18 julho, 2008

 

Mulheres


de ou com princípios ?









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QUANDO A BOMBA É UMA MULHER

SUSANA SALVADOR

Atentados. Iraque, Israel, Chechénia ou Sri Lanka são apenas alguns dos locais onde os terroristas recorrem às mulheres como bombistas suicidas. Com elas, o efeito surpresa é ainda maior
O mercado de al-Mafraq, em Baquba, foi abalado por volta das 11.00 de 7 de Julho por uma explosão. Um atentado suicida como tantos outros no Iraque, não fosse o facto de o cinto de explosivos que causou nove mortos ter sido usado por uma mulher. Há mais de 20 anos o mundo ficou espantado com o primeiro caso, no Líbano, hoje o fenómeno está a tornar-se comum e cresce no Iraque - o ataque em al-Mafraq foi o 21.º só este ano. Em 2007, tinham sido registados oito casos.

E são as próprias mulheres a exigir igualdade de oportunidades. Recentemente, o número dois da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, disse que o grupo terrorista não tem mulheres e que o papel destas se deve limitar a cuidar das casas e dos filhos dos combatentes, afastando-as assim da jihad, a guerra santa. A frase não caiu bem. "Quantas vezes desejei ser um homem... Quando o xeque Ayman al-Zawahiri disse que não há mulheres na Al-Qaeda entristeceu-me e magoou-me", escreveu Rabeebat al-Silah (Companheira de Armas, em árabe).

Contudo, no passado, líderes religiosos que se mostraram contra o uso de mulheres acabaram por mudar de opinião. Em 2002, o líder espiritual do Hamas, xeque Ahmed Yassin, condenou o uso de mulheres como bombistas suicidas. Mas depois de Janeiro de 2004, quando o grupo radical palestiniano fez o primeiro ataque do género, defendeu a opção lembrando os obstáculos enfrentados pelos combatentes masculinos. "As mulheres são como um exército na reserva: quando existe necessidade, vamos usá-lo", disse.

Um atentado suicida é definido como "um método operacional no qual o próprio acto do ataque está dependente da morte do atacante. O terrorista tem plena consciência de que se ele ou ela não acabar com a própria vida, o ataque planeado não será implementado". Ao contrário de outros métodos, mais elaborados, pode ser uma operação simples e de baixo custo e resultar num grande número de vítimas, já que o bombista escolhe o melhor local e hora. Finalmente, estes atentados têm um impacto muito grande no público.

O uso de mulheres - um recurso abundante, ainda para mais com as detenções ou mortes dos combatentes masculinos - oferece outra vantagem: existe um maior efeito surpresa e consequente cobertura mediática e é fácil confundir os conceitos de mártir e vítima.

Há contudo casos em que não é certo que os ataques se tratem de suicídios. A 1 de Fevereiro, duas deficientes mentais foram usadas como bombas humanas. Os explosivos, atados aos seus corpos, foram detonados à distância, matando 73 iraquianos em dois mercados de Bagdad. "Os cintos de explosivos funcionam de duas maneiras: há um botão que elas podem usar e há outro do detonador à distância", disse ao Herald Tribune o coronel Ali Ismari Fateh. "Se pensam que elas têm medo de o fazer, então fazem-no por elas".

Mas porque é que elas o fazem? Pelas mesmas razões que os homens. Acreditam que serão recompensados por Deus pela sua acção, porque se consideram mártires e não suicidas. Além disso, as famílias recebem elevadas somas de dinheiro e melhoram o seu estatuto social. Pode haver ainda razões pessoas, como a necessidade de vingança. E, como diz um estudo americano, "os bombistas suicidas esperam ser admirados e invejados. "Fotografias deles em posições heróicas são tiradas e usadas em posters de recruta", o que funciona como uma bola de neve na angariação de cada vez mais mulheres.

DN, 12-7-2008
 
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