26 julho, 2008

 

Nível


de vida




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Portugueses têm de baixar o nível de vida

RUDOLFO REBÊLO

FMI. Consolidação orçamental é para continuar

Poupar e gastar menos para não aumentar o endividamento externo

Os portugueses têm de poupar mais e "ajustar" o seu nível de vida para limitar o défice externo, avisou ontem o Fundo Monetário Internacional (FMI), que, a três meses de apresentação do Orçamento do Estado para 2009, incita o Governo a manter o crescimento dos salários públicos "debaixo de controlo". Para este ano, o FMI antecipa para Portugal um crescimento da economia de 1,25%, a "nota" atribuída em Abril, de acordo com as conclusões ao mais recente exame à economia nacional.

"A acumulação dos desequilíbrios externos não pode manter-se indefinidamente", extrai-se do relatório, que surge poucos dias após o Banco de Portugal estimar para o corrente ano um défice externo de 10,6% do PIB, com o endividamento externo a aproximar-se dos 100% do produto. Trata-se do valor mais elevado dos últimos 27 anos e "este problema exige que todos os sectores da economia ajustem e poupem mais", diz o relatório.

Na prática, tal como referem os economistas, o FMI aconselha os portugueses a retraírem-se nos gastos com o consumo, com empréstimos bancários e a pouparem mais "ao longo dos próximos tempos", de modo a que a economia não tenha de recorrer a poupanças externas, aumentando o endividamento para com o estrangeiro.

Também o aviso do FMI é dirigido ao Estado. Ou seja, apesar da contracção da economia - e com o consumo público a regredir em 2008, de acordo com projecções do Banco de Portugal -, o Governo terá ainda de apertar mais nas despesas.

Ao Governo de José Sócrates, o Fundo endereça vários conselhos. Prosseguir a redução do défice orçamental e as reformas estruturais. Para 2008, "não é suficiente manter o défice baixo dos 3% do PIB", e o ritmo de consolidação das contas orçamentais deve continuar "embora a um ritmo mais lento", do que o verificado em 2007.

O Fundo deixa claro que a "consolidação orçamental terá de continuar em 2009" e acrescenta que "não há qualquer margem para afrouxar" a consolidação das contas públicas. Logo neste capítulo - e a três meses de apresentação do orçamento de Estado para 2009 -, o FMI avisa que o Governo terá de ter "particular atenção" em manter o crescimento dos salários públicos debaixo de controlo. Não só por razões orçamentais, mas também para prevenir efeitos secundários junto da inflação.

Um crescimento "anémico" da produtividade leva o Fundo a referir que o recente acordo "é um passo em frente" e pede mais colaboração entre empregadores e empregados. Os homens de Washington pedem também mais competitividade no mercado interno e reforço na eficiência do sistema judicial. No mercado eléctrico, refere que a integração com o mercado espanhol é importante que seja estabelecido tarifas para "garantir a recuperação integral dos custos". O Fundo reviu em alta as previsões para a Zona Euro - para onde Portugal escoa mais de 70% das suas exportações - mas manteve a estimativa de expansão para Portugal.

DN, 18-7-2008
 
Estes tempos exigem prudência nos gastos

As estatísticas da venda de carros no primeiro semestre contam-nos que os portugueses ainda estão a viver de uma forma perigosa, alheados da mais imprevisível das crises que levou o FMI a aconselhar os portugueses a baixar o seu nível de vida. De Janeiro a Junho foram vendidos 114 413 carros, mais 6,4% do que no mesmo período de 2007. Este crescimento, o quarto maior da UE, contrasta com as quedas registadas em Espanha (17,6%) e Itália (11,5%).

Olhando apenas para a venda de automóveis, surge-nos o retrato mentiroso de um país que prospera, e não o país real em que o governador do Banco de Portugal foi ao Parlamento rever em baixa as previsões de crescimento.

Mas o estado real da nação revela-se numa outra estatística. Os portugueses estão a comprar menos casas. Apesar de não haver um mercado de arrendamento sério, no primeiro trimestre os contratos para a compra de habitação cairam 6,2%, para 31 795.

A contradição entre o aumento da compra de carros e a queda da venda de casas é apenas aparente.

Aterrorizados com a quantidade de casas que lhe caem nos braços, os bancos apertaram a torneira do crédito à habitação. É a adopção desta política mais restritiva que explica o abrandamento do mercado imobiliário. Os portugueses não estão a comprar mais casas porque não podem. Os portugueses continuam alegremente a comprar mais carros, férias, iPhones e plasmas porque ainda lhes emprestam dinheiro.

Como não há maneira legal de restringir a febre do crédito ao consumo, alguém, de preferência o primeiro-ministro, devia aconselhar os portugueses a interiorizar que vivemos tempos difíceis e por isso têm de ser prudentes nos gastos.

DN, 18-7-2008
 
Há palavras que ajudam a mudar o mundo. Ou, pelo menos, os países. Um bom exemplo é o "sangue, suor e lágrimas", o célebre discurso de Churchill a incentivar os britânicos a resistir ao que parecia ser uma vitória certa da Alemanha nazi. Outro é o desafio de Kennedy, na década de 60, aos americanos para pensarem "o que podem fazer" pela América e não esta por eles. Basta atentar nos dois políticos referidos, dois mitos do século XX, para se perceber que a força das palavras depende também muito de quem as diz.

O FMI afirmou que os portugueses, para bem do seu futuro, deveriam baixar o nível de vida. Portugal é um país excessivamente endividado, ou seja, em linguagem mais popular, vivemos acima das nossas posses. O que exigia que alguém, com peso, se dirigisse aos portugueses e apelasse a sacrifícios, pelo menos à moderação. Resta saber se há quem consiga ser escutado: Cavaco Silva e José Sócrates (que teve a coragem, e a legitimidade, de impor sacrifícios) são as soluções óbvias, mas podem ser outros.

Nos Estados Unidos, Al Gore jogou todo o seu peso de ex-vice-presidente, de candidato mais votado nas eleições presidenciais de 2000 e de Nobel da Paz, para apelar agora aos americanos que optem a médio prazo pelas energias renováveis. Haverá ou não Al Gores portugueses, mas tão importante como isso é se estamos ou não dispostos a escutar.

DN, 19-7-2008
 
Portugueses pedem menos dinheiro à banca

RUDOLFO REBÊLO

Consumo das famílias estagnou

Economia está em claro abrandamento pelo oitavo mês consecutivo

A economia portuguesa está em forte abrandamento, com o consumo das famílias estagnado e estas a contrair menos empréstimos à banca. As empresas estão também a pedir menos créditos e no segundo trimestre do ano os dados referentes ao investimento parecem confirmar as previsões de queda, anunciada esta semana pelo banco central, no boletim de Verão.

A actividade económica está em abrandamento pelo oitavo mês consecutivo. A economia - medida através de indicadores avançados para o PIB, que resumem o comportamento de vendas dos lojistas, produção industrial, enquadramento externo e quadro financeiro das famílias - terá crescido apenas 0,1% em Junho, em comparação com o mesmo mês do ano passado. O que representa a evolução mais baixa desde Novembro de 2003, quando o país estava mergulhado em recessão económica e está em linha com a revisão em baixa da economia, efectuada esta semana pelo Banco de Portugal.

Na quinta-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) já revelava que o "estado de alma" dos consumidores estava no seu ponto mais baixo desde Maio de 2003. Ontem, na sua síntese mensal, o Banco de Portugal revela que o consumo estagnou em Junho face ao mesmo mês do ano passado. Por norma, estes indicadores são revistos em alta no mês seguinte, mas, para já, a evolução das compras das famílias só encontra pior desempenho em Novembro de 2003.

Os dados relativos ao défice externo, confirmam o agravamento das contas internacionais portuguesas nos primeiros meses do ano. Já esta semana o "descarrilamento" do "deve e haver" com o estrangeiro foi referida pelo banco central. O Fundo Monetário Internacional (FMI) também "intimou" mesmo os portugueses - famílias, empresas e Estado - a poupar.

O défice externo aumentou 1,38 mil milhões de euros nos primeiros quatro meses do ano, uma expansão de 35%, face ao mesmo período do ano passado. Isto deve-se à deterioração do comércio externo português - com a factura dos combustíveis a sobressair - e à saída de capitais (rendimentos, salários, juros pagos por empréstimos) para o exterior, em linha com o maior endividamento das famílias e empresas.

Com menos rendimentos, mais desemprego e aumentos das taxas de juro e restrições aos empréstimos, impostas pelos bancos, as famílias - revela o Banco de Portugal - estão a ir cada vez menos aos bancos. Pelo menos para pedir mais empréstimos, em linha com os "desejos" do FMI.

Os montantes de créditos às empresas, já de si endividadas, estão, também a desacelerar: subiram 12,1%, um decréscimo de 1,2 pontos percentuais face a igual mês do ano passado.

DN, 19-7-2008
 
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