24 julho, 2008
PME
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SITUAÇÃO PREOCUPANTE NAS PME
ANA TOMÁS RIBEIRO
A crise ainda não está a afectar de forma "dramática" as empresas. Mas já se notam sinais preocupantes na actividade empresarial, sobretudo nas PME, e nas que apenas produzem para o mercado interno, as mais afectadas pela conjuntura económica actual, segundo dados do inquérito anual da AIP
Apesar de considerarem que a conjuntura económica é "má" e de preverem uma evolução complicada, as empresas portuguesas não estão a abrandar, tanto quanto se poderia esperar, o seu ritmo de actividade. Esta é uma leitura que se retira das conclusões do Inquérito à Actividade Empresarial (IAE) realizado anualmente pela AIP - Associação Industrial Portuguesa e divulgado hoje. A maioria delas (55%) espera manter os seus postos de trabalho e realizar investimentos neste ano de 2008 (59%). E as que já são exportadoras ainda prevêem aumentar as suas vendas para o exterior. Neste último caso, enquadram-se 68% das exportadoras inquiridas num universo de 1260 empresas abrangidas pelo inquérito.
No entanto, começam a surgir sinais preocupantes de efeitos da "crise" na actividade empresarial , sobretudo ao nível das PME e das empresas que só vendem o para o mercado interno.
Comparando os dados do inquérito de 2007, eles são mais visíveis. No caso das exportações denota-se uma desaceleração face ao ano passado, em que a percentagem de empresas que esperava aumentar as vendas para o exterior era muito maior (80% da amostra), explicou ao DN Rui Madaleno, membro da direcção da AIP e responsável pela elaboração do inquérito, reconhecendo que aquele foi um ano muito bom.
As intenções de investimento aumentam de acordo com a dimensão da empresa. Aliás, metade das 40% de empresas que prevêem aumentar o valor dos seus investimentos este ano são de grande dimensão. Ao invés, as dificuldades de acesso ao crédito tornam-se mais evidentes nas de menor dimensão. Das empresas que recorreram ao crédito bancário, cerca de 20% referem sentir dificuldades. Mas elas são mais sentidas pelas microempresas (31%). Já nas grandes empresas a percentagem baixa para 13%.
Além disto, os encargos financeiros também estão a subir. Cerca de 63% das empresas que recorrem ao crédito bancário referiram que estão a pagar taxas de juro situadas num intervalo entre 5% e 7,5%, o que representa uma subida face aos resultados do inquérito de 2007.
Quanto a perspectivas de evolução da procura, elas são negativas em relação ao mercado interno, mas mais favoráveis no que respeita ao mercado externo.
Apesar de alguns sinais de maior pessimismo , a maioria das empresas (57%) faz uma avaliação positiva da sua situação financeira (normal). E 26% classificam-na de "boa e muito boa". Uma situação idêntica à que se verificava no inquérito à actividade empresarial da AIP de 2007. As exportadoras, por seu lado, avaliam ainda mais positivamente a sua performance.
Como contribuintes, a situação da maioria também é estável. Cerca de 91% das empresas consideram as suas relações com o fisco normal e 89% dizem ter a situação regularizada com a Segurança Social.
O problema no atraso de pagamento por parte dos clientes é que se mantém. Três quartos das empresas inquiridas continuam a referi-lo. Mas sublinham que no caso dos clientes privados nacionais a situação tem-se vindo a agravar no último ano. Em relação aos clientes externos não há evoluções e os prazos mantêm-se. Relativamente ao Estado e autarquias, 60% delas também acham que é igual.
Face a estes dados, a AIP admitiu ontem, em conferência de imprensa, que a situação económico-financeira empresarial "não é ainda dramática" mas é preocupante.
DN, 11-7-2008
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ANA TOMÁS RIBEIRO
A crise ainda não está a afectar de forma "dramática" as empresas. Mas já se notam sinais preocupantes na actividade empresarial, sobretudo nas PME, e nas que apenas produzem para o mercado interno, as mais afectadas pela conjuntura económica actual, segundo dados do inquérito anual da AIP
Apesar de considerarem que a conjuntura económica é "má" e de preverem uma evolução complicada, as empresas portuguesas não estão a abrandar, tanto quanto se poderia esperar, o seu ritmo de actividade. Esta é uma leitura que se retira das conclusões do Inquérito à Actividade Empresarial (IAE) realizado anualmente pela AIP - Associação Industrial Portuguesa e divulgado hoje. A maioria delas (55%) espera manter os seus postos de trabalho e realizar investimentos neste ano de 2008 (59%). E as que já são exportadoras ainda prevêem aumentar as suas vendas para o exterior. Neste último caso, enquadram-se 68% das exportadoras inquiridas num universo de 1260 empresas abrangidas pelo inquérito.
No entanto, começam a surgir sinais preocupantes de efeitos da "crise" na actividade empresarial , sobretudo ao nível das PME e das empresas que só vendem o para o mercado interno.
Comparando os dados do inquérito de 2007, eles são mais visíveis. No caso das exportações denota-se uma desaceleração face ao ano passado, em que a percentagem de empresas que esperava aumentar as vendas para o exterior era muito maior (80% da amostra), explicou ao DN Rui Madaleno, membro da direcção da AIP e responsável pela elaboração do inquérito, reconhecendo que aquele foi um ano muito bom.
As intenções de investimento aumentam de acordo com a dimensão da empresa. Aliás, metade das 40% de empresas que prevêem aumentar o valor dos seus investimentos este ano são de grande dimensão. Ao invés, as dificuldades de acesso ao crédito tornam-se mais evidentes nas de menor dimensão. Das empresas que recorreram ao crédito bancário, cerca de 20% referem sentir dificuldades. Mas elas são mais sentidas pelas microempresas (31%). Já nas grandes empresas a percentagem baixa para 13%.
Além disto, os encargos financeiros também estão a subir. Cerca de 63% das empresas que recorrem ao crédito bancário referiram que estão a pagar taxas de juro situadas num intervalo entre 5% e 7,5%, o que representa uma subida face aos resultados do inquérito de 2007.
Quanto a perspectivas de evolução da procura, elas são negativas em relação ao mercado interno, mas mais favoráveis no que respeita ao mercado externo.
Apesar de alguns sinais de maior pessimismo , a maioria das empresas (57%) faz uma avaliação positiva da sua situação financeira (normal). E 26% classificam-na de "boa e muito boa". Uma situação idêntica à que se verificava no inquérito à actividade empresarial da AIP de 2007. As exportadoras, por seu lado, avaliam ainda mais positivamente a sua performance.
Como contribuintes, a situação da maioria também é estável. Cerca de 91% das empresas consideram as suas relações com o fisco normal e 89% dizem ter a situação regularizada com a Segurança Social.
O problema no atraso de pagamento por parte dos clientes é que se mantém. Três quartos das empresas inquiridas continuam a referi-lo. Mas sublinham que no caso dos clientes privados nacionais a situação tem-se vindo a agravar no último ano. Em relação aos clientes externos não há evoluções e os prazos mantêm-se. Relativamente ao Estado e autarquias, 60% delas também acham que é igual.
Face a estes dados, a AIP admitiu ontem, em conferência de imprensa, que a situação económico-financeira empresarial "não é ainda dramática" mas é preocupante.
DN, 11-7-2008
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