31 agosto, 2008

 

Guiné


Bissau




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Costa do Ouro passou a ser a Costa da Coca

SILVA BARROS

Guiné-Bissau. A ONU chama a atenção para o facto de a antiga Costa do Ouro, na África Ocidental, se ter transformado na Costa da Coca, e adverte para o risco de este país ficar refém dos cartéis da droga e do crime, em conluio e com a cumplicidade de forças corruptas do Governo e do Exército

País é placa giratória para a cocaína

Esta semana, duas denúncias voltaram a chamar a atenção para a Guiné-Bissau e para a fortíssima possibilidade de o país de Amílcar Cabral estar em vias de se transformar num narcoestado.

O procurador-geral da República, Luís Manuel Cabral, afirmou estar a ser vítima de "ameaças de morte", devido à investigação que pretende descobrir o conteúdo da carga de dois aviões retidos em Bissau, apontando o dedo a "políticos e militares que não querem que a investigação avance".

António Maria Costa, italiano director executivo do departamento da ONU de combate à droga e ao crime, escreveu, no Washington Post, que "a Guiné-Bissau pode ficar refém dos cartéis da droga, em conluio com forças corruptas no Governo e com os militares".

Costa acrescenta que o combate é dificultado pela "inexistência de radares, de barcos de intercepção e mesmo de veículos por parte das polícias locais". E realça, "em alguns casos não há sequer prisões para colocar os detidos".

As duas denúncias não chamam a atenção para um problema nascente, mas já para um já instalado, estando hoje adquirida a visão de uma Guiné- -Bissau transformada em importante ponto de escala no transporte de cocaína da América do Sul para a Europa, aproveitando os traficantes as severas dificuldades guineenses, a não existência de estruturas estatais mínimas, a falta de meios de vigilância e intervenção, o amplo e carente campo de recrutamento e a proximidade do continente europeu.

Numa recente publicação, ligada ao departamento da ONU de combate à droga e à violência, refere-se que "depois da fome europeia por escravos, no século XIX, que devastou a África Ocidental", assiste-se actualmente "ao apetite europeu por cocaína, que pode estar a fazer o mesmo".

O documento acrescenta que "a antiga Costa do Ouro está a transformar-se na Costa da Coca", em resposta à dependência da Europa, não sendo calculável a dimensão actual do tráfico, mas admitindo-se que pelo menos "50 mil toneladas de cocaína passam, por ano, pela região, aproveitando a fragilidade dos estados locais e onde é fácil corromper e criar ligações".

Apesar de denúncias, avisos, apelos, encontros, cimeiras, relatórios, promessas de ajuda, apesar até da repetida indignação de personalidades que juram que "a Guiné-Bissau não é, nem será, um narcoestado", a verdade actual da Guiné-Bissau revela- -se, em boa parte, à luz do dia.

Enquanto improváveis ricos se passeiam em luxuosos todo-o-terreno, habitam casas de estilo latino, têm telefones-satélite e outras avançadas tecnologias, as autoridades e pessoal de investigação criminal confrontam-se com a falta de tudo, de computadores a combustível, de viaturas até um simples centro de detenção, passando por falta até de papel e esferográficas para não falar de novo nos ordenados em atraso e que nunca se sabe quando vão ser pagos.

E, no entanto, a Guiné-Bissau tem conseguido realizar acções de apreensão de droga e de intervenção em áreas suspeitas, como aconteceu com a imobilização recente de duas aeronaves e a detenção de tripulantes venezuelanos, caso que, porém, parece erguer inultrapassáveis e nada estranhas dificuldades, com a investigação impedida de ter sequer acesso ao conteúdo da mercadoria transportada.

Uma concertada política de ameaças e ofertas tenta forçar o recuo das investigações nas áreas ligadas ao tráfico e no extremo uma decisão final que corresponda à velha ideia de que se não é possível vencer aqueles que se tenta combater, então o melhor será uma aliança com eles.

E esses "eles", segundo as mais diversas organizações atentas ao fenómeno, são os que "não querem que as investigações se desenvolvam, altas figuras da política, das forças armadas e de segurança"...

DN, 3-8-2008
 
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