16 agosto, 2008
ONGA
ONG de ambiente
http://www.apambiente.pt/politicasambiente/PromocaoCidadaniaAmbiental/ONGA/Paginas/default.aspx
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DISCUTIR E ANALISAR A CULTURA INTERNA DAS ONGA
Aline Delgado
arquitecta ex-dirigente da Quercus
As organizações não governamentais de ambiente (ONGA), surgiram num ambiente descontraído, eram descentralizadas e marcadas por uma gestão informal. Organizavam-se em torno dos poucos recursos que tinham, com rectidão e transparência nas tomadas de posição.
Hoje, algumas ONGA manifestam um comportamento profissional, o que implica um modelo de gestão que ajude a preservar o estatuto de utilidade pública que, na maioria das vezes, possuem.
A aura de romantismo que emanava das ONGA acabou. O valor dos associados perdeu expressão e foi substituído pelo pragmatismo. Algumas absorveram modelos de gestão existentes no mercado, como que empresas de prestação de serviços a que outras empresas e o Governo recorre procurando "tranquilidade" para desenvolver alguns projectos mais "estruturantes e/ou problemáticos".
Mas, afinal, o que é, e o que não é, uma ONGA?
O que é uma ONGA:
- serve a comunidade, realizando trabalho de promoção da cidadania e de defesa do ambiente;
- luta contra a exclusão e contribui para o fortalecimento do associativismo;
- incentiva a participação na formulação e implementação das políticas públicas.
O que não é:
- não é uma empresa, nem lhes deve fazer concorrência;
- não é representativa de interesses pessoais;
- não é um partido político.
A falta de um modelo específico para as ONGA leva a que algumas assumam uma gestão estratégica, que aposta na necessidade de ter competência e capacidade para sobreviver e garantir espaço político, ignorando outros valores.
O profissionalismo alterou o perfil de "mão-de-obra" das ONGA: aos velhos activistas voluntariosos não se juntam novos activistas, mas sim técnicos profissionalizados.
Os ainda activistas resumem-se a antigos sócios. Alguns ocupam cargos de direcção desde sempre, o que lhes confere uma espécie de status de "dono". Tornam-se a cara da ONGA ou até do movimento ambientalista. Não que não sejam importantes. O que não podem é desprezar novos sócios que chegam, interessados na problemática ambiental, e que se entregam voluntariamente.
No movimento associativo, observei esforços para que se integrassem novos voluntários. Eu própria fiz alguns. Mas parece que não há espaço a novas caras, novos activistas.
As Olimpíadas do Ambiente. Concurso, de qualidade incomparável, levado a cabo pela Universidade Católica do Porto e Zoomarine em co-organização com a Quercus. Onde estão os vencedores? Qual a estratégia para os integrar no movimento ambientalista? Quem, melhor que a Quercus, poderá promover estes promissores activistas?
A permanência de algumas pessoas nos mandatos estáticos ou rotativos, a centralização do poder, conflitos de interesses entre cargos dirigentes e vínculos laborais, a falta de participação democrática e a falta de transparência na tomada de decisões são situações que gostaria de ver debatidas e analisadas.
Lembro que, até há bem pouco tempo, os municípios não tinham limitação de mandatos. O que, embora tarde, acabou por ser alterado e ainda bem, no meu entender.
Uma ONGA tem sempre de se pautar por decisões democráticas favorecendo o bem comum e só terá sucesso se às preocupações ambientais souber aliar a solidariedade e o respeito por todos aqueles que acreditam num ambiente melhor.
DN, 26-7-2008
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Aline Delgado
arquitecta ex-dirigente da Quercus
As organizações não governamentais de ambiente (ONGA), surgiram num ambiente descontraído, eram descentralizadas e marcadas por uma gestão informal. Organizavam-se em torno dos poucos recursos que tinham, com rectidão e transparência nas tomadas de posição.
Hoje, algumas ONGA manifestam um comportamento profissional, o que implica um modelo de gestão que ajude a preservar o estatuto de utilidade pública que, na maioria das vezes, possuem.
A aura de romantismo que emanava das ONGA acabou. O valor dos associados perdeu expressão e foi substituído pelo pragmatismo. Algumas absorveram modelos de gestão existentes no mercado, como que empresas de prestação de serviços a que outras empresas e o Governo recorre procurando "tranquilidade" para desenvolver alguns projectos mais "estruturantes e/ou problemáticos".
Mas, afinal, o que é, e o que não é, uma ONGA?
O que é uma ONGA:
- serve a comunidade, realizando trabalho de promoção da cidadania e de defesa do ambiente;
- luta contra a exclusão e contribui para o fortalecimento do associativismo;
- incentiva a participação na formulação e implementação das políticas públicas.
O que não é:
- não é uma empresa, nem lhes deve fazer concorrência;
- não é representativa de interesses pessoais;
- não é um partido político.
A falta de um modelo específico para as ONGA leva a que algumas assumam uma gestão estratégica, que aposta na necessidade de ter competência e capacidade para sobreviver e garantir espaço político, ignorando outros valores.
O profissionalismo alterou o perfil de "mão-de-obra" das ONGA: aos velhos activistas voluntariosos não se juntam novos activistas, mas sim técnicos profissionalizados.
Os ainda activistas resumem-se a antigos sócios. Alguns ocupam cargos de direcção desde sempre, o que lhes confere uma espécie de status de "dono". Tornam-se a cara da ONGA ou até do movimento ambientalista. Não que não sejam importantes. O que não podem é desprezar novos sócios que chegam, interessados na problemática ambiental, e que se entregam voluntariamente.
No movimento associativo, observei esforços para que se integrassem novos voluntários. Eu própria fiz alguns. Mas parece que não há espaço a novas caras, novos activistas.
As Olimpíadas do Ambiente. Concurso, de qualidade incomparável, levado a cabo pela Universidade Católica do Porto e Zoomarine em co-organização com a Quercus. Onde estão os vencedores? Qual a estratégia para os integrar no movimento ambientalista? Quem, melhor que a Quercus, poderá promover estes promissores activistas?
A permanência de algumas pessoas nos mandatos estáticos ou rotativos, a centralização do poder, conflitos de interesses entre cargos dirigentes e vínculos laborais, a falta de participação democrática e a falta de transparência na tomada de decisões são situações que gostaria de ver debatidas e analisadas.
Lembro que, até há bem pouco tempo, os municípios não tinham limitação de mandatos. O que, embora tarde, acabou por ser alterado e ainda bem, no meu entender.
Uma ONGA tem sempre de se pautar por decisões democráticas favorecendo o bem comum e só terá sucesso se às preocupações ambientais souber aliar a solidariedade e o respeito por todos aqueles que acreditam num ambiente melhor.
DN, 26-7-2008
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