30 agosto, 2008

 

Camionistas


e camionistas



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Comments:
MULHERES DO ASFALTO

CÉU NEVES

Camionistas no feminino. Contam-se pelos dedos as mulheres que conduzem sozinhas camiões de mercadorias, sobretudo as que fazem o circuito internacional, já que os filhos aqui são um obstáculo. Entrave potenciado pela mentalidade que ainda vê a profissão como masculina. As mulheres que a ela se dedicam são, às vezes, consideradas pelos colegas homens conquistas fáceis. "Pensam que a temos na testa!" No terreno, elas têm os mesmos direitos e deveres. E sofrem percalços, como os assaltos. O DN acompanhou duas dessas mulheres.

Descanso a conta-gotas com assédio constante dos colegas

"Foda-se!" Lurdes solta o palavrão ao fim de uma viagem de ida e volta de Portugal a Inglaterra agarrada ao volante de um camião TIR. Pode parecer excessivo para quem não está habituado à linguagem dos camionistas e nunca viajou nas condições em que Lurdes acaba de o fazer. Oito dias a percorrer quilómetros e quilómetros de alcatrão, 4205 km mais precisamente, com temperaturas que oscilam entre os 10 e os 30 graus. Com chuva e vento ou sol a escaldar. Para descarregar mercadoria num país e numa língua completamente desconhecidos. Além disso, o camião não passou na vistoria na alfândega inglesa e foi assaltado durante a madrugada. É pouco? No palavrão, Lurdes descarga a tensão contida ao longo de 192 horas.

O camião é finalmente estacionado na sede da Transportes Pascoal (TP), em Santa Luzia, Coimbra. Outro camião pára ao lado. É conduzido por um homem, de alcunha "o Trovoada", que diz precisamente o mesmo palavrão à chegada. Pelo menos em termos de linguagem, parecem diluir-se as diferenças entre homens e mulheres.

Lurdes Carrasqueira é uma das duas motoristas que a equipa do DN acompanhou. Tem sete anos de actividade, mas só no último ano se aventurou a fazer a viagem sem dividir a condução. Foi depois de se ter separado e de se fartar de ganhar o ordenado mínimo. Está a renascer de uma vida que tem conseguido ser mais dura que a profissão. Depois dos 40.

"É mais fácil conduzir um pesado do que um ligeiro. É menos cansativo (tem mudanças automáticas) e sinto-me mais segura. O meu pai tinha um camião e eu gostava de o guiar. Mas custa-me estar separada dos meus filhos. E a solidão", diz.

Lurdes iniciou-se na profissão com o ex-marido. Tinha a filha nove anos e o filho, 12, idade em que começaram a viver sem a presença diária dos pais. A sorte é que os tios moram por cima. "A minha filha andava sempre a suspirar. Só muito tarde chegámos à conclusão de que era ansiedade, saudades. Comprei-lhe um telemóvel e começou a ficar melhor."

Ana Silva é a segunda motorista que acompanhámos. A média do 12.º ano não chegou para seguir Arquitectura, curso com que ainda sonha. Na hora de tirar a carta de condução resolveu inscrever-se na de pesados e só não tentou a de passageiros porque ficava mais caro. "Só se falava no desemprego e resolvi tirar a carta de pesados", recorda. E, quando os amigos e familiares lhe diziam que devia "assentar, casar e ter filhos", agarrou-se a um camião. O pai esteve sem lhe falar um mês. É motorista há meio ano e ainda não perdeu os nervos da primeira viagem. Mas quer continuar e, por isso, adiou o desejo de ter filhos.

Os filhos são o principal obstáculo à entrada das mulheres no circuito do transporte internacional de mercadorias (TIR) - as poucas que encontramos não têm filhos ou estes são crescidos. E aquelas que já conduzem acabam por largar o camião quando engravidam. Mas também prevalece a ideia de que este é um trabalho para homens, já que a maioria das motoristas das rotas internacionais partilha a condução com o marido ou companheiro. Os empresários do sector dizem que não fazem a selecção por sexos, mas reconhecem que este é um meio difícil.

A Ana e a Lurdes pertencem ao grupo restrito de mulheres que viajam sozinhas num TIR, seis dias na semana ao volante de um pesado que cheio pesa 40 toneladas. Conduzem dois dos 190 camiões da TP, empresa em expansão. A frota quase duplicou nos últimos cinco anos.

Dois banhos em oito dias

Vão descarregar a mercadoria a Inglaterra, uma viagem que demora uma semana. Partimos com a indicação de que só tomaríamos um banho na ida e outro na volta, não há condições nem tempo para mais. Que comeríamos da panela das motoristas, refeições confeccionadas à beira da estrada ou nas áreas de serviço com alimentos que trazem de casa. Em contrapartida, pagaríamos a despesa nos restaurantes. Por pouco só tomávamos um banho e fomos um dia para a cama sem jantar. Os nervos da Ana impedem-na de comer e é dos poucas que emagrecem nesta profissão.

A Ana conduz um camião "lona" e transporta grupagem (diversos, caixotes). A Lurdes guia um "porta-fatos" e, por isso, ganha mais um cêntimo ao quilómetro, já que pode ter de esperar mais tempo pela carga. Ganham tanto como os homens, exigem-lhes tanto com aos homens!

Iniciada a viagem na noite de domingo, a primeira paragem é em Vilar Formoso. É quase meia-noite e, no café, apenas se encontram homens. É tempo de comer uma bifana e uma sopa, com direito a desconto de 20%, para camionista. Já se fala em sono. Lurdes recomeçou a fumar e aumenta o consumo de cigarros .

Mal entramos em Espanha, paramos para atestar o depósito. Em 500 litros de gasóleo poupam-se mais de cem euros. Duas horas depois paramos para dormir, num beliche estreito do camião. Dorme-se no meio de dezenas e dezenas de camiões, às vezes mais de 300. Assusta só de olhar para o exterior. Trancam-se as portas!

Toca o despertador. Vestimos a roupa do dia anterior, "lavamo-nos" com os toalhetes, comemos bolachas e arrancamos. Quem viaja com a Lurdes tem direito a café. A chaleira eléctrica está sempre à mão. Aliás, o seu camião tem de tudo: cortinas, peluches, a Nossa Senhora de Fátima e uma bruxa, um espanta-espíritos, tabuleiro, chávenas, talheres, almofada do Benfica, CD com "Os melhores êxitos do século XX"... E o cachecol de Portugal.

EDIÇÃO COMPLETA EM PAPEL

DN, 2-8-2008
 
Olá! Tenho 21 anos e ando a tirar a carta de pesados de mercadorias com reboque. Já fui a exame de mecanica e agora em breve vou a exame de pesado. Tomei esta decisao com o meu namorado tambem camionista que faz internacional, fui varias vezes com ele. É uma vida um pouco complicada mas a dois faz-se bem. Força a todas as camionista
 
Finalmente já tenho carta de pesados e estou pronta para fazer viagens com o meu namorado para o estrangeiro. Antes ia a passear agora torna-se algo diferente mas estou anciosa. Não me vai faltar a chapa com o meu nome e o cachecol.
Boas curvas colegas
 
Olá

Sempre achei a profissão de motorista de camiões muito interessante, até porque o meu pai é motorista profissional.
E agora no meu ultimo ano de mestrado, tive a oportunidade de desenvolver um estudo à minha escolha. E porque não fazer sobre as mulheres motoristas de camiões.
Mas para o poder desenvolver este estudo preciso da amostra feminina, mulheres motoristas. O que é muito difícil de encontrar. Se me poderem ajudar, participando neste estudo, eu agradecia.

Deixo aqui o meu mail para quem estiver interessada
andreia.brizida@hotmail.com

Conto com a vossa ajuda
 
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