam de frutas, outros de peixe. Mas em Portugal são todos insectívoros, evitam pragas florestais ou agrícolas. "Mesmo aqui há diferenças: há os que caçam no solo, os que caçam em voo, outros ainda no meio do mato, os que preferem as zonas abertas... Podem ter diferentes estratégias de caça. São todas estas diferenças que fazem com que haja espécies mais ou menos ameaçadas", diz a bióloga.
Os pesticidas são um dos maiores inimigos dos morcegos. Outra grande ameaça das espécies cavernícolas é também a perturbação dentro dos abrigos (actividades radicais, visitas, curiosidade...) ou, no limite, a destruição. "Imagine-se uma espécie de dez mil indivíduos, um número significativo mas dividido por três colónias. Ora, se uma delas é destruída, há milhares que morrem logo", refere. Convém aqui referir que se trata de animais tão pequenos que podem ter só 3 cm e pesar 15 gramas.
DN, 13-7-2008
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MARIA GABRIEL SOUSA
Pequenos mamíferos voadores, vivem de cabeça para baixo, aos milhares, em árvores ou em abrigos subterrâneos. Em Portugal são exclusivamente insectívoros. A maioria tem populações consideradas estáveis, mas três das espécies estão seriamente em perigo
Os mitos e as crenças não têm facilitado a vida aos morcegos, uns animais tão simpáticos que até existe uma espécie chamada morcego-de-peluche (Miniopterus schreibersii). Mas ainda nem toda a gente o sabe. "Houve uma senhora que nos telefonou porque tinha um morcego em casa atrás do armário e estava verdadeiramente apavorada. Quando lá chegámos, estava de óculos de motoqueira, com um chapéu enfiado até às orelhas (por causa daquela crença de que eles se emaranham no cabelo), e de vassoura na mão... Era um daqueles morcegos muito pequeninos, portanto não sei quem é que estava mais assustado. É uma história verdadeiramente deliciosa", conta Ana Rainho, bióloga do Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, a fazer o doutoramento em Ecologia da Paisagem na Faculdade de Ciências de Lisboa.
O pouco conhecimento acarreta este tipo de temores, quando na verdade se trata de mamíferos o mais inofensivos possível, e mesmo com alguns problemas em vencer certas ameaças. Há 24 espécies de morcegos no País, 26 se contarmos com as endémicas [particulares a uma região] da Madeira (Pipistrellus maderensis), e dos Açores (Nyctalus azoreum), número este que até é bastante confortável, embora algumas estejam em vias de extinção. Fala-se em nove. Ana Rainho referiu três ao DN que diz estarem seriamente em perigo: o morcego-de-ferradura-mourisco (Rhinolophus mehelyi), o morcego-de-fer- radura-mediterrânico (Rhinolophus euryale) e o morcego-rato-pequeno (Myotis blythii). Neste último caso, por exemplo, só se conhecem duas colónias de hibernação em Portugal, uma no Algarve e outra em Vila Real, que não chegam aos mil indivíduos.
Podem ser arborícolas ou cavernícolas - estes últimos são a maioria. Há morcegos que se alimentam de frutas, outros de peixe. Mas em Portugal são todos insectívoros, evitam pragas florestais ou agrícolas. "Mesmo aqui há diferenças: há os que caçam no solo, os que caçam em voo, outros ainda no meio do mato, os que preferem as zonas abertas... Podem ter diferentes estratégias de caça. São todas estas diferenças que fazem com que haja espécies mais ou menos ameaçadas", diz a bióloga.
Os pesticidas são um dos maiores inimigos dos morcegos. Outra grande ameaça das espécies cavernícolas é também a perturbação dentro dos abrigos (actividades radicais, visitas, curiosidade...) ou, no limite, a destruição. "Imagine-se uma espécie de dez mil indivíduos, um número significativo mas dividido por três colónias. Ora, se uma delas é destruída, há milhares que morrem logo", refere. Convém aqui referir que se trata de animais tão pequenos que podem ter só 3 cm e pesar 15 gramas.
DN, 13-7-2008
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